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Revista da SPAGESP

versão impressa ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.20 no.1 Ribeirão Preto jan./jun. 2019

 

ARTIGOS

 

Ambivalências frente ao projeto parental: vicissitudes da conjugalidade contemporânea

 

Ambivalence towards the parental project: vicissitudes of contemporary conjugality

 

Ambivalencias frente al proyecto parental: vicisitudes de la conyugalidad contemporánea

 

 

Denise Bernardi1; Renata Mello2; Terezinha Féres-Carneiro3

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro-RJ, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente estudo é parte de investigação mais ampla sobre o adiamento do projeto parental e tem como objetivo investigar o desejo de ter filhos e o processo de negociação sobre o projeto parental entre os membros do casal. Para tanto, realizou-se uma pesquisa qualitativa, na qual foram entrevistados cinco homens e cinco mulheres do segmento socioeconômico médio, membros de casais distintos, com idades entre 33 e 37 anos, sem filhos. Os resultados foram analisados de acordo com o método de análise de conteúdo na sua vertente categorial. Da análise do material, emergiram seis categorias de análise. Para atingir os objetivos formulados no presente trabalho, serão discutidas as categorias: ambivalência quanto ao desejo de filho e negociação entre os membros do casal sobre o projeto de filhos.Os resultados apontaram que a negociação da parentalidade entre os cônjuges ocorre de modo implícito e não verbalizado, sendo favorecida quando pré-estabelecida antes do casamento.

Palavras-chave: Conjugalidade; Desejo de filho; Projeto parental; Contemporaneidade.


ABSTRACT

The present study is part of a wider investigation into the postponement of the parental project and the aim is to investigate the desire to have children and the negotiation of the parental project process between the members of the couple. For that, a qualitative research was carried out, in which five men and five women from the middle socioeconomic segment, members of distinct couples, between 33 and 37 years old, without children, were interviewed. The results were analyzed according to the content analysis method. From the analysis of the material six categories emerged. To achieve the objectives of this paper, the following categories will be discussed: the ambivalence about the desire to have a child and negotiation between the members of the couple on the project of having children. The results showed that the negotiation of parenthood between the spouses occurs implicitly and non-verbally, with is favored when pre-established prior to marriage.

Keywords: Conjugality; Wish to have a child; Parental project; Contemporaneity.


RESUMEN

El presente estudio es parte de una investigación más amplia sobre el aplazamiento del proyecto parental y tiene como objetivo investigar el deseo de tener hijos y el proceso de negociación sobre el proyecto parental entre los miembros de la pareja. Para eso, se realizó una investigación cualitativa, en la cual fueron entrevistados cinco hombres y cinco mujeres del segmento socioeconómico medio, miembros de parejas distintas, con edades entre 33 y 37 años, sin hijos. Los resultados fueron analizados de acuerdo con el método de análisis de contenido en su vertiente categorial. Del análisis del material, surgieron seis categorías de análisis. Para alcanzar los objetivos formulados en el presente trabajo, se discutirán las categorías: ambivalencia en cuanto al deseo de hijo y negociación entre los miembros de la pareja sobre el proyecto de hijos. Los resultados apuntaron que la negociación de la parentalidad entre los cónyuges, ocurre de modo implícito y no verbalizado, siendo favorecida cuando pre-establecida antes del matrimonio.

Palabras clave: Conyugal; Deseo de hijo; Proyecto parental; Contemporaneidad.


 

 

Até a primeira metade do século XX, casar significava, primordialmente, ter filhos e constituir família (Diniz, 2010). Neste sentido, o casamento era intrínseco à parentalidade. Essa relação, contudo, foi se modificando ao longo da história. O surgimento da pílula anticoncepcional nos anos 60 e a maior eficácia dos métodos contraceptivos, possibilitaram a separação entre a sexualidade e a reprodução. Com isso, o nascimento da criança passou a ser consequência do desejo de homens e mulheres, de tal modo que os casais passaram a poder optar por ter, ou não, ter filhos e por quando tê-los.

Na atualidade, apesar de ainda ser maior o número de casais que em algum momento de suas vidas se tornam pais, tem havido uma crescente tendência entre eles em adiar o projeto parental ou optar por não ter filhos. Segundo dados do IBGE (2015), os arranjos familiares constituídos por casal com filhos vêm diminuindo nos últimos anos: em 2002, 52,7% dos casais tinham filhos, em 2012 o índice já era de 45%. O declínio do número de casais que optam por ter filhos evidencia, assim, um aumento deste tipo de configuração familiar.

Apesar de a configuração familiar de casais sem filhos ter aumentado, a temática da opção por ter filhos é ainda muito pouco investigada no contexto brasileiro (Rios& Gomes, 2009). Em decorrência das novas configurações familiares, o conceito de família vem passando por redefinições contínuas. Nesse sentido, ainda é difícil encontrar uma postulação consensual acerca deste conceito.

Por um lado, encontram-se menos famílias constituídas por casais com filhos, por outro, constata-se um aumento das famílias unipessoais, isto é, unidades domiciliares formadas por uma só pessoa. Cresce, também, o número de casamentos e arranjos familiares formados por pessoas do mesmo sexo (Biroli, 2014). Essas transformações abriram a possibilidade de revisão acerca dos conceitos de família até então transmitidos (Sohne & Wendling, 2011).

Entende-se que a existência de um número cada vez maior de casais que adiam o projeto de ter filhos, ou não os têm, implica pensar que esta configuração familiar vem se tornando mais comum. O crescimento deste tipo de arranjo pode estar relacionado à coincidência entre os anos para a construção e consolidação de uma carreira profissional e o período do ciclo evolutivo da família no qual se costuma ter filhos (Rocha-Coutinho, 2015). Esse aspecto parece dificultar a tomada de decisão acerca do projeto parental, o que tende a levar muitos casais a tardar essa escolha (Barbosa & Rocha-Coutinho, 2007; Matos & Magalhães, 2014; Caetano, Martins, & Motta, 2016).

Sabe-se que a procriação é indispensável para a preservação da espécie (Chatel, 1995; Bydlowski, 2010). Deste modo, na expectativa da continuidade geracional, a sociedade espera que do casal conjugal possa surgir um casal parental, cumprindo, assim a "missão" de ter filhos. Deste modo, a conjugalidade e a parentalidade se apresentam bastante interligadas (Magalhães, 2009).

Para Maldonado e Dickstein (2010), a experiência de ter um filho inaugura o casal parental sendo um importante momento no ciclo de vida da família. A mulher, além de ser filha, passa a ser mãe, e o homem, além de ser filho, passa a ser pai. O nascimento de um filho é, portanto, um rito de passagem que parece simbolizar o surgimento de uma família.

Segundo Bradt (2007), o casamento demarcaria uma mudança de status que torna o planejamento de filhos socialmente esperado, visto que casar e em seguida ter filhos são percebidos como etapas do ciclo de vida familiar. Talvez, por esta razão, romper esse ciclo ou tardar o projeto de ter filhos gere questionamentos ao casal na contemporaneidade.

O nascimento de um bebê costuma gerar instabilidade, podendo influenciar, inclusive, na satisfação conjugal entre os cônjuges (Doss, Rhoades, Stanley, & Markman, 2009; McGoldrick & Shibusawa, 2016). Algumas dificuldades podem surgir, também, em função da divisão do sujeito contemporâneo entre as funções conjugais, parentais e pessoais, sobretudo as profissionais. Além disso, nos dias de hoje, os sujeitos vivenciam um conflito entre ter filhos de acordo com o tempo biológico mais "adequado" ou investir na carreira profissional. Tal conflito implica, justamente, na possibilidade de adiar o projeto parental. Esse paradoxo parece contribuir para o sentimento de ambivalência acerca da parentalidade, comumente observado na contemporaneidade (Barbosa & Rocha-Coutinho, 2007; Matos & Magalhães, 2014).

O desejo de ter filhos é, portanto, atravessado por aspectos conscientes e inconscientes. Neste sentido, o modo como um sujeito define suas escolhas se mostra influenciado por valores familiares que são constituídos por crenças, princípios e costumes, que são transmitidos de geração em geração (Zornig, 2010). Muitas vezes, a transmissão psíquica geracional é um processo estabelecido em nível não-verbal, a partir de uma cadeia de significantes originários. É importante acrescentar que esses significantes influenciam as decisões dos indivíduos ao longo de toda sua vida (Rehbein & Chatelard, 2013).

Influenciados por esses fatores, observamos a existência de significativas semelhanças entre a relação estabelecida entre os membros de um casal e a conjugalidade de seus pais/sogros, bem como uma influência direta das famílias de origem nas diferentes fases da vida do casal (Quissini & Coelho, 2014). Para Féres-Carneiro e Magalhães (2005), o casamento no projeto de vida dos indivíduos costuma ser marcado pelo modo como eles se apropriam dos aspectos da conjugalidade dos pais que tende a repercutir de modo significativo em suas escolhas. Neste sentido, a escolha por casar-se e ter filhos pode estar atrelada às vivências na família de origem.

Contudo, cabe analisar que o casamento contemporâneo, além dos aspectos relacionados à transmissão psíquica, também é marcado por importantes transformações sociais. A fragilidade com que os laços são formados, em decorrência do individualismo e das relações menos sólidas, têm interferido na dinâmica conjugal e na construção de um vínculo mais consolidado (Féres-Carneiro& Magalhães, 2005; Passos, 2007; Zanetti & Gomes, 2012). Assim, nas relações amorosas da atualidade, marcadas pela instabilidade e pelo individualismo (Magalhães & Féres-Carneiro, 2004), o projeto parental parece ser um investimento bastante audacioso. Neste sentido, em função da valorização da individualidade e da liberdade de escolha, novos sentidos vêm sendo dados ao relacionamento conjugal e aos projetos pessoais dos indivíduos (Borges & Magalhães, 2013; Borges, Magalhães, & Féres-Carneiro, 2014; Matos & Magalhães, 2014).

De fato, a parentalidade se institui como um exercício que exige muita responsabilidade, o que torna a decisão de ter filhos algo cada vez mais difícil. A sociedade exige que os pais cumpram os papéis parentais com satisfação, sem aceitar que as dificuldades inerentes a esta função sejam analisadas (Travassos-Rodriguez & Féres-Carneiro, 2013). Atrelado a isso, as expectativas sobre as práticas parentais são muito altas, levando casais, muitas vezes, recear por não possuir os recursos necessários para exercer tal função. Tempo, dinheiro e paciência se tornam imperativos indispensáveis para corresponder às exigências sociais impostas à parentalidade.

Assim, a negociação acerca dos projetos compartilhados pelos membros do casal – como o projeto de ter filhos – pode repercutir no cotidiano das relações conjugais, sobretudo, se tais projetos não são definidos de modo consensual pelos cônjuges. Neste cenário, as influências externas e internas, assim como a capacidade de comunicação e diálogo entre os membros do casal aparecem como catalizadores da decisão acerca do projeto parental. Cabe salientar que as habilidades de comunicação entre os cônjuges podem ser um ponto forte na conjugalidade contemporânea, que vem experimentando altos níveis de conflito em decorrência da busca pela harmonização entre os universos do trabalho e da família (Carroll, Hill, Yorgason, Larson, & Sandberg, 2013; Konik, 2014).

De fato, equilibrar as demandas profissionais com os papéis parentais pode gerar estresse aos membros do casal. Contudo, a comunicação entre eles pode amenizar os conflitosgerados pelos altos níveis de estresse comuns da sociedade contemporânea.

Apesar de as mudanças nos padrões reprodutivos terem ocorrido, inicialmente, nos países desenvolvidos elas se estenderam para o contexto brasileiro salientando a importância de se compreender esses elementos (Biffi & Granato, 2017). O projeto parental que até o século XX era visto como uma consequência inevitável do casamento, hoje pode ser encarado como uma opção a ser discutida pelo casal. Nessa direção, cabe questionar se a decisão por não ter filhos ainda contraria as expectativas sobre os ideais culturais do casamento, rompendo com um modelo que ainda hoje se apresenta como referência.

A opção de ter ou não filhos é, sem dúvida, uma decisão complexa e que inspira sentimentos contraditórios entre os membros do casal. Frente ao cenário atual, surge uma série de questionamentos acerca do espaço, do tempo e do desejo pelos quais o casal contemporâneo passa ao refletir sobre a inclusão de um filho na relação conjugal. No âmbito dessas considerações, o presente estudo, que é parte de investigação mais ampla sobre o adiamento do projeto parental, tem como objetivo investigar o desejo de ter filhos e o processo de negociação sobre o projeto parental entre os membros do casal na contemporaneidade.

 

MÉTODO

Participaram do estudo cinco homens e cinco mulheres de classe média, membros de casais distintos, com idades entre 33 e 37 anos, casados legalmente ou não, há mais de três anos, sem filhos e residentes na cidade do Rio de Janeiro ou região metropolitana. Para apresentação dos resultados, os participantes foram nomeados de Homem 1 a Homem 5, e Mulher 1 a Mulher 5. A Tabela 1 apresenta a descrição do perfil dos participantes.

 

 

Como instrumento de investigação, foi utilizada uma entrevista semiestruturada, com roteiro oculto, formulado a partir da revisão da literatura acerca do tema, contemplando questões abertas sobre os seguintes eixos temáticos: percepções sobre a família de origem, conceito de família, concepções sobre maternidade/paternidade, perspectivas de projeto parental, desejo de filho e lugar do filho no projeto de vida do casal. As entrevistas foram gravadas em áudio e, posteriormente, transcritas integralmente.

Os participantes deste estudo foram indicados pela rede de relacionamento dos membros do grupo de pesquisa, constituindo uma amostra de conveniência. Como critério para participação no estudo, o sujeito deveria ter idade entre 32 e 37 anos, pertencer ao segmento socioeconômico médio, ser casado legalmente ou viver em união estável, há mais de três anos, e não possuir filhos. Para a definição da faixa etária dos participantes tomou-se como base dados do IBGE (2015), que indicam que na atualidade homens e mulheres se casam em média com 31 e 29 anos respectivamente. O contato inicial para a marcação das entrevistas foi feito por telefone. As entrevistas foram efetuadas, individualmente, em local determinado pelos participantes, e tiveram duração média de uma hora.

O projeto que deu origem à pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição onde foi desenvolvido (processo n.º 2016-23). Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, permitindo a utilização dos dados em ensino, pesquisa e publicação.

Os dados coletados foram submetidos ao método de análise de conteúdo, na sua vertente categorial, com a finalidade de investigar, a partir do material discursivo, as significações atribuídas pelas entrevistadas aos fenômenos (Bardin, 2016). Por meio da técnica categorial, foram destacadas categorias temáticas, organizadas a partir da semelhança entre os elementos contidos no material coletado. Para tal, procedeu-se a uma "leitura flutuante", agrupando-se dados significativos, identificando-os e relacionando-os, até se destacarem as categorias de análise.

Do discurso dos participantes emergiram seis categorias de análise. Tendo em vista que o objetivo deste artigo é investigar o desejo de ter filhos e o processo de negociação sobre o projeto parental entre os membros do casal, nele serão apresentadas e discutidas as categorias: ambivalência quanto ao desejo de filho e negociação entre os membros do casal sobre o projeto de filhos. As demais serão apresentadas e discutidas em outros trabalhos.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

AMBIVALÊNCIA QUANTO AO DESEJO DE FILHO

Durante muitos anos, a representação de ter filhos esteve vinculada à ideia de felicidade plena de um casal. Na atualidade, contudo, o projeto parental associado à realização e completude do casal vem passando por questionamentos, tal como mostra o relato abaixo:

"Não acho que um filho... a minha felicidade vai vir de um filho... eu sou muito feliz de não ter um filho, isso não é uma coisa que tira o meu sono, o que tiraria o meu sono é ter uma coisa... o filho não é uma coisa, mas é assumir um projeto, sem imaginar que eu estou pleno, ou que aquele é o momento ideal do projeto, que pode ser um projeto de responsabilidade do qual eu não quero arcar naquele momento, isso sim tiraria o meu sono, agora não ter [filho], não tira o meu sono". (Homem 1, 35 anos)

No contexto atual, os sujeitos parecem contestar a representação de que um filho tornaria o casamento mais feliz. Ao contrário, muitas vezes, a abnegação e as responsabilidades, que a parentalidade carrega, costumam impulsionar uma reanálise deste projeto. Assim, apesar de a maioria dos participantes deste estudo mencionar o desejo de um dia ter filho, os pontos negativos da parentalidade foram apontados, por eles, como fator importante para o adiamento deste projeto.

Assim, apesar de a maioria dos casais ainda optar por ter filhos (IBGE, 2015), parece que na atualidade os casais vêm buscando vivenciar outras experiências que podem ser tão gratificantes quanto ter um filho, tal como afirmam Caetano et al. (2016). Deste modo, embora a vinculação entre a conjugalidade e a parentalidade ainda se mostre muito presente, já se pode observar uma mudança no sentido de uma maior aceitação de outras escolhas que não seja a de ter filhos.

Nota-se, então, uma possibilidade maior de escolhas entre os cônjuges. Contudo, há uma ausência de definições, o que traz como consequência incerteza e ambivalência quanto à condição escolhida. Assim, apesar do atual poder de escolha acerca do projeto parental, reconhecemos uma mistura de sentimentos quanto à decisão, visto que ter filhos pode trazer inúmeros prazeres, entretanto uma série de responsabilidades.

A mesma ambivalência relacionada ao projeto parental, observada neste estudo, também foi encontrada na investigação desenvolvida por Fidelis e Mosmann (2013), realizada com cinco mulheres acima dos 45 anos que declararam ter optado por não serem mães. As autoras observaram que, dentre os motivos apontados pela escolha de não ter filhos estão: as responsabilidades e preocupações inerentes à parentalidade, e o aumento de trabalho e problemas que podem vir com o crescimento das crianças.

Ter filhos, deste modo, já não parece mais ser visto como fonte de realização e prazer, como foi socialmente difundido durante muito tempo. Ao contrário parece representar uma fonte de extrema sobrecarga. Esse dado foi observado no estudo desenvolvido por Barbosa e Rocha-Coutinho (2007) com quatro mulheres com o objetivo de entender como as mesmas encaravam a maternidade e a opção de adiá-la e/ou não ter filhos. A maternidade foi marcada, pelas participantes do referido estudo, de forma negativa em decorrência da responsabilidade que um filho acarreta. As mulheres que não tinham filhos referiram não ter inveja do estilo de vida que as pessoas que têm filhos têm, em decorrência, justamente, da sobrecarga de trabalho.

No estudo desenvolvido por Andrade, Martins, Ângelo, Santos e Martini (2014), os autores também observaram resultados semelhantes. Dentre as maiores preocupações dos membros dos casais que têm filhos destacam-se a sobrecarga de trabalho, a diminuição das horas de sono e lazer, o aumento das tarefas domésticas, o aumento do estresse individual com as responsabilidades e a diminuição do tempo livre para si e para a realização de atividades sociais.

Assim, em decorrência da negatividade com que a parentalidade parece ser referida na atualidade, aqueles que ainda não possuem filhos podem vivenciar sentimentos ambivalentes. Através do discurso dos participantes deste estudo, observou-se que a opção acerca de ter filhos é envolvida por dúvidas e questionamentos. Deste modo, apesar de na atualidade as pessoas sentirem-se mais livres para realizar escolhas, suas decisões ainda carregam muita incerteza.

Nesse sentido, a sociedade continua vinculando o casamento ao nascimento de filhos. Em especial, as mulheres em função da sua relação direta com a maternidade são as que mais enfrentam preconceito quando o casal decide não ter filhos (Caetano et al., 2016). É interessante salientar que as pesquisas raramente fazem referência à infertilidade masculina, o que sugere que os problemas reprodutivos do casal que não têm filhos seriam atribuídos a mulher (Trindade & Enumo, 2002).

Assim, apesar das mudanças pelas quais a sociedade passou nas últimas décadas, o fato de um casal não ter filhos, permanece sendo culturalmente percebido como se os cônjuges não fossem plenamente felizes e supostamente completos. Isso talvez justifique os sentimentos ambivalentes observados neste estudo, visto que optar por não ter filhos ou tardar esta decisão é ir contra o modelo imposto pela sociedade, o que torna essa decisão ainda mais difícil. Percebe-se, assim, no discurso da maioria dos participantes, ambivalências entre o desejo de ter ou não ter filhos. Ao mesmo tempo que parecem desejar ter filhos, eles pontuam aspectos dos quais precisarão abrir mão em prol das funções parentais.

"Eu ouço algumas pessoas falando, ah, eu larguei o meu emprego pelo meu filho, pessoas que tiveram que abrir mão da sua vida profissional, muita gente frustrada por causa disso. Ah, eu larguei a faculdade no 4º semestre, ou eu fiz a faculdade e ai coloquei na gaveta o meu diploma... E ai hoje [o filho] tem 15 anos e eu tenho 40 anos e ai eu não estou mais preparada pro mercado. Você vê tantas pessoas que acham que não vão atingir a plenitude se não tiverem um filho, mas vê aquelas que acham que não atingiram a plenitude, justamente porque tiveram filho".(Homem 5, 34 anos)

Questionamentos com o mesmo viés foram observados no estudo desenvolvido por Patias e Buaes (2012), realizado com o objetivo de compreender como se constituem as identidades femininas de mulheres de classe média que optaram por não ter filhos. Para as mulheres entrevistadas, ter um filho seria assumir mais um compromisso. Nesse sentido, elas questionaram a ideia romântica de gratificação acerca da maternidade. As autoras concluíram que, dentre outros fatores, o trabalho e o tempo que uma criança demanda tendem a fundamentar a escolha por não ter filhos na atualidade.

Contudo, existe uma expectativa de ordem social pela continuidade geracional, na medida em que, socialmente, espera-se que um casal tenha filhos. Esse aspecto foi pontuado pelos participantes, conforme pode ser observado no relato abaixo.

"Um filho seria para completar, porque a gente já é muito família, ai um filho só aumenta a sua família. Eu acho assim, que quando você casa, por conta das nossas formações familiares, eu acho que você tem que continuar aquilo, né, aumentar. Então pra gente faz parte do projeto, você está construindo uma família, eu acho que um filho faz parte dessa sociedadezinha menor". (Mulher 3, 35 anos)

Observa-se que ao mesmo tempo que ter filhos está estreitamente vinculado ao casar-se e constituir família, o conceito de família, para alguns entrevistados, é paradoxalmente desvinculado da presença de filhos.

"Eu não acho que marido e mulher sem filho não seria uma família, não acho que ter filho significaria a formação de uma família, o casal já é família, mas eu acho que [o filho] é como uma cereja no bolo... a criança significaria isso, mas não que não seja família só marido e mulher, mas eu acho que para ficar mais completa, mais feliz, pra mim seria pai, mãe e um filho". (Homem 5, 34 anos)

Conforme já discutido, as mudanças ocorridas nos arranjos familiares nos últimos anos impulsionaram uma transformação no conceito de família. Constata-se, que para a maioria dos participantes, a noção de família repousa sobre a presença de filhos na mesma, contudo, para outros (homem 5 e mulher 1), o próprio casal representaria família. Esses resultados confirmam a ambiguidade que também foi encontrada no estudo realizado por Sohne e Wendling (2011), com o objetivo de investigar o significado de família para casais que optaram por não ter filhos. As autoras observaram que para alguns sujeitos o próprio casal se apresenta como uma família, para outros, a família só se origina quando o casal tem filhos.

Apesar de existirem diversas formas de conceituar família, um consenso acerca de sua definição ainda parece ser algo bastante complexo, conforme já discutido. Afinal, embora existam diferentes compreensões acerca do ciclo vital familiar, a maioria delas engloba o desenvolvimento da fase adulta com a chegada dos filhos. Por esta razão, romper com esse ciclo tende a gerar sentimentos ambivalentes.

Observa-se que as vivências nas famílias de origem, seus valores e conceitos também contribuem para o sentimento ambivalente acerca da decisão de ter filhos. O discurso dos participantes ilustra o modo como essas vivências marcam e acompanham as decisões do sujeito, influenciando, ainda que de modo inconsciente, a escolha ou não pela parentalidade.

"Eu fui confrontado com responsabilidades desde muito novo, e até hoje eu tenho essas responsabilidades dentro da minha família, eu meio que me sinto um pouco pai... de uma forma avessa, de um modelo diferente, mas eu me sinto nesse lugar, e isso faz com que também eu encare uma nova responsabilidade [ter um filho] de uma forma menos lúdica". (Homem 3, 35 anos)

Os dados acima corroboram a afirmação de Kaës (2001), segundo a qual, é impossível não transmitir aos filhos heranças familiares. As experiências das gerações anteriores consolidam valores, normas e regras da nova família, e são mantenedores do padrão de funcionamento familiar. Assim, os modos de se relacionar aprendidos no âmbito familiar se apresentam como modelo e tendem a se repetir e a influenciar na forma como o sujeito organiza sua vida e faz suas escolhas. Deste modo, heranças familiares e características da família de origem, permeiam as vivências e decisões do indivíduo.

Neste sentido, a organização da família está formada por uma rede de relações que é preexistente ao sujeito, assim, desde o momento da concepção o indivíduo está marcado pelo olhar dos pais, pelos seus ideais e pelos desejos familiares. A família tem uma influência muito grande em relação à constituição subjetiva e às escolhas do indivíduo. Deste modo, as experiências na família de origem parecem balizar a construção da parentalidade na vida adulta.

Um dado interessante surgiu na fala do homem 3, ao mencionar que por ter se confrontado com responsabilidades familiares, desde muito precocemente, acabou assumindo as responsabilidades parentais como um peso. Parece que o fato de ter sido responsabilizado prematuramente por sua família de origem e, em alguma medida, vivenciado uma experiência de inversão geracional influenciou o atual desejo acerca de ter ou não filhos.

NEGOCIAÇÃO ENTRE OS MEMBROS DO CASAL SOBRE O PROJETO DE FILHOS

Com relação à negociação entre os membros do casal sobre o projeto de ter filhos, observa-se que ela acontece implicitamente, isto é, através da priorização de outros projetos de vida do casal, tais como comprar uma casa, viajar, estudar. Contudo, tanto os homens como as mulheres destacaram a importância da decisão acerca de ter ou não ter filhos ser dialogada e definida entre eles antes do casamento.

"Eu acho que tem que conversar antes de casar [sobre ter filho]. Eu tenho um amigo que a esposa não quer ter filho, então eles estão num momento muito difícil porque ele gostaria muito de ser pai, mas ela não quer ser mãe. Isso é muito complicado... é por essa razão que eu acredito que isso deva ser negociado antes do casamento". (Homem 2, 34 anos)

Percebe-seque a decisão sobre quando ter filhos é pouco discutida entre os participantes e seus respectivos cônjuges após o casamento. Parece haver um acordo não verbal entre eles, no qual fica estabelecido que ambos irão investir em outros projetos, sejam pessoais ou profissionais, e só após a concretização destes, irão investir no projeto parental.

Contudo, não se pode perder de vista que o sujeito se comunica através de formas linguísticas verbais e não-verbais. Estas últimas se encontram, muitas vezes, ligadas a mecanismos inconscientes. De acordo com Bateson (1996), é impossível não se comunicar; o sujeito se comunica por meio de mensagens transmitidas implicitamente, que se revelam sempre, queira o sujeito ou não. Deste modo, a comunicação pode acontecer de modo verbal ou não, assim como uma fala pode ser direta, ou não, dependendo da postura, do gesto e da expressão de quem a expõe (Filho, 2006). Neste sentido, trocas de sinais ou pequenas escolhas também emitem uma mensagem.

Assim, mesmo a mera ausência da fala expressa um importante comunicado (Watzlawick, Beavin, & Jackson, 1993). Isso implica pensar que mesmo quando os cônjuges não conversam sobre o desejo de ter ou não filhos, a ausência de diálogo a respeito revela uma mensagem. O silêncio postural, ou qualquer outra forma de renúncia ou negação, também expressa um modo de comunicação. Reconhece-se, assim, que o silêncio e a não-comunicação na fala dos participantes sobre o projeto de ter filhos revela uma significativa mensagem.

Analisando esses aspectos, considera-se que o fato de o indivíduo contemporâneo, ao se dedicar prioritariamente aos projetos pessoais ou profissionais, de modo explícito, emite ao parceiro a mensagem de que o projeto parental será postergado. Isso acontece sem necessariamente envolver a verbalização. Cabe ressaltar que a comunicação não é algo fundado apenas na singularidade, mas sim nas relações entre os sujeitos, assim ela é, sobretudo, relacional. Neste sentido, as pessoas não se comunicam, elas participam da comunicação (Borelli, 2005). Considera-se que a ambivalência presente na decisão de ter filho pode justificar o fato de ela ser tão pouco verbalizada entre os membros do casal. Não falar sobre o assunto aparece, então, como possível justificativa pela não menção às dificuldades ou conflitos acerca da decisão sobre este projeto pelos participantes da pesquisa.

Entretanto, a falta de diálogo a respeito do projeto parental, entre os cônjuges, desde o início da relação, pode contribuir para o aparecimento de divergências entre eles, em especial, quando um deseja ter filhos e o outro não. Alguns relacionamentos, sobretudo, se rompem quando os cônjuges não chegam a um consenso acerca do projeto parental (Carmichael & Whitakker, 2007; Silva & Frizzo, 2014). Neste sentido, observa-se que habilidades de comunicação entre os membros do casal podem ser um ponto forte no relacionamento conjugal contemporâneo. O diálogo favorece o entedimento frente às demandas atuais com altos níveis de conflito em decorência, especialmente, da busca pela harmonização entre trabalho e família (Carroll et al., 2013).

Contudo, apesar de as dificuldades em aliar as funções profissionais e familiares terem sido referidas pelos participantes do estudo, conforme já discutido, ter filhos ainda é algo que faz parte dos projetos de vida da maioria dos indivíduos (IBGE, 2015). A maior parte dos entrevistados se referem ao desejo de filho, pontuando, entretanto, uma indefinição acerca do tempo para sua efetivação.

"Desde que nós nos casamos os dois sempre tiveram vontade de ser pais, desde quando a gente namorava a gente falava, mas nunca teve nada assim definido. A vontade a gente tinha, eu acho que a vontade é natural, mas nunca definimos muito tipo... ah depois de um ano de casado, dois vamos ter filho, isso não tinha... Definir quando ter [filho] isso é o mais difícil...". (Mulher 4, 37 anos)

Percebe-se que, apesar de a decisão em adiar o projeto parental parecer ter sido uma opção definida de modo consensual, isso não excluiu que surjam dúvidas quanto à opção acordada. Neste sentido, foi possível observarem-se ambiguidades nos relatos dos participantes como na fala abaixo.

"Pra ele [marido] assim como pra mim, é algo que é decidido [não ter filho], mas é aberto... não sei, amanhã pode ser que mude...". (Mulher 1, 33 anos)

Apesar de aparentemente não haver conflitos conjugais acerca desta escolha, foi possível observar conflitos em nível individual. Em especial, na fala das duas entrevistadas que verbalizaram a opção de não ter filhos (mulher 1 e mulher 5). Ambas se contradisseram durante grande parte da entrevista, ora relatando que a negociação de não ter filhos está concretizada, ora mencionando a possibilidade de um dia mudar de ideia acerca deste projeto. Desse modo, apesar de a negociação parecer bastante harmoniosa, acredita-se que exista algum tipo de conflito que, entretanto, não foi explicitamente verbalizado pelos participantes.

Outro aspecto pontuado por eles, a favor da negociação entre os membros do casal, é sentir-se preparado, seja emocionalmente ou financeiramente, para ter filhos.

"Nós nos casamos novos, então a gente queria mesmo projetar um futuro melhor para os filhos, então a ideia inicial era estudar, e aí a gente estava construindo casa, então tem todo um processo né. Estudo, casa... agora a gente se mudou, enfim a gente estava esperando se estruturar, estar mais preparado para ter filhos, isso facilitou, acho que agora estamos no momento certo [para ter filho]". (Mulher 2, 35 anos)

Nesse sentido, observa-se que uma combinação de fatores é almejada como conquista prévia para a inclusão de uma criança na vida de um casal. A possibilidade de um emprego com melhor recompensa financeira, um título acadêmico, a conquista da casa própria, dentre outros, parecem ser fatores que conduzem à escolha pelo adiamento do projeto parental de forma bastante naturalizada entre os membros do casal na atualidade.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante um longo período, a parentalidade e a conjugalidade foram estreitamente relacionados. Na atualidade, contudo, a sexualidade vem se dissociando da procriação, de tal forma que o casal pode, não só, controlar o número de filhos que deseja, como optar por tê-los ou não. Nessa direção, o casal contemporâneo parece ter outras opções de realização que não se vinculam à parentalidade. Por esta via de abertura, os cônjuges podem investir na vida pessoal, profissional ou, mesmo, na relação amorosa, como fonte de grande realização e satisfação.

Contudo, apesar de novas possibilidades terem se aberto para o casal decidir se quer ter filhos, antigas visões, atrelando realização conjugal à parentalidade ainda são muito presentes. Considera-se que hoje o projeto parental começa a ser observado mais como opção do que como definidor da identidade conjugal, mesmo que pressões neste sentido ainda se mostrem muito presentes. Desse modo, cabe refletir sobre o real direito, adquirido pelo casal, de optar por ter ou não ter filhos.

A sociedade vem passando por transformações em relação ao que se entende por família e por maternidade/paternidade. Assim, apesar de os membros do casal ainda sofrerem pressão para se tornarem pais, parece que essa questão está começando a se relativizar. Constata-se que o casal ainda está aprendendo a lidar, não apenas com a pressão acerca da parentalidade, mas também, com os sentimentos decorrentes dos questionamentos advindos do ambiente à sua volta.

Constata-se que, em decorrência da existência de projetos conjugais vinculados ao lazer do casal e de projetos profissionais compartilhados por ambos, a negociação acerca da parentalidade vem acontecendo sem maiores conflitos. Contudo, as ambivalências observadas na pesquisa conduzem à seguinte reflexão: estariam os casais atuais realmente sentindo-se livres para a escolha de ter filhos? Esse questionamento reflete a importância da realização de novos estudos que busquem aprofundar a discussão sobre o tema, ampliando a reflexão sobre as percepções de homens, não somente de mulheres, como a maior parte das investigações sobre o tema vem enfatizando.

Desse modo, uma das limitações deste estudo diz respeito ao seu escopo teórico tendo em vista o fato de não se encontrar um número significativo de pesquisas nacionais abordando o adiamento do projeto parental na perspectiva do casal. A maior parte dos estudos brasileiros investiga o adiamento da maternidade, ou seja, discute em especial a perspectiva da mulher sobre esta questão. Existem, portanto, poucas pesquisas explorando a percepção masculina acerca do adiamento e o desejo de ser pai (Hadley & Hanley, 2011). Assim, sugere-se a realização de novos estudos, enfatizando a perspectiva dos cônjuges, tendo em vista a escassez de publicações nacionais acerca desta temática.

 

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Endereço para correspondência
Denise Bernardi
E-mail: denise_psicologia@yahoo.com.br

Recebido: 07/03/2018
1ª reformulação: 10/02/2019
Aprovado: 11/02/2019

 

1 Denise Bernardi é doutoranda em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio.
2 Renata Mello é pós-doutoranda em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Doutora em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – PUC-Rio, com período sanduíche na Université Paris Diderot (Paris 7).
3 Terezinha Féres-Carneiro é professora titular do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio e coordenadora do curso de especialização em Psicoterapia de Família e Casal da PUC-Rio.

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