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Revista da SPAGESP

Print version ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.23 no.2 Ribeirão Preto Jul./Dec. 2022

http://dx.doi.org/https://doi.org/10.32467/issn.2175-3628v23n2a10 

https://doi.org/10.32467/issn.2175-3628v23n2a10

ARTIGOS

 

Orientação parental on-line: desafios da articulação teoria e prática

 

On-line parental guidance: challenges of theory and practice articulation

 

Orientación familiar en línea: desafíos en la articulación de la teoria y la práctica

 

 

Renata Lira dos Santos Aléssio1; Melina de Carvalho Pereira2; Marília Ewen de Sena3

Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A parentalidade vem ganhando contornos expressivos na atuação de campos de saúde, especialmente na ciência psicológica. Este estudo objetiva refletir sobre possibilidades e limites da experiência de oferecer grupos on-line para figuras parentais com filhos(as) em diferentes contextos de desenvolvimento (com e sem adoecimento de longa duração, no caso diabetes mellitus tipo 1). A intervenção contou com a participação de três psicólogas, cinco estagiários(as) e atendeu 11 pais e mães de crianças e adolescentes, em um período de cerca de três meses no ano de 2021 em um serviço-escola. Temas como sobrecarga, culpa parental, autonomia dos(as) filhos(as) e autocuidado foram trabalhados por meio de perguntas disparadoras, práticas grupais e contação de história. O grupo se mostrou como um espaço de reflexão acerca do processo de desenvolvimento, suporte, compartilhamento e oferecimento de informação para os(as) participantes e apontou para a necessidade de flexibilidade e criatividade das psicólogas e estagiários(as) ao manejar desafios.

Palavras-chave: Parentalidade; Famílias; Grupos; Serviço-Escola.


ABSTRACT

Parenthood has been gaining expressive contours in the performance of health fields, especially in psychological science. This article aims to reflect on the possibilities and limits of the experience of offering on-line groups for parental figures with children in different development contexts (with and without long-term illness, in the case of type 1 diabetes mellitus). The intervention included the participation of three psychologists and five interns from the Psychology course at a university in northeastern Brazil and lasted about three months in 2021. Themes such as overload, parental guilt, children's autonomy, and self-care were addressed through triggering questions, group practices and storytelling. The group showed itself as a space for reflection, support, sharing and offering of information to the participants; and pointed out the need for flexibility and creativity of psychologists and trainees when dealing with challenges.

Keywords: Parenting; Families; Groups; School clinic.


RESUMEN

La paternidad ha ido ganando contornos expresivos en el desempeño de los campos de la salud, especialmente en la ciencia psicológica. Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre las posibilidades y los límites de la experiencia de ofrecer grupos en línea para figuras parentales con hijos en diferentes contextos de desarrollo (con y sin enfermedad de larga duración, en el caso de diabetes mellitus tipo 1). La intervención contó con la participación de 3 psicólogos y 5 pasantes del curso de Psicología en una universidad del noreste de Brasil y duró alrededor de tres meses en 2021. Temas como la sobrecarga, la culpabilidad de los padres, la autonomía de los niños y el autocuidado fueron abordados a través de preguntas desencadenantes, prácticas grupales y narración de cuentos. El grupo se mostró como un espacio de reflexión, apoyo, intercambio y ofrecimiento de información a los participantes; y señaló la necesidad de flexibilidad y creatividad de los psicólogos y aprendices cuando se enfrentan a desafíos.

Palabras clave: Responsabilidad Parental; Familias; Grupos; Servicio escuela.


 

 

Nos últimos anos a parentalidade vem ganhando contornos expressivos na atuação de campos de saúde, nomeadamente da ciência psicológica. Com a práxis de acompanhamento e orientação de responsáveis, além do conhecimento teórico fundamentado ao longo de décadas, foi possível reconhecer os efeitos para a promoção de saúde de crianças e adolescentes, das figuras parentais e também da dinâmica familiar como um todo a partir da escuta e intervenção com adultos. Especialmente em relação às intervenções grupais, a orientação parental "favorece oportunidades de aprendizagem, apoio emocional a seus membros, ressignificação das formas de comunicação utilizadas nas interações pais e filhos" (Bittencourt et al., 2021 p. 1), entre outros.

Práticas parentais referem-se às ações educativas, técnicas e métodos exercidos pelos adultos para socialização das crianças no sentido de promover o desenvolvimento global destas (Baumrind, 1966; Darling & Steinberg, 1993). A literatura brasileira utiliza diferentes termos para abordar as práticas parentais (Macarini et al., 2010). O estudo da parentalidade circunscreve este termo, mas amplia a concepção ao envolver aspectos subjetivos como valores, pressupostos, inserção no contexto social, entre outros. Desta forma, parentalidade e práticas parentais não retratam o mesmo fenômeno.

Podemos identificar diferentes modelos de intervenção no âmbito da orientação parental, com diferentes focos de atuação e diversas perspectivas teóricas, muitas delas estruturadas a partir da utilização de instrumentos testados e validados (Toni & Pazzetto, 2018). Há intervenções focadas no enfrentamento das dificuldades escolares de crianças (Marturano & Elias, 2016), no envolvimento paterno (Cia & Barham, 2014) ou ainda que buscam mudanças nos estilos parentais (Neufeld et al., 2018). A intervenção relatada neste estudo se aproxima de perspectivas reflexivas de trabalhos com grupos (Barreto et al., 2019), guardando o objetivo de uma ação educativa em saúde e desenvolvimento.

A base epistemológica da intervenção em orientação parental que apresentamos neste estudo é a concepção de desenvolvimento humano como processo que envolve ganhos e perdas, organizado por interações entre a biologia e a cultura, parcialmente previsível e multideterminado (Baltes, 1987). Nesse sentido, a intervenção realizada inscreve-se no sociointeracionismo como alicerce teórico-prático, buscando trazer para o centro da orientação parental as significações que cada familiar produz sobre as experiências infantojuvenis de suas crianças e adolescentes e sobre suas experiências como cuidador(a).

Discutir cuidado e parentalidade sob o olhar do curso de vida sinaliza que comumente o lugar de cuidado é atrelado ao adulto. Atualmente a parentalidade passa a ser uma dimensão possível - e não mais obrigatória no imaginário social da vida adulta (Debert, 2010). As expectativas frente a essas responsabilidades e ao cuidado são ainda mais particulares nos contextos familiares onde o adoecimento de longa duração infantojuvenil se faz presente. As práticas parentais têm importância singular na produção do cuidado nesse contexto, ao mesmo tempo em que o adoecimento repercute diretamente nessas práticas (Santos et al., 2018). Além dos imperativos biomédicos que podem surgir para mediar o cuidado, diante do adoecimento é possível que as competências parentais sejam desafiadas, emergindo dúvidas sobre a capacidade de cuidar (Brás et al., 2014), impacto no sistema de valores, crenças e hábitos da dinâmica familiar.

Nesse cenário, é comum que a família assuma a responsabilidade primária pela produção e gerenciamento do cuidado em saúde durante a infância, enquanto na adolescência espera-se que o sujeito, em níveis crescentes de coparticipação, vá assumindo a responsabilidade (Flora & Gameiro, 2016). Entendemos, então, que diante das reorganizações, tensionamentos e aprendizagens que podem ocorrer na relação entre as crianças, os(as) adolescentes e as figuras parentais, podemos pensar para além do papel da parentalidade no processo de desenvolvimento infantil, mas em como vivenciar essa parentalidade também pode promover transformações e mudanças na vida do próprio adulto, sendo assim, promotora de desenvolvimento (Apostolidis et al., 2021).

Acumulamos em nossas trajetórias profissionais diferentes experiências e interfaces com a Psicologia do Desenvolvimento que convergiram no contexto da pandemia de COVID-19 para a oferta de orientação parental on-line em um serviço-escola de uma universidade pública em Pernambuco. O interesse comum pela articulação entre ensino, pesquisa e serviço em Psicologia nos uniu na tentativa de pensar estratégias eficazes de fortalecimento do serviço público em um momento de fragilidade devido à pandemia de COVID-19, contexto marcado ainda pela penúria de investimento e por sucessivos cortes que comprometem o futuro das universidades públicas no Brasil.

Em nosso serviço-escola, diferentes desafios se colocam e se acumulam no enfrentamento à pandemia de COVID-19: manter serviços on-line que estavam calcados em funcionamento presencial; atender a demandas de uma população cada vez mais vulnerabilizada; cumprir a tarefa de formação de estudantes de graduação e pós-graduação em Psicologia em modalidade remota e tantos outros. Promover a articulação entre saberes teóricos e práticos é um desafio antigo para a Psicologia, cada vez mais importante quando universidades e os campos de prática profissional enfrentam as consequências da pandemia de COVID-19 (Galindo & Aléssio, 2021).

A oferta on-line de serviços psicológicos conheceu uma forte demanda na pandemia de COVID-19, a maior emergência em saúde pública da última década (Schmidt et al., 2020a). Em meio à consolidação desta prática, a Psicologia foi convocada a pensar nas possibilidades e limites de estágios remotos em um cenário conflitivo de disputas entre posições favoráveis e desfavoráveis a essa modalidade de atendimento por estudantes em formação graduada. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) inicialmente proibiu a realização de estágios remotos. Ao longo de 2020, o CFP promoveu debates entre o Sistema Conselhos, universidades e campos de prática para construção de diretrizes que foram publicadas em agosto do mesmo ano como Recomendações para Estágios On-line (Conselho Federal de Psicologia, 2020).

A pandemia de COVID-19 causou impactos negativos nas famílias: dívidas, perdas financeiras, mortes e internações de familiares, cenários ansiogênicos e de incertezas (Schmidt et al., 2020a) que se refletem na dinâmica da relação entre pais, mães, crianças e adolescentes. Esses aspectos contextuais impulsionaram o nosso serviço-escola na busca por gerar intervenções socialmente relevantes no contexto pandêmico, ao mesmo tempo em que promovessem às/aos estagiárias/os a reflexão sobre "qual mundo queremos produzir com nossas práticas e ações" (Pereira et al., 2018, p. 221). Neste sentido, a estratégia do trabalho em grupo on-line de orientação parental respondeu a demandas de busca por ancorar a prática formativa em Psicologia em abordagens que promovem perspectivas educacionais e transformadoras em saúde, em uma conjuntura de aumento de vulnerabilidades sociais.

 

DELINEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DOS GRUPOS ON-LINE DE ORIENTAÇÃO PARENTAL: DIVULGAÇÃO DOS GRUPOS E TRIAGENS ON-LINE

Dois públicos-alvo foram selecionados para a intervenção: o primeiro grupo composto por familiares de crianças até 12 anos, Grupo de Orientação Parental - crianças (GOP - crianças) e o segundo grupo composto por familiares de crianças e adolescentes com diabetes tipo 1, Grupo de Orientação Parental - diabetes (GOP - diabetes). O Grupo de Orientação Parental - diabetes foi articulado em colaboração com o hospital universitário, fomentando a integração entre dois serviços-escola. Essa parceria é resultado de um projeto de pesquisa realizado pela primeira autora junto a crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1 e seus familiares, reunindo um conjunto de observações através de entrevistas com esse público que serviram de base para a intervenção grupal (Aléssio et al., 2019; Apostolidis et al., 2020).

Para o recrutamento dos(as) participantes dos nossos grupos, construímos dois vídeos https://www.instagram.com/p/CQMej6XAPcj/?utm_medium=copy_link e https://www.instagram.com/p/CPUB9PSgx1V/?utm_medium=copy_link que circularam nas plataformas digitais e mídias sociais durante o mês de maio de 2021. Cada vídeo durava até três minutos e continha informações principais sobre a intervenção: público-alvo; ficha para cadastro; telefones para contato; dia e horário do grupo. Outra forma de recrutamento foi por meio dos(as) clientes já atendidos pelo serviço-escola de psicologia e dos(as) pacientes atendidos(as) no hospital universitário, junto dos(as) quais fizemos uma busca ativa com telefonema-convite até o limite do número de participantes em cada grupo. A equipe do hospital-universitário fez ainda o vídeo-convite circular em grupos médicos e de pacientes, aumentando o seu alcance.

Ao definir a quantidade de participantes de cada grupo, prezamos por um grupo pequeno de forma a possibilitar integração e diálogo entre os(as) participantes, porém, visto que nossa experiência no serviço-escola em atendimentos anteriores mostrava um crescente desengajamento de integrantes no desenrolar da intervenção on-line, iniciamos o grupo com mais integrantes, máximo de 12 pessoas, de modo a garantir a intervenção e a prática dos(as) estagiários(as).

O número de estagiários(as) correspondeu a uma negociação entre a demanda de vagas e o número adequado para que os(as) participantes não se sentissem inibidos(as) com a presença de muitos(as) observadores(as), limitações que o ambiente on-line comporta. Ofertamos cinco vagas para estágios básicos recebendo estudantes que cursavam entre o sexto e sétimo semestre. Para recrutamento de estagiários(as), produzimos um documento com os objetivos dos grupos, duração, horário e pré-requisitos (manter a tela do computador aberta durante intervenção e supervisão, estar em local isolado e de preferência utilizar fones de ouvido) para que a Coordenação de Estágios pudesse selecionar estudantes que poderiam participar.

A partir de junho de 2021, compareceram efetivamente, em videoconferências de até 40 minutos, 22 cuidadores para triagem individual. Propositalmente, as escutas dos(as) cuidadores(as) foram marcadas no mesmo horário em que seriam realizados os cinco encontros do Grupo de Orientação Parental. Cada autora auxiliada por até dois estagiários(as), conduziram até três triagens por dia. As triagens abordaram um roteiro de informações para cada participante de cada grupo que era adaptado em função do seu desenrolar.

Para o GOP - crianças havia uma sintética anamnese sobre a criança contendo o histórico familiar, o momento da pandemia, os principais marcos do desenvolvimento da criança, concepções sobre aquela criança, assim como dificuldades atuais - quando e como começaram, quais foram as tentativas de lidar com a situação. O roteiro do GOP - diabetes abordava o processo de adoecimento da criança ou adolescente, percepções sobre como os filhos e eles(as) mesmos(as) se relacionavam com o diagnóstico, o momento da pandemia e a saúde mental da família, bem como as dificuldades e potencialidades na parentalidade. Nos dois grupos, havia um momento final para ouvir a respeito das expectativas em relação aos grupos e oferecer informações e esclarecimentos sobre o serviço.

A triagem foi um momento importante para conhecer a realidade familiar de cada participante, abordar concepções prévias sobre desenvolvimento, infância, adolescência, principais desafios que pais e mães têm enfrentado, além de ter sido o momento no qual foi explicitada a existência do contrato do serviço enviado por e-mail. Neste momento de diálogo individual com possíveis participantes, estagiários(as) já se aproximavam da temática da discussão de forma paulatina e em supervisão discutia-se a pertinência de inserção do/a integrante no grupo. Do ponto de vista pedagógico, os(as) estagiários(as) puderam iniciar sua inserção no campo de prática, conhecendo possíveis participantes, exercitando escuta e observação. Esta imersão foi essencial, em particular para um dos estagiários que possuía baixa visão e com as triagens passou a reconhecer as vozes de cada participante, podendo identificar posteriormente as pessoas no grupo.

As supervisões das triagens ocorriam uma vez por semana, por videoconferência, com todos(as) estagiárias(os) e tinham duração de duas horas. Nelas eram abordados o conteúdo de cada triagem, seu manejo, o registro documental realizado pelos(as) estagiários(as) e a possível inserção do(a) participante no grupo. De forma a enriquecer a experiência de ensino-aprendizagem, foram realizadas discussões temáticas sobre disciplina positiva, a condição clínica da diabetes mellitus tipo 1, manejo de grupos e sobre desenvolvimento humano e vida adulta. Algumas outras oficinas foram oferecidas às(aos) estagiárias(os) com vistas a ajudá-las(os) na inserção da prática psicológica: atendimento psicológico on-line e registro documental da prática psicológica (evolução de prontuários).

Podemos destacar alguns elementos partilhados pelos dois grupos quanto à composição. O primeiro elemento em comum foi a massiva participação de mães, fenômeno esperado tendo em vista que a tarefa de cuidados ainda é socialmente atribuída às mulheres e que são elas que procuram em maior frequência serviços de apoio (Quiterio et al., 2021). Um segundo elemento em comum diz respeito à modalidade on-line: o alcance da triagem foi bem diversificado, não se restringindo à capital e à região metropolitana, com isso a composição dos grupos de diferentes localidades do estado aproximou as experiências.

O terceiro e último elemento em comum foram algumas situações que exigiram um aconselhamento realizado durante a triagem. Por exemplo, mães que perguntavam se um determinado comportamento da criança/adolescente era "normal"/típico/esperado ou que solicitavam orientação para lidar com crianças e adolescentes em frente a telas durante a pandemia.

Comparando os dois grupos quanto à sua composição, destacam-se algumas diferenças. No GOP - crianças, houve a predominância da participação de mães, mas destaca-se ainda o engajamento inicial de três pais, embora nenhum deles tenha dado continuidade até a finalização dos encontros. Muitos(as) dos(das) integrantes possuíam nível superior, participavam da comunidade acadêmica da universidade, tendo familiaridade com reuniões virtuais, traziam relatos de reflexão sobre a parentalidade, principalmente a partir de estudo sobre disciplina positiva.

O GOP - diabetes apresentou particularidades, como a heterogeneidade de classes sociais. Apesar de a nossa intervenção ter alcançado pessoas em diversas realidades socioeconômicas, torna-se importante evidenciar que o atendimento on-line não é acessível a todos. Em 2019, um em cada cinco brasileiros não tinha acesso à internet, seja por não saber utilizar ou pelo custo financeiro (Souto, 2021). A desigualdade de acesso por classe social é ainda maior já que entre os mais ricos 96,5% das casas têm sinal de internet, enquanto entre os mais pobres esse índice cai para 59% (Souza & Guimarães, 2020). A presença de mães não só de crianças, como também de adolescentes com diabetes é um segundo elemento diferenciador.

Durante as triagens, foi possível observar a busca pelo serviço por mães de crianças ou adolescentes com diabetes mellitus tipo 1 que possuíam uma renda elevada e situação de vida estabilizada enquanto outras eram assistidas por programas sociais de complementação de renda e relataram grande dificuldade de acesso aos insumos para o acompanhamento de seus(suas) filhos(as) em seus municípios de origem. Para essas mães, que receberam um telefonema-convite, o contato inicial era sempre um momento de agradecer pela atenção recebida.

Após o período da triagem, os grupos começaram em 20 de julho de 2021. Apenas responsáveis que assinaram o contrato de serviço puderam participar dos grupos. O contrato de serviço explicitava as garantias éticas de funcionamento do grupo, dentre elas a autorização por parte do(a) assinante para elaboração de reflexões teórico-técnicas em publicações e apresentações científicas sobre o atendimento oferecido ao grupo sob imperativo de anonimato e preservação de identidades.

 

O COTIDIANO DOS GRUPOS ON-LINE DE ORIENTAÇÃO PARENTAL

Os dois grupos ocorriam por videoconferência simultaneamente às terças-feiras. A duração de cada encontro foi planejada para até duas horas e o número total de cinco encontros. A literatura aponta que um programa de orientação parental pode ser eficaz ainda que haja variação no número de encontros, quando se garante o mínimo de 60 minutos e se trabalha com temas-chave (Benedetti et al., 2020). Cada grupo contava ainda com a facilitadora (uma do GOP-crianças e duas facilitadoras GOP - diabetes) e mais dois ou três estagiários(as). A supervisão dos(as) estagiários(as) era realizada às quintas-feiras, num primeiro momento de forma separada para discussão entre facilitadoras e estagiários(as) de seu grupo e depois com a partilha em conjunto do planejamento de cada grupo com os demais para o encontro seguinte. Essa forma de organização foi bem avaliada pelos(as) estagiários(as), pois permitia um tempo de reflexão entre a realização do grupo e a supervisão, bem como outro tempo de reflexão entre a supervisão e o próximo encontro, gerando a possibilidade de ajustes no planejamento.

Para o primeiro encontro dos dois grupos, planejamos uma apresentação dos(as) participantes e facilitadores, assim como discussão do contrato do serviço. Os demais encontros seriam delineados em função da discussão prévia nas supervisões e dos conteúdos repertoriados na triagem. Os grupos de orientação parental comportam assim a possibilidade de ajuste em função da demanda repertoriada (Neufeld et al., 2018).

 

O GOP-CRIANÇAS

O GOP - crianças contava a confirmação de 12 participantes para o primeiro encontro, porém apenas 8 compareceram, havendo variação no número de participantes por encontro (entre 3-8 pessoas). Ao longo dos encontros as discussões versaram principalmente acerca de falta de rede de apoio, sobrecarga, dificuldade de lidar com a opinião de terceiros (principalmente a nível intergeracional) e culpa parental. Ressaltou-se ainda a demanda de reconhecer a sua própria identidade como pessoa adulta, para além de ser responsável por uma criança. Concepções sobre disciplina positiva foram amplamente discutidas, trazendo como discurso do grupo a busca pela perspectiva da parentalidade possível.

 

O GOP-DIABETES

O GOP - diabetes contava com nove participantes confirmados (as) para o primeiro encontro, porém apenas 3 compareceram e permaneceram ao longo dos encontros. As temáticas recorrentes no decorrer dos encontros foram principalmente ligadas ao diabetes e a sobrecarga materna no cuidado com adolescentes e crianças. Relataram exaustão e forte sentimento de culpa, preocupação com o futuro e com a autonomia do(a) filho(a) para se cuidar, tanto no presente quanto no futuro. Uma das questões mais abordadas foi o limite quanto aos imperativos alimentares que impedem seus(as) filhos(as) de compartilhar as mesmas refeições de pessoas em festas e encontros sociais. Observamos que o processo de adoecimento aparecia muitas vezes como mediador das práticas parentais, influenciando nas relações delas com seus filhos e filhas.

Duas queixas em especial traduzem o universo sociocultural que permeia as práticas parentais trazidas no GOP - diabetes. A primeira queixa (como aumentar a autonomia da filha de nove anos) estava sustentada, em parte, na situação de exaustão da mãe, que não contava com apoio do marido para divisão dos cuidados com a filha e de outra parte, na ideia de superação da imaturidade da criança (Carvalho, 2021). São pilares basilares da reflexão promovida pela intervenção: a reflexão sobre os processos de desenvolvimento que escapam de um determinismo linear focado em um indivíduo (Carvalho, 2021); a discussão sobre futurismo que traduz a visão adultocêntrica denunciada há tempos (Carvalho, 1987) sobre a criança e a adolescentes, sempre concebidos(as) como pessoas incompletas e que têm o adulto como modelo de racionalidade a atingir. A intervenção se deu no sentido de favorecer o questionamento sobre as expectativas maternas e as possibilidades de reposicionamento familiar para busca de apoio (do marido e de outras pessoas do entorno).

A segunda queixa traduz de outra forma o peso de uma sociedade patriarcal: o sofrimento gerado pelo falecimento do marido se inscreve no sentimento de interdição - há assuntos de homens, a serem tratados de pai para filho e, com a viuvez, essa transmissão, que se daria dentro do mesmo gênero, não poderá mais ser realizada. A reflexão buscou situar que o pai poderia ter também dificuldade em abordar esse tema com o filho e que ter um bom material para oferecer ao adolescente pode facilitar uma conversa. Com isso, foi separado um conjunto de vídeos, reportagens e textos para mãe e filho e reforçada uma visão positiva acerca dos pares em todas as fases da vida, como parcerias privilegiadas. Este exemplo retrata como é possível em momento de orientação parental trazer novas perspectivas a partir do conhecimento científico acumulado sobre uma demanda, atrelando esse conhecimento à realidade de cada família. A intervenção se dá no sentido de considerar as idiossincrasias daquela pessoa que solicitou suporte ao mesmo tempo que se promove a possibilidade de novos olhares sobre a sua própria condição.

 

MANEJO DOS GRUPOS ON-LINE

Em ambos os grupos se percebeu a baixa adesão dos(as) participantes, mesmo após confirmação de participação. Alguns possíveis motivos são a situação de vulnerabilidade que muitas famílias se encontravam, a sobrecarga dessas mulheres, como também, choque entre as suas atividades/consultas clínicas dos filhos e o horário do grupo. Aspectos que tanto impossibilitaram que essas mães pudessem encontrar um espaço de cuidado e escuta, como, em alguns momentos, afetaram na presença daquelas que compareceram ao encontro.

O universo do atendimento on-line possui ainda desafios inerentes à qualidade de conexão, conhecimento prévio das ferramentas de videoconferência, privacidade dos participantes em suas residências ou no espaço de trabalho. Esses desafios apareceram nas triagens e já no primeiro encontro, com interrupções nas falas e dificuldades de manejo da ferramenta de videoconferência por parte de algumas participantes pouco familiarizadas com esse modo de comunicação. Além disso, a própria dificuldade de privacidade das figuras parentais (queixa recorrente e acentuada na pandemia), foi trazida à tona desde o início das escutas.

Na supervisão, foi possível pensar estratégias para gerar maior conforto e espaço de fala. Uma dessas estratégias, para o GOP - diabetes foi organizar um dos encontros em dois momentos, um primeiro individual, em salas virtuais separadas, seguido por uma partilha dentro do grupo. Além de possibilitar orientações mais direcionadas às suas demandas específicas, esse novo arranjo visava diminuir a quantidade de pessoas conectadas à internet de baixa qualidade e ao mesmo tempo deixar as mães mais à vontade sem se preocupar com abrir e fechar microfones na videoconferência, aumentando a agilidade e espontaneidade de suas falas.

Como forma de aproximar as pessoas das temáticas propostas de forma dinâmica e interativa, fizemos uso de práticas grupais (Mccarthy & Galvão, 2001) como "manter, jogar e reciclar". A utilização de práticas grupais não é inédita em grupos de orientação parental (Gonçalves et al., 2020) e por meio delas, é possível pensar os encontros de forma estruturada, pré-organizada e ao mesmo tempo dinâmica e flexível, adaptando a demanda contextual do grupo (Neufeld et al., 2018). Além disso, perguntas disparadoras e contação de história também fizeram parte das intervenções propostas de forma a incentivar momentos de fala, reflexões e o compartilhamento entre as participantes. Como também, técnicas de respiração e automassagem, no encontro sobre autocuidado.

De forma recorrente, ao narrar suas experiências e ouvir pessoas que vivem situações semelhantes, as mães se acolhiam, gerando uma sensação de pertencimento e compartilhamento de sofrimento. Desse modo, o encontro se tornava um potencial produtor de efeitos terapêuticos, visto que a interação e trocas no grupo "favorece a lembrança, reinterpretações, comparações e o resultado é uma produção conjunta" (Schmidt et al., 2020b, p. 14).

A condução da equipe facilitadora por vezes se limitava a tornar concreta a produção conjunta, levantando aspectos convergentes e divergentes entre o grupo com a finalidade de trazer reflexões e ajudar nas reflexões individuais. Desse modo, a orientação parental foi além do oferecimento de informações em direção às queixas das figuras parentais em relação às crianças, mas um espaço de suporte, de incentivo à necessidade de se observar e de se deparar com seus próprios limites (Rufatto, 2006).

No entanto, torna-se também importante destacar momentos em que conselhos e sugestões eram trazidos pelas participantes como forma de ajudar outra colega, porém por partir apenas de sua experiência ou realidade, não davam conta do que estava sendo compartilhado. Como forma de minimizar possíveis sentimentos de julgamento e reforçar o papel de escuta atenta entre as participantes, quando necessário as facilitadoras intervieram diferenciando as experiências expressas, reforçando de maneira acolhedora o contrato inicial, redirecionando o momento de fala ao que estava sendo compartilhado ou realizando orientações pertinentes.

O serviço oferecido se dá primordialmente graças à complexidade desse sistema de relações, mas também, e não menos importante, ao fato de que essas relações estão em constante desenvolvimento e transformação, favorecendo a constituição do sujeito como pessoa. Portanto, esta intervenção teve como objetivo contribuir para a construção de relações mais saudáveis entre pais, filhos e cuidadores de um modo geral, a fim de ressignificar essas práticas parentais.

Para respaldar tal prática psicológica diante de atendimentos a esse público, são levados em consideração a complexidade das relações familiares, as circunstâncias sociais e culturais diversas, a dependência da família a sistemas mais amplos, por exemplo, as famílias pertencentes às classes sociais com menores condições econômicas que são rotuladas como "diferentes", entre outros aspectos levantados a partir de uma visão sistêmica para a assistência a famílias (Costa, 2010). Ainda que levando em conta tantos aspectos, ao final das intervenções foi amplamente reforçado entre as participantes o desejo de encontros presenciais, a necessidade de uma continuidade dos encontros, a dificuldade de uma disponibilidade fixa em relação ao dia e horário (diante de compromissos médicos ou recorrentes solicitações das crianças durante os encontros), outras possibilidades de temas a serem trabalhados, além de pedidos expressos de grupos com seus filhos, entre outros.

 

POTENCIALIDADES E LIMITES DA INTERVENÇÃO

Diante da experiência de ofertar grupo de orientação parental na modalidade on-line a adultos que cuidam de crianças e adolescentes, percebemos, ao longo do processo, potencialidades e limites dessa intervenção. Destacamos que a modalidade grupal em detrimento da individual, permitiu abertura de contato com distintas realidades de parentalidade, aumentando para cada integrante do grupo, possibilidades de experimentar situações e de se identificar com o outro (Pereira et al., 2018).

Pensando o contexto de pandemia de COVID-19 como uma influência graduada por história (Baltes, 1987), foi possível perceber indícios de que essas experiências de parentalidade sofriam modulações em função das pertenças sociais (mais perdas financeiras durante à pandemia; pertença dos(as) filhos(as) a grupos mais vulneráveis a COVID-19). O foco da intervenção foi a promoção de problematizações sobre a infância e a adolescência a partir das queixas parentais. Foi possível observar que a visão adultocêntrica permeia essas relações, possivelmente ancorada em resquícios da popularização de uma Psicologia do Desenvolvimento normatizadora (Jobim e Souza, 1996). Uma das estratégias utilizadas no grupo para promoção de uma mudança foi buscar as lembranças das(os) integrantes do grupo sobre suas infâncias e adolescências, em uma tentativa de aproximar a memória afetiva do lugar não valorizado de criança e adolescente nas relações de poder com pessoas adultas.

Perante o contexto de pandemia de COVID-19, de restrições de acessos das pessoas aos serviços, necessidade de distanciamento físico e reposicionamentos em relação às próprias práticas da Psicologia, criar essa proposta de grupo tornou possível tanto o acesso de pessoas ao serviço quanto à oferta de vagas de estágio para a graduação. Destacamos a importância de fortalecer a articulação entre a universidade pública, o serviço-escola e o SUS, apontando em direção a uma prática psicológica ativa, na construção de vínculos e atuação nesses cenários.

Sem a necessidade de deslocamento, dos custos e gerenciamentos que envolvem a intervenção presencial, essa modalidade on-line proporcionou o alcance de pessoas de diversas classes sociais e condições socioeconômicas, e de pessoas residentes em diferentes cidades e até estados. Foi necessário, assim, desde as entrevistas iniciais com possíveis participantes, considerar em nossas intervenções esses diferentes contextos socioeconômicos, de forma a ouvir e orientar de maneira contextualizada à realidade familiar, além de observar quando os tensionamentos dessas realidades ocorriam ao longo do grupo.

O nível de adesão ao longo da intervenção foi baixo, ainda que no decorrer dos atendimentos de triagem houvesse a sinalização do interesse expresso das pessoas atendidas pela proposta do serviço e de demandas possíveis de serem exploradas em grupo. Refletindo posteriormente sobre os fatores que podem ter influenciado essa baixa adesão elencamos alguns: ao mesmo tempo em que o atendimento on-line diminui distâncias, ele pede o gerenciamento de espaço, tempo e habilidades que podem ser um desafio e, em alguns casos, impeditivos para participação de algumas pessoas; acreditamos que o tempo de espera entre a triagem e o início do grupo podem ter influenciado; como a triagem foi, em alguns casos, interventiva, é possível que ela tenha suprido momentaneamente a necessidade das pessoas.

O ambiente on-line possibilitou a observação dos contextos familiares das participantes. De forma mútua, fomos de alguma forma inseridas nesses contextos ao mesmo tempo em que os desafios cotidianos enfrentados pelos participantes foram, de algum modo, presentificados no grupo. Interrupções frequentes dos filhos, mudanças constantes do espaço de atendimento das participantes em busca de privacidade, ambiente também configurado como de trabalho, foram concretizando alguns discursos de sobrecarga e dificuldades em encontrar tempo para o cuidado de si. Enquanto também possibilitou o acolhimento, orientações e intervenções mais pontuais de acordo com o cenário que se apresentava.

Tendo em vista essa inserção nos diversos espaços em que as participantes estavam presentes, um cuidado necessário foi a respeito da confidencialidade das informações compartilhadas no grupo e, como forma de garantir o sigilo, algumas recomendações foram feitas às participantes, como utilização de fone de ouvido e permanência em ambiente privado durante o atendimento. No entanto, nem todas as participantes contavam com espaço privado, alguns necessitavam de auxílios com a tecnologia e, ainda, houve momentos de interrupção devido à falha na conexão ou pela presença de familiares. Esses desafios éticos e técnicos, presentes nessa modalidade de atendimento, solicitavam de nós um reposicionamento do lugar de psicólogas e a necessidade de lidar de forma colaborativa, dentro da realidade de cada participante (Schmidt et al., 2020b; Sola et al., 2021).

Durante todo o processo de supervisões, planejamentos e atendimentos, destacou-se a necessidade de adaptações, flexibilidade e alternativas criativas de intervenções. Aos poucos e de forma vivencial, o espaço on-line passou a ser considerado por si mesmo, em suas particularidades, trazendo os recursos disponíveis nesse ambiente e também as habilidades dos atores do grupo. É importante frisar que o serviço também se constitui como significativo contexto de desenvolvimento profissional de futuros(as) psicólogos(as) em searas ainda pouco exploradas pelo campo, abrindo oportunidades de atuação inovadora e oferta de novas contribuições à população.

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência
Renata Lira dos Santos Aléssio
E-mail: renata.lsantos@ufpe.br

Recebido: 03/11/2021
Reformulado: 25/03/2022
Aceito: 29/03/2022

 

1 Renata Lira dos Santos Aléssio é Doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco.
2 Melina de Carvalho Pereira é Mestra em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco.

3 Marília Ewen de Sena é psicóloga pela Universidade Federal de Pernambuco.

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