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Psicologia USP

On-line version ISSN 1678-5177

Psicol. USP vol.16 no.3 São Paulo Sept. 2005

 

EDITORIAL

 

Temos o prazer de iniciar este número de Psicologia USP com um dossiê Jung, que traz aos leitores uma amostra da produção sul-americana referente à Psicologia Analítica. Os artigos que o compõem examinam o papel das imagens psíquicas na teorização jungiana, a relevância dos grupos vivenciais no processo de individuação, as peculiaridades do método jungiano de investigação e as contribuições recentes da interlocução entre a Psicologia Analítica e as neurociências. Além disso, sendo oriundos da articulação entre as atividades clínica e acadêmica por parte de seus autores, expressam a contribuição relevante que esse convívio traz para os estudiosos do pensamento de Carl Gustav Jung.

Mais quatro artigos e uma resenha fazem parte deste número. A temática da alteridade está presente nos três primeiros trabalhos, que incidem sobre questões relativas à amizade, à relação entre grau de sucesso e apreensão da cor da pele e à “ inclusão social”.

Inicialmente, são discutidos os efeitos da homogeneização de uma semântica da amizade pautada pela igualdade e familiaridade, em contraposição a uma concepção que enfatiza a possibilidade de abertura à alteridade e à imprevisibilidade nessa experiência, constituindo um ângulo de acesso privilegiado ao estudo do individualismo e da fragilidade dos laços sociais, evidenciados na contemporaneidade. O próximo artigo, seguindo os parâmetros fornecidos pelas novas teorias psicossociais sobre o racismo, discute os efeitos que a performance social e econômica produzem na percepção da cor da pele, no sentido de embranquecimento ou enegrecimento de seus portadores, por meio de uma pesquisa realizada em três capitais brasileiras localizadas em distintas regiões. O trabalho subseqüente aborda a inclusão social, tendo como foco o tratamento dispensado às crianças com necessidade especiais, e, por meio de uma pesquisa bibliográfica que abarca uma diversidade de métodos e de análise de dados, destaca as controvérsias que atravessam esse tema complexo e polêmico e enfatiza o alijamento em que são colocadas as pessoas com necessidades especiais, expresso nos trabalhos examinados, que prescindem, no geral, de seus depoimentos.

O último artigo examina a questão metodológica no âmbito da Psicologia Ambiental e, analisando as dificuldades trazidas pela interdisciplinaridade que lhe é inerente, defende a proposta de que sua articulação a um objeto integrado permitiria que a investigação e a intervenção ambientais produzissem saberes passíveis de convergência para um mesmo paradigma, resolvendo o problema colocado pela diferenças entre as disciplinas que participam desse campo interdisciplinar.

Finalmente, Resenha veicula questões pertinentes à sexualidade, no campo do trabalho antropológico, do ponto de vista de experiências relatadas por antropólogos na interação com membros das comunidades pesquisadas.

 

Ana Maria Loffredo