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Psicologia USP

On-line version ISSN 1678-5177

Psicol. USP vol.7 no.1-2 São Paulo  1996

 

ARTIGOS ORIGINAIS

 

Fim dos estudos universitários: efeitos das dificuldades do mercado de trabalho na representação do futuro profissional e no estabelecimento de projetos pós-universitários dos estudantes1

 

End of university studies - effects of the work market constraints on the professional future representation and setting up of students post-university projects

 

 

Katia Maria Costa Neiva

Departamento de Psicologia - Universidad Iberoamericana - México

 

 


RESUMO

O presente estudo se refere aos efeitos psicológicos provocados pelas dificuldades do mercado de trabalho em estudantes no fim do curso universitário. Ele compara a representação do futuro profissional e os projetos pós-universitários de 263 estudantes pertencentes a dois grupos distintos: os que se preparam para profissões com um bom mercado de trabalho (GMTB) e os que se preparam para profissões com um fraco mercado de trabalho (GMTF). Os estudantes do GMTF, quando comparados com os do GMTB, estimaram menos ofertas de emprego para sua profissão e menos chances de exercê-la logo após a formatura. Estimaram também uma menor probabilidade de realizar o primeiro projeto pós-universitário. Entretanto, estes estudantes previram menos tempo para iniciar o exercício profissional, mostraram-se mais decididos quanto ao projeto pós-universitário e à futura atividade profissional e fizeram mais projetos de inserção profissional imediata.

Descritores: Mercado de trabalho. Universitários. Futuro. Profissões. Desemprego.


ABSTRACT

The present study refers to the psychogical effects provoked by work market constraints on brazilian students finishing university studies. Its compares professional future representation and post-university projects of 263 students from two distinct groups: those preparing themselves for professions having a lot of opportunities in the work market (GMTB and those preparing themselves for professions having few opportunities (GMTF). As supposed, GMTF’s students, compared with GMTB’s, estimated less job offers to their professions and fewer chances of working in it just after graduation. They also estimated less probability of accomplishing the first post-university project, foresseing more difficulties in achieving it and believing more in the possibility of changing it. Nevertheless, these students presented some non expected attitudes: they showed themselves more decided about the post-university projects and the future professional activity and they made more plans of working immediately. We concluded that, in spite of the fact that the GMTF’s students have a more pessimistc professional future representation than GMTB’s, they presented positive attitudes that could help them face more easily the work market constraints.

Index terms: Work market. College students. Future. Occupations. Behavior. Unemoloyment.


 

 

A maioria dos trabalhos sobre as consequências psicológicas do desemprego, tanto os realizados nos anos 30 (Jahoda et al., 1933) como os mais atuais (e.g., Kaufman, 1982; Furnham, 1985; O'Brien, 1986), apontam evidências de que a experiência de desemprego afeta o bem-estar psicológico dos indivíduos, provocando reações e sintomas adversos. Observou-se, entre outros efeitos, que os desempregados têm tendência a apresentar uma menor auto-estima (Feather, 1982; Kaufman, 1982); desenvolver sintomas depressivos (Feather, 1982; Feather & Bond, 1983; Feather & O'Brien, 1986) e de apatia (Feather, 1982); estar menos satisfeitos com a vida (Kaufman, 1982; Feather & O'Brien, 1986); apresentar um nível inferior de motivação profissional (O'Brien & Kabanoff, 1979); diminuir sua capacidade de tomar decisões no âmbito profissional (Kaufman, 1982) e atribuir o desemprego sobretudo a causas externas (O'Brien & Kabanoff, 1979; Feather & Davenport, 1981; Feather, 1983; Feather & O'Brien, 1986).

Os resultados obtidos nos trabalhos acima mencionados conduziram à suposição de que a antecipação de um possível desemprego pudesse, igualmente, afetar estudantes universitários no final de seus estudos e na iminência do ingresso na vida profissional. Feather (1983) considera que algumas das reações observadas nos desempregados também ocorrem nos jovens estudantes que prevêem frustações no âmbito profissional. Kasl, Gore e Cobb (1975) constataram, junto a sujeitos informados de que seriam demitidos em breve, que a fase de antecipação do desemprego é tão estressante quanto a própria situação de desemprego.

O presente artigo apresenta parte dos resultados de uma pesquisa, que teve como objetivo estudar os efeitos ocasionados pelas dificuldades do mercado de trabalho sobre diferentes aspectos do comportamento de estudantes universitários (Neiva, 1990). A pesquisa foi realizada com estudantes cursando o último ano universitário, divididos em dois grupos: os que se preparavam para profissões com bom mercado de trabalho (GMTB) e os que se preparavam para profissões cujo mercado de trabalho era fraco (GMTF).

Neste artigo são apresentados os resultados relativos aos efeitos das dificuldades do mercado de trabalho sobre a representação da situação da profissão neste mercado, a representação do futuro profissional e o estabelecimento de projetos pós-universitários.

Segundo Huteau (1982, p.108), a representação é uma "construção mental relativa a um objeto (...) a um conjunto organizado de informações, de conhecimentos, de idéias, de atributos relacionados a este objeto." A representação "tem como propriedade a reconstrução do real pelo psiquismo (...) a partir de informações que o sujeito recebe do mundo que o circunda." (Ackah, 1988, p.9). A representação que um indivíduo tem da situação de sua futura profissão no mercado de trabalho e do seu futuro profissional é o resultado de um conjunto de informações adquiridas através da mídia (jornais, revistas, televisão) do meio que o circunda (amigos, família, professores) e de sua experiência pessoal, que são selecionadas e estocadas por ele.

Estas representações são moduladas por certos fatores como sexo, nível sócio-econômico, nível de competência escolar etc. Feather (1983) constatou que os rapazes, comparados com as moças, estimam mais possibilidades de encontrar emprego ao acabar os estudos, consideram o trabalho como mais importante e afirmam ter mais necessidade de trabalhar. Resultados similares foram encontrados quando comparou alunos de escolas privadas com alunos de escolas públicas. Observou também que os sujeitos com um nível mais alto de competência escolar prevêem maiores possibilidades de encontrar emprego ao acabar os estudos.

Um dos objetivos desta investigação foi verificar se a variável "mercado de trabalho" afeta tais representações. Sabendo-se que o mercado de trabalho difere sensivelmente de uma profissão a outra, supôs-se que os estudantes universitários que se preparavam para profissões cujo mercado de trabalho é fraco, quando comparados com aqueles que se preparavam para profissões com um bom mercado de trabalho, tivessem tendência a estimar menos ofertas de emprego para sua profissão, menos possibilidades de encontrar um emprego ao acabar os estudos e mais tempo para iniciar o exercício profissional e se estabelecer na profissão. A hipótese era de que estes estudantes tivessem uma representação mais "pessimista" do futuro profissional.

Os projetos pós-universitários constituem o segundo aspecto importante examinado nesta pesquisa. Segundo a corrente desenvolvimentista defendida, entre outros, por Super e Bohn Jr. (1970), Pelletier, Bujold e Noiseux (1979), a decisão profissional se estende ao longo da vida e passa por diferentes fases. Estudou-se, nesta pesquisa, a fase que corresponde ao fim dos estudos universitários que, segundo a classificação de Super e Bohn Jr. (1970), corresponde ao fim da fase de exploração e ao começo da fase de instalação. Este momento, descrito por estes autores como o período da experiência, implica um contato mais direto com a realidade profissional. Isto permite ao indivíduo uma reavaliação de seu projeto profissional inicial, assim como a elaboração de projetos pós-universitários. É exigida então do sujeito a tomada de novas decisões como, por exemplo, continuar os estudos ou inserir-se profissionalmente. No primeiro caso, ele terá que escolher o tipo e a área de estudos, no segundo caso, o tipo de emprego e a área profissional específica em que deseja trabalhar.

Vale ressaltar que nesta pesquisa foram estudados somente os projetos pós-universitários em nível escolar e profissional. No nível escolar foram considerados como possíveis os seguintes projetos: continuar os estudos fazendo um curso de especialização, um mestrado ou um doutorado ou fazer um outro curso universitário. No nível profissional, os projetos possíveis foram procurar um emprego na profissão escolhida ou procurar um emprego qualquer.

Vários aspectos ligados aos projetos pós-universitários foram examinados, por exemplo: o nível de decisão com respeito aos projetos pós-universitários em geral e à atividade específica de trabalho; os projetos escolhidos e aquele designado para ser realizado em primeiro lugar (primeiro projeto); a possibilidade estimada de realizá-lo; a previsão de dificuldades para realizá-lo e a possibilidade de vir a modificá-lo.

Em função dos resultados obtidos por Kaufman (1982), esperou-se que os sujeitos do GMTF se mostrassem menos decididos que os sujeitos do GMTB, quanto ao projeto pós-universitário e à futura atividade profissional. Quanto ao tipo de projeto escolhido, supôs-se que o fato de ter menos ofertas de emprego levasse os sujeitos do GMTF a escolher menos que os do GMTB o projeto de procurar um emprego na profissão. Eles teriam mais tendência a escolher projetos escolares. A idéia é que a continuação dos estudos adiaria a inserção profissional, permitindo não só adquirir um nível de formação mais elevado, que facilitaria enfrentar a concorrência do mercado de trabalho, mas também jogar com a possibilidade de um reaquecimento do mercado.

Quanto ao projeto escolhido para ser realizado em primeiro lugar, supôs-se que os estudantes do GMTF previssem menos possibilidades de realizá-lo, mais dificuldades para sua realização e mais possibilidades de vir a modificá-lo. Os estudos sobre atribuição causal (e.g., Feather & Davenport, 1981; Feather, 1983; Feather & O'Brien, 1986) levaram a supor que os estudantes do GMTF apontassem mais dificuldades externas que internas para a realização do primeiro projeto, assim como mais causas externas que internas para justificar a possibilidade de vir a modificá-lo.

A variável mercado de trabalho foi considerada a variável independente central deste estudo. Não se encontraram na literatura trabalhos que estudassem seus efeitos, o que dificultou formular uma fundamentação teórica mais consistente. Os estudos realizados junto a desempregados serviram de base para a formulação de muitas das hipóteses acima mencionadas. Verificou-se importante examinar, concomitantemente, os efeitos de duas outras variáveis: sexo e área do curso universitário (Ciências Humanas e Ciências Exatas).

 

DELINEAMENTO DA PESQUISA

A - POPULAÇÃO E AMOSTRA

A amostra estudada foi extraída de uma população de estudantes universitários inscritos em 1986 e 1987 em alguns cursos da Universidade Federal da Bahia. A escolha da população foi determinada por dois fatores: a área do curso (Ciências Exatas e Ciências Humanas) e o mercado de trabalho (bom ou fraco) da profissão correspondente ao curso.

A amostra era constituída por dois grupos distintos: estudantes que se preparavam para profissões com um bom mercado de trabalho (GMTB) e estudantes que se preparavam para profissões com um fraco mercado de trabalho (GMTF). Para determinar as profissões que fariam parte de cada um destes grupos foi realizado um estudo do mercado de trabalho na cidade de Salvador (Neiva, 1987). A partir deste estudo constituiu-se uma amostra de estudantes universitários dos seguintes cursos:

GMTB: Engenharia Química (C. Exatas), Engenharia Elétrica (C. Exatas) e Administração de Empresas (C. Humanas).

GMTF: Engenharia Civil (C. Exatas), Psicologia (C. Humanas) e Ciências Sociais (C. Humanas).

Os estudantes que participaram da pesquisa cursavam o último semestre dos referidos cursos, em agosto de 1986 ou em agosto de 1987. Eles responderam ao questionário no momento da inscrição semestral.

A porcentagem de estudantes que participou efetivamente da pesquisa foi de 73%. Os cortes de 86 e de 87 eram compostos de 152 e 111 estudantes, respectivamente. Participaram 263 estudantes. A repartição dos sujeitos de acordo com o sexo e o curso frequentado encontra-se na Tabela 1.

 

 

Constatou-se uma frequência maior de homens que de mulheres (0.63 contra 0.37), de estudantes de C. Exatas que de estudantes de C. Humanas (0.65 contra 0.35) e de estudantes do GMTF que do GMTB (0.62 contra 0.38). Observou-se que há uma predominância masculina nos cursos de C. Exatas e uma predominância feminina nos cursos de C. Humanas.

B. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS

1. Representação

Estudou-se a representação que esses estudantes faziam de duas situações específicas: da situação de sua futura profissão no mercado de trabalho e do futuro profissional.

Para estudar a representação da situação da futura profissão no mercado de trabalho, utilizou-se a seguinte questão: "Tendo em conta o estado atual do mercado de trabalho você considera que as ofertas de emprego para a sua profissão são: a) bem elevadas; b) razoavelmente elevadas; c) moderadas; d) fracas; e) praticamente inexistentes".

Esperou-se que o GMTF estimasse menos ofertas de emprego que o GMTB, o que indicaria uma representação realista da situação do mercado de trabalho. De acordo com resultados obtidos anteriormente (e.g., Feather, 1983) esperou-se também que as moças estimassem menos ofertas de emprego que os rapazes.

No final do curso universitário os estudantes já têm construída uma representação do seu futuro profissional. Vários aspectos que compõem esta representação foram examinados, supondo-se que os estudantes mais sujeitos às dificuldades do mercado de trabalho (GMTF) tivessem uma representação mais "pessimista" do futuro profissional que aqueles menos sujeitos a tais dificuldades (GMTB). Os aspectos examinados foram:

1.1 Estimativa das chances de exercer a profissão logo após a formatura

A questão utilizada foi: "Considerando a situação atual do mercado de trabalho e as suas possibilidades pessoais, suas chances de exercer a profissão imediatamente após o término do curso são: a) bem grandes; b) grandes; c) médias; d) poucas; e) nenhuma".

Devido à situação dos estudantes do GMTF e a resultados de outros estudos (Feather & O'Brien, 1986), esperou-se que estes estimassem menos chances de exercer a profissão, logo após a formatura, que os estudantes do GMTB. Esperou-se também que as moças estimassem menos chances que os rapazes.

Examinou-se ainda, junto aos estudantes que estimaram chances medianas ou reduzidas, a que fator atribuíam esta previsão. Utilizou-se a seguinte pergunta: "Se você considerou que suas chances são médias ou reduzidas, qual dos fatores abaixo mencionados mais contribuiu para que você fizesse esta previsão? a) suas possibilidades financeiras e materiais; b) seu desempenho escolar; c) seu nível de conhecimento prático e teórico da profissão; d) a situação do mercado de trabalho; e) outro fator como:.......". As pesquisas sobre atribuição causal do desemprego (e.g., O'Brien & Kabanoff, 1979; Gurney, 1981; Feather, 1983; Feather & O'Brien, 1986) levaram a supor que os estudantes do GMTF, mais que os do GMTB, teriam tendência a atribuir esta previsão a aspectos externos, em especial às dificuldades do mercado de trabalho.

1.2 Previsão do tempo para o início do exercício profissional e para o estabelecimento na profissão

Duas perguntas foram utilizadas para obter estas previsões: 1) "Dentro de quanto tempo você pensa iniciar sua carreira profissional nesta profissão? a) você já começou sua carreira profissional nesta profissão; b) Dentro de 6 meses a 1 ano; c) dentro de 2 anos; d) dentro de 5 anos; e) você não sabe"; 2) "Dentro de quanto tempo você acredita que poderá se considerar estabelecido profissionalmente? a) dentro de 2 anos; b) dentro de 5 anos; c) dentro de 10 anos; d) dentro de 15 anos ou mais".

Esperou-se que existisse uma correlação relativamente forte entre estas duas variáveis, supondo que os estudantes que previssem pouco tempo para o início profissional, previssem também um menor tempo para o estabelecimento profissional. Além disso, supôs-se que a situação dos estudantes do GMTF fizesse com que estes estimassem ser necessário um maior tempo para iniciar e para se estabelecer na profissão, quando comparados com os do GMTB.

2. Projetos pós-universitários

Foram estudados dois tipos de projetos pós-universitários: projetos escolares e profissionais, dos quais foram examinados os aspectos apresentados a seguir.

2.1 Nível de decisão

Dois tipos de decisão foram estudadas: a) a decisão relativa ao(s) projeto(s) pós-universitário(s); b) a decisão relativa à atividade profissional na qual os sujeitos pretendiam trabalhar.

a) Decisão relativa ao(s) projeto(s) pós-universitário(s). Três perguntas foram utilizadas para atender a este objetivo : 1) "Você já definiu o que você vai fazer após terminar o curso universitário? a) Sim; b) Não; c) Você está em dúvida"; 2) "Quais dos projetos profissionais ou escolares abaixo apresentados você pensa ou gostaria de realizar após o curso universitário? a) continuar os estudos, fazendo um curso de especialização, mestrado ou doutorado; b) fazer outro curso universitário; c) procurar um emprego na profissão; d) procurar um emprego qualquer; e) outros projetos como........."; 3) "Qual dos projetos escolhidos na lista acima é o que você pretende realizar em primeiro lugar?

Devido à situação do GMTF e a estudos anteriores (Kaufman, 1982), esperou-se encontrar neste grupo, comparando-o com GMTB, uma menor porcentagem de estudantes já decididos por um projeto. Além disso, a expectativa era de que o projeto "procurar um emprego na profissão" seria escolhido menos pelos sujeitos desse grupo que do outro. Em contrapartida eles escolheriam, mais que os do outro grupo, o projeto de "continuar os estudos" fazendo um curso de especialização ou de pós-graduação, ou até mesmo um outro curso universitário. Esperou-se também que os estudantes do GMTF tivessem mais tendência que os do GMTB a escolher, como primeiro projeto a realizar, o projeto de continuação dos estudos.

b) Decisão relativa à atividade profissional. Duas questões foram utilizadas para estudar esta decisão : 1) "Você já escolheu a área de trabalho ou atividade profissional na qual você pretende trabalhar? a) Sim. Qual?............... Por que você fez esta escolha?............... b) Não; c) Você está em dúvida"; 2) "Se você não escolheu ou está em dúvida precise o motivo principal: a) falta de informação sobre as atividades existentes dentro da profissão; b) dificuldade de determinar seus interesses; c) dificuldade de se posicionar face às perspectivas do mercado; d) outros motivos como......".

Supôs-se também que a porcentagem de estudantes decididos quanto à futura atividade profissional fosse menor no GMTF que no GMTB. No caso dos sujeitos que já haviam escolhido uma atividade profissional, foram comparados os motivos que determinaram essa escolha. Esperou-se que os estudantes do GMTF tivessem utilizado, mais que os do GMTB, para justificar sua escolha, motivos externos como o fato da atividade escolhida oferecer mais possibilidades de trabalho ou mais vantagens financeiras e materiais. A escolha destes sujeitos representaria uma forma de enfrentar as dificuldades do mercado. Por outro lado, os estudantes do GMTB tomariam mais em conta, na escolha da futura atividade, razões pessoais internas do tipo interesse, habilidade, nível de conhecimento prático e teórico etc.

No caso dos sujeitos que estavam em dúvida ou não haviam escolhido uma atividade profissional, esperou-se que a razão "dificuldades do mercado de trabalho" fosse mais apontada pelos estudantes do GMTF que do GMTB.

2.2 Primeiro projeto

Com relação ao projeto escolhido para realizar em primeiro lugar, chamado "primeiro projeto", foram formuladas diferentes questões: 1) "Você acredita que terá dificuldades para realizá-lo? a) Sim; b) Não"; 2) "Se você respondeu sim, qual a maior dificuldade que você imagina encontrar na sua realização? a) dificuldades financeiras e materiais; b) dificuldades relacionadas ao seu desempenho escolar; c) dificuldades provenientes da situação do mercado de trabalho; d) dificuldades provenientes do seu nível de conhecimento prático ou teórico; e) outras dificuldades como:..........."; 3) "Qual a probabilidade de você vir a realizá-lo? a) menos de 20%, b) de 20 a 40%, c) de 40 a 60%, d) de 60 a 80%. e) mais de 80%"; 4) "Você acredita que poderá vir a ser obrigado a modificá-lo? a) Sim. Por qual motivo?..........., b) Não".

Esperou-se que os estudantes do GMTF, comparados aos do GMTB, considerassem menos provável a realização do primeiro projeto e previssem mais dificuldades para a sua realização, sobretudo no caso dos estudantes que escolheram como primeiro projeto "procurar um emprego na profissão". Esperou-se ainda que os estudantes do GMTF previssem mais dificuldades externas que internas.

Quanto à possibilidade de vir a modificar o primeiro projeto, supôs-se que os estudantes do GMTF acreditassem nela mais que os do GMTB. Esperou-se, também que as razões apresentadas pelos sujeitos do GMTF para justificar uma possível modificação seriam ligadas à situação do mercado de trabalho.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A - REPRESENTAÇÃO

1. Representação da situação da profissão no mercado de trabalho

Este aspecto foi estudado através da estimativa das ofertas de emprego. A Tabela 2 indica uma distribuição relativamente normal das respostas dos sujeitos a esta questão.

 

 

Observamos que os rapazes têm tendência a estimar mais ofertas de empregos que as moças (χ2 = 15.45; α < 0.004); os estudantes de C. Exatas mais que os de C. Humanas (χ2 = 13.00; α < 0.01); os estudantes do GMTB bem mais que os do GMTF (χ2 = 107.76; α <0.0001)

A diferença entre os dois sexos, além de confirmar resultados anteriores (Feather, 1983), refletiu a realidade do mercado de trabalho brasileiro, cuja tendência é ser mais difícil para as mulheres. A forte associação observada com respeito à variável mercado de trabalho confirmou nossa hipótese. Ela indica que os estudantes percebem corretamente a situação de sua profissão no mercado de trabalho. Pode-se considerar que eles têm uma representação realista desta situação.

2. Representação do futuro profissional

2.1 Estimativa das chances de exercer a profissão logo após a formatura

A Tabela 3 mostra que os estudantes estimaram como relativamente fortes as chances de exercer a profissão logo após o final do curso.

 

 

A estimativa dos estudantes diferiu segundo as três variáveis estudadas. Os rapazes estimaram chances mais altas que as moças (χ2 =9.79; α <0.04). Os alunos de C. Exatas mais que os de C. Humanas (χ2 =16.16; α <0.003) e finalmente os estudantes do GMTB mais que os do GMTF (χ2 =8.66; α <0.07). Uma vez mais, a diferença entre moças e rapazes se evidenciou. Um fator importante que poderia também explicar esta estimativa inferior por parte das moças é o fato de que a formatura muitas vêzes coincide com o momento do casamento, onde muitas mulheres abandonam definitiva ou temporariamente a vida profissional. A representação mais pessimista do futuro profissional por parte dos estudantes do GMTF foi observada, como se supunha, embora em níveis de significância não tão importantes quanto os observados nas outras relações.

Os fatores mais apontados pelos estudantes que estimaram ter chances moderadas ou reduzidas de exercer a profissão logo após a formatura, para justificar sua estimativa foram: as possibilidades do mercado de trabalho (59.5%); o nível de conhecimentos práticos e teóricos (15.5%); as dificuldades financeiras e materiais (12,1%).

Observou-se, como esperado, que 37.7% dos estudantes do GMTF, contra 26% do GMTB, estimaram poucas chances de exercer a profissão logo após o fim do curso. Entretanto, se supunha que os sujeitos do GMTF, mais que os do GMTB, atribuíssem esta estimativa às dificuldades do mercado de trabalho. Isto não foi verificado; a porcentagem de sujeitos de cada grupo que atribuiu a baixa estimativa aos problemas do mercado é comparável.

2.2 Previsão do tempo para o início do exercício profissional e para o estabelecimento na profissão

A única das variáveis independentes que afeta estas previsões é a variável "mercado de trabalho". O comportamento dos grupos GMTF e GMTB difere nitidamente em função da previsão a ser feita. Ao contrário do que se esperava, os estudantes do GMTF previram menos tempo que os do GMTB para iniciar o exercício da profissão (χ2 =5.67; α <0.06). Além disso, uma porcentagem mais alta do primeiro grupo declarou já estar trabalhando na profissão (61.7% contra 49.45%). Entretanto os estudantes do GMTF estimaram mais tempo que os do GMTB para se estabelecerem profissionalmente (χ2 =8.19; α <0.02). Observou-se assim uma fraca correlação entre estas duas estimativas (r =0.11).

Estes resultados nos levaram a supor que os estudantes do GMTF, embora façam uma previsão otimista da inserção profissional, têm consciência das ofertas reduzidas, da qualidade e instabilidade dos empregos disponíveis, da forte concorrência... e por isso prevêem mais tempo para o estabelecimento profissional.

B - PROJETOS PÓS-UNIVERSITÁRIOS

1. Nível de decisão

Os dois aspectos examinados - a decisão relativa ao projeto pós-universitário e a decisão relativa à atividade profissional - são fortemente associados (χ2 =30.70; α <0.0001), o que indicou que os estudantes que estavam decididos em relação ao projeto pós-universitário geralmente também estavam decididos em relação à futura atividade profissional.

1.1 Decisão relativa ao(s) projetos(s) pós-universitário(s)

Uma grande parte dos estudantes (78.14%) já havia escolhido pelo menos um projeto pós-universitário, 19.8% estavam em dúvida e somente 2.0% ainda não haviam escolhido. Embora esta decisão fosse independente do sexo e da área do curso, ela estava ligada às possibilidades do mercado de trabalho (χ2 =7.28; α <0.01). Ao contrário do que se esperava, encontrou-se um maior número de estudantes decididos no GMTF do que no GMTB. Com este resultado, a hipótese inicial foi reformulada. Passou-se a supor que o fato de ter possibilidades reduzidas no mercado de trabalho provoque a tomada de decisão ao invés de dificultá-la. Os estudantes que se vêem face a um mercado de trabalho reduzido têm tendência a decidir-se mais rapidamente, como uma forma de ganhar terreno em relação aos indecisos e assim aumentar suas chances de concorrer no mercado.

Os projetos mais mencionados pelos estudantes foram: procurar um emprego na profissão (78.0%); continuar os estudos, fazendo um curso de especialização, um mestrado ou um doutorado (66.7%), fazer um outro curso universitário (26.8%); procurar um emprego qualquer (7.2%). Ao contrário do que se esperava, observou-se que os estudantes do GMTB escolheram mais que os do GMTF o projeto de fazer um outro curso universitário (χ2 =5.12; α <0.02). Em relação aos outros projetos escolhidos não há diferenças entre os dois grupos.

Constatou-se também que as moças preferem, mais que os rapazes, continuar os estudos em nível de pós-graduação (χ2 =10.55; α <0.0001). Este resultado pode estar relacionado com o fato de exigir-se dos rapazes, mais que das moças, engajamento profissional imediato, assim como independência financeira.

A área do curso também afeta a eleição dos projetos. Os estudantes de C. Humanas preferem, mais que os de C. Exatas, continuar os estudos (χ2 =6.34; α <0.01). Pode-se atribuir este resultado ao fato de os estudantes de C. Humanas expressarem mais motivações do tipo intelectual e moral (Neiva, 1990).

Analisando o projeto escolhido para ser realizado em primeiro lugar, também não foi observada diferença entre os dois grupos (GMTF e GMTB). A maioria dos estudantes tinha intenção de primeiro procurar um emprego na profissão (61.8% dos estudantes do GMTF e do GMTB). O segundo projeto mais escolhido foi o de continuar os estudos (25.7% do GMTB contra 20.39% do GMTF).

1.2 Decisão relativa à futura atividade profissional

A maioria dos estudantes já havia escolhido a futura atividade profissional (77.6%), 14.8% estavam indecisos e 7.6% não haviam tomado uma decisão. Aqui também observou-se mais estudantes do GMTF que do GMTB já decididos (χ2 =7.98; α <0.01), o que sustenta a interpretação formulada anteriormente. Esta decisão é também independente do sexo e da área do curso.

Não foram encontradas diferenças significativas, entre os dois grupos estudados, quanto às razões apresentadas para justificar a escolha da atividade à qual pretendiam dedicar-se. Entretanto, verificou-se sistematicamente que uma porcentagem mais alta de estudantes do GMTF, comparada ao GMTB, justificou sua escolha através de razões externas: "oferecer mais mercado de trabalho" (8.62% contra 3.33%); "oferecer mais vantagens financeiras" (4.3% contra 0%), o que denota uma certa coerência com a hipótese inicial.

Os indecisos justificaram sua posição sobretudo através da seguintes razões: dificuldade de escolher devido aos problemas do mercado de trabalho (48.2%); dificuldade em definir os interesses (28.6%); falta de informação sobre as atividades profissionais (10.7%). Como se supunha, os estudantes do GMTF, mais que os do GMTB, atribuíram sua indecisão aos problemas do mercado de trabalho (52% contra 38%). Por outro lado, estes últimos, mais que os primeiros, atribuíram sua posição a dificuldades pessoais em definir seus próprios interesses (29% contra 14%).

2. Primeiro projeto

Com relação à probabilidade estimada pelos estudantes de realizar o primeiro projeto (projeto escolhido para realizar logo após a formatura), constatou-se que as porcentagens de respostas aumentavam com a probabilidade estimada; 10.3% estimaram menos de 40% de probabilidade; 25.3% estimaram de 40 a 60%; 27.8% estimaram de 60 a 80% e 37.5% estimaram mais de 80% de probabilidade. Os estudantes do GMTF estimaram menos provável realizar o primeiro projeto (χ2 =7.83; α <0.05) e os de C. Humanas menos que os de C. Exatas (χ2 =9.63; α <0.03). Esta estimativa é independente do sexo.

Previa-se estudar à parte a probabilidade estimada pelos estudantes que tivessem escolhido como primeiro projeto a procura de um emprego na profissão. Como a grande maioria fez justamente esta escolha, esta análise diferenciada se tornou desnecessária.

48% dos estudantes previram dificuldades para realizar este primeiro projeto. As moças mais que os rapazes (χ2 =5.38; α <0.02), os estudantes de C. Humanas mais que os de C. Exatas (χ2 =19.63; α <0.0001) e os estudantes do GMTF mais que os do GMTB (χ2 =5.49; α <0.02). As dificuldades mais cogitadas foram: dificuldades do mercado de trabalho (42.4%); dificuldades financeiras e materiais (21.2%); dificuldades provenientes do nível de conhecimento teórico e prático (13.6%). Como esperado, os estudantes do GMTF previram, mais do que os do GMTB, dificuldades em nível do mercado de trabalho (46.3% contra 33.3%) e dificuldades financeiras e materiais (24.4% contra 13.9%). Por sua vez, os últimos previram, mais do que os primeiros, dificuldades provenientes do nível de conhecimentos (25% contra 8.54%).

Uma porcentagem razoável de sujeitos (42.6%) acreditava na possibilidade de vir a modificar esse primeiro projeto. Como se supunha, os estudantes com possibilidades reduzidas de mercado de trabalho acreditavam, mais que os outros, nesta possibilidade (χ2 =7.32; α <0.007). Prevendo mais dificuldades que os estudantes do GMTB para realizar um primeiro projeto, os estudantes do GMTF acreditavam consequentemente, mais que estes outros, na possibilidade de vir a modificá-lo. Não se observou associação significativa no que diz respeito ao sexo e à área do curso. Quanto às razões apresentadas para justificar uma eventual modificação, observamos que os estudantes do GMTF apontaram, mais que os do GMTB, razões financeiras e materiais (28.6% contra 6.7%) enquanto que estes últimos apontaram, mais que os primeiros, a razão "possibilidade de encontrar um projeto mais interessante" (23.3% contra 4.3%).

 

CONCLUSÃO

A maior parte dos resultados indica que as dificuldades do mercado de trabalho afetam negativamente os estudantes universitários que se preparam para profissões cuja situação no mercado é desfavorável. Constatou-se que os estudantes do GMTF estimam menos ofertas de emprego para sua profissão que os do GMTB. Isto indica que os estudantes do GMTF têm uma percepção "realista" da situação de sua profissão neste mercado. A representação que eles têm do futuro profissional tende a ser mais "pessimista" que a dos estudantes do GMTB. Eles estimam menos chances de exercer a profissão logo após a formatura, prevêem mais tempo para se estabelecer na profissão e estimam uma menor probabilidade de realizar o primeiro projeto pós-universitário, que para a maioria é o projeto de procurar um emprego na profissão. Prevêem também mais dificuldades para realizar o referido projeto e acreditam mais na possibilidade de vir a modificá-lo.

Observou-se ainda uma tendência destes estudantes, comparados aos do GMTB, a prever mais dificuldades externas que internas para a não realização deste primeiro projeto, assim como a atribuir sobretudo a razões externas a possibilidade de vir a modificá-lo. Estes resultados confirmam as hipóteses formuladas e vão no mesmo sentido dos observados por alguns estudos realizados com desempregados (e.g., Feather & Davenport, 1981; Feather, 1983; Feather & O'Brien, 1986).

Constatou-se, assim, que algumas das relações observadas com desempregados em diferentes estudos também ocorrem com estudantes universitários sujeitos a possibilidades de vir a não encontrar emprego após a formatura. Feather (1983) já havia feito esta constatação junto a estudantes de segundo grau que previam frustrações no âmbito profissional.

Entretanto, os estudantes do GMTF apresentam alguns comportamentos contrários ao esperado. Por exemplo, eles prevêem menos tempo que os do GMTB para iniciar o exercício profissional; fazem mais projetos para uma inserção profissional imediata - inclusive, uma porcentagem maior de estudantes deste primeiro grupo afirma já estar trabalhando na profissão. Além disso, se esperava observar um efeito negativo sobre o nível de decisão, como foi evidenciado por Kaufman (1982) junto a desempregados. Constatou-se exatamente o efeito contrário: os estudantes do GMTF se mostram mais decididos que os do GMTB em relação ao projeto pós-universitário e à futura atividade profissional.

Estes resultados levam à suposição de que a preocupação destes estudantes com o futuro profissional os faça ingressar no mercado mais cedo, ou planejar esta inserção como prioritária. Esta mesma preocupação os impulsionaria a tomar decisões relacionadas com o futuro profissional. Antecipando as dificuldades que vão encontrar e a possibilidade de desemprego, eles apresentam comportamentos que podem ajudá-los a enfrentar tais dificuldades ou dar-lhes algumas vantagens na dura concorrência do mercado. Por exemplo, é mais fácil entrar no mercado de trabalho como estagiário ou num cargo inferior e no momento da formatura ser reclassificado. Além disso, quanto maior for a experiência profissional maiores serão as possibilidades no mercado de trabalho. O tempo de experiência tem se tornado um requisito fundamental em seleção de pessoal.

É interessante constatar que, apesar dos estudantes do GMTF terem consciência das dificuldades que vão enfrentar e terem tendência a se representar o futuro profissional de forma pessimista, eles mostram algumas reações positivas. Talvez aqui esteja a grande diferença entre a situação de desemprego e a de antecipação de um possível desemprego. Nesta última os sujeitos, mesmo prevendo dificuldades e reagindo negativamente a algumas situações, apresentam comportamentos que podem ser vistos como um esforço para enfrentar a situação desfavorável à qual se vêm submetidos e uma tentativa de prevenir uma futura situação de desemprego.

 

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1 Artigo baseado em tese de doutorado: La sortie de l'Université - Effets psychologiques des contraintes du marché de l'emploi sur des étudiants brésiliens à la fin de leur cycle d'études supérieures. Paris, 1990. 377p. Thèse (Doctorat) - Université Paris V.