SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.20 número1Experiências de estagiários em plantão psicológico em hospitais: formação e ação clínicaMétodo APAC: emergência do sujeito no discurso sobre a mulher índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Revista da SPAGESP

versão impressa ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.20 no.1 Ribeirão Preto jan./jun. 2019

 

ARTIGOS

 

Grupo reflexivo para promoção de parentalidade e coparentalidade: um relato de experiência

 

Reflexive group for promotion of parenting and coparenting: an experience report

 

Grupo reflexivo para la promoción de la parentalidad y la coparentalidad: un relato de experiencia

 

 

Monica Barreto1; Carolina Duarte de Souza2; Anndrey Kuhnn Sangaletti3; Meiridiane Domingues de Deus4; João Paulo Koltermann5; Larissa Fetter Wegner6; Maria Aparecida Crepaldi7; Mauro Luís Vieira8

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis-SC, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo objetivou descrever uma proposta de grupo reflexivo com pais, mães e/ou cuidadores de crianças para promover práticas parentais positivas. Foram realizados dois grupos, um com cinco e outro com sete encontros e a periodicidade foi semanal. A duração foi de uma hora e meia cada encontro e foram coordenados por duas terapeutas e uma equipe reflexiva. Os eixos temáticos dos encontros foram: parentalidade, coparentalidade, características das crianças, limites e relação família-escola. Por meio da análise dos relatos dos participantes constatou-se que o grupo reflexivo foi um importante espaço de troca de experiências com outros cuidadores e uma oportunidade para refletir sobre as preocupações, desafios, expectativas e experiências de ser responsável pela criação e educação de criança.

Palavras-chave: Relações pais-criança; Relações pai-criança; Relações mãe-criança; Práticas de criação infantil; Psicoterapia de grupo; Equipe reflexiva.


ABSTRACT

This article describes the execution of therapeutic groups (reflexive) with parents and/or caregivers of children to promote positive parenting practices. Two groups were carried out, with five and seven meetings each and weekly periodicity. Each meeting had an hour and a half duration, which was coordinated by two therapists and a reflective team. The thematic axes of the meetings were parenting, co-parenting, children's characteristics, limits and family-school relationship. Through the analysis of the participants' reports, it was verified that the reflective group was an important space for exchanging experiences with other caregivers and an opportunity to reflect on their concerns, challenges, expectations and experiences of being responsible for raise a kid.

Keywords: Parent-child relationships; Mother-child relationships; Child-rearing practices; Group Psychotherapy; Reflective team.


RESUMEN

Este artículo objetivó describir grupos reflexivos con padres, madres y/o cuidadores de niños para promover prácticas parentales positivas. Se realizaron dos grupos semanales, con cinco y siete encuentros cada uno. La duración fue de una hora y media cada encuentro, coordinados por dos terapeutas y un equipo reflexivo compuesto por seis integrantes. Los ejes temáticos de los encuentros fueron: parentalidad, coparentalidad, características de los niños, límites y relación familia-escuela. A través del análisis de los relatos de los participantes se constató que el grupo reflexivo fue un importante espacio de intercambio de experiencias con otros cuidadores y una oportunidad para reflexionar sobre sus preocupaciones, desafíos, expectativas y experiencias de ser responsable por la creación y educación de niños.

Palabras clave: Relaciones padres-niños; Relaciones madre-hijo; Prácticas de crianza infantil; Psicoterapia de grupo; Grupo reflexivo.


 

 

O entendimento que pais e mães constroem sobre suas funções parentais costuma influenciar no modo como se relacionam e criam seus filhos (Lins, Salomão, Lins, Féres-Carneiro, & Eberhardt, 2015). Frente às mudanças culturais e sociais nas últimas décadas, é visível o efeito dessas transformações nos sentidos e modos de parentalidade que se apresentam na atualidade (Gorin, Mello, Machado, & Féres-Carneiro, 2015). Essa pluralização pode contribuir para o sentimento de insegurança sobre a adequação das práticas parentais utilizadas com as crianças. Dentre os programas elaborados para responder a essas demandas, encontram-se propostas de grupos para pais que promovam práticas parentais positivas (Schmidt, Staudt, & Wagner, 2016).

O presente artigo apresenta um estudo de caso de duas experiências de intervenção com grupo de pais voltados para a promoção de relações familiares saudáveis. A proposta do grupo está pautada no construcionismo social, especificamente pelos pressupostos dos processos reflexivos e pelo uso da técnica de equipe reflexiva. Inicialmente se apresentarão as perspectivas teóricas que embasaram a experiência, para em seguida se descreverem os aspectos operacionais dos grupos. No final se apresentará reflexão crítica sobre os temas referentes à relação pais e filhos e os efeitos da participação da equipe reflexiva como estratégia interventiva em grupos de pais.

O CONSTRUCIONISMO SOCIAL, OS PROCESSOS REFLEXIVOS E A EQUIPE REFLEXIVA

A perspectiva epistemológica construcionista enfatiza a importância de uma postura de coconstrução, entre profissionais e pais, no sentido de possibilitar múltiplas formas e versões para a descrição de um problema. Essa perspectiva também suscita trocas e reflexões por meio de discursos aliados a potencialidades que contribuam para construção de novas realidades e modos de pensar sobre determinada questão (Andersen, 1998).

Os processos reflexivos elaborados por Tom Andersen (1998; 2002) dizem respeito a um estilo de conversações terapêuticas ancoradas em sua concepção sobre reflexão. Segundo o autor, reflexão deriva do significado da palavra francesa reflexión: "algo que é ouvido, ponderado, assimilado e o pensamento é devolvido". A partir dessa noção, ele propõe que seja dada atenção para o tempo de uma conversa terapêutica, pois nesse processo é possível desenvolver a curiosidade e fazer uso de perguntas adequadamente incomuns com o objetivo de construir, com os pais, descrições alternativas às situações problemáticas vivenciadas. As perguntas adequadamente incomuns são aquelas que não são esperadas e permitem reflexões que questionam e ampliam as possibilidades de entendimento de um dado fenômeno.

Para as diversas questões abordadas nos grupos, há diversas formas de percepção e ação: as pessoas agem na situação problemática de acordo com a sua compreensão do problema, não havendo uma melhor maneira de lidar. O papel dos coordenadores de grupos é, então, atentar para o processo que ocorre quando estão em conversação com as pessoas, convidando-as ao diálogo para compreender como chegaram às suas descrições e, também, debater outras possibilidades de descrições (Andersen, 2002).

Outro aspecto importante é a copresença - o movimento de se dispor inteiramente a escutar, de fato, aquilo que os pais têm para contar/narrar/relatar (Andersen, 1998). Estar "com" o outro, numa posição colaborativa, de curiosidade, denota importância ao que é dito, sendo um convite aos pais para participarem da construção das reflexões realizadas ao invés de serem meros espectadores (Anderson, 2009).

Ao descrever a importância dos processos reflexivos e do tempo necessário para que as reflexões ocorram, Andersen propôs a inclusão de equipes reflexivas em atendimentos terapêuticos (Acosta, Andrade Filho, & Bronz, 2004). Essa equipe, em copresença, observa em silêncio as conversações entre os coordenadores do grupo e os participantes, e em um determinado momento é convidada pelos coordenadores a compartilhar suas reflexões e indagações com os participantes do grupo (Carrijo & Rasera, 2010). Os membros da equipe em seu processo de observação atentam-se para si mesmos (seus sentimentos, ideias e percepções corporais), para o grupo e coordenadores (dinâmica, descrições, sentimentos e expressões corporais). Os diálogos acontecem entre os componentes da equipe reflexiva, enquanto os participantes do grupo e os terapeutas ouvem as reflexões dos membros da equipe (Acosta et al., 2004).

A equipe organiza-se espacialmente como distinta do grupo de participantes e dos coordenadores e pode permanecer na mesma sala em que ocorre o grupo, ou ocupar uma sala de espelhos. O momento em que a equipe compartilha suas percepções poderá ser proposto tanto pelos terapeutas como pelos membros do grupo e pela própria equipe (Acosta et al., 2004).

A utilização da equipe reflexiva é comumente encontrada nas terapias familiares, contexto original em que essa proposta foi pensada. Porém, ao compreender os efeitos terapêuticos de seu emprego, profissionais têm trabalhado com essa metodologia em outros espaços. Encontraram-se na literatura grupos que fizeram uso de equipes reflexivas, como grupos terapêuticos breves com 12 sessões (Rasera, Santos, Faria, Aguiar, & Pires, 2006), com enfoque em terapias narrativas (Carrijo & Rasera, 2010), voltados para questões de gênero (Acosta et al., 2004; Fontoura, 2016) e grupos multifamílias com famílias em espera para psicoterapia (Gelain & Waldow, 2012). Todavia, não foi encontrado, na literatura pesquisada, nenhuma menção ao emprego de grupos reflexivos com pais que visem à promoção do desenvolvimento infantil.

A RELEVÂNCIA DE UM ESPAÇO GRUPAL PARA OS PAIS

A importância de propor programas com grupo de pais é corroborada por evidências de que investir no aprimoramento da parentalidade contribui para que as crianças tenham um melhor desenvolvimento (Gulliford, Deans, Frydenberg, & Liang, 2015). Segundo os autores, muitas propostas existentes se voltam para aqueles que cuidam de crianças que apresentam algum problema comportamental. Contudo, a revisão de literatura realizada por Schmidt et al. (2016) apontou que a maioria das intervenções atuais investem na promoção de práticas parentais positivas, como forma de prevenir o aparecimento de comportamentos disruptivos na infância.

Estudos apontam que o emprego de práticas parentais positivas está relacionado à parentalidade - modo como cada progenitor assegura a criação do/a filho/a (Barroso & Machado, 2015/2008) - e à coparentalidade - a maneira como dois ou mais cuidadores se ocupam da educação e cuidados da criança (Feinberg, Brown, & Kan, 2012) - dos pais (Figueiredo & Lamela, 2014). Schmidt et al. (2016) descrevem programas voltados à promoção da parentalidade que são empregados em diversos países e para diferentes configurações parentais (Gulliford et al., 2015): Triple P - Positive Parenting Program (Sanders, Tellegen, & Day, 2014), Incredible Years (Gridley, Hutchings, & Baker-Henningham, 2015) e Parent Management Training (Hagen & Ogden, 2017). O ACT – Raising Safe Kids, cujas iniciais significam Adults and Children Together (Adultos e Crianças em Conjunto), que objetiva a melhora das práticas parentais educativas por meio da prevenção de maus tratos e violência no cuidado com as crianças, possui com uma versão adaptada para língua e cultura brasileira (Altafim, Pedro, & Linhares, 2016; Silva & Williams, 2016). Para promoção de uma coparentalidade positiva existem as intervenções Family Foundations (Solmeyer, Feinberg, & Coffman, 2014) e PApi – Pais por Inteiro (Lamela, Castro, Gonçalves, & Figueiredo, 2009).

No Brasil também há propostas que consideram as especificidades de cada contexto, com planejamento e descrição da metodologia empregada (Oliveira & Alvarenga, 2015; Pardo & Carvalho, 2012). Dentre essas, destaca-se o Programa P – manual para o exercício da paternidade e do cuidado (Instituto Promundo, Cultura Salud/EME, REDMAS, & Instituto Noos, 2014), voltado para o aprimoramento da parentalidade de figuras masculinas.

Nenhuma dessas iniciativas apresentadas anteriormente, entretanto, utilizou a equipe reflexiva como estratégia terapêutica. Cientes das contribuições de intervenções que promovam a parentalidade e coparentalidade, docentes e discentes (graduação e pós-graduação), ligados ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Desenvolvimento Infantil e ao Laboratório de Psicologia da Saúde, Família e Comunidade da Universidade Federal de Santa Catarina, planejaram um grupo reflexivo de pais, mães e/ou cuidadores de crianças, que propõe a discussão e, consequentemente, as reflexões a respeito de temáticas estudadas nas pesquisas realizadas por estes dois núcleos. Portanto, esse relato de experiência objetivou apresentar como ocorreram dois grupos de pais, cuja modalidade adotada procurou aprofundar a reflexão sobre o tema proposto em cada encontro com a colaboração de todos os participantes. Esse estudo contribui para o enriquecimento da literatura científica que aborda o contexto de psicoterapia de grupo com o aporte teórico do construcionismo social e emprego da equipe reflexiva.

 

MÉTODO

Este é um estudo descritivo e exploratório caracterizado como um relato de experiência. Trata-se de um estudo de caso, visto que objetiva compreender em profundidade a experiência de dois grupos reflexivos de pais a partir de suas peculiaridades (Peres & Santos, 2005). Antes da análise sobre o processo, far-se-á a contextualização da experiência e o delineamento dos procedimentos metodológicos.

CONTEXTUALIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA

Os grupos reflexivos foram coordenados pela equipe de psicólogos pesquisadores da área de psicologia do desenvolvimento da criança e da família, como parte da contrapartida para a comunidade da pesquisa "Envolvimento paterno no contexto familiar contemporâneo", aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH/UFSC), sob o parecer consubstanciado de nº 1.514.798, no dia vinte e seis de abril de 2016. Foram realizados dois grupos de pais, mães e/ou cuidadores de crianças, nas dependências do Serviço de Atenção Psicológica da mesma Universidade.

Participaram do primeiro grupo cinco pessoas, dois pais e três mães, com idades entre 30 e 46 anos e a escolaridade variou entre ensino médio e pós-graduação. As composições familiares dos participantes eram: duas famílias biparentais heteroafetivas, uma com um filho de dois anos e avó materna, e outra com três filhas com idades entre sete e dezessete anos; além de uma família recasada com uma filha com seis anos e em fase final de gestação. No segundo grupo participaram oito pessoas: dois pais, cinco mães e uma avó, com idades variando entre 22 e 54 anos e escolaridade entre ensino médio e pós-graduação. As composições familiares dos participantes eram: quatro famílias biparentais heteroafetivas, uma com um filho de seis meses, outra com um filho de quatro anos, outra com uma filha de onze meses, e uma com um filho de oito meses; uma família recasada com uma filha de 12 anos do primeiro casamento paterno e um bebê de nove meses da relação atual, e uma família divorciada com filha de quatro anos.

As sessões do grupo tiveram periodicidade semanal, com duração de uma hora e meia, por um período de dois meses. Os encontros foram coordenados por duas terapeutas e uma equipe reflexiva composta por seis integrantes. Em geral a equipe reflexiva compartilhava suas reflexões cerca de trinta minutos antes do término do tempo total do encontro. Em seguida, os participantes do grupo refletiam sobre o que fora comentado.

Os planejamentos dos grupos ocorreram em reuniões da equipe meia hora antes do início do grupo - pré-grupo - e após o encontro - pós-grupo -, com o intuito de organizar e otimizar o trabalho da equipe. No pré-grupo, a equipe avaliava o encontro anterior com base nos relatos e sentimentos suscitados e as diferentes percepções dos membros da equipe. Discutia-se sobre a necessidade do prosseguimento na reflexão de determinado tema e preparava-se o encontro do dia, a dinâmica ou recurso técnico a ser utilizado a partir dos temas anteriormente definidos. A pertinência da realização de atendimentos individuais e/ou encaminhamentos para outros serviços também foi abordada. No pós-grupo foram retomados os aspectos que mais chamaram atenção da equipe, bem como já se iniciavam as conversas sobre a temática do próximo encontro.

Os encontros foram guiados pelo objetivo de promover um espaço para reflexão e compartilhar de experiências às famílias e cuidadores sobre funcionamento familiar, práticas educativas parentais, desenvolvimento infantil, papel dos pais, parentalidade e coparentalidade com vistas a proporcionar um maior envolvimento na educação e bem-estar das crianças. Para a realização deste trabalho foram considerados os resultados de pesquisas sobre desenvolvimento infantil na perspectiva bioecológica do desenvolvimento humano (Bronfenbrenner, 2011), parentalidade (Barroso & Machado, 2015/2004), coparentalidade (Feinberg et al., 2012), rede social de apoio (Moré & Crepaldi, 2012), relação família-escola (Curonici & McCulloch, 1999), e pressupostos teóricos do Pensamento Sistêmico (Vasconcellos, 2002) e do Construcionismo Social (Anderson, 2009) com a contribuição de Tom Andersen (2002). Os encontros dos grupos foram direcionados por temas.

O primeiro grupo ocorreu com cinco encontros, cada qual com um tema, enquanto o segundo grupo teve um primeiro encontro de apresentação, cinco encontros com os mesmos temas do primeiro grupo, e um último encontro de finalização, totalizando sete encontros. O primeiro encontro temático abordou as características dos relacionamentos familiares e a transição para a parentalidade, assim como as funções dos pais e cuidadores na educação das crianças, além da importância da rede social significativa. O segundo encontro buscou discutir a relação coparental, os acordos e conflitos em relação à criação dos filhos. No terceiro encontro trabalharam-se as características individuais e as necessidades dos pais, cuidadores e das crianças nas relações familiares, por meio de uma reflexão sobre aspectos do desenvolvimento infantil (fases do desenvolvimento e temperamento da criança) e, também, sobre as expectativas e comportamentos dos pais/cuidadores relacionados aos filhos. No quarto encontro estimulou-se uma reflexão sobre o processo de estabelecer limites como forma de favorecer a educação e o desenvolvimento infantil. O último encontro temático versou sobre a relação família-escola: abordaram-se as expectativas em relação ao processo de escolarização das crianças, o papel da família na busca de instituições coerentes com a sua proposta de educação e o processo de socialização das crianças.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados foram organizados em torno de dois eixos temáticos, assim denominados: 1) aspectos do relacionamento parental e coparental, destacados no processo grupal; e 2) a experiência da equipe reflexiva.

ASPECTOS DO RELACIONAMENTO PARENTAL E COPARENTAL DESTACADOS NO PROCESSO GRUPAL

A relação entre o trabalho e os cuidados parentais dispensados aos filhos foi uma das temáticas abordadas pelos participantes do grupo reflexivo. Os desafios impostos à família contemporânea têm contribuído para reflexões sobre a necessidade de articular e conciliar as responsabilidades profissionais e familiares (Moser & Dal Prá, 2016). Uma fala de um dos participantes do grupo evidencia tais questões: até que ponto é perverso gastar tempo para adquirir coisas e não doar esse tempo para os filhos? (Pai, grupo 1).

A conciliação do trabalho e família consiste na administração dos conflitos e dificuldades presentes na rotina das pessoas que trabalham fora de casa e acumulam as responsabilidades familiares - provimento financeiro, manutenção da casa e atividades de cuidados (Bruschini & Ricoldi, 2008). A inserção da mulher no mercado de trabalho exigiu uma modificação no papel exercido pelo pai no contexto familiar e nas atividades do lar (Ranson, 2012). Pesquisas apontam que embora a mulher ainda seja a principal responsável pelo cuidado dos filhos, vínculos familiares e tarefas de casa, o homem está mais participativo nas atividades relativas à família, no acompanhamento, cuidado e educação dos filhos (Avena & Rabinovich, 2016).

Uma mãe participante do grupo 2 destacou os desafios de ser pai/mãe na contemporaneidade e as articulações dessas funções com as questões relativas ao trabalho. As mulheres possuem maior jornada de trabalho em relação aos homens. Com essa dupla jornada, enfrentam uma sobrecarga de atividades e dificuldades de conciliar as responsabilidades entre a família e profissão (Moser & Dal Prá, 2016). Também as mães entrevistadas por Rose (2017) relataram se sentir pressionadas para administrar o tempo relativo às múltiplas tarefas familiares e de trabalho. Para a autora é necessário que políticas públicas e empregadores facilitem e incentivem a maior participação dos homens nas atividades domésticas.

Outros aspectos, alvos de reflexões no grupo, foram os impactos das relações dos participantes com seus pais, durante a infância, para o desenvolvimento de sua própria parentalidade. Como exposto por um pai do grupo 1: "A influência das experiências passadas modifica a maneira de lidar com o cuidado e os limites". A literatura enfoca a importância da história desenvolvimental dos cuidadores, tanto para a parentalidade (Barroso & Machado, 2015), como para a coparentalidade (Solmeyer et al., 2014). Esses impactos se relacionam sobretudo às práticas parentais, e ao acordo/desacordo entre a dupla coparental acerca dessas práticas (Gorin et al., 2015, Schmidt et al., 2016). Proporcionar um espaço para refletir sobre o que é ser mãe e pai, num contexto de intensas mudanças culturais, no entendimento desses conceitos (Gorin et al., 2015), a partir de uma posição crítica, pode favorecer o aprimoramento da parentalidade dos pais (Lins et al. 2015).

Também foram alvos das reflexões tecidas nos grupos as relações entre avós e netos. Uma das participantes que coabitava com a sogra relatou "acho muito difícil" sobre a forma como a avó se colocava frente às decisões do casal, sobre a criação do filho, e outra participante acrescentou: "Casa da avó pode tudo!". Em contrapartida, outra participante afirmou ter sido criada pela avó, e refletiu que isso fez com que sua relação com ela fosse diferente, pois essa estabelecia limites claros para seus comportamentos. De acordo com dados da pesquisa de Lins et al. (2015), há uma ambivalência dos pais quanto a influências externas dos avós na educação dos netos, pois essas foram percebidas pelos pais tanto como positivas quanto como negativas. Para os autores essas diferentes visões decorrem dos diversos papéis desempenhados pelos avós nessas famílias. Eles apontam a necessidade de renegociação de regras e papéis para a inclusão dos avós na convivência familiar.

Essa ambivalência também surgiu em relação a outra rede social significativa (Moré & Crepaldi, 2012) importante citada pelos participantes: a escola. Os participantes pais de bebês trouxeram a preocupação com a escolha da Instituição de Educação Infantil em que seus filhos/as ingressariam. Essa preocupação se torna relevante ao considerar a importância da boa relação entre o mesossistema família e escola, para a aquisição de competências no desenvolvimento da criança, como proposto por Bronfenbrenner (2011). As instituições foram consideradas um guia cognitivo e de conselhos sobre o desenvolvimento das crianças na rede social das famílias (Moré & Crepaldi, 2012). Muitas dessas informações foram consideradas enriquecedoras pelos pais; todavia, nem todas de fato contribuíram para melhoria da relação pais-filhos. Em algumas situações, problemas do contexto escolar eram "transferidos" para a família, o que vai de encontro ao que propõem Curonici e McCulloch (1999), que a resolução de situações problemas deve ocorrer com os recursos e no contexto em que elas acontecem.

A EXPERIÊNCIA DA EQUIPE REFLEXIVA

Uma das contribuições da equipe reflexiva foi justamente a condução das discussões surgidas nos encontros. Dentre as práticas parentais, o maior desafio relatado pelos participantes foi a imposição de limites para as crianças. Surgiram questões desenvolvimentais como: "A partir de que idade a criança já entende o 'não'?", fato que mostra o interesse dos pais por informações sobre o desenvolvimento da criança. A intervenção da equipe reflexiva, em casos como esse, inclui o compartilhamento de resultados de pesquisas que apontam para os efeitos de determinadas práticas parentais no desenvolvimento psicológico das crianças, além da socialização de questionamentos e reflexões pessoais dos membros da equipe sobre o tema.

A partir dessas colocações os participantes podiam, por si mesmos, construir suas conclusões e decisões acerca das questões trabalhadas, como evidenciado nas seguintes falas sobre o "dizer não" às crianças: "Ser seguro e firme para passar isso para o filho" e "Falaram aqui que o 'não' é estruturante e fundamental para a construção da identidade da criança e isso foi essencial para eu conseguir dizer não para minha filha sem me sentir culpada.". Assim, o saber técnico das terapeutas e da equipe reflexiva é compartilhado com os participantes para a coconstrução de novas formas de ser pai e mãe e profissionais (Fontoura, 2016).

Ainda sobre a importância do compartilhamento de informações a respeito do desenvolvimento infantil, um dos participantes ressaltou "O óbvio precisa ser verbalizado" referindo-se a sua conclusão tanto sobre as instruções dadas à criança como sobre os acordos entre a dupla coparental. Nesse sentido, o grupos e torna um espaço de convivência em que as informações compartilhadas contribuem para construções de novos sentidos, significados e ações individuais e coletivas sobre a parentalidade e coparentalidade (Fontoura, 2016; Gelain & Waldow, 2012).

Além disso, foi destacada pelos participantes a importância de terem um espaço para o compartilhamento de experiências com outros pais. O espaço psicoterapêutico, independente da modalidade e abordagem teórica, possibilita uma escuta qualificada aos participantes (Cunha, Cecílio, Scorsolini-Comin, & Santos, 2016). Ademais, proporciona a construção em conjunto de reflexões que facilitam o surgimento de novos sentidos e significados para suas experiências e relações, sem a necessidade de imposição de um sentido em detrimento de outro (Fontoura, 2016; Gelain & Waldow, 2012). Processo esse enriquecido pela postura de copresença ao escutar, atenta e curiosamente, os relatos e descrições dos pais, o que possibilitou que participassem de fato da construção das reflexões tecidas ao invés de serem instruídos pelos "especialistas" (Andersen, 1998; Anderson, 2009).

O compartilhamento entre os participantes também trouxe alívio aos pais, por perceberem que não são os únicos a vivenciarem dificuldades no exercício da parentalidade. Ao partilharem suas histórias de sucesso, colocavam-se como modelo aos demais participantes em uma situação, e em momento diverso espelhavam-se nos outros para uma questão diferente. Tudo isso, em uma relação entre pares, e não com a diferença de saber posta pelos terapeutas e membros da equipe reflexiva (Gelain & Waldow, 2012).

Os profissionais envolvidos com o desenvolvimento do grupo também tiveram uma experiência enriquecedora. Para as terapeutas, coordenar os grupos exigiu um permanente exercício de se observar observando (Andersen, 2002), em uma postura reflexiva, em copresença com os participantes e buscando formular comentários e questionamentos adequadamente incomuns que favorecessem a ampliação de conversas construtoras de novos sentidos sobre parentalidade e coparentalidade (Fontoura, 2016).

A participação, seja como coordenadores, seja como membro da equipe reflexiva, permitiu novas aprendizagens e questionamentos sobre as temáticas estudadas pelos grupos de pesquisa. Cunha et al. (2016) em revisão de estudos sobre psicoterapia destacaram a importância da discussão sobre os impactos da participação de graduandos em experiências psicoterapêuticas, tanto para aquisição de competências de técnicas psicoterápicas, como para o desenvolvimento de uma postura a favor da autonomia e da busca de recursos próprios dos clientes para lidar com seus problemas. A experiência aqui descrita permitiu, também, refletir sobre sentimentos e emoções compartilhados nos grupos sobre parentalidade e coparentalidade. Resultados análogos são reportados por Rasera et al. (2006) ao refletir sobre os benefícios do estágio com grupos reflexivos para os acadêmicos.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo relatou uma experiência com grupo de pais que busca utilizar, no contexto de uma clínica escola universitária, uma proposta de atendimento grupal com equipe reflexiva voltada para a promoção do desenvolvimento infantil e familiar. Trata-se de uma proposta que articula conceitos e práticas propostas por Andersen (1998; 2002), de forma a torná-los úteis no contexto grupal.

Com base na discussão a respeito da experiência do grupo de pais, constata-se que esta atividade teve diferentes contribuições. Para os pais e mães, o grupo reflexivo foi importante por ser um espaço de troca de experiências com outros cuidadores e pela oportunidade de refletir sobre suas preocupações, desafios, expectativas e experiências de ser responsável pela criação e educação de crianças. Para os mediadores envolvidos, possibilitou o processo de autorreflexão sobre seus sentimentos e experiências em relação a essa modalidade de atuação profissional no campo da Psicologia.

Ofertar espaços para promoção de práticas parentais positivas pode prevenir problemas no desenvolvimento infantil. O grupo reflexivo de pais tem apontado a potencialidade de intervir precocemente e dispensar intervenções mais sofisticadas e custosas econômica e temporalmente. Além disso, pode propiciar tranquilidade e segurança aos participantes no exercício da parentalidade.

As limitações desse relato de experiência relacionam-se com a falta de mensuração quantitativa das alterações comportamentais dos participantes. No primeiro e no último encontro do grupo foram aplicados instrumentos de avaliação, porém não foi possível realizar a comparação entre o questionário inicial e o final pelo pequeno número de participantes. Contudo, os resultados qualitativos apresentados sugerem a importância da continuidade dessa iniciativa, além de se tratar de uma ação de prevenção para problemas mais graves.

Esse relato de experiência, com descrição da metodologia utilizada, pode permitir uma ampliação dessa modalidade, proporcionando novas reflexões sobre as potencialidades de ofertar um espaço psicoterapêutico grupal para pais. Também se espera que contribua para a implementação de políticas públicas para promoção da parentalidade, coparentalidade e desenvolvimento infantil e familiar.

 

REFERÊNCIAS

Acosta, F., Andrade Filho, A., & Bronz, A. (2004). Conversas homem a homem: Grupo reflexivo de gênero: Metodologia. Rio de Janeiro: Instituto Noos.         [ Links ]

Altafim, E. R. P., Pedro, M. E. A., Linhares, M. B. M. (2016). Effectiveness of ACT Raising Safe Kids Parenting Program in a developing country. Children and Youth Services Review, 70, 315-323.         [ Links ]

Andersen, T. (1998). Reflexões sobre a reflexão com as famílias. In S. McNamee, & K. J. Gergen (Orgs.). A terapia como construção social. Porto Alegre: Artes Médicas.         [ Links ]

Andersen, T. (2002). Processos reflexivos (2ª ed.). Rio de Janeiro: Instituto de Terapia de Família/Instituto Noos.         [ Links ]

Anderson, H. (2009). Terapia colaborativa: Relacionamentos e conversações. Nova Perspectiva Sistêmica, 33, 37-52.         [ Links ]

Avena, M. E., & Rabinovich, E. P. (2016). Família, paternidade e parentalidade. In L. V. C. Moreira, E. P. Rabinovich, & P. C. S. V. Zucoloto (Eds.). Paternidade na sociedade contemporânea: O envolvimento paterno e as mudanças na família. Curitiba: Juruá         [ Links ].

Barroso, R. G. & Machado, C. (2015/2004). Definições, dimensões e determinantes da parentalidade In G. A. Pluciennik, M. C. Lazzari, & M. F. Chicaro (Eds.). Fundamentos da família como promotora do desenvolvimento infantil: Parentalidade em foco, (pp. 16-32). São Paulo: Fundação Maria Cecília Souto Vidigal – FMCSV.

Bronfenbrenner, U. (2011). Bioecologia do desenvolvimento humano: Tornando os seres humanos mais humanos. Porto Alegre: Artmed.         [ Links ]

Bruschini, M. C. A. & Ricoldi, A. M. (2008). Articulação trabalho e família: Famílias urbanas de baixa renda e políticas de apoio às trabalhadoras. Rio de Janeiro: Fundação Carlos Chagas.         [ Links ]

Carrijo, R. S., & Rasera, E. F. (2010). Mudança em psicoterapia de grupo: Reflexões a partir da terapia narrativa. Psicologia Clínica, 1(22), 125-140.         [ Links ]

Cunha, V. F., Cecílio, M. S., Scorsolini-Comin, F., & Santos, M. A. dos. (2016). Psicoterapia e a sua veiculação na Revista da SPAGESP: Análise da produção científica de 2000 a 2016. Revista da SPAGESP, 17(2), 03-20.         [ Links ]

Curonici, C., & McCulloch, P. (1999). Psicólogos e professores: Um ponto de vista sistêmico sobre as dificuldades escolares. São Paulo: EDUSC.         [ Links ]

Feinberg, M. E., Brown, L. D., Kan, M. L. (2012). A Multi-Domain self-report measure of coparenting. Parent Sci Pract., 12(1), 1–21.

Figueiredo, B. & Lamela, D. (2014). Parentalidade e coparentalidade: Conceitos básicos e programas de intervenção. CUP Book: Contributos para a intervenção em Psicologia. Porto: Universidade Católica Portuguesa.         [ Links ]

Fontoura, F. (2016). Metodologia de grupos reflexivos de gênero. Nova Perspectiva Sistêmica, 56, 116-119.         [ Links ]

Gelain, D. G., & Waldow, D. (2012). Contribuições de um trabalho grupal multifamiliar para famílias participantes. Nova Perspectiva Sistêmica, 42, 92-106.         [ Links ]

Gorin, M. C., Mello, R., Machado, R. N., & Féres-Carneiro, T. (2015). O estatuto contemporâneo da parentalidade. Revista da SPAGESP, 16(2), 3-15.         [ Links ]

Gridley, N., Hutchings, J., & Baker-Henningham, H. (2015). The Incredible Years Parent–Toddler Programme and parental language: Arandomised controlled trial. Child: care, health and development, 41(1), 103-111.

Gulliford, H., Deans, J., Frydenberg, E., & Liang, R. (2015). Teaching coping skills in the context of positive parenting within a preschool setting. Australian Psychologist, 50(3), 219-231.         [ Links ]

Hagen, K. A., & Ogden, T. (2017). Predictors of changes in child behaviour following parent management training: Child, context, and therapy factors. International Journal of Psychology, 52(2), 106-115.         [ Links ]

Instituto Promundo, Cultura Salud/EME, REDMAS, & Instituto Noos. (2014). Programa P: Manual para o exercício da paternidade e do cuidado. Rio de Janeiro: Instituto Promundo.         [ Links ]

Lamela, D., Castro, M., Gonçalves, T., & Figueiredo, B. (2009). "PApi - Pais por Inteiro" Programa de intervenção em grupo para o ajustamento pessoal e a promoção da coparentalidade positiva em pais divorciados. Análise Psicológica, 27(4), 493-507.         [ Links ]

Lins, Z. M. B., Salomão, N. M. R., Lins, S. L. B., Féres-Carneiro, T., & Eberhardt, A. C. (2015). O papel dos pais e as influências externas na educação dos filhos. Revista da SPAGESP, 16(1), 43-59.         [ Links ]

Moré, C. L. O. O. & Crepaldi, M. A. (2012). O mapa de rede social significativa como instrumento de investigação no contexto da pesquisa qualitativa. Nova Perspectiva Sistêmica, 43, 84-98.         [ Links ]

Moser, L. & Dal Prá, K. R. (2016). Os desafios de conciliar trabalho, família e cuidados: Evidências do "familismo" nas políticas sociais brasileiras. Textos & Contextos, 15(2), 382-392.         [ Links ]

Oliveira, J., & Alvarenga, P. (2015). Efeitos de uma intervenção com foco nas práticas de socialização parentais sobre os problemas internalizantes na infância. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 17(2), 16-32.         [ Links ]

Pardo, M. B. L., & Carvalho, M. M. S. B. (2012). Grupos de orientação de pais: Estratégias para intervenção. Contextos Clínicos, 5(2), 80-87.         [ Links ]

Peres, R. S. & Santos, M. A. (2005). Considerações gerais e orientações práticas acerca do emprego de estudos de caso na pesquisa científica em Psicologia. Interações, 10(20), 109-126.         [ Links ]

Ranson, G. (2012). Men, paid employment and family responsibilities: Conceptualizing the 'working father'. Gender, Work & Organization, 19, 741-761.         [ Links ]

Rasera, E. F., Santos, L. A., Faria, L. G. S. de, Aguiar, R. L. C. de, & Pires, V. S. (2006). A construção de um estágio em psicoterapia de grupo: Uma perspectiva construcionista social. Revista da SPAGESP, 7(2), 30-39.         [ Links ]

Rose, J. (2017). "Never enough hours in the day": Employed mothers' perceptions of time pressure. Australian Journal of Social Issues. (in press)         [ Links ]

Sanders, M. R., Kirby, J. N., Tellegen, C. L., & Day, J. J. (2014). The Triple P-Positive Parenting Program: A systematic review and meta-analysis of a multi-level system of parenting support. Clinical psychology review, 34(4), 337-357.         [ Links ]

Schmidt, B., Staudt, A. C. P., & Wagner, A. (2016). Intervenções para promoção de práticas parentais positivas: Uma revisão integrativa. Contextos Clínicos, 9(1), 01-18.         [ Links ]

Silva, J. A., & Williams, L. C. A. (2016). Um estudo de caso com o programa parental ACT para educar crianças em ambientes seguros. Temas em Psicologia, 24(2), 743-755.         [ Links ]

Solmeyer, A. R., Feinberg, M. E., Coffman, D. L., & Jones, D. E. (2014). The effects of the family foundations prevention program on coparenting and child adjustment: a mediation analysis. Prevention Science, 15(2), 213–223.

Vasconcellos, M. J. E. (2002). Pensamento sistêmico: O novo paradigma da ciência. Campinas, SP: Papirus.         [ Links ]

 

Agradecimentos: Este estudo contou com o apoio financeiro das seguintes agências – CNPq, CAPES e UFSC-Probolsas

 

 

Endereço para correspondência
Mauro Luís Vieira
E-mail: maurolvieira@gmail.com

Submetido: 13/06/2017
1ª reformulação: 04/12/2018
Aprovado: 10/12/2018

 

 

1 Monica Barreto é mestre em Psicologia pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina.
2 Carolina Duarte de Souza é doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina.
3 Anndrey Kuhnn Sangaletti é graduado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina.
4 Meiridiane Domingues de Deus é doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina.
5 João Paulo Koltermann é graduando em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina.
6 Larissa Fetter Wegner é graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina.
7 Maria Aparecida Crepaldi é professora titular do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina.
8 Mauro Luís Vieira é professor titular do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina.

Creative Commons License