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Revista da SPAGESP

versão impressa ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.18 no.1 Ribeirão Preto Jan./Jun. 2017

 

EDITORIAL

 

Ciência que se tece: alinhavos nos estudos sobre grupos, famílias, instituições e saúde mental

 

 

Fabio Scorsolini-Comin1

Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba-MG, Brasil

Endereço para correspondência

 

 

É com muita satisfação que apresentamos a toda a comunidade acadêmica o primeiro número de 2017 da Revista da SPAGESP – Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo, periódico avaliado como B1 no Qualis CAPES da área de Psicologia. Neste número encontramos importantes contribuições de pesquisadores de instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Universidade Federal de Uberlândia, Universidade de São Paulo, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Universidade do Vale do Rio dos Sinos e Faculdade Meridional-IMED. Tais estudos trazem pesquisas e práticas importantes nos campos das investigações sobre grupos, famílias, instituições e saúde mental.

Este fascículo é iniciado com o artigo intitulado "Práticas de nomeação nas relações familiares contemporâneas", da autoria de Terezinha Féres-Carneiro, Rebeca Nonato Machado, Renata Mello e Andrea Seixas Magalhães, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. No estudo, que trata da percepção de pais e filhos em relação ao exercício da parentalidade nas diferentes configurações familiares contemporâneas, concluiu-se que "as práticas de nomeação apontam mais para o respeito às tradições do que para a busca pela criação, apesar das grandes transformações dos laços familiares, regidos pela valorização dos laços socioafetivos".

O segundo artigo é uma parceria entre pesquisadoras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. O estudo, intitulado "Saúde emocional de agentes comunitários: Burnout, estresse, bem-estar e qualidade de vida", avaliou a prevalência de burnout, estresse, qualidade de vida e bem-estar subjetivo em agentes comunitários de saúde (ACS), buscando relações entre tais variáveis e as características sociodemográficas e de trabalho destes profissionais. As autoras concluíram que os ACS estão emocionalmente desgastados, sendo necessário criar intervenções específicas para essa população.

Também da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o artigo "Motivações do comportamento infrator e perspectivas do futuro de jovens reclusos da cidade de Maputo/Moçambique: uma visão bioecológica", de Fernando Niquice, Michele Poletto e Silvia Helena Koller, investigou seis jovens moçambicanos. A partir dos dados foi possível compreender que os jovens têm interesse em reintegrar-se à sociedade e desenvolver projetos pessoais após o cumprimento da pena, sendo sugerida a criação e avaliação de programas de acompanhamento psicossocial no período de retorno à comunidade.

O artigo "Pedofilia: história de vida e o retorno para a família por meio de alta progressiva", de Caroline Velasquez Marafiga e Denise Falcke, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, e de Maycoln Leôni Martins Teodoro, da Universidade Federal de Minas Gerais, investigou as histórias de vida e o retorno para as famílias de pacientes diagnosticados como pedófilos, destacando a importância do envolvimento da família nesse processo e discutindo os principais aspectos dessa reabilitação psicossocial.

O estudo "Crianças à espera de adoção ou em medida protetiva: a inclusão escolar", de Rafaela de Fátima Moraes Maciel, Marília Consolini Teodoro, Jéssika Rodrigues Alves, Laura Moraes Ribeiro, Luísa Gomes Queiroz e Conceição Aparecida Serralha, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, buscou compreender o processo de inclusão escolar da criança à espera de adoção ou em proteção judicial, em uma cidade do interior de Minas Gerais, a partir do contato com as crianças, as profissionais da instituição de acolhimento e diretores das escolas frequentadas pelas crianças. As autoras recomendam estratégias de suporte às crianças para suprir necessidades emocionais e favorecer o desenvolvimento psíquico e educacional nesse cenário.

Na sequência, o estudo "Grupo operativo com pais de jovens em processo de escolha da carreira", da autoria de Fabiana Hilário de Almeida, Lucy Leal Melo-Silva e Manoel Antônio dos Santos, da Universidade de São Paulo, apresenta um programa de intervenção grupal com pais de adolescentes em processo da escolha da carreira. A análise desses grupos mostrou que os pais investiram maciçamente na formação educacional de seus filhos, revelando elevadas expectativas quanto ao seu futuro, o que pode ser acolhido e refletido em espaços potenciais no processo de escolha da carreira.

A partir do referencial psicanalítico, o estudo "As adaptações no Brasil do método Bick de observação em pesquisas empíricas", de Antonia Cláudia Soares Leão dos Santos e Janari da Silva Pedroso, da Universidade Federal do Pará, revelou que tais adaptações do método ocorreram na quantidade de sessões, idade dos participantes (bebês, crianças e adultos) de acordo com a observação, transcrição e supervisão, e foram capazes de captar informação subjetiva em que a fala dos participantes é inacessível. Algumas recomendações para novos estudos com o emprego desse método são apresentadas.

O artigo "O manejo do dinheiro em relação aos filhos de pais divorciados", de Pamela Nardi, Cláudia Mara Bosetto Cenci, Denice Bortolin e Márcio Medina Neves, da Faculdade Meridional – IMED, entrevistou10 casais de pais já divorciados, ou em processo de divórcio, com filhos entre cinco e 15 anos de idade. Como conclusão, apresentaram que, após o divórcio, o rompimento do vínculo conjugal prejudica sensivelmente o vínculo parental, havendo a necessidade de discussão da temática com os pais ao longo do processo de divórcio.

Finalizando o fascículo, o estudo intitulado "Devolução de crianças adotadas: uma revisão integrativa da literatura", de Jussara Glória Rossato e Denise Falcke, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, destacou que os estudos analisados enfatizaram especialmente a busca de fatores preditivos para a ocorrência da ruptura no processo de adoção, com pouco destaque para as vivências subjetivas de crianças, adotantes e profissionais.

Alinhando-se aos desafios contemporâneos da pesquisa científica e promovendo o constante diálogo entre diferentes pesquisadores e instituições, no próximo fascículo da Revista da SPAGESP, previsto para o segundo semestre de 2017, serão apresentados estudos que abordam especificamente os desafios e as possibilidades de pesquisas nas áreas de ciências humanas e sociais a partir da Resolução nº 510 de 17/04/2016 do Conselho Nacional de Saúde. Esperamos que esses estudos possam contribuir para a constante discussão sobre ética nas pesquisas envolvendo seres humanos.

Desejamos a todas e todos uma proveitosa leitura do material que constitui o presente fascículo, reforçando o convite para que enderecem à Revista da SPAGESP as suas produções nas áreas de grupos, famílias, instituições e saúde mental. Agradecemos, por fim, a toda a comunidade envolvida na produção deste número, leitores, pesquisadores, assessores ad-hoc, comissão editorial e equipe técnica do periódico.

 

 

Endereço para correspondência
Fabio Scorsolini-Comin
E-mail: fabioscorsolini@gmail.com

 

 

1 Fabio Scorsolini-Comin é docente do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e editor da Revista da SPAGESP.

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