EDITORIAL

Este número da Revista PSICOLOGIA USP traz artigos de temática variada com predomínio, no entanto, de tópicos relativos à Psicologia Clínica, sobretudo à Psicanálise. Esta, porém, não é matéria unívoca. Se pode ser transformada numa técnica com intenção curativa não deixa, ao mesmo tempo, de permitir e solicitar o jogo da interpretação e do desvendamento. Afinal, ela trata da natureza e da constituição da subjetividade humana, temas que despertam paixão e reflexão. É assim que a Psicanálise não pode prescindir da Filosofia, não só para explicar-se a si mesma como para encontrar os conceitos dos quais se apropria. Essa matriz faz com que a Psicologia Clínica esteja sempre no limite do conhecimento de caráter cientifico e dos enigmas que envolvem as trocas do Eu e do Outro. Os textos refletem estas tendências e sugerem que as perguntas sobre o Ser do homem não perderam o poder de seduzir. São respostas produzidas em tons diferentes, tratando da Consciência e do Inconsciente, da Subjetividade e da Intersubjetividade, do desejo e do desconhecimento do desejo, modos diversos de retratar e constatar a complexidade do campo onde se trata de explicar as ações e reações humanas.