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Psicologia Hospitalar

versão impressa ISSN 1677-7409

Psicol. hosp. (São Paulo) vol.13 no.2 São Paulo ago. 2015

 

ARTIGOS ORIGINAIS

 

 

 

Ortorexia nervosa e transtorno obsessivo-compulsivo: qual a relação?

 

Orthorexia nervosa and obsessive compulsive disorder: what is the relationship?

 

 

Luiz Alberto da Silva Silveira Jr1; Luiz Arthur Rangel Cyrino2; Mayara Decker Zeferino1; Priscilla Cristina da Rosa1; Sara Borges1

Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE

 

 


RESUMO

A Ortorexia nervosa é uma perturbação alimentar caracterizada por uma dieta restrita a alimentos considerados puros, saudáveis e naturais. É uma desordem alimentar ligada aos sintomas obsessivo-compulsivos. Este artigo objetiva expor, através de uma revisão bibliográfica, evidências que relacionem a Ortorexia Nervosa ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Para tanto, buscou-se por publicações científicas relacionadas ao tema entre 1997 e 2014, nas bases de dados Lilacs, Scielo, BVS-Psi e Google Acadêmico, utilizando as palavras-chave “Ortorexia Nervosa, Comorbidade, Espectro, Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtornos Alimentares”. O tema ainda é pouco explorado, existindo controvérsias sobre diagnóstico e classificação. Não foram encontrados estudos experimentais que demonstrem a relação direta entre Ortorexia Nervosa e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Porém, alguns autores defendem a inclusão da Ortorexia e transtornos alimentares nos espectros obsessivo-compulsivos. Salienta-se necessidade de estudos subsequentes sobre o tema, pois a relação entre transtornos interferem em seus diagnósticos, prognósticos e na elaboração de estratégias terapêuticas.

Palavras-chave: Ortorexia Nervosa, Comorbidade, Espectro, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Transtornos Alimentares.


ABSTRACT

Orthorexia Nervosa is an eating disorder characterized by a diet restricted to foods considered pure, healthy and natural. It is an eating disorder linked to obsessive-compulsive symptoms. This article aims to expose, through a review of the literature, evidence that relates Orthorexia Nervosa to Obsessive-Compulsive Disorders. Therefore, we sought out scientific publications related to the topic between the years 1997 and 2014 in the databases Lilacs, Scielo, BVS-Psi and Google Scholar, using the key words "Orthorexia Nervosa, Comorbidity, Spectrum, Obsessive-Compulsive Disorder and Disorders Food.  The theme is still little explored, there being controversy about diagnosis and classification. There were no experimental studies demonstrating the direct relationship between Orthorexia Nervosa and the Obsessive-Compulsive Disorder. However, some authors defend the inclusion of Orthorexia and eating disorders such as the obsessive-compulsive spectrum. Noteworthy is the need for further studies on the subject, since the relationship between disorders interfere with their diagnosis, prognosis and the development of therapeutic strategies for them.

Keywords: Orthorexia Nervosa, Comorbidity, Spectrum, Obsessive-Compulsive Disorder, Eating Disorders.

 


 

 

INTRODUÇÃO

A alimentação se caracteriza como uma das atividades mais relevantes para o homem, não só por aspectos biológicos, mas também por abarcar questões científicas, culturais, econômicas, psicológicas e sociais (Proença, 2010). A prática alimentar acompanha mudanças históricas e é modelada pela cultura e sociedade à qual pertence (Canesqui & Garcia, 2005). Considerando que, assim como a alimentação, o indivíduo também é influenciado cultural e socialmente, Bittencourt e Almeida (2013) afirmam que o mundo moderno e suas tecnologias (internet) têm favorecido a distorção da imagem corporal. A globalização integra culturas e os padrões estéticos acabam sendo ditados pela cultura ocidental. Para adequar-se a tais ideais de beleza, “vive-se uma verdadeira sobrevalorização das qualidades físicas em detrimento das psicológicas/cognitivas” (Alves, Pinto, Alves, Mota & Leirós, 2009, p.3). Ribeiro e Oliveira (2011) relatam que há um culto exagerado ao corpo e à estética. Todos buscam uma imagem perfeita sem avaliação das consequências para alcançar os objetivos.

A associação entre a alimentação e doenças crônicas também impõe regras aos hábitos alimentares e reforça a valorização de um estilo de vida saudável (Garcia, 1997). Esta preocupação demasiada com o corpo aumenta a relação conflituosa entre a comida e o comer (Bittencourt & Almeida, 2013) e por existir um limite mínimo entre o saudável e o patológico, em muitos casos ocorrem desequilíbrios, resultando em Transtornos Alimentares (Chaki, Pal & Bandyopadhyay, 2013).

Os Transtornos Alimentares são identificados por alterações relacionadas à alimentação que comprometem a saúde física e psicossocial dos indivíduos acome­tidos (American Psychiatric Association - APA, 2014). Estes distúrbios são de origem multifatorial, envolvendo predisposições genéticas, socioculturais, vulnerabilidades biológicas e psicológicas (Morgan, Vecchiatti & Negrão, 2002). São transtornos de tratamento longo e difícil. Por não sentirem-se doentes, os pacientes são relutantes em buscar ajuda e aceitar intervenções (Cabrera, 2006).

Recentemente, na quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM-5), o capítulo para Transtornos Alimentares sofreu mudanças. A Anorexia e Bulimia não sofreram alterações conceituais, apenas em crité­rios diagnósticos (Araújo & Neto, 2014). Houve o reconhecimento do Transtorno de Compulsão Alimentar e realocação dos Transtornos Geralmente Diagnosticados na Primeira Infância ou Adolescência: Transtorno de Pica, Transtorno de Ruminação e Transtorno alimentar Restritivo/evitativo (APA, 2013). Essas mudanças foram necessárias, pois anteriormente eram reconhecidos apenas três tipos de distúrbios alimentares: Anorexia, Bulimia e Transtornos Alimentares sem especificação. Assim, transtornos que não se enquadravam nos critérios de Anorexia e Bulimia recebiam o diagnóstico de Transtorno Alimentar sem especificação (Fairburn & Cooper, 2011). Consequentemente, estudos demonstraram que um número expressivo de Transtornos Alimentares recebia diagnóstico de Transtorno Alimentar sem especificação (APA, 2013).

Avanços foram feitos, porém ainda existem Transtornos Alimentares não reconhecidos necessitando de melhor compreensão (Fairburn & Cooper, 2011), dentre os quais encontra-se a Ortorexia Nervosa. Este novo distúrbio se diferencia dos demais pela não atribuição de importância ao corpo magro, mas pela obsessão dire­cionada à qualidade dos alimentos em vez da quantidade (Brytek-Matera, 2012). O indivíduo acometido por esse distúrbio apresenta preocupação exacerbada com sua saúde, transformando sua alimentação em um ritual, no qual dispensa tempo no preparo e escolha dos alimentos (Bartrina, 2007). Este hábito alimentar alterado não é transitório e conduz a prejuízos clínicos e sociais, pois além da restrição alimentar, o indivíduo se isola por medo de sair da dieta (Lopes & Kirsten, 2009). Os sintomas apresentados no quadro ortoréxico indicam relação próxima com o Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) (Brytek-Matera, 2012).

No DSM-5, o TOC foi realocado e deixou de fazer parte do capítulo de transtornos de ansiedade (Araújo & Neto, 2014). Tais mudanças refletem o aumento de evidências que indicam parentesco entre desordens obsessivo-compulsivas que se distinguem de outros Transtornos de Ansiedade. São características comuns a essas desordens a preocupação excessiva e comportamentos repetitivos (APA, 2013), como ocorre na Ortorexia.

Assim, diante da similaridade entre as características da Ortorexia e TOC, o objetivo deste artigo é construir uma revisão bibliográfica, buscando encontrar evidências que relacionem a Ortorexia Nervosa ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo.

 

MÉTODO

A busca por publicações científicas relacionadas ao tema foi realizada nas bases de dados Lilacs, Scielo, BVS-Psi e Google Acadêmico, utilizando as palavras- chave “Ortorexia Nervosa, Comorbidade, Espectro, Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtornos Alimentares”.

Foram selecionadas 43 publicações datadas entre 1997 e 2014. A seleção inicial dos trabalhos foi feita a partir dos resumos. Posteriormente, realizou-se a leitura integral dos estudos, separando-os conforme os assuntos abordados.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados são apresentados na tabela 1, na qual, das 43 publicações selecionadas, 7 trabalhos abordam a alimentação e fatores que desencadeiam as de­sordens alimentares e 9 expõem sobre os Transtornos Alimentares, assim como critérios diagnósticos (DSM-5) e tratamento. Sobre TOC, foram selecionados 5 trabalhos, dos quais dois são livros e três, artigos. Dos estudos que debatem a relação entre TOC e Transtornos Alimentares foram encontrados dois artigos e uma carta ao editor. As demais publicações têm como assunto principal a Ortorexia Nervosa.

 

 

A ORTOREXIA NERVOSA

A crescente preocupação das pessoas em relação à alimentação vem desencadeando novos tipos de psicopatologias (Fernandes, 2012). O culto ao corpo é baseado em um discurso estético ou cuidado com a saúde (Ribeiro & Oliveira, 2011). Ortoréxicos se baseiam no discurso saudável.

A Ortorexia Nervosa é um distúrbio alimentar recente. Foi descrito pela primeira vez em 1997 pelo médico norte-americano Steve Bratman (Pontes & Montagner, 2011). A palavra Ortorexia provém do grego e significa “apetite correto” (Alvarez-Arenas, Toro & Manso, 2003). Refere-se a uma obsessão patológica em comer apenas alimentos puros, tornando a dieta restrita. Indivíduos ortoréxicos evitam alimentos que tenham sido tratados com herbicidas, pesticidas ou substâncias artificiais e se preocupam com os materiais e técnicas utilizadas no preparo dos alimentos (Ribeiro & Oliveira, 2011). Os rituais de escolha e preparo dos alimentos demandam horas e acompanham sentimentos de satisfação ou culpa conforme o resultado do processo (Bartrina, 2007). Ao considerar-se superior aos demais por suas escolhas alimentares (Donini et al., 2005), o indivíduo ortoréxico se abstém de relações pessoais e atividades anteriormente apreciadas (Bartrina, 2007; Pontes & Montagner, 2011).

Um estudo realizado por Donini et al. (2004) com 404 indivíduos demonstrou que 6,9% da amostra apresentaram Ortorexia e a doença esteve mais presente nos homens. Quando comparados ao grupo controle, indivíduos ortoréxicos apresentam taxas mais altas de excitação, depressão, solidão, nervosismo e culpa. Segundo Gonzáles (2010), além dos sintomas psicológicos envolvidos na Ortorexia, surgem também sintomas físicos como hipervitaminose (excesso de vitamina no organismo) e hipovitaminose (falta de vitamina no organismo).

Alguns estudos também apontam grupos vulneráveis a Ortorexia, dentre os quais estão profissionais da saúde, como médicos e nutricionistas (Martins et al., 2011). O conhecimento a respeito da alimentação e nutrição torna esse grupo suscetível. Considerando tal suscetibilidade, Korinth et al. (2009) compararam estudantes de nutrição a estudantes de outros cursos. Os resultados apontaram para o controle do peso e não para um comportamento alimentar desordenado. No entanto, no Brasil, um estudo realizado por Souza e Rodrigues (2014) com estudantes de nutrição constatou que 88,7% da amostra total de universitárias apresentaram risco para Ortorexia.

DIAGNÓSTICO CONTROVERSO

A Ortorexia é um novo transtorno alimentar ainda não reconhecido oficialmente (Ribeiro & Oliveira, 2011). Assim, para o diagnóstico informal de Ortorexia, inicialmente, Bratman propôs um teste composto por 10 perguntas (Pontes & Montagner, 2011). Posteriormente, na Itália, Donini et al. (2005) basearam-se no teste criado por Bratman para desenvolver o Orto-15. Trata-se de um questionário com 15 perguntas de múltipla escolha que visa conhecer a prevalência de Ortorexia. Tal instrumento está sendo adaptado e utilizado para mensuração da Ortorexia em países como Turquia (Orto-11) (Arusoğlu et al., 2008) e Hungria (ORTO-11-Hu) (Varga et al., 2014).

Muitos pesquisadores acreditavam na inclusão da Ortorexia entre as desordens mentais já reconhecidas no DSM (Chaki et al., 2013). Porém, ainda existem controvérsias relacionadas aos seus critérios diagnósticos e sua classificação (Varga et al., 2014). Alguns profissionais dizem que a Ortorexia não necessitaria de uma classificação própria, acreditando se tratar de uma forma de Anorexia ou transtorno obsessivo compulsivo (Chaki et al., 2013). De fato, para Zamora et al. (2005), pacientes ortoréxicos apresentam mecanismos obsessivo-compulsivos com traços de personalidade similares aos da Anorexia, tais como rigidez, o perfeccionismo, necessidade de controle da vida transferido para o ato de comer. No entanto, Larsen (2013) esclarece que o comportamento obsessivo-compulsivo é comum nos três transtornos: Anorexia, Bulimia e Ortorexia. Anoréxicos são obsessivos em relação às calorias e ao teor de gordura dos alimentos, bulímicos apresentam obsessão pelo medo de engordar e ortoréxicos têm obsessão pela sensação de pureza, pelo saudável e o natural.

O DSM-5 salienta que aspectos da Anorexia se sobrepõem aos critérios de TOC. Assim, se o indivíduo apresentar obsessões e compulsões relacionadas apenas a alimentos, deve-se desconsiderar diagnóstico para TOC. Caso as obsessões e compulsões não se limitem apenas a alimentos, considera-se um diagnóstico adicional para TOC (APA, 2014). Porém, Torres (2001) afirma que alguns rituais do TOC que envolvem o comportamento alimentar dificultam o diagnóstico diferencial.

ORTOREXIA NERVOSA E O TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

Indícios de uma relação próxima entre Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Ortorexia Nervosa estão presentes no quadro sintomático. Na Ortorexia, as atividades obsessivas relacionadas ao preparo e escolha dos alimentos são acompanhadas por rituais de repetição (Dittfeld et al., 2013). Normalmente, ortoréxicos são excessivamente rigorosos, controlados e exigentes consigo mesmos e com os outros (Sánchez & Moreno, 2007). Segundo Bartrina (2007), a Ortorexia Nervosa é um quadro obsessivo-compulsivo, no qual o ritual alimentar torna a dieta restrita e leva ao isolamento social.

Ao revisar estudos clínicos e biológicos, Fontenelle et al. (2002) encontraram diversos trabalhos que sugerem existir grande semelhança entre os Transtornos Alimentares e o TOC. Esses autores afirmam ainda que tais resultados têm servido como argumento para a inclusão dos Transtornos Alimentares no espectro obsessivo-compulsivo. Isolan (2008) esclarece que o conceito de espectro é utilizado para definir entidades nosológicas distintas, mas com apresentações sintomatológicas semelhantes.

O TOC raramente ocorre sozinho (Petribú, 2001) e a proximidade com Transtornos Alimentares se apresenta através de obsessões e comportamentos ritualizados. As características psicopatológicas comuns entre tais transtornos conduzem a hipóteses sobre disfunções neurológicas semelhantes (Corregiari, Nunes, Neto & Bernik, 2000). Os raciocínios recorrentes e intrusivos e comportamentos repetitivos presentes no TOC (Fuentes et al., 2008) e na Ortorexia (Bartrina, 2007; Dittfeld et al., 2013) causam um impacto significativo no funcionamento da vida diária, pois alguns pacientes passam muitas horas do dia envolvidos com suas obsessões e rituais (Bartrina, 2007; Hollander & Simeon, 2004; Ribeiro & Oliveira, 2011).

 

 

A Ortorexia ainda é um tema pouco explorado e a escassez de literatura sugere que pouco se conhece sobre sua ocorrência e tratamento (Bustamante, 2012; Chaki et al., 2013). Apesar das evidências demonstradas neste estudo, não foram encontradas pesquisas que comprovem experimentalmente a relação específica entre Ortorexia Nervosa e TOC. Fontenelle et al. (2002) e Paes et al. (2011) debatem as relações próximas entre o TOC e os transtornos alimentares de maneira geral, em especial Anorexia e Bulimia. Destacam-se apenas a avaliação neuropsicológica realizada por Koven e Senbonmatsu (2013) e a análise de literatura realizada por Brytek-Matera (2012). Koven e Senbonmatsu (2013) compararam Ortorexia, Anorexia e TOC visando examinar se a Ortorexia possui um perfil psicológico único. O resultado mostrou que há uma sobreposição neuropsicológica entre os perfis de TOC e Ortorexia. Brytek-Matera (2012) realizou uma revisão de literatura, buscando veri­ficar qual tipo de desordem é a Ortorexia. Concluiu que a Ortorexia não poderia ser rotulada como distúrbio alimentar, pois se diferencia dos sintomas característicos da Anorexia e Bulimia, em que há medo de engordar e controle de peso. Em vez disso, a Ortorexia deveria ser tratada como um distúrbio alimentar ligado aos sintomas do TOC, devido a atenção extrema dispensada ao consumo de alimentos saudáveis e o pensamento sobre a qualidade na ingestão dos alimentos.

Ao defender novos estudos para encontrar a localização da Ortorexia entre os transtornos mentais, Varga et al. (2014) indicam que Ortorexia Nervosa provavelmente estaria entre os espectros alimentares e Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Donini et al. (2005), ao desenvolver o Orto-15, salienta que o teste é limitado para identificar desordem obsessiva e afirma que, para uma investigação aprofundada, é necessário um questionário adicional para avaliação do comportamento obsessivo-compulsivo.

A associação entre psicopatologias envolve implicações diagnósticas, prognósticas e terapêuticas (Martins & Sassi Jr., 2004; Petribú, 2001). Araújo e Neto (2014, p. 68) salientam que “a observação, descrição e categorização de enfermidades que compartilham sinais e sintomas permite a formulação de diagnósticos que, por sua vez, auxiliam na identificação da causa de uma determinada patologia, na previsão de sua evolução e no planejamento terapêutico”.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entende-se que as mudanças ocorridas na alimentação exigem o cuidado com os alimentos para evitar doenças, porém é importante uma conscientização a respeito de práticas alimentares extremas, as quais podem levar a comportamentos ortoréxicos.

A Ortorexia nervosa apresenta-se com uma etiologia complexa e, assim como a Anorexia e a Bulimia, mantém relações próximas com o TOC, dificultando o diagnóstico, prognóstico e categorização entre as desordens já aceitas no DSM. As mu­danças que ocorreram nesta quinta edição do manual demonstram a importância da continuidade nos estudos.

Acredita-se que o presente artigo contribui para a compreensão da Ortorexia e alerta para a necessidade de pesquisas empíricas subsequentes que esclareçam a relação entre a Ortorexia e TOC, auxiliando o manejo terapêutico.

 

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Endereço para correspondência
E-mail: sbsaraborges@gmail.com

 

 

1Acadêmicos do Curso de Psicologia da Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE, Joinville, Santa Catarina –Brasil.
2Mestre em Neurociência pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Médico especialista em Terapia Nutricional Total, Professor de Neurofisiologia e Psicofarmacologia no curso de Psicologia e Fisiopatologia do curso de Farmácia da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE), Joinville, Santa Catarina –Brasil.

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