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Psicologia Hospitalar

On-line version ISSN 2175-3547

Psicol. hosp. (São Paulo) vol.16 no.1 São Paulo Jan. 2018

 

ARTIGOS ORIGINAIS

 

Autoeficácia e indicadores de ansiedade e depressão em pacientes com câncer

 

Self-efficacy and anxiety and depression indicators in cancer patients

 

 

Ivone Silva Mariz IbiapinaI1; Randolfo dos Santos JuniorII2; Mariana Vidotti GrandizoliI1; Viviane Cristina Bianchi GarciaI1

IFaculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP, Brasil.
IIFundação Faculdade Regional de Medicina - FUNFARME, Brasil.

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A autoeficácia é um conjunto de crenças do indivíduo em exercer controle sobre seu próprio funcionamento e sobre os eventos que afetam sua vida. Essa variável afeta a resiliência à adversidade e a vulnerabilidade à depressão. O presente estudo identifica e correlaciona os indicadores de autoeficácia, ansiedade e depressão de pacientes em tratamento oncológico. Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos e psicossociais de 100 pacientes, abordados na hospitalização, quimioterapia e consulta ambulatorial de um hospital de alta complexidade. A amostra contemplou pacientes com idade média de 55 anos, 64% do sexo feminino, tempo de diagnóstico com média de 2,97 anos. Neste estudo, 24% dos participantes apresentaram indicadores de ansiedade, 27% indicadores de depressão e, na autoeficácia, foram identificados indicadores elevados (média de 39,7). Concluiu-se que a baixa autoeficácia evidencia um aumento nos indicadores de ansiedade e depressão em pacientes oncológicos. O suporte afetivo pode ser um fator de proteção durante o tratamento.

Palavras-chave: Câncer, Autoeficácia, Ansiedade, Depressão.


ABSTRACT

The self-efficacy is a set of the individual’s belief to exercise control over its own behavior and about the events that affect its own life. This variable affects the resilience to adversity and vulnerability against depression. This study identifies and correlates the indicators of self-efficacy, anxiety and depression of patients in cancer treatment. It was collected, Demographic, psychosocial and clinical data of 100 patients, approached during hospitalization, chemotherapy and outpatient consultation of a high complexity hospital. The sample included patients with an average age of 55 years, 64% female, diagnosis time with an average of 2.97 years. In this study, 24% of participants showed anxiety indicators, 27% indicators of depression and, on self-efficacy, high indicators were identified (mean 39.7). It was concluded that low self-efficacy evidences an increase in anxiety and depression in cancer patients. Emotional support can be a protective factor during treatment.

Keywords: Cancer, Self-efficacy, Anxiety, Depression.


 

 

INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é um problema de saúde pública inquestionável, principalmente entre os países em desenvolvimento. Já é esperado que, nos próximos anos, o impacto do câncer na população mundial corresponda a mais de 20 milhões de novos casos anualmente até 2025. No Brasil, a estimativa para os anos de 2016-2017 indica a ocorrência de cerca de 600 mil novos casos de câncer (Instituto Nacional do Câncer [INCA], 2016a).

O câncer pode ser definido como uma doença degenerativa, que resulta do crescimento, reprodução e dispersão anormal e fora de controle de células mutadas que agem de forma independente. Os fatores de risco do câncer (herança genética, alteração genética por fatores biológicos, agrotóxicos, poluentes atmosféricos, alcoolismo, tabagismo, hábitos alimentares nocivos e exposição prolongada ao sol), associados a um estilo de vida com muitas tensões emocionais, pressões, sono irregular, traumas ou episódios profundos e prolongados de depressão podem levar a uma mutação maligna em algum órgão (Núcleo de Apoio ao Paciente com Câncer, 2007).

O diagnóstico de câncer pode impactar negativamente a qualidade de vida do paciente, afetando as dimensões física, psicológica, social, ocupacional e espiritual. No que tange às alterações psicológicas, foi realizada uma revisão bibliográfica por Hernadez et al. (2012) acerca da saúde mental de pacientes oncológicos, em que foi elucidada a significativa incidência de sintomas de ansiedade e depressão nesses pacientes, quando comparados com a população geral.

Em um estudo no qual foi investigada a importância do construto de autoeficácia no pós-tratamento de pacientes oncológicos, estima-se que 30% dos pacientes com câncer podem experienciar distúrbios psicológicos significativos durante a fase do tratamento oncológico. A análise desse estudo evidenciou a baixa autoeficácia como um preditor altamente significativo de depressão, respondendo por 43% da variância em escores de depressão (Philip et al., 2013).

A autoeficácia é um construto definido por Bandura (1994) como a percepção do indivíduo em relação às suas próprias capacidades para executar determinada tarefa. O autor entende a autoeficácia como: “as crenças das pessoas a respeito de suas capacidades de produzir determinados níveis de desempenho que exercem influência sobre fatos que afetam suas vidas”. O indivíduo apresenta níveis de autoeficácia elevados ou reduzidos, de acordo com os próprios julgamentos em relação às suas capacidades.

Segundo Bandura (1977), as crenças de autoeficácia influenciam o quanto de esforço as pessoas vão dedicar a uma atividade, quanto tempo elas perseverarão ao se defrontarem com obstáculos e o quanto serão resilientes frente a situações adversas. Compreende-se, dessa forma, que as crenças de eficácia poderão favorecer ou dificultar as condições de enfrentamento de obstáculos, bem como serão determinantes na resiliência do indivíduo.

O psicólogo que atua na área da psico-oncologia tem por finalidade manter o bem-estar do paciente, detectando os fatores emocionais que interferem em sua saúde e também prevenir e reduzir os efeitos emocionais e físicos causados pela doença e seu tratamento, levando-o a entender o significado da experiência de adoecer, ficando atento a distúrbios como depressão e ansiedade excessiva (Barbosa & Santos, 2012).

Este trabalho teve como objetivo avaliar a autoeficácia geral percebida de pacientes em tratamento oncológico. Para tanto, buscou-se identificar os índices de ansiedade e depressão e sua correlação com a autoeficácia em pacientes com câncer de um hospital de alta complexidade na cidade de São José do Rio Preto.

 

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa transversal, utilizando a metodologia descritivo-exploratória.

Participantes

Participaram inicialmente da pesquisa 118 pacientes atendidos pela clínica de especialidade em oncologia do Hospital de Base de São José do Rio Preto (HB) e Instituto do Câncer (ICA). A amostra de conveniência é composta por adultos, de ambos os sexos, em tratamento há pelo menos 3 meses. Foram excluídos pacientes com as seguintes comorbidades: transtorno psiquiátrico grave (n=3) e aqueles que apresentaram impossibilidade de responder os questionários devido a déficit cognitivo ou prejuízos na fala em virtude de neoplasia de cabeça e pescoço (n=15).

Instrumentos

Foi utilizado um questionário inicial de dados sociodemográficos, com o objetivo de caracterizar os participantes quanto aos aspectos demográficos e clínicos, que investiga: na primeira parte (através de uma pesquisa ao prontuário do paciente) o diagnóstico, tempo de diagnóstico e presença de metástase. Na segunda parte (indagando ao próprio paciente) investiga-se idade, sexo, endereço, escolaridade, estado civil e religião.

Foi aplicada a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão – HAD (Escala para avaliar ansiedade e depressão em adultos). Instrumento composto por 14 questões, divididas em duas subescalas (ansiedade e depressão), com sete itens cada (ponto de corte 8).  Foram adotados os pontos de corte apontados por Zigmond e Snait (1983), recomendados para ambas as situações: de 0-7 pontos: improvável; 8-11 pontos: possível (questionável ou duvidoso) e 12-21: provável. As análises foram feitas a partir das normas propostas de acordo com a validação elaborada por Botega, Bio, Zomignani, Garcia e Pereira (1995).

Foi aplicada a Escala de Autoeficácia Geral Percebida (The General Self-Efficacy Scale), de autoria de Schwarzer e Jerusalem (1995). É um instrumento de autorrelato, que pretende avaliar o sentimento geral de competência pessoal para lidar eficazmente perante uma variedade de situações estressantes. A escala de autoeficácia geral é constituída por 10 itens do tipo Likert, com quatro alternativas de respostas, com escores de 1 a 4 para cada uma delas (1 – de modo nenhum é verdade; 2 – dificilmente é verdade; 3 – moderadamente verdade e 4 – exatamente verdade), podendo obter uma pontuação total entre 10 e 50 pontos ou uma pontuação média entre 1 e 4 pontos (podendo utilizar a média ou a soma dos escores). Todos os itens encontram-se formulados no sentido positivo (não há itens invertidos), dessa forma, valores elevados na escala indicam a presença de uma elevada autoeficácia geral, ou seja, quanto maior a pontuação, maior a percepção de autoeficácia geral (Souza & Souza, 2004).

Procedimento para coleta de dados

O presente estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – SP (parecer 830.746/2014). Os participantes foram contatados no Hospital de Base de São José do Rio Preto (HB), durante hospitalização, sessões de quimioterapia e consulta ambulatorial no Instituto do Câncer (ICA). Antes da aplicação do questionário e das escalas, foram realizados os esclarecimentos necessários quanto ao sigilo, objetivos e utilização científica dos dados coletados, seguido da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (modelo em acordo com a Resolução n° 466/12 – Conselho Nacional de Saúde). O questionário e as escalas foram aplicados de forma individual com os pacientes. Foi disponibilizado pela pesquisadora, quando necessário, suporte emocional ao paciente.

Procedimento para análise de dados

Os dados foram analisados com o programa GRAPHAD INSTAT, versão 3.; Foram empregadas análises descritivas (média, desvio-padrão e porcentagens) para a caracterização da amostra. Para a comparação dos resultados entre grupos, foi utilizado o teste de Mann Withney; para correlação entre as variáveis, foi utilizado o teste de Spearman.

 

RESULTADOS

De acordo com a tabela 1, a amostra foi composta, em sua maioria, por mulheres (64%). Do total de pacientes entrevistados, houve predominância de pessoas casadas (58%) e com 1º grau incompleto (47%). A idade dos sujeitos variou entre 22 e 78 anos, com média de 55,11 (±13,34 anos), a religião prevalente foi católica (57%) e a maioria da amostra (74%) foi procedente de outros munícipios.

 

 

Quanto às características clínicas, observou-se o predomínio de participantes com diagnóstico primário de tumores de mama (28%), seguido de participantes com tumores colorretais (16%). Verificou-se também que 2% dos participantes apresentavam neoplasias primárias múltiplas. Observa-se presença de tumor metastático em 54% da amostra. O tempo de diagnóstico variou entre 3 meses e 25 anos, com média de 2,97 anos (DP ±4,32).

 

 

Os escores de autoeficácia variaram de 14 a 50 pontos entre os participantes, sendo a média da amostra de 39,7 pontos (DP±6,27).

Neste estudo, foi realizada uma análise correlacional entre as variáveis ansiedade, depressão e autoeficácia, sendo evidenciada correlação negativa entre autoeficácia e depressão (r= - 0,2960; p=0.0028) e entre autoeficácia e ansiedade (r=-0,286; p=0,0044). Não foi observada correlação entre autoeficácia e idade (r=-0,07384; p=0,4653), no entanto foi identificada correlação positiva significante entre autoeficácia e tempo de diagnóstico (r=0,2066; p=0,0392) e entre autoeficácia e nível de escolaridade (r=0,01227; p=0,0052) (Tabela 3).

 

 

Quanto aos indicadores de saúde mental, foi observado que 27% da amostra apresentou indicadores de depressão e 24%, indicadores de ansiedade, sendo que 13% apresentaram índices tanto de ansiedade quanto de depressão.

Pacientes sem um companheiro (solteiros, viúvos, divorciados) apresentaram maiores médias em seus indicadores de depressão (7,563 DP±4,81) quando comparados a pacientes que relataram ter um companheiro (5,338 DP±3,51), sendo observada uma diferença estatística significante (p=0,0205). Foi observado que os pacientes que relataram ter um companheiro também apresentavam menores indicadores de ansiedade, porém sem diferença estatística significante (p=0,6761). Por outro lado, não houve diferença estatística significante nos indicadores de ansiedade (p=0,2053) e depressão (p=0,2194) entre pacientes com e sem metástase (p=0,3791).

 

DISCUSSÃO

O diagnóstico de câncer é normalmente vivenciado como uma situação de crise, caracterizada por um processo de adaptação complexo, muitas vezes acompanhado por sensação de impotência, irritabilidade, desesperança, medo, estresse e maior vulnerabilidade a transtornos mentais (Mystakidou et al., 2013; Acosta, Krikorian & Palacio, 2015; Bronner, Nguyen, Smets, van de Vem & van Weert, 2017; Cook, Salmon, Hayes, Byrne & Fisher, 2018). Nos estudos de Silva, Piassa, Oliveira e Duarte (2014), a incidência de depressão em pacientes com câncer variou de 10% a 25%. O índice de depressão na pesquisa atual converge para um valor próximo ao da literatura, e confirma uma taxa significativa dos níveis de depressão em pacientes com neoplasias malignas. Diferentes estudos têm indicado a autoeficácia como um fator de proteção ao estresse psicológico derivado de problemas e sintomas associados ao câncer (Mosher, Duhamel, Egert & Smith, 2010; Acosta et al., 2015; Mata, Carvalho, Gomes, Silva & Pereira, 2015; Nejad, Hassankhani, Aghdam & Sanaat, 2015).

Neste estudo foi possível observar que a autoeficácia elevada está relacionada com menores indicadores de ansiedade e depressão, corroborando  evidências de que expectativas de eficácia influenciam as escolhas e o nível de esperança dos indivíduos, seu nível de esforço e perseverança, sua resiliência à adversidade e sua vulnerabilidade à ansiedade e à depressão, agindo desse modo como um agente mediador entre fatores de estresse e saúde mental Bandura, 1997; Schonfeld, Brailovskaia, Bieda, Zhang & Margraf, 2016; Milanovich, Ayukawa, Usyatynsky, Holshausen & Bowie, 2018).

Esses resultados pressupõem que os participantes que apresentavam uma crença diminuída quanto a empreender uma resposta de enfrentamento eficaz frente à doença ou que se sentiam incapazes de exercer algum controle sobre aspectos percebidos como potencialmente ameaçadores no tratamento apresentavam indicadores mais elevados de ansiedade e depressão.

Em um contexto de saúde, o sofrimento psíquico deriva de uma sensação de incapacidade para lidar comportamental e cognitivamente com ameaças potenciais e isso envolve particularmente o senso de autoeficácia e percepção de controle do indivíduo sobre os estressores a que está submetido. Nessa perspectiva, uma pessoa que acredita ter a capacidade de exercer um posicionamento ativo frente a uma situação aversiva apresentará menor vulnerabilidade emocional do que outro que não acredita nesta possibilidade, ainda que os dois estejam expostos ao mesmo estímulo aversivo (Bandura, 1988; Williams, 1995). Estes dados apoiam a hipótese de que, em um tratamento de câncer, o senso de autoeficácia pode ser um mediador fundamental para o enfrentamento ativo dos estressores inerentes à vivência do diagnóstico e consequentemente ao desenvolvimento de recursos de ajustamento que sejam protetores à saúde mental (Merluzzi, Philip, Heitzmann, Liu, Yang & Conley, 2018).

Milanovich et al. (2018) destacam que a esquiva de atividades desafiadoras pode ocasionar redução significativa de comportamentos de persistência para o ajustamento, reduzindo também a oportunidade de exercitar e desenvolver as habilidades necessárias para se estabelecer um senso de domínio sobre os acontecimentos estressores, levando assim a enfraquecimento das crenças de autoeficácia e ampliando o desengajamento em atividades funcionais e sociais do cotidiano que por fim agravam a vulnerabilidade emocional do indivíduo.

Neste estudo, pacientes com maior tempo de tratamento e maior índice de escolaridade apresentaram maiores indicadores de autoeficácia. Um estudo realizado por Nejad et al. (2015) encontrou resultados semelhantes: para esses pesquisadores, um maior nível de escolaridade confere ao indivíduo mais autonomia e acesso a informações associadas ao seu tratamento, maior consciência dos seus direitos e busca de apoio social, nesse caso é possível também observar que o tempo de tratamento pode favorecer o ajustamento psicossocial à medida que o indivíduo passa a ser educado para lidar com o tratamento de saúde adquirindo informações e estratégias necessárias para um maior senso de autoeficácia para lidar com a doença e seus estressores. De acordo com Bandura (1997), uma vez que crenças de eficácia são formadas e estabelecidas durante longos períodos de tempo e com base em uma grande quantidade de informações, há uma maior possibilidade de manutenção dessas crenças e dos comportamentos associados, o que poderia explicar essa associação positiva entre tempo de diagnóstico e senso de autoeficácia.

Mais uma vez, os dados deste estudo sugerem que a sensação de controle parece ser um fator importante para o ajuste a enfermidades crônicas influenciando a qualidade de vida e atuando como um amortizador do impacto emocional e das incertezas do processo de adoecimento, no entanto outros fatores devem ser considerados em futuros estudos.

A presença de metástase oncológica pode ser um estressor importante e influenciar negativamente a qualidade de vida dos pacientes (Acosta, Jablonski, Horta, Sousa & Silva, 2003; Warren, 2010; Hernández et al., 2012). Autores ressaltam maiores riscos de depressão, especialmente entre os que apresentaram piora em seus aspectos físicos e estado geral de saúde associados a outras vulnerabilidades como isolamento, ausência de suporte social ou história anterior de transtornos mentais (Dauschy, Dolbeault & Reich, 2013). No presente estudo, pacientes com metástase não apresentaram indicadores de depressão e ansiedade mais significativos do que pacientes sem metástase. Outros aspectos podem ter contribuído para este resultado, tais como confiança na equipe de saúde, suporte social adequado, suporte psicológico precoce, sintomatologia presente no momento da entrevista ou características pessoais dos participantes.

Um aspecto interessante nesta pesquisa foi a evidência de um menor índice de depressão em pacientes que relataram ter um(a) companheiro(a). Resultados similares foram encontrados em um estudo realizado por Silva et al. (2014), no qual os participantes que apresentaram baixos níveis de depressão eram casados, tendo então um apoio familiar e social. Estes resultados demonstram a interferência positiva do apoio afetivo no enfrentamento do câncer. A situação conjugal provavelmente influencia a situação de saúde do paciente oncológico, uma vez que a presença do(a) companheiro(a) pode promover apoio social, reduzir os efeitos do estresse e auxiliar na continuidade do tratamento e na sobrevida (Hisse et al., 2014).

Apesar dos elevados indicadores de autoeficácia observados neste estudo e de sua provável relação com menores indicadores de ansiedade e depressão, futuras investigações serão necessárias para esclarecer os fatores que podem favorecer a construção de crenças de autoeficácia elevada em pacientes oncológicos.

 

CONCLUSÃO

Observam-se níveis elevados de autoeficácia em pacientes sob tratamento oncológico. Níveis mais elevados de autoeficácia geral estão relacionados a indicadores menores de ansiedade e depressão. A presença de metástase não está diretamente relacionada a maiores indicadores de ansiedade e depressão. Estar em um relacionamento conjugal mostra-se relacionado a menores indicadores de depressão.

 

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Endereço para correspondência
E-mail: randolfojr@gmail.com

 

 

1Programa de Aprimoramento Profissional, Modalidade de Ensino Especialização Lato Sensu, na Área de Psicologia da Saúde – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP, Brasil.
2Fundação Faculdade Regional de Medicina – FUNFARME/Hospital de Base de São José do Rio Preto, Brasil.

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