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Revista da SPAGESP

versão impressa ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.22 no.2 Ribeirão Preto jul./dez. 2021

 

ARTIGOS

 

Escola de pais do Brasil: prevenção e promoção de práticas parentais positivas

 

Parents school of Brazil: prevention and promotion of positive parenting practices

 

Escuela de padres en Brasil: prevención y promoción de prácticas de crianza positivas

 

 

Bruna Detoni1,I; Adriane Xavier Arteche2,I; Adolfo Pizzinato3,II

IPontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS, Brasil
IIUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A Escola de Pais do Brasil (EPB) realiza o Círculo de Debates, trabalho preventivo realizado com pais e cuidadores, em parceria com prefeituras e escolas das regiões dos municípios em que possuem seccionais. Esta pesquisa teve como objetivo descrever e analisar o Círculo de Debates através de um estudo observacional, com observação participante e registro em diário de campo, que resultou em análise temática e criação de três categorias mutuamente excludentes: prevenção, cotidiano dos pais/mães e valores e limites na educação. Apresenta ainda uma categoria transversal: a psicoeducação. Pela análise, o trabalho do Círculo de Debates da EPB foi considerado psicoeducativo, de prevenção e promoção de práticas parentais positivas.

Palavras-chave: Escola de pais; Práticas parentais; Psicoeducação.


ABSTRACT

The Parent's School of Brazil (EPB) conducts the Debate Circle, preventive work with parents, mothers, and caregivers, in partnership with city halls and schools in the regions of the counties in which they have sections. This study sought to describe and analyze the Debate Circles through an observational study, with participant observation and the use of a field diary. Analyses were conducted via thematic analysis and three mutually exclusive categories were generated: prevention, parents' daily life and values, and limits in education. It also presents a transversal category: psychoeducation. According to the analysis, the work of the EPB Debate Circle was considered psychoeducative for the prevention and promotion of positive parenting practices.

Keywords: School of parents; Parental practices; Psychoeducation.


RESUMEN

La Escuela de Padres de Brasil (EPB) realiza el Círculo de Debate, trabajo preventivo con padres, madres y cuidadores, en alianza con ayuntamientos y escuelas de las regiones de los municipios en los que tiene secciones. Este estudio buscó describir y analizar los Círculos de Debate a través de un estudio observacional, con observación participante y el uso de diario de campo, que da como resultado el análisis temático y la creación de tres categorías mutuamente excluyentes: prevención, vida cotidiana de los padres y valores y límites en la educación. También presenta una categoría transversal: psicoeducación. Según el análisis, el trabajo del Círculo de Debate EPB se consideró psicoeducativo, para la prevención y promoción de prácticas parentales positivas.

Palabras clave: Escuela de padres; Prácticas parentales; Psicoeducación.


 

 

O estudo do relacionamento entre pais/mães e filhos/as pode ser realizado por meio de análises comportamentais, envolvendo afetos, experiências e cognições. As características parentais, o contexto e o relacionamento familiar influenciam o desenvolvimento infantil, principalmente, os processos de socialização das/dos filhas/os. Práticas parentais são importantes para compreender o desenvolvimento psicossocial de crianças e adolescentes e estão relacionadas a objetivos disciplinares, educação, afeto e socialização, conforme afirmam Benetti e Balbinotti (2003) ao referirem a meta parental.

Ainda que a literatura na área seja diversificada e abrangente, Darling e Steinberg (1993) discriminam três aspectos específicos nas relações entre pais/mães e filhos(as) que podem servir como marcadores: 1) os objetivos e valores familiares, que orientam os pais/mães no processo de socialização da criança; 2) as práticas parentais, efetivamente utilizadas pelos pais/mães para educar a criança, e 3) o estilo parental ou clima emocional, no qual a socialização acontece.

A definição de práticas parentais inclui ações, técnicas e métodos específicos, usados para ensinar valores ou chamar a atenção da criança para adotar ou corrigir atitudes e comportamentos, com efeitos positivos ou negativos. As práticas parentais positivas que mais se destacam são as orientações de comportamento moral, as expressões afetivas, o envolvimento dos pais/mães no brincar, o reforço e a disciplina adequada. Já as práticas parentais negativas mais referidas na literatura são o abuso físico e psicológico, a disciplina relaxada, a disciplina coercitiva, a punição inconsistente, a monitoria estressante e a comunicação negativa, como observam Macana e Comim (2015).

Em relação aos estilos parentais, Baumrind (1965) diferencia três, que são orientadores das atitudes que pais/mães adotam com os filhos: estilo autoritário (pais/mães muito exigentes, não oferecem suporte emocional, o que conduz a um distanciamento entre eles e seus filhos), estilo permissivo (pais/mães que favorecem todos os desejos e ações das crianças, sem assumir um papel orientador nem impor limites) e estilo autoritativo (pais/mães que exercem cuidados e controle conjugando empatia, compreensão e comunicação aberta e bidirecional com os filhos, proporcionam suporte emocional e orientações claras e consistentes). Macana e Comim (2015) traduzem o estilo autoritativo como participativo e acrescentam aos anteriores o estilo negligente (pais/mães que gastam menos tempo com a família e demonstram baixo nível de aceitação, de suporte e de controle das crianças).

A influência de práticas e estilos parentais no desenvolvimento integral de crianças pequenas configura um campo de ação para orientações das políticas públicas e ações comunitárias diferentes das tradicionais que, por seu impacto comunitário direto, pode se mostrar tão efetivo como outras ações exclusivas nos campos educacionais ou de assistência social. Intervenções no campo da puericultura, focadas em ajudar as famílias a realizar suas melhores práticas e consolidar estilos participativos, contribuem para o desenvolvimento integral das crianças e também da comunidade, pois repercutem em formas de relação que transcendem os núcleos familiares diretamente implicados. Assim como outras transformações sociais – como crises econômicas, precariedade dos vínculos familiares e de trabalho ou movimentos migratórios –, as intervenções comunitárias têm reflexos na forma como os pais/mães desenvolvem e exercem a sua parentalidade e provocam mudanças no cenário educativo das famílias (Martins & Almeida, 2017).

Relativamente às políticas públicas voltadas à atenção de pais/mães, é sabida a necessidade de envolvimento (Leme & Maturano, 2014), tanto na Saúde quanto na Assistência Social e na Educação, mas pouco tem se estudado sobre iniciativas comunitárias que favoreçam essa articulação. Os Programas de Saúde da Família e as políticas assistenciais do Sistema Único de Assistência Social, por exemplo, ainda que trabalhem diretamente com orientação familiar, não dão conta de todas as demandas da população relacionadas às práticas educativas familiares e de puericultura. Este panorama ainda é mais drástico entre famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade social e/ou de violência. Nestes casos, práticas intersetoriais, de caráter comunitário e integradas às Políticas Educacionais podem ser de grande valia para implementar ações de formação e acompanhamento educacional de famílias.

Na Espanha, por exemplo, há o Programa Formación y Apoyo Familiar, voltado para pais/mães de crianças em qualquer faixa etária que estejam em condição de risco psicossocial e o Programa-Guía para el Desarrollo de Competencias Emocionales, destinado a promover competências parentais que deem suporte à parentalidade positiva de pais/mães de crianças de qualquer faixa etária (Rodrigo, 2016). Em uma revisão integrativa sobre intervenções para promoções de práticas parentais positivas, Schmidt et al. (2016) relacionaram algumas características das técnicas utilizadas em grupos com pais, como o treinamento instrucional, realizado por facilitador/coordenador, role playing (dramatizações), vinhetas de vídeos, discussão entre os participantes, disponibilização de literatura, tarefas para casa e telefonemas no período de tempo compreendido entre as sessões. Tais técnicas organizam um programa de caráter psicoeducativo. A psicoeducação, entendida como estratégia de intervenção de caráter educativo, engloba o desenvolvimento social, emocional e comportamental do indivíduo, uma vez que um facilitador atua como agente de mudanças, fornece assistência às habilidades adquiridas e propicia ao participante práticas cientificamente embasadas.

Wood et al. (1999, citados por Lemes & Neto, 2017) indicam diferentes finalidades da psicoeducação: a psicodinâmica, mais voltada para os aspectos afetivos e conflitivos do sujeito; a comportamental, que dá relevância às mudanças comportamentais, utiliza a observação do comportamento e desenvolve um programa de reforço positivo ou negativo; a sociológica, que se propõe a envolver um grupo, propiciando a conscientização de seus comportamentos, ideologias e valores sociais; a cognitivo-afetiva, que engloba a relação recíproca entre o aspecto afetivo e cognitivo; a ecológica e a do desenvolvimento. Todas podem ser ferramentas de ação, tanto individuais como comunitárias.

Ofertar espaços que promovam práticas parentais positivas pode prevenir problemas de desenvolvimento (Barreto et al., 2019).

A Escola de Pais do Brasil - EPB, criada nos anos 1960, vem desenvolvendo um trabalho continuado com pais/mães em escolas e associações comunitárias em quase todo o território nacional, denominado Círculo de Debates. A ação tem um caráter preventivo e psicoeducativo, acontece em parceria com as Prefeituras e escolas dos Municípios que possuem Seccionais da EPB e pode se estender a Municípios vizinhos. O programa do Círculo de Debates é desenvolvido em atividades semanais, sob a responsabilidade de um Casal Coordenador. Nos encontros, são debatidas práticas, atitudes e estilos de criação, demandas da parentalidade. Também há orientações de prevenção aos conflitos familiares.

Considerando o panorama institucional acima caracterizado, o objetivo dessa pesquisa foi dar a conhecer o Círculo de Debates da EPB, por meio da análise do observado durante um ciclo completo em uma cidade. Foram identificadas temáticas abordadas, técnicas empregadas e o papel preventivo exercido pelo evento, tanto no campo da puericultura, quanto como promotor de práticas parentais positivas na relação pais/mães com escolas, manifestando-se como um vetor possível de ações de prevenção de conflitos e de orientação familiar/puericultura a ser adotado em outras esferas da sociedade.

 

MÉTODO

O estudo consistiu em uma pesquisa observacional, de tipo participante, realizada durante o primeiro semestre de 2018. Foi parte de uma pesquisa maior, que também avaliou o impacto do trabalho desenvolvido sobre os participantes. O registro foi realizado na modalidade diário de campo, em sete encontros da EPB que ocorreram em um município do Rio Grande do Sul. Após um levantamento das cidades que possuem Escola de Pais no RS, a escolha do município se deu por conveniência, por proximidade da residência da pesquisadora principal. Os registros foram feitos pela pesquisadora e por uma auxiliar, primeiramente de forma independente e depois eles foram integrados.

Os encontros aconteceram uma vez por semana, com duração aproximada de uma hora e trinta minutos cada. Os pais/mães e os membros da EPB que participaram dos encontros foram comunicados a respeito da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade, número do CAAE 84309318.8.0000.5336. Em cada encontro, houve cerca de 30 participantes.

DESCRIÇÃO DO CÍRCULO DE DEBATES DA EPB

O Círculo de Debates observado apresentou todo o programa previsto pela EPB. Em cada encontro foi desenvolvido um assunto específico pré-determinado. No primeiro encontro, os participantes receberam um crachá de identificação, para irem se conhecendo aos poucos, o que funcionou como registro de presença nos demais encontros. Os membros da EPB apresentaram a equipe responsável: uma coordenadora e algumas pessoas de apoio. Enquanto os participantes chegavam, estava exposto um banner com a Missão da EPB: "ajudar pais, futuros pais e agentes educadores a formar verdadeiros cidadãos".

A cada novo encontro, a Coordenadora fazia uma retomada do encontro anterior e introduzia o assunto do dia. O encerramento sempre acontecia com um "Convite à ação", composto de algumas perguntas reflexivas a serem levadas para casa. Além de material expositivo, áudio e vídeos, foram utilizadas outras técnicas, como dinâmicas de grupo, discussões em pequenos grupos e socialização com o grupo maior. Ao final dos encontros, sempre havia um lanche, com café e chá, que proporcionava momentos de integração e trocas. No último, aconteceu uma confraternização, os filhos dos participantes foram convidados e houve a entrega dos certificados para os que tiveram 75% de presença.

Os temas tratados no Círculo de Debates foram: 1) Educar: um desafio – que abordou os desafios atuais da educação, como a falta de tempo para estar com os filhos, os avanços da tecnologia, entre outros; 2) Valores e limites na educação dos filhos – que discutiu os valores individuais e como passá-los aos filhos, além de questões referentes à importância dos limites e como ser um pai/mãe autoritativo e não autoritário; 3) Pai, mãe e agentes educadores – que tratou dos papéis de pais e mães na educação dos filhos, além do papel dos demais agentes educadores (avós, tios, amigos, escola, comunidade); 4) A educação do nascimento à puberdade – que destacou questões importantes do desenvolvimento, descrevendo o que é esperado para cada faixa etária desde o nascimento até a pré-adolescência; 5) Adolescência: o segundo nascimento – que apresentou aspectos do desenvolvimento da adolescência, seus riscos e desafios, destacando o quanto pais/mães precisam estar próximos e atentos aos filhos durante este período; 6) Sexualidade no ciclo da família e da vida – que discorreu a respeito de questões de sexualidade na adolescência, riscos de engravidar e DSTs. Nesse momento também foi discutido como tratar desse assunto com as crianças pequenas, quando surgem curiosidades; e 7) Cidadania e cultura da paz – encontro que encerrou o trabalho, retomou valores e tratou de alternativas para se adaptar ao mundo de hoje, ser ético e educar os filhos a partir de princípios e valores éticos.

Durante os encontros, tanto a primeira autora como sua auxiliar de campo (psicóloga convidada para acompanhar o registro das falas e atividades) realizaram as tarefas propostas e participaram dos debates – evitando o protagonismo, mas mantendo a meta de integração harmônica e socializada com o grupo. Isso deve ter originado o convite para um oitavo encontro, coordenado pelas pesquisadoras, que abordou o desenvolvimento infantil e as práticas educativas familiares. Este encontro aconteceu a partir de perguntas dos pais/mães, apresentadas antecipadamente, e destacou os seguintes temas, em roda de conversa: parentalidade, desenvolvimento emocional e a importância do brincar, criança e tecnologia, a participação dos avós nos cuidados e a importância da comunidade para criar uma criança. Vídeos foram utilizados como disparadores da conversa.

PLANO DE ANÁLISE DE DADOS

Os dados registrados em diários de campo foram referência para uma análise temática feita a posteriori. A escolha do modelo de análise deveu-se à natureza do material analisado: sessões parcialmente estruturadas de processo grupal, com objetivos específicos e delimitados quanto às temáticas e com espaço para os participantes trazerem elementos diversos para o campo grupal.

Nesse sentido, o procedimento se assemelhou ao modelo proposto por Braun e Clarke (2006), pois - como apontam Gondim e Bendassolli (2014) -, ele supõe uma orientação mais indutiva, utilizada para a codificação de dados brutos sem pré-definição de categorias. Nesse marco analítico, é possível operar com uma perspectiva transteórica, afinada com a lógica da Teoria Fundamentada em Dados (Charmaz, 2009), que pressupõe uma categorização partindo exclusivamente dos dados. Evidentemente que ainda que essa perspectiva se organize nessa pesquisa, não se pode obviar que há uma influência teórica dos pesquisadores em alguma medida do processo analítico, o que o leva, de uma forma ou outra, a passar por algum tipo de processualidade dedutiva em algum momento. Ainda que as categorias não sejam pré-definidas, o olhar dos pesquisadores é influenciado pelas respectivas teórico-epistemológicas que os marcam a ser sensível e dar sentido aos dados a partir de alguma base referencial. Mesmo assim, o foco nesse processo é a fala e a conversação dos participantes, sem anterior marcação ou delimitação categorial.

Como propõem Braun e Clarke (2006), três etapas constituem a aplicação desta técnica de análise: a pré-análise, a exploração do material, o tratamento dos resultados e a interpretação. A pré-análise teve início com a realização de uma etapa de "leitura flutuante", que objetivou gerar impressões iniciais acerca do material a ser analisado. Na interpretação, a identificação de temas iniciou com a prática de codificação aberta linha-por-linha, sendo os códigos iniciais posteriormente agrupados em categorias e essas articuladas em temas.

 

RESULTADOS

Para aprofundar teoricamente os fenômenos analisados, os temas identificados foram separados em três distintos objetos de análise: Prevenção, Cotidiano dos pais/mães e Valores e limites na educação (Tabela 1). Eles são mutuamente excludentes, mas possuem um eixo transversal, a categoria Psicoeducação. Foram consideradas como unidades de análise os trechos descritos e registrados no diário de campo, muitos dos quais são referidos para fundamentar a análise dos resultados.

PSICOEDUCAÇÃO

A Psicoeducação caracterizou-se como eixo transversal, o que se deve mais ao aspecto metodológico da abordagem do trabalho da EPB do que ao aspecto metodológico propriamente dito. Os conteúdos dos encontros foram abordados em um formato de Psicoeducação, apresentando a teoria referente ao tema do dia e recorrendo a técnicas de manejo grupal. Houve momentos de trocas de experiências entre os participantes, vídeos e "convites à ação". Esses, propostos ao final de cada encontro e compostos de perguntas por escrito que cada participante levava para casa, objetivava que seguissem pensando sobre o que foi tratado e adotassem alguma atitude prática. Por exemplo: "O que eu posso fazer para reduzir danos que meu pouco tempo e pouca disposição podem provocar na minha família?", "Valorizo cada comportamento positivo do meu filho?", "Minhas escolhas e ações favorecem a cultura de paz na família e no meio em que eu vivo?".

A atitude psicoeducativa quase sempre buscou integrar informação com exemplos práticos, tarefas de reflexão e elaboração compartilhada de soluções para dilemas e conflitos, valorizando o protagonismo das pessoas participantes. A equipe coordenadora preocupou-se em trazer conteúdos atuais e com referências acadêmicas, demonstrando isso ao declarar que "os conteúdos abordados nos encontros são propostos pela Nacional, todos comprovados, pesquisados e muito estudados pelos casais coordenadores" (P1).

 

 

PREVENÇÃO

O tema engloba aspectos ligados ao caráter preventivo do trabalho proposto pela EPB, cuja missão é "ajudar pais, futuros pais e agentes educadores a formar verdadeiros cidadãos", frase do banner de acolhida aos participantes. A prevenção foi enfatizada durante todos os encontros como meta prioritária: "o trabalho da equipe é baseado no caráter preventivo". Esta possibilidade apareceu também no fato de o Círculo de Debates ser oferecido para pais/mães nas escolas, pais/mães de crianças pequenas e para pessoas e casais ainda sem filhos. Além disso, os participantes foram estimulados a multiplicar o que estavam aprendendo e a compartilhar o que lhes parecia importante entre amigos e familiares.

Outro elemento a ser considerado foi a ênfase em destacar que o Círculo de Debates não era um grupo terapêutico, nem uma atividade substitutiva de tratamentos psicoterapêuticos, de acompanhamento em serviços de saúde ou assistência. O caráter preventivo ficou evidente em diversos momentos, especialmente no quarto e no quinto encontros, quando foram abordados aspectos de desenvolvimento da infância e da adolescência. De uma forma geral, foram destacados aspectos de constituição, temperamento, inteligência e formação do caráter e depois foi apresentado um quadro comparativo por faixas etárias (dos 0 aos 13 anos) com os seguintes tópicos: ambiente, afeto e segurança, brincadeira e concentração, conhecimento, tempo, compreensão e sexualidade. Relativamente à adolescência (dos 13 aos 18 anos), também houve apresentação de um quadro comparativo da personalidade de meninos e meninas, com os seguintes tópicos: fase, ambiente, afeto e segurança, brincadeira e concentração, tempo e compreensão, sexualidade, comunicação, inteligência e julgamento e emoções.

COTIDIANO DE PAIS/MÃES

Esta categoria foi organizada a partir das questões que apareceram nos encontros sobre o cotidiano da vida familiar, e esteve presente tanto nas preocupações e dúvidas, como em formulações a respeito de papéis e práticas parentais propostas pela EPB. As manifestações dos participantes surgiam principalmente em momentos de interação.

Um exemplo recorrente foi a preocupação com o uso da tecnologia, levantada pela equipe da EPB, ao comentar que "muitos filhos estão sendo abandonados pelos pais dentro da sua própria casa (...) e os aparelhos tecnológicos vêm cada vez ganhando mais espaço, o que faz com que a essência do convívio em família se perca." (P1), ou que "há falta de tempo dos pais para a família" (P1). Foram reiteradas falas a respeito do uso excessivo de aparelhos tecnológicos por parte de crianças e de adultos.

Outra temática emergente, também com conteúdo moral, que buscava respostas de tipo certo/errado, foi o campo de orientação sexual/de gênero. Um participante dividiu com o grupo a "preocupação pelo fato de a filha gostar de brincar de carrinhos e jogar futebol, mas isso não a tornaria um menino ou ‘qualquer outra coisa' (que não nomeou)" (P2). Então, uma mãe comentou que "o filho brincava de bonecas com a irmã" (P3), demonstrando dúvidas relacionadas às questões de gênero, o que seria próprio de menino ou de menina.

Mais dúvidas também foram relacionadas à sexualidade. Um pai questionou "se era correto que ele ou a esposa tomassem banho com os filhos", outro comentou que "seu filho tem o hábito de se masturbar, mas o faz sozinho, quando está em seu quarto" (P4). A sexualidade foi tema de um encontro, quando a equipe da EPB questionou: "Por que é tão difícil falar sobre sexualidade com os filhos? Esperamos eles perguntarem? E se não perguntarem?" (P1). Alguns pais propuseram formas de fazer essa conversa, outros brincaram, dizendo que "a profe sabe explicar". Apresentaram dúvidas a respeito de quem seria responsável por conversar sobre o assunto, família ou escola? Uma mãe referiu que "Os professores da escola deveriam responder, pois eles estudam sobre o assunto, então fica mais fácil, eles entendem sobre óvulos e espermatozoides" (P5). A equipe da EPB ressaltou então a importância de a escola e a família conversarem, referindo que o assunto deve ser tratado conforme a curiosidade surgir, sempre respeitando a maturidade e a capacidade de entendimento da criança.

Os papéis e as práticas parentais foram abordados no terceiro encontro, que relacionou os tipos de famílias, as funções maternas e paternas e as mudanças nos papéis de homens e mulheres. A perspectiva adotada foi bastante tradicional: (...) Em seguida falou sobre a postura do pai e da mãe no passado (estava escrito em rosa o que era referente à mulher e em azul o que era referente ao homem), disse que a mulher era muito dependente e frágil, e que era responsável pelo cuidado da casa e dos filhos, já o homem era forte e viril, o chefe de família. Na sequência falou como são esses papéis na atualidade: a mulher desempenha papel de mãe e esposa, e tem o seu trabalho, a mulher passou a ter igualdade de condições e de direitos, já o homem necessita do apoio da mulher, e passou a assumir uma postura de pai e mãe (quando esta não pode se fazer presente)" (Excerto de observação participante). Desta forma, foram apresentadas as funções que podem ser desempenhadas por ambos, o que foi reforçado pelos participantes que responderam à pergunta feita ao pequeno grupo: "Que atitudes você considera inadequadas para um pai?" (proposta pela equipe da EPB) referindo que as "que as atitudes inadequadas do pai, podem ser pensadas para a mãe e qualquer agente educador, não veem uma distinção" (de gênero) (P6). "Outro participante disse não ter se identificado com a função paterna somente, uma vez que desempenhava muitas ‘tarefas de mãe'" (Excerto de observação participante).

VALORES E LIMITES NA EDUCAÇÃO

O tema valores e limites foi foco específico do segundo encontro do Círculo de Debates, mas a preocupação permaneceu durante todo o tempo. Nas palavras da coordenadora, há "a questão das diferenças culturais e o fato de que alguns valores estão sendo perdidos"; existem "três aspectos para o equilíbrio: contextos familiares e sociais, apego e vínculo e saber o que é educar" (P1). Também merece destaque a utilização da frase: "para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira", projetada durante o encontro, por referir a importância da rede de apoio e de cuidados para as famílias.

De acordo com a EPB, "os valores são os critérios que orientam ações, possibilitam a tomada de decisões sobre as mais diversas maneiras de agir e determinam as escolhas e as atitudes" (P1). Em resposta a uma pergunta sobre os valores hoje, os pais disseram que "os valores hoje estão distorcidos, trocados, que tudo gira em torno do dinheiro e do consumismo" (Excerto de observação participante). A coordenadora também referiu que é preciso valorizar menos os bens materiais, pois "o que fica na lembrança é o momento passado juntos e não o que ganham de material" (P1).

Com relação aos limites, a equipe da EPB afirmou que os pais "ensinam o que é permitido, ajudam a fazer opções, dão proteção, dão regalias (pois mudam conforme a idade). Os pais devem dar limites, e as regras devem ser bem claras para que possam ser entendidas e cumpridas pela criança" (P1). Em outro momento, foi dito que "os limites são estabelecidos de maneira clara, simples e objetiva, com verdade, firmeza, respeitando a maturidade infantil (...) é necessário levar em conta os sentimentos da criança". Logo, "os pais devem ser verdadeiros, firmes e seguros diante dos pedidos e das vontades das crianças, não devendo dar tudo o que é pedido. Desta forma, as crianças se tornam mais resilientes, sabendo que não podem ter tudo o que desejam" (P1).

Também foi ressaltada a importância de entender as birras infantis, que podem ser uma maneira de chamar a atenção dos pais/mães: "teimar em passar dos limites (birra) pode ser um pedido de atenção (...) deve-se escutar, conversar, demonstrar interesse e brincar" (P1).

 

DISCUSSÃO

Este estudo objetivou conhecer e descrever o trabalho do Círculo de Debates da EPB, considerando a potencialidade de indicá-lo como alternativa de ação preventiva, a ser desenvolvida com pais/mães em relação intersetorial complementar da comunidade com as escolas, no campo da puericultura e da orientação familiar.

Pela participação e observação, foi possível constatar um aspecto marcadamente psicoeducativo em seu formato e conteúdo, especialmente pelas estratégias de trabalho adotadas para as atividades grupais. Entre as técnicas utilizadas em grupos com pais/mães para promoção de práticas parentais positivas com evidências de eficácia, encontram-se as dramatizações, vinhetas de vídeos, a discussão dos participantes, a elaboração de estratégias e resoluções conjuntas e as tarefas para casa (Schmidt et al., 2016), amplamente utilizadas pelos Coordenadores dos Círculos de Debates.

O modelo psicoeducacional envolve diferentes abordagens psicológicas e educativas e recorre a dados teóricos de outras disciplinas - como a educação, a filosofia, a medicina, entre outras - com o intuito de ampliar o fornecimento de informações. Não há apenas um ambiente em que a psicoeducação possa ser empregada, ela pode ser utilizada em instituições variadas (Cole & Lacefield, 1982, citados por Lemes & Neto 2017). Isso fundamenta a transversalidade da categoria psicoeducação em relação às demais categorias construídas na análise do Círculo de Debates, uma vez que são trabalhados aspectos referentes a mudanças comportamentais em uma proposta de grupo que engloba afeto e cognição, além de abordar assuntos relativos ao desenvolvimento típico da infância e da adolescência.

Tratar desses aspectos em um trabalho voltado para pais é uma forma de orientar e de prevenir (Barreto et al., 2019), uma vez que conhecer alguns parâmetros do que é esperado, dentro de um espectro de manifestações inteligíveis e normatizadas num gradiente de variabilidade cultural, ajuda a compreender o desenvolvimento dos filhos e a encarar suas particularidades. Sobre isso, Bradley e Corwyn (2005) afirmam que a compreensão do desenvolvimento requer que pais e mães tenham consciência das expectativas para a idade das crianças e das habilidades de desenvolvimento. Uma vez que expectativas realísticas sejam estabelecidas, pais e mães devem recorrer ao que conhecem sobre desenvolvimento para fornecer oportunidades consistentes de aprendizagem, congruentes com os processos evolutivos de cada criança (Landry et al., 2006).

Reedtz et al. (2011) destacam fortes evidências de que intervenções preventivas podem resultar na redução de risco, bem como reforçar fatores protetivos relacionados ao início de problemas de saúde mental, sugerindo que uma abordagem eficiente está focada em grupos de risco e fatores de proteção. Os autores referem ainda que mudanças significativas e estáveis na parentalidade podem resultar de treinamento de habilidades parentais, e não somente de programas de tratamento e prevenção com crianças que possuem problemas de comportamento.

Neste caso, estariam voltados para a população em geral, uma vez que o treinamento pode ser uma ferramenta poderosa para transformar o comportamento parental de forma mais positiva e melhorar o senso de competência de pais/mães. Logo, há um potencial importante no Círculo de Debates da EPB, uma vez que as estratégias de debate, de role play e de psicoeducação têm finalidade preventiva, voltadas à construção grupal de estratégias viáveis para a realidade do grupo.

Com relação à categoria cotidiano dos pais/mães, é possível considerar que algumas preocupações manifestadas estão interligadas e decorrem das contingências do mundo atual. À medida que possuem alta carga de trabalho, eles têm menos tempo para os cuidados dos filhos e os delegam a terceiros. Como os recursos comunitários são escassos, a tecnologia vem assumindo crescentemente esse papel. A esse respeito, a Sociedade Brasileira de Pediatria (2016) refere estudos científicos que comprovam a influência sobre comportamentos desde a infância, capazes de causar prejuízos e danos à saúde. Também recomenda aos pais/mães o controle do tempo que crianças e adolescentes costumam ficar expostos aos eletrônicos, bem como a observação da qualidade do conteúdo que estão acessando.

O âmbito da sexualidade/gênero das crianças não depende somente da etapa de desenvolvimento em que se encontram, mas do contexto familiar e social em que vivem. Desta forma, é importante que pais/mães sejam orientados e informados para possibilitar aos filhos o entendimento das transformações em seu corpo de forma natural e sem preconceitos, sendo indispensável criarem uma visão positiva destas etapas da vida que, quando bem compreendidas, são plenamente vivenciadas, a despeito de preconceitos (Silva et al., 2015).

Os pais e mães que participaram do Círculo de Debates demonstraram não se sentirem preparados para abordar a questão da sexualidade infantil, referindo poucas informações sobre as formas de manifestação da sexualidade na infância, não a compreendendo de um modo amplo e não sabendo como proceder diante dos questionamentos dos filhos, além de contar com o auxílio das escolas. O mesmo foi referido por Silva et al. (2015), ao destacarem que a sexualidade infantil, percebida pelo viés da sexualidade do adulto, tem se mostrado como um dos maiores entraves na educação sexual de crianças. Isto sugere que a sexualidade na infância pode ser pensada numa perspectiva de educação para a saúde, integrada a uma esfera educacional valorizada pelo aspecto afetivo e não apenas pela função meramente informativa. Ainda que sejam apontados graves retrocessos nesse sentido no Brasil, particularmente nos discursos governamentais que acusam a contaminação do que chamam "ideologia de gênero" nas escolas, as famílias veem a educação sexual como aliada para a construção de um campo de entendimento da sexualidade. O trabalho da EPB engloba orientação e informação sobre estes aspectos ao abordar a sexualidade como parte do ciclo de vida da família e de cada um.

As questões de gênero aparecem nas falas dos pais/mães que se preocupam com o que é de menino ou de menina, bem como em algumas colocações ambivalentes da EPB (quando relaciona o que se refere à mãe em rosa e ao pai em azul, ao mesmo tempo que aborda as mudanças dos papéis de pai e mãe e está atualizada ao referir que as mesmas funções podem ser desempenhadas tanto por homens quanto por mulheres). De acordo com Botton et al. (2015), o modo como homens e mulheres, casados ou não, se colocam no exercício das funções de pai e mãe é percebido pelos (as) filhos (as) e tem influência nos papéis sociais que eles exercerão no futuro, enquanto homens e mulheres, no campo profissional, relacional, sexual, familiar, entre outros. As autoras destacam ainda que é na permissão da cor rosa para o menino e nas brincadeiras de luta para as meninas, na autorização ao pai para trocar as fraldas e levar à escola enquanto a mãe viaja a trabalho, no trato igualitário entre adolescentes de ambos os sexos sobre lugares que podem frequentar e com que idade, ou sobre o auxílio ou não nos serviços domésticos, que as mudanças em relação à desigualdade de gênero, no âmbito doméstico, poderão se concretizar.

Como pontua Miskolci (2018), é possível pensar que, ao menos parte daqueles que aderiram ao combate contra o que chamam de "ideologia de gênero", a associam a ameaças diversas, reagindo a um fantasma que lhes foi apresentado por empreendedores morais de ocasião.

Com relação aos valores, parece de extrema importância que sejam pensados junto aos pais/mães, uma vez que, na atualidade, predomina o discurso de que "estão perdidos" e necessitam ser "reencontrados", como afirmaram pais/mães participantes do Círculo de Debates. Sobre isso, Siqueira et al. (2017) destacam que as pesquisas em psicologia têm demonstrado crescente interesse acerca dos valores de pais e filhos, devido à relevância que eles possuem no desenvolvimento individual e no funcionamento social. Os pais desejam transmitir a seus filhos o que eles próprios valorizam e também o que percebem ser importante para a sociedade.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho do Círculo de Debates da EPB pode ser considerado psicoeducativo e promotor de práticas parentais positivas, uma vez que as intervenções grupais, notadamente, oferecem suporte, promovem crescimento e mudança nas relações familiares e sociais. O contexto do grupo favorece conversações, propicia que aspectos pertinentes ao passado, ao presente e ao futuro sejam reorganizados e ressignificados, mediante reflexões realizadas pelos seus membros, sem que haja ruptura com valores morais comunitários (To et al., 2014). A simples transmissão de informações para os pais/mães não parece ser suficiente para modificar as práticas parentais, sobretudo quando se almeja mudanças que se sustentem a longo prazo (Schmidt et al., 2016). Propor a construção de conhecimentos e a prática guiada parece ser a combinação crítica que produz mudanças mensuráveis nas habilidades dos pais/mães (Akai et al., 2018).

Como limitações deste estudo e sugestão para próximos, sugere-se realizar entrevistas com os participantes dos Círculos de Debates sobre o que consideraram importante, bem como verificar as mudanças observadas na vida cotidiana após a participação nos encontros. Também pode ser relevante entrevistar os membros da equipe da EPB, para explorar suas motivações para o trabalho e o quanto a participação pessoal influenciou na relação com os filhos.

 

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Endereço para correspondência
Bruna Detoni
E-mail: psibrunadetoni@gmail.com

Submetido: 13/08/2020
Reformulado: 28/10/2020
Aceito: 01/11/2020

 

 

1 Bruna Detoni é mestra em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
2 Adriane Xavier Arteche é doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e docente do Programa de Pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Sul.
3 Adolfo Pizzinato é doutor em Psicologia pela Universitat Autònoma de Barcelona e docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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