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Revista da SPAGESP

Print version ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.17 no.2 Ribeirão Preto  2016

 

ARTIGOS

 

Apego e risco de suicídio em adolescentes: estudo de revisão

 

Attachments and suicide risk among adolescents: review study

 

Apego y riesgo de suicidio entre adolescentes: estudio de revisión

 

 

Vilma Valéria Dias Couto1; Marcelo da Silva Araújo Tavares2

Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo desta revisão foi analisar artigos que examinaram a relação entre apego e comportamento suicida em adolescentes, identificando os tipos e as figuras de apego associadas com comportamento suicida. As bases consultadas foram PsycINFO, SciELO e MEDLINE, desde 1996 até 2016. Os descritores foram suicide, adolescents e attachment. Foram analisados 46 artigos. Apesar da diversidade de resultados, a maioria dos estudos indicou relação entre apego inseguro ou vínculo parental ruim e conduta suicida em adolescentes. Não há consenso sobre a categoria de apego inseguro ou dimensão de vínculo parental mais relacionada com ideação e tentativa de suicídio. A maioria dos artigos indicou a qualidade do apego a mãe como fator de risco e/ou proteção do suicídio entre jovens. Esta revisão mostrou que a complexidade dos fenômenos em interação, as diferentes dimensões do apego e a variedade de instrumentos de avaliação devem ser considerados na análise do apego como fator de risco e proteção do suicídio entre adolescentes.

Palavras-chave: suicídio; adolescentes; apego; vínculo parental.


ABSTRACT

The aim of this review was to analyze articles that examined the relationship between attachment and suicidal behavior among adolescents, identifying the types and figures of attachment associated with suicidal behavior. PsycINFO, SciELO and MEDLINE databases were researched from 1996 to 2016. The descriptors were suicide, adolescents and attachment. Forty-six articles were analyzed. Despite the diversity of results, most studies indicated link between insecure attachment or poor parental bonding and suicidal behavior in adolescents. There is no consensus on the category of insecure attachment or parental bonding dimension associated with ideation and suicide attempt. Most articles indicated the quality of the attachment to the mother as a risk or protective factor for suicide among young people. This review showed that the complexity of the phenomena in interaction, the different dimensions of attachment and the variety of assessment instruments should be considered as risk factors and protection to suicide behavior among adolescents in studies addressing attachment.

Keywords: suicide; adolescents; attachment; parental bonding.


RESUMEN

El objetivo de esta revisión fue analizar artículos que examinaron la asociación entre apego y el riesgo de suicidio entre los adolescentes, distinguiendo los tipos de vínculo y figuras de apego relacionados con el suicidio. Las bases consultadas fueron PsycINFO, SciELO y MEDLINE desde1996 a 2016. Los descriptores fueron suicidio, adolescentes y apego. Cuarenta y seis artículos fueron analizados. A pesar de la diversidad de los resultados, la mayoría de los estudios indicaron relación entre el apego inseguro o menor vínculo parental y la conducta suicida en adolescentes. No hay consenso acerca de los modelos de apego inseguro o dimensión de vínculo parental asociada con la ideación y el intento de suicidio. La mayoría de los artículos indican la calidad del apego a la madre como un factor de riesgo/protección del suicidio entre los jóvenes. Esta revisión mostró que la complejidad de los fenómenos en interacción, las diferentes dimensiones del apego y la variedad de instrumentos de medición debe ser considerada en la investigación del apego como factor de riesgo y de protección de la conducta suicida entre los adolescentes.

Palabras clave: suicídio; adolescentes; apego; vinculo parental.


 

 

Apesar dos esforços visando a prevenção do suicídio, esse problema continua afligindo parcela considerável de jovens de vários países (Quinlan-Davidson, Sanhueza, Espinosa, Escamilla-Cejudo, & Maddaleno, 2014). No Brasil, o suicídio é a terceira causa de morte na faixa etária de 15 a 24 anos, depois dos acidentes e homicídios. Ainda que a taxa de suicídio do Brasil seja mais baixa que a de outros países da América, entre 2002 e 2012, houve um aumento de 15,3% do suicídio de jovens (Waiselfisz, 2014). Embora o suicídio seja definido como um ato deliberado do indivíduo de pôr fim à própria vida, o processo que leva ao suicídio antecede este ato consumado, abarcando outros comportamentos. Por isso, indica-se o termo comportamento suicida para designar a complexidade deste processo, que pode variar das ideações/pensamentos suicidas para planejamentos e tentativas de autodestruição e até o ato consumado em si (WHO, 2014).

A avaliação dos fatores associados ao comportamento suicida nos adolescentes é importante para ampliar a compreensão deste problema e, assim, aprimorar as intervenções em crises suicidas e a prevenção do suicídio. Embora o suicídio seja algo complexo e multifatorial, alguns fatores de risco são comuns na maioria dos casos, entre os quais incluem-se a depressão, o uso abusivo de álcool e/ou drogas, exposição à violência, história de suicídio na família ou de amigos e experiências estressoras (Aguirre-Flórez et al., 2014; Braga & Dell'Aglio, 2013). Problemas de relacionamentos com os pais e histórias familiares difícies também foram identificados como fatores de risco (Gouveia-Pereira, Abreu, & Martins, 2014; Perales-Blum & Loredo, 2015; Prabhu, Molinari, Bowers, & Lomax, 2010).

No âmbito da investigação empírica de dinâmicas relacionais associadas ao comportamento suicida, o vínculo de apego tem atraído interesse devido sua influência desde os primórdios da vida do indivíduo. Em sua concepção original, o apego é definido como vínculo emocional que a criança desenvolve com seus cuidadores primários, que são responsáveis por fornecer a segurança emocional essencial para o desenvolvimento saudável da personalidade (Bowlby, 1969/1990). Essa segurança dependerá, em grande parte, da disponibilidade, sensibilidade e responsividade destes cuidadores, geralmente a mãe. Em virtude da importância do vínculo construído com o primeiro cuidador, este torna-se a matriz sobre a qual todos os vínculos posteriores se desenvolverão (Bowlby, 1988).

As primeiras avaliações do apego, realizadas mediante observação do comportamentos de crianças em interação com a mães, resultou na classificação de tipos ou categorias de apego infantil: seguro, inseguro evitante, inseguro ambivalente/ansioso (Ainsworth, Blehar, Waters, & Wall, 1978/2014) e apego desorganizado (Main & Solomon, 1986). Investigações do apego em adultos, desenvolvidas posteriormente, inspiraram pesquisas com adolescentes (Ammaniti, Van-Ijzendoorn, Speranza, & Tambelli, 2000). Baseado em um modelo de entrevista (Adult Attachment Interview, AAI) em que os participantes descrevem suas experiências e sentimentos dos vínculos com os pais durante a infância, estabeleceu-se para adultos e adolescentes categorias semelhantes às definidas para as crianças: seguro-autônomo, evitante-desapegado, preocupado-ansioso e não resolvido-desorganizado (George, Kaplan, & Main, 1985).

Para os teóricos do apego que estudam a adolescência, as transformações que caracterizam essa etapa repercutem na expressão do apego (Allen, 2008; Delgado, 2011). Os distintos tipos de apego construídos na infância regulam os processos relacionais nesta etapa. Assim, adolescentes com apego seguro podem resolver melhor a tarefa de conquistar a autonomia e também obter sucesso no estabelecimento de vínculos de amizade e de namoro, ampliando a rede de apoio emocional a figuras alternativas de segurança. (Mota & Rocha, 2012). Já os jovens com apegos inseguros (preocupado/ansioso e evitante) podem não só mostrar mais dificuldades na busca da autonomia e na tarefa interpessoal de iniciar e manter relacionamentos saudáveis com amigos e parceiro romântico (Allen, Porter, McFarland, McElhaney, & Marsh, 2007), como também mais desajustes emocionais e comportamentais (Delgado, 2011). Portanto, a influência do apego não se limita ao mundo relacional, ele afeta também o comportamento e a saúde mental do adolescente.

Pesquisas no âmbito da psicopatologia sugerem que adolescentes com apegos inseguros (ansioso ou evitante) têm mais chances de apresentarem sintomas de ansiedade e depressão, problemas de conduta, dificuldades de relacionamento e, em geral, mais risco de desenvolver transtornos psicopatológicos (Allen, 2008; Lacasa, Mitjavila, Ochoa, & Balluerka, 2015). Sobre o suicídio, estudos com pacientes adultos indicaram associação entre apego inseguro e comportamento suicida, especialmente em presença de depressão (Grunebaum et al., 2010; Ozer, Yildirim, & Erkoc, 2015).

Em adolescentes, pesquisas sobre apego e sua relação com o suicídio são mais escassas (Lizard et al., 2011; Prabhu et al., 2010). Neste cenário de investigação, é importante verificar se as pesquisas identificam algum tipo de apego como fator de risco de suicídio na adolescência. As revisões têm focalizado nos fatores de risco em geral do comportamento suicida na adolescência, incluíndo o apego. Há conhecimento de apenas uma revisão de estudos sobre estilos de vínculo parental associados ao comportamento suicida, mas o estudo não foi limitado a amostra de adolescentes (Goschin, Briggs, Blanco-Lutzen, Cohen, & Galynker, 2013).

Desta forma, o objetivo deste estudo é revisar a literatura científica que examina a relação entre apego e comportamento suicida em adolescentes, buscando identificar os tipos e as figuras de apego mais relacionados ao comportamento suicida. Essas informações podem ajudar no reconhecimento de adolescentes com mais risco de suicídio e orientar intervenções visando melhora dos vínculos.

 

Método

Trata-se de um estudo de revisão integrativa realizado a partir da análise de publicações contidas nas bases de dados MEDLINE, PsycINFO e SciELO. Em todas as bases foram pesquisados artigos que apresentassem os seguintes descritores em qualquer parte do texto: suicide AND adolescent AND attachment; suicide AND adolescent AND parental bonding. Entretanto, na base SciELO, em função de nenhum resultado ter sido encontrado com a combinação de 3 descritores, decidiu-se manter apenas 2 descritores com as seguintes combinações: suicide AND adolescent; suicide AND attachment; suicide AND parental bonding, obedecendo as mesmas combinações com os termos correspondentes no português e no espanhol. A busca delimitou-se a artigos publicados entre janeiro de 1996 e fevereiro de 2016, redigidos em inglês, espanhol ou português e publicados em revistas científicas.

Os critérios de inclusão foram: (a) ser artigo empírico, (b) ter amostra constituída essencialmente por adolescentes ou média de idade dos participantes menor que 23 anos, (c) artigos que investigaram ou indicaram relação entre algum comportamento suicida e vínculos às figuras parentais e/ou aos pares e (d) artigo completo disponibilizado para leitura nas bases. Os critérios de exclusão foram: (a) artigos teóricos, resenha, dissertação, livro ou capítulo de livro, (b) estudos que não incluíram na amostra adolescentes ou que a média de idade dos participantes foi maior que 22 anos; e (c) não investigaram ou indicaram relação entre comportamento suicida de adolescentes e apego a pais e amigos.

A busca inicial nas bases resultou em 228 referências, após remover as duplicações (n = 47), os resumos foram avaliados considerando os critérios de inclusão. Foram excluídos resumos de artigos de revisão (9), capítulo de livro (1), artigo teórico (2) e resumo não disponível na base (1). Também foram excluídos resumos que indicaram que a amostra de participantes não era caracterizada por adolescentes (11), diziam apenas de conduta autolesiva, ou seja, sem intenção consciente de suicídio (n = 4), relacionaram o vínculo de apego com o luto por suicídio (n = 5) e não exploraram a relação entre suicídio e vínculos parentais ou apego a pais e a pares (exemplos, quando a relação do suicídio era apenas com fumo, bullying, abuso, disfunção familiar, vulnerabilidade familiar, suporte social; n = 61). Foram selecionados 85 artigos para leitura completa, porém 19 não estavam disponíveis para leitura nas bases. Dos textos lidos, 19 não examinaram a relação entre comportamento suicida e vínculo ou apego e 01 estudo não foi conduzido com adolescentes. Por fim, 46 artigos constituíram a versão final da busca. A Figura 1 sistematiza a estratégia de busca realizada.

Após a coleta, os dados foram organizados em uma tabela e analisados de acordo com as seguintes categorias: a) caracterização geral dos artigos, b) características dos adolescentes e dos instrumentos e c) relações entre vínculos de apego a pais e pares e risco de suicídio em adolescentes.

 

 

Resultados

Foram identificados 46 artigos, publicado nos últimos 20 anos, que examinaram alguma relação entre vínculos de apego e comportamento suicida em adolescentes. A produção de artigos foi maior nos últimos 10 anos (n = 30) e o idioma inglês dominou as publicações sobre o tema (n = 39), apenas três artigos em português foram encontrados. Os periódicos que mais contribuíram com publicações foram Crisis (n = 3), Journal of Adolescence (n = 2), Death Studies (n = 2) e Análise Psicológica (n = 2). A maioria dos pesquisadores está vinculada a instituições dos Estados Unidos (n = 17), seguido do Canadá (n = 6), Portugal (n = 3), Noruega (n=3) e Israel (n=3). Apesar do domínio norte-americano no volume de trabalhos, pesquisadores de diferentes países contribuíram com número menor de publicações (Brasil, Chile, Nova Zelândia, México, Reino Unido, Turquia, Coréia do Sul, Japão, França, Croácia, África do Sul e Cuba).

Os objetivos dos estudos podem ser agrupados em 3 categorias, a saber: a) analisar a relação entre vínculo de apego e comportamento suicida em adolescentes (n = 18), examinar ao papel do apego e de outros fatores de risco e proteção de comportamento suicida de jovens (n = 26) e c) avaliar intervenção terapêutica com foco nos vínculos parentais em pacientes suicidas ( =2). Quanto aos métodos, prevaleceram trabalhos quantitativos (n = 42), sendo 7 longitudinais, 12 estudos de caso controle e os demais de corte transversal (n = 23). Três artigos trabalharam com métodos qualitativos, usando entrevista na coleta de dados e análises baseadas nas abordagens da história de vida (Yang, 2012), da grounded theory (Bostik, & Everall, 2006) e análise temática (Souza, Freitas, Pordeus, Lira, & Silva, 2009). Somente um estudo adotou a abordagem quanti e qualitativa, utilizando análises de narrativa e estatística (Wright, Briggs, & Behringer, 2005).

Características dos participantes e instrumentos

As pesquisas foram realizados com estudantes do ensino médio ou universitário (n = 13), pacientes psiquiátricos (n = 15), pacientes de contextos de tratamento de saúde (n = 8), adolescentes da comunidade (n = 9) e adolescentes encarcerados (n = 1). Três estudos foram realizados, exclusivamente, com mulheres e um foi feito apenas com homens. Em 32 estudos, as mulheres foram maioria dos participantes.

Os artigos revisados examinaram a presença de tipos variados de comportamento suicida ou risco de suicídio: tentativa de suicídio e ideação suicida (n = 18), tentativa de suicídio, ideação e autolesão sem intenção suicida (n = 4), tentativa de suicídio (n = 12), ideação suicida (n = 8), risco de suicídio (n = 03) e tendência suicida (n = 1). Na avaliação destes, vários instrumentos e procedimentos foram utilizados: 33 estudos adotaram escalas ou questionários de autorrelato (padronizados ou não padronizados), 9 trabalharam com entrevistas (estruturada ou semiestruturada) e 2 usaram ambos formatos. Em 2 artigos, as informações sobre comportamento suicida foram obtidas por meio de registro em prontuário e informações dos profissionais.

Os instrumentos padronizados mais usados foram o Suicidal Behaviors Questionnaire (Osman et al., 2001), adotado em 3 estudos (McGarvey, Kryzhanovskaya, Koopman, Waite, & Canterbury, 1999; Rodgers, van Leeuwen, Chabrol, & Leichsenring, 2011; Sheftall, Mathias, Furr, & Dougherty, 2013) e o Suicidal Ideation Questionnaire (Reynolds, 1988) utilizado em dois trabalhos (Diamond, et al. 2012; Shpigel, Diamond, & Diamond, 2012). Estas escalas medem frequência e gravidade de ideação suicida e do risco de suicídio. Quatro pesquisas (Adam, Sheldon-Keller, & West, 1996; Lessard & Moretti, 1998; Maršanic, Margetic, Zecevic, & Herceg, 2014; Silviken & Kvernmo, 2007) verificaram presença de ideação suicida e tentativa de suicídio por meio de alguns itens da Youth Self Report, escala que avalia problemas psicológicos e comportamentais em adolescentes (Rocha, 2012). Cinco estudos utilizaram modelos de entrevistas diagnósticas de transtorno mental (estruturada e semiestruturada) na avaliação do risco ou de história de comportamento suicida (Coelho et al., 2014; Lyons-Ruth, Bureau, Holmes, Easterbrooks, & Brooks, 2013; Lyon et al., 2000; Nrugham, Larsson, & Sund, 2008; Venta & Sharp 2014). Treze pesquisas de levantamento ou de rastreio de problemas de saúde dos jovens incluíram questões que visavam investigar a presença de comportamento suicida.

Na avaliação do vínculo de apego, 27 estudos usaram medidas de autorrelato, sendo identificado 17 tipos destes instrumentos. Entre os questionários padronizados mais utilizados citam-se o Parental Bonding Instrument – PBI (Hauck et al., 2006) e o Inventory of Parent and Peer Attachment – IPPA (Armsden & Greenberg, 1987), adotados em 12 e 7 pesquisas, respectivamente. Esses instrumentos avaliam, a partir do relato do adolescente, a qualidade da relação ou vínculos estabelecidos com figuras de apego particulares, mas de modos diferentes. O IPPA mede a percepção dos adolescentes da qualidade do apego aos pais e também aos amigos, segundo três dimensões: confiança mútua, qualidade da comunicação e sentimento de alienação do adolescente em relação a cada figura de apego. O PBI avalia a qualidade dos vínculos parentais durante a infância, como base em duas dimensões: cuidado e superproteção/controle (Hauck et al. 2006).

Relação entre vínculos de apego e comportamento suicida

Os 46 artigos empíricos que examinaram a relação do apego com comportamento suicida de adolescentes e jovens indicaram resultados diversos. A maioria dos estudos (n = 37) não parte da concepção tradicional de apego proposta por Bowlby (1969) e seus seguidores (Ainsworth et al., 1978/2014; Main & Solomon, 1986) que permite a classificação das relações de apego em categorias ou tipos. Apenas 9 delas adotaram instrumentos que permitem tal classificação tradicional do apego, sendo que 5 indicaram associação de tentativa de suicídio e/ou a ideação suicida com apego inseguro, nos tipos evitante (Sheftall1, Schoppe-Sullivan, & Bridge, 2014), preocupado (Lessardi & Moretti, 1998), em ambos estilos evitante e preocupado (Zeyrek, Gençoz, Bergman, & Lester, 2009; Wright el al., 2005) e desorganizado com preocupado (Adam, 1996). Resultado contrastante foi verificado por Venta e Sharp (2014) que reportaram ausência de relação significativa entre algum tipo de apego e ideação ou tentativa de suicídio em adolescentes em tratamento psiquiátrico.

Em dois artigos que examinaram a contribuição do nível de segurança do apego materno no comportamento suicida, um confirmou a relação entre apego materno inseguro na infância e pensamento suicida em adolescentes internados (Venta, Mellick, Schatte, & Sharp, 2014). Porém, em outro (longitudinal), o comportamento de apego infantil foi apenas marginalmente preditivo de conduta suicida na juventude (LyonsRuth et al., 2013). Neste estudo, o afastamento materno precoce, aspecto perturbador do comportamento materno na relação mãe-bebê, foi o preditor mais significativo de conduta suicida.

A maioria das pesquisas (n = 37), por adotarem uma abordagem dimensional do apego, examinaram a relação do comportamento suicida com diferentes dimensões do vínculo de apego, tais como: confiança (Christin, Akre, Berchtold, & Suris, 2016), comunicação com os pais (Perez et al., 2010), cuidado e proteção parental (Silviken & Kvernmo, 2007), rejeição e controle parental (Cruz, Narciso, Pereira, & Sampaio, 2015), apoio e aceitação parental (Florenzano et al., 2011), proximidade materna (Gilreath, King, Graham, Flisher, & Lombard, 2009) etc. Boa parte destes estudos estão de acordo que menor segurança no vínculo com os pais (Fergusson, Woodward, & Horwood, 2000; Lyon et al., 2000; Sheftall et al., 2013), percepção de relação ruim com os pais (Christin et al., 2016, Orbach et al., 2006; Rodgers et al. 2011;), menores cuidados materno e paterno (Coelho et al., 2014; Maršanic et al., 2014; Saffer, Glenn, & Klonsky, 2015) e pouca confiança e disponibilidade das figuras de apego (Alfaro, Valdés, Suárez, Prado, & Echemendía, 2010; Bostik & Everall, 2006; Pérez et al., 2010; West, Spreng, Rose, & Adam, 1999) estão associados a tentativa de suicídio e/ou ideação. Por outro lado, maior vínculo ou qualidade da relação com os pais (Florenzano et al., 2011; Maimon, Browning, & Brooks-Gunn, 2010; Locke & Necomb, 2005; Maimon & Kuhl, 2008), proximidade familiar (O'Donnell, O'Donnell, Wardlaw, & Stueve, 2004) e cuidado parental (Pharris, Resnick, & Blum, 1997; Wichstrøm, 2009) protegem do risco de suicídio.

Na pesquisa de Nrugham et al. (2008), nenhuma dimensão de apego parental, medida por meio do IPPA, contribuiu significativamente para risco de ato suicida durante a adolescência em amostra de estudantes do ensino médio. Resultado semelhante foi encontrado por Lynskey e Fergusson (1997) ao examinarem que as percepções da qualidade do apego a pais e pares, valendo-se também do IPPA, não relacionaram com tentativa de suicídio e outras dificuldades de ajustamento em jovens com histórico de abuso sexual na infância. Ainda neste estudo, a diminuição do cuidado paterno foi a única dimensão do vínculo parental que aumentou a probabilidade destes jovens atentarem contra a própria vida aos 18 anos de idade.

Quase todos os estudos (n = 44) focaram na análise dos vínculos com as figuras parentais (exemplos: Christin et al., 2016; Perez et al., 2010; Rodgers et al., 2011), distinguindo, em alguns casos, o vínculo com a mãe do vínculo com o pai (n = 22; exemplos: Cruz et al., 2015; Florenzano et al., 2011; Saffer et al., 2015). A relação com aumento de conduta suicida foi mais frequentemente notada com a mãe. Sugeriu-se que apego materno inseguro (Venta et al., 2014), perturbação precoce na interação mãe-bebê (Lyons-Ruth, et al. 2013), dificuldade de aproximação materna (Gilreath et al., 2009), carência/baixo cuidado materno (Coelho, 2014; Maršanic et al., 2014; Silviken & Kvernmo, 2007), mãe menos cuidadora e mais controladora (Diamond et al., 2005) ou menos cuidadora e mais superprotetora (Freudenstein, 2011) e relação ruim com a mãe (Alfaro et al., 2010) têm relação com tentativa de suicídio de adolescentes.

Sobre a figura paterna, pesquisas indicaram que menor apego ao pai (Sheftall et al., 2013), carência/baixo cuidado paterno (Coelho, 2014; Saffer et al. 2015; Yamaguchi et al., 2000), maior rejeição paterna (Cruz et al., 2015) e alto controle parental (Maršanic et al., 2014) têm relação com história de tentativa de suicídio. Em estudo com adolescentes encarcerados (McGarvey et al., 1999) o vínculo paterno do tipo"controle sem afeto" relacionoucom frequências de tentativas e pensamentos suicidas. Entretanto, a pesquisa com pacientes psiquiátricos (Freudenstein et al., 2011) não encontrou associação de cuidado paterno com comportamento suicida. O estudo com garotas que tentaram suicídio, usando o PBI, mostrou que não existe diferença significativa do estilo de cuidado paterno em comparação com o grupo sem ideação suicida ou autolesão (Diamond et al. , 2005). Ainda neste estudo, quando o Inventário de Representação de Objeto (ORI) foi usado, as adolescentes relataram menor cuidado paterno, mas não houve diferença quanto ao controle paterno, outra dimensão do vínculo parental.

Menos estudos (n = 8) examinaram a relação entre vínculos com amigos e comportamento suicida em adolescentes (Nrugham et al., 2008; Peter, Roberts, & Buzdugan, 2008; Sampaio et al., 2000) e resultados diferentes foram sugeridos. Bostik e Everall (2006) verificaram que adolescentes com história de tentativa de suicídio apresentam dificuldades de comunicação, proximidade e intimidade com amigos. DiFillipo e Overholser (2000) encontraram que a qualidade do apego a pares relacionou-se com ideação suicida, mas apenas para as garotas. Sheftall et al. (2013) não verificaram diferença significativa em relação ao apego a pares em adolescentes com história de tentativa de suicídio. No estudo de O'Donnell et al. (2004), apego a pares não relacionou com comportamentos suicidas de estudantes. O vínculo com parceiro amoroso foi examinado apenas por Souza et al. (2010), que indicaram o rompimento com parceiro amoroso como principal causa da tentativa de suicídio dos adolescentes estudados.

No geral, a maioria dos estudos (n = 26) que analisou o papel do vínculo de apego, como fator associado ao comportamento suicida em adolescentes e jovens, examinou também a contribuição de outros fatores no comportamento suicida, sendo mais frequentes: abuso e/ou dependência de drogas (Locke & Newcomb, 2005; Maimon et al., 2010; Mendes, Vieira, Horta, & Oliveira, 2003; Rodgers et al., 2011), abuso sexual na infância (Fergusson et al., 2000; Lynskey & Fergusson., 1997; Locke & Newcomb, 2005; Perez, et al., 2010), bullying (Nrugham, et al., 2008; Peter et al., 2008) e transtorno alimentar (Lynskey et al., 1997; Yamaguchi et al., 2000;). Porém, a depressão foi o fator mais frequentemente analisado nos estudos revisados (n = 15 estudos), confirmando a sua relação com o suicídio e com apego (O'Donnell et al., 2004; Lyon et al., 2000; Peter et al., 2008; Rogers et al., 2011;Venta & Sharp, 2014). Poucos estudos analisaram a influência da depressão no exame da associação entre apego e comportamento suicida. Os resultados de Rodgers et al.(2011) e DiFillipo e Overholse (2000) apontaram que a depressão mediou a relação entre apego e ideação suicida, reiteirando que sintomas depressivos é forte preditor de ideação suicida na adolescência.

Nesta revisão, dois estudos (Diamond et al., 2012; Shpigel et al., 2012) exploraram as implicações de um modelo clínico que foca na melhora dos vínculos parentais e redução de depressão e comportamentos suicidas. Como resultado do tratamento, os pesquisadores observaram a redução dos apegos ansioso/preocupado e evitante e a diminuição da ideação suicida dos pacientes. A terapia também foi associada à redução de depressão e melhora dos vínculos dos adolescentes com os pais.

 

Discussão

Esta revisão identificou que 46 artigos examinaram a relação entre vínculo de apego e comportamento suicida em adolescentes. Embora, a maior parte dos estudos tenha indicado alguma relação do comportamento suicida com apego inseguro ou com alguma dimensão do vínculo parental, não há um consenso sobre qual categoria de apego inseguro (evitativo, preocupado, desorganizado, etc.) ou dimensão de vínculo parental (cuidado, proteção, controle, confiança, comunicação etc.) mais se relaciona com comportamento suicida na adolescência.

Os diferentes resultados reportados nesta revisão podem ser explicados em função de diferenças de abordagens, características das amostras e medidas adotados. Constatou-se quea área de investigação do apegotemgrandediversidadedemedidas de avaliação deste vínculo. Algumas pesquisas usaram instrumentos que avaliam a percepção dos adolescentes da qualidade da relação com figuras de apego particulares, pais ou pares (Christin et al., 2016; Rodgers et al., 2011; Sheftall et al., 2013), outras buscaram apreender as representações do apego infantil por trás do relato da história de apego dos entrevistados (Adam et al., 1996; Coelho et al., 2014; Saffer et al., 2015; West et al., 1999). Estes instrumentos têm, muitas vezes, concepções distintas de apego e avaliam diferentes dimensões deste conceito; tal cenário de dispersão torna arriscado a comparação de resultados de estudos obtidos com base em instrumentos diferentes.

A heterogeneidade das amostras (estudantes, pacientes com transtornos psiquiátricos, adolescentes com história de abuso, etc) é fator determinante no estudo da relação entre apego e comportamento suicida e merece ser analisada com parcimônia. Mais estudos foram realizados com amostras clínicas, o que pode aumentar o risco de comportamento suicida e alterar a relação entre apego e suicídio. Por exemplo, o estudo (Venta & Sharp, 2014) com adolescentes em tratamento psiquiátrico não confirmou relação significativa do apego inseguro com ideação ou tentativa de suicídio. Os autores acreditam que a gravidade da amostra estudada, que apresentou elevada taxa de comportamento suicida, pode ter obscurecido a relação em foco que se vê confirmada em estudos com amostras menos graves.

No que diz respeito à avaliação da relação do comportamento suicida com as figuras de apego, mais estudos centraram atenção às figuras parentais. Essa relação foi mais frequentemente notada com a mãe. Os estudos mostraram, no geral, associação entre apego materno inseguro na infância ou carência de cuidado materno com ideação e tentativas de suicídio em adolescentes e jovens (Maršanic et al., 2014; Venta et al., 2014). Já os resultados da relação entre vínculo paterno e comportamento suicida foram menos consistentes.

Embora o vínculo com a mãe, enquanto primeiro cuidador, seja importante no desenvolvimento da personalidade e de psicopatologia (Bowlby, 1990), há menos estudos examinando a qualidade dos vínculos com os pais e, principalmente, com pares/amigos. Isto confirma que pouco se sabe sobre como o apego está ligado às interações com outras figurasde relacionamento importante na vidados adolescentes (Allen et al., 2007).

Como boa parte das pesquisas priorizaram o exame da influência dos vínculos parentais nos comportamentos suicidas, justifica-se a relevância de mais estudos explorando a contribuição dos vínculos com amigos/pares como fator de risco ou proteção do suicídio. Em função das reorganizações nas relações com as figuras parentais e a possibilidade de estabelecimento de relações de apego com amigos e parceiros amorosos, estes assumem importância no preenchimento de necessidades afetivas do jovem. Uma relação de qualidade com os pares cria nos adolescentes o sentimento de proximidade que pode traduzir-se em apoio e confiança. Esse parceiro ou amigo pode ser percebido como importante figura de apego, capaz de complementar às necessidades de apego do jovem (Rocha, Mota, & Matos, 2011).

Examinar o vínculo dos adolescentes com seus pares é relevante também porque a qualidade deste pode ser fator de proteção, quando as relações promovem comportamentos saudáveis, mas também fator de risco se os amigos estão engajados em comportamento de risco. Segundo Bostik e Everall (2006), os adolescentes com tentativa de suicídio que queixaram de sentimento de alienação, relataram que buscavam aceitação em grupos de pares envolvidos em condutas desviantes (conduta ilegal, uso de droga etc). Os adolescentes descreveram que essas relações exerciam influência negativa sobre eles. Peter et al. (2008) também verificaram que a chance de ideação suicida aumenta para os jovens que se associam a pares desviantes.

Muitos estudos realizados com amostra clínica, especialmente com pacientes psiquiátricos, encontraram relação entre apego e conduta ou pensamento suicida. Estes resultados não permitem afirmar que o vínculo de apego inseguro é fator de risco específico de comportamento suicida, já que uma ampla gama de transtornos psiquiátricos são em si mesmos associados com risco aumentado de suicídio (Fergusson et al., 2000). Alguns estudos mais sensíveis a esta questão sugeriram que a relação entre comportamento suicida e vínculos de apego é compartilhada ou mediada por problemas de saúde mental (Rodgers et al., 2011; Venta et. al., 2014; Venta & Sharp, 2014). Esses achados reforçam a importância da psicopatologia na avaliação do risco de suicídio de jovens e sugerem que fatores desta ordem são cruciais na compreensão dos vínculos como fatores de risco para o suicídio.

Em particular, a depressão foi confirmada como forte preditor de comportamento suicida durante adolescência (Sheftall et al., 2014, Shpigel et al., 2012; West et al., 1999). Em algumas análises (DiFilippo & Overholser, 2000), o apego inseguro compartilhou especialmente com a depressão a previsão de ideações suicidas. Em outras (Nrugham et al., 2008), a depressão contribuiu para o risco de suicídio na adolescência, mas o apego não. Concorda-se com DiFilippo e Overholser (2000) que dificuldades no vínculo aumentamo risco de depressão, queem por sua vez,pode aumentar a probabilidadede ideação suicida e tentativas de autoexterminio. De qualquer modo, cabe questionar se humor deprimido influencia a percepção dos adolescentes dos vínculos com seus pais.

Estudo que investiga a relação entre apego e a depressão na adolescência considera que o apego inseguro ou vínculo parental inadequado é elemento propulsor desta psicopatologia (Allen et al., 2007). Nesta direção, pesquisas têm comprovado que adolescentes deprimidos apresentam uma percepção inadequada de cuidados maternos e vínculo parental, destacando assim a relação da depressão com a qualidade do vínculo parental (Scheneider & Ramirez, 2007).

Observou-se na literatura uma tendência em agrupar pensamento/ideação suicida, autolesão e tentativas de suicídio. A mistura de interpretações sobre pensamento/ideações e tentativas generalizaram achados sobre a contribuição do apego nestes comportamentos, não permitindo uma análise mais refinada. Sobre este ponto, estudiosos da suicidologia chamam atenção para maior necessidade de delineamento dos aspectos examinados (Sheftall et al., 2013). Os poucos estudos (Cruz et al., 2015; Saffer et. al., 2015) que forneceram resultados discriminando, concomitantemente, a relação do vínculo com diferentes tipos de comportamento suicida, mostraram que cuidado parental diferenciou adolescentes com história de tentativa de suicídio de adolescentes que relataram apenas ideação suicida. Esses resultados sublinham a relevância de mais pesquisas examinando similaridades e diferenças dos tipos de comportamento suicida na relação com apego e outros fatores associados.

 

Considerações finais

Esta revisão mostrou que a complexidade dos fenômenos em interação, as diferentes dimensões de vínculos de apego em jogo e a variedade de instrumentos de avaliação empregados nas pesquisas dificultam as generalizações, mas sugerem queapego inseguro ou vínculo parental inadequado são potenciais fatores de risco do suicídio de adolescentes, especialmente mediado por depressão. Desta forma, estudos futuros devem se atentar para a concepção de apego subjacente aos processos de avaliação deste vínculo, as características da amostra estudada e o tipo de comportamento suicida.

Foram identificados apenas seis artigos de origem latino-americana, o que sugere que a investigação sobre o papel dos vínculos de apego no comportamento suicida em população adolescente ainda é frágil nos países desta região. Contudo, para confirmar essa afirmação, é importante ampliar a busca a mais bases de dados e incluir trabalhos de teses, dissertações e capítulos de livro, aspecto que foi uma delimitação deste estudo.

Esta revisão não fez distinção entre ideação suicida e tentativa de suicídio e nem se deteve na análise da influência do gênero na relação entre apego e suicídio. Tais limitações se devem, em parte, as próprias limitações de boa parte dos estudos revisados cujos resultados não discriminaram os tipos de comportamento suicida e as diferenças de gênero na relação em foco.

Ainda existem poucos estudos investigando, de modo parcimonioso, o apego como fator de risco ou de proteção deste problema. Tal investigação pode ampliar a compreensão dos fatores relacionais do suicídio e oferecer suporte para prevenção e tratamento de adolescentes em crise suicida. Além de oferecer uma ponte para melhor compreender o processo de elevação do risco de suicídio em adultos.

 

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Endereço para correspondência
Vilma Valéria Dias Couto
E-mail: vilmacou@prove.ufu.br

Recebido: 10/09/2015
1° revisão: 11/12/2015
Aceite final: 02/02/2016

 

 

1 Vilma Valéria Dias Couto é docente do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e doutoranda em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília.
2 Marcelo da Silva Araújo Tavares é do
cente do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília.

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