SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.19 issue1Women workers’ readingsThe alive letter of Ecléa Bosi author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Psicologia USP

On-line version ISSN 1678-5177

Psicol. USP vol.19 no.1 São Paulo Mar. 2008

 

ECLÉA BOSI

 

Campo de Terezin: o sonho como resistência1

 

The Terezin Camp: the dream as a resistance

 

Camp de Concentration: le rêve comme résistence

 

Campo de Terezin: el sueño como resistencia

 

 

Maria Inês Assumpção Fernandes2

Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP

 

 


RESUMO

Reflexão sobre “O Campo de Terezin”, de Ecléa Bosi, mostrando uma área de confinamento de judeus com contornos especiais. Erigido para abrigar pessoas notáveis, como cientistas, heróis de guerra e artistas, ganhou feições de uma cidade exuberante, para quem de fora vinha lhe visitar, sobretudo nas artes e nos esportes. Internamente, administrava-se o terror da definição de quem iria ser escolhido para sobreviver ou para morrer. Ler o texto é como sentir o pulsar da vida em seus encantos - a música, a vibração, a alegria - mas, fundamentalmente, experimentar seus horrores: a dor, o silêncio e a morte. Não é possível percorrer estas páginas sem perder o fôlego e partilhar com a autora a aflição dos seus atores.

Palavras-chave: Bosi, Ecléa. Campo de concentração. Encantos. Horrores. Sonho. Resistência.


ABSTRACT

A reflection on “O Campo de Terezin”, by Ecléa Bosi, which describes a confinement area with special characteristics for jewish people. Constructed to shelter notable people, as scientists, war heroes and artists, it gained features of an exuberant city for those who came from abroad to visit it, in arts and sports, above all. The terror of definition of who would be chosen to survive or die was managed internally. Reading her text was as we felt life pulsing in its enchantments - the music, the vibration, the joy -, but, fundamentally, to experiment its horrors: the pain, the silence and the death. It is impossible to go through those pages without losing  breath and sharing with the author the affliction from the actors.

Keywords: Bosi, Ecléa. Confinement area. Enchantments. Horrors. Dream. Resistance.


RÉSUMÉ

Réflexion sur “O Campo de Terezin”, d’Eclea Bosi, présente une aire d’aboutissement de juives qui portait caracteristiques espéciales. La ville, fondé pour acueillir des gens notables, comme les scientistes, les héros de la guerre et les artistes, a reçu l’air d’une ville exubérante pour qui, du déhors, sont venu visiter, surtout dans les arts et les sports. À l’interieur, l’administration du terreur se donnait par rapport a qui serait le choisi pour survivre ou pour mourir. Lire le texte est comme sentir la pulsation de la vie en relation a ses enchantements – la musique, la vibration, la joie – mais, fondamentalement, vivre les horreurs: la douleur, le silence et la mort. Ce n’est pas possible parcourrir ces pages sans perdre le souffle et partager avec l’auteur l’affliction des ses acteurs.

Mots-clés: Bosi, Ecléa. Camp de concentration. Enchantements. Horreurs. Rêve. Resistance.


RESUMEN

Reflexión sobre “O Campo de Terezin”, de Ecléa Bosi, mostrando un área de confinamiento de judíos con contornos especiales. Erigido para abrigar a personas notables, como cientistas, héroes de guerra y artistas, ganó rasgos de una ciudad exuberante para quien de afuera venía a visitarla, sobre todo en las artes y en los deportes. Internamente, se administraba el terror de la definición de quién iría ser elegido para sobrevivir. Leer el texto es como sentir el pulsar de la vida en sus encantos – la música, la vibración, la alegría – mas también experimentar sus horrores: el dolor, el silencio y la muerte. No es posible caminar por estas páginas sin perder el huelgo y dividir con la autora la aflicción de sus atores.

Palabras-clave: Bosi, Ecléa. Campo de concentración. Encantos. Horrores. Sueño. Resistencia.


 

 

...quando todos os livros são lidos, como a cadeira fica triste!
(Bachelard, 1983, p. 193)

 

 

A cada encontro com Ecléa, percebo um novo livro e recupero a alegria de sua presença e a esperança de um livro infinito tal como Borges descreve em “Os Jardins dos Caminhos que se Bifurcam”. A cadeira sobre a qual os livros são derramados recebe um novo sentido, porque são múltiplas as letras e as leituras, múltiplos os contornos e os conteúdos, infinitas formas de descrever uma finita existência.

Hoje, falo do ensaio de Ecléa sobre Terezin.

Relendo “O Campo de Terezin”, no Tempo Vivo da Memória, revela-se novamente para mim, a densidade e a sensibilidade com que toca em tema tão delicado e tão excessivo, de forma tão clara, profunda e penetrante.

Ao contar a história singular de Terezin, ela cria e conta a história singular de seu ouvinte e leitor. Não é possível lê-lo se não o escutar. É um conto/história que fala, tem o som da vida, o gemido da dor, a alegria da música, o silêncio ... sem fôlego. Tira o fôlego. As palavras falam, se movem e criam o retrato da cidade. O cenário que descreve Terezin mostra as imagens da cidade no seu claro-escuro, em seu verso-reverso, na sua verdade-mentira.

A palavra, no texto, torna-se imagem de algo que a excede, que a transcende. É urgente ver Terezin. Torna-se imperioso reconhecê-la pelo tato, com as mãos, e sentí-la nas profundezas. Nada pode ser deixado de lado. Não há resto. Tudo pede para se apresentar e se esconder.

Sem procurar pela síntese dos contrários, o campo de Terezin que Ecléa descreve expressa, como para os alquimistas, o interior como um ventre que é necessário se abrir. Esse ventre aberto é o seu verso e o seu reverso. O que se passa nesse ventre-lugar, é um não lugar, uma utopia e uma realidade.

Pergunto-me: O quê se vê nessa leitura? O quê se é nesse encontro?

Não há fronteira segura que me afaste e que me preserve dessa ex-periência intensa, imersa que estou, no tempo e no espaço do Campo de Terezin. Difícil distinguir, no horror, a ação justa; difícil, a decisão. Lutar pode ser suicídio.

Pergunta-se Bloch em Princípio Esperança (1976, p. 345):

quem age em nós e nos põe em movimento? Qualquer um que não tenha, ainda, tomado posse de si e que não tenha, ainda, retirado sua armadura, sua casca. Nada mais há a dizer sobre o instante; este “dentro”, adormece. O sangue escorre, o coração bate, sem que seja possível perceber o que põe essa pulsação em marcha. O fato de viver não se sente. Essa pulsação imediata bate solitária.

Como, então reagir?... Os atos como cumprimento da vontade, do pensamento não saem das trevas imediatas de seu desenrolar. Mas é, finalmente, o próprio nunc, no qual nós nos encontramos a cada instante, ao viver, que é o mais obscuro (Bloch, 1976). É no agora que reside o núcleo imediato de toda experiência; e é isto que está em questão quando se fala do resistir; o instante vivido é o mais imediato e o menos “experienciável”.

O instante é escuro, tenebroso. O instante em que se está fervilha em si e não se experimenta. “É por isso que o conteúdo do instante vivido não é jamais percebido.” (Bloch, 1976). É por isso que o impacto da leitura, em mim, mistura-se e se confunde com o entendimento do quê se passa na Terezin, de Ecléa.

O campo de Terezin ocupava o território de um município tcheco fundado pelo Imperador da Áustria em 1780. Tinha cerca de 3.500 habitantes à época da implantação do gueto e, estes, foram obrigados a desocupar suas casas para que fosse construído ali um “campo para casos especiais”. Judeus proeminentes – cientistas, heróis de guerra, artistas – seriam os novos habitantes. Contudo, a condição para “ganharem uma cidade” era a de que cedessem, por contrato, seus bens ao Reich.

“A cidade abrigava velhos do Reich, cientistas reconhecidos, artistas famosos; judeus mutilados durante a guerra de 14 e condecorados pelo exército alemão. Enfim, personalidades cujo desaparecimento inquietaria o mundo civilizado...” (Bosi, 2003, p. 81).

Administrada por judeus, a cidade deveria cumprir suas funções como outra qualquer, com leis, normas e valores, que garantissem o funcionamento das instituições destinadas a conservar, regular e transmitir uma cultura. Assim, as escolas tomam lugar de destaque. “As diversas orquestras, os conjuntos de jazz e de música de câmara impressionaram bem os visitantes; os esportes eram muito praticados, sobretudo o voleibol e o futebol” (Bosi, 2003, p. 83). Esta cidade enriquecida, onde fervilhava uma vida intelectual e artística era a mesma que devia se apresentar à equipe de visitantes, membros da Cruz Vermelha Internacional, em visita de inspeção, para averiguar as condições dos prisioneiros; “nessa cidade administrada por judeus, onde corriam notas de dinheiro impressas com a efígie de Moisés e as Tábuas da Lei.” (Bosi, 2003, p. 81).

Conta-nos Ecléa que a transformação do campo se acelerara para esperar a visita anunciada por Eichmann. Todos deveriam se comportar muito bem; ganharam roupas novas para darem à vista, como figurantes de um filme de ficção, as condições de vida nesse campo de concentração. Artifício construído para mostrar uma realidade irreal, a máscara da barbárie. Cartão de visita para que o ocidente pudesse contemplar. Mas, não era só isso.

Havia muito mais! Judeus de diversas origens sociais, países e línguas diferentes começam a construir a cidade preparando as crianças para o futuro, transmitindo seu saber e suas utopias, administrando a vida cotidiana, decidindo, enfim, quem iria viver ou morrer. Nela habita o judeu e mora o horror. As mesmas crianças, que são educadas para pensar sobre o futuro e para ele se prepararem, vêem seus pais serem deportados, roubam para se aquecer no inverno, trafegam sobre os mortos nas ruas da cidade. Que cidade! Aos velhos não se alimenta – eles vão morrer mesmo. Aos doentes, não se trata, eles devem morrer. A cidade tem um “número limite” para habitantes. Não cabe nada mais. Tudo é excessivo. Não cabe mais judeu.

Aos novos, às crianças, promete-se um futuro coletivo nos kibutzim de Israel. É o único espaço e tempo preservado e vivo, como utopia, como projeto.

Diz-nos Ecléa que o campo de Terezin não existiu para ser esquecido. Sua lembrança convoca a um trabalho da memória sobre o retorno da barbárie ali inventada e pronta para ser reproduzida. Como poderia-se pensar nessa complexa relação entre memória e esquecimento? Como permitir o trabalho da memória, em sua função psíquica de elaboração, de possibilitar uma contínua transformação?

“Antes da experiência, para o inconsciente que sonha, não há interior plácido, tranqüilo, frio. Tudo o que é guardado germina” (Bachelard, 1983, p. 192). O contrário sai do interior. O interior engrandecerá o exterior.

Ao menos, é o que gostariam os sonhos. Quando o consciente desmente o inconsciente, quando todas as experiências são feitas, quando todos os livros são lidos, estamos no fim (Bachelard, 1983). Mas, o sonho como utopia, o sonho como devir, o sonho como antecipação, o sonho como fantasia, conduz a outro território, à oposição corriqueira entre sonho e ciência. Acabado e inacabado.

Quando pensei em Ciência ocorreu-me a precisão, o rigor, a oposição à opinião. Esses pensamentos abriram algum caminho para pensar, um pensar impreciso. Ir aos clássicos para criar uma brecha e construir, através dessa abertura o início do caminho, era uma possibilidade. Mas, ao mesmo tempo era preciso sonhar! Era preciso sonhar para criar a aventura; soltar as amarras.

Às vezes discutir sobre tema tão denso parece que, ao tentar buscar o essencial, toca-se no pitoresco.

Consultei, novamente, Bachelard (1983, p. 14) e ele afirmava, em relação à ciência, ao espírito científico e ao conceito:

...a ciência em sua necessidade de acabamento assim como pelos seus princípios, opõe-se absolutamente à opinião. Segundo ele, a opinião pensa mal; ela não pensa: mas traduz necessidades em conhecimentos... Pelo fato de designar os objetos pela sua utilidade, ela faz uma interdição ao seu conhecimento.

Fui adiante... O espírito científico, antes do que a ciência, segue duas tendências contrárias: a atração do singular e a atração do universal. Essas tendências são características de um conhecimento assentado na compreensão e de um conhecimento que se dirige à extensão. Para se obter um conhecimento empírico inventivo deve-se criar algo novo, um novo nome para o designar.

O conceito científico correspondente a um fenômeno particular é o agrupamento de aproximações sucessivas bem ordenadas (Bachelard, 1983, p. 61). Todo conceito tem uma história e, a cada momento ele pode ser pego numa cilada e nunca deve ser totalizante sob a pena de se transformar numa ideologia. Dessa forma, a ciência, então, supõe um inacabamento. Para Bachelard, um conceito se torna científico quando ele se acompanha de uma técnica de realização.

Percebo, a partir daí que, o ensaio de Ecléa amarra, com um nó bem feito, a ciência, a fantasia e o sonho; dialoga sobre o eixo “eu e você” e não sobre o eixo “eu e aquilo”. Não se dirige à objetividade, mas à pessoa.

O quê dizer das tecnologias, atualmente? Parecem fechadas, acabadas, insuperáveis? Mas, é claro que não o são.

Sabemos que há sempre uma ruptura e não uma continuidade entre a observação e a experimentação. Assim, toda cultura científica deve começar por uma catharsis intelectual e afetiva. A tarefa mais difícil vem a seguir: deixar a cultura científica em estado de mobilização permanente, substituir um saber fechado e estático por um conhecimento aberto e dinâmico. “Dialetizar todas as variáveis experimentais, dar à razão, razões para evoluir.” (Bachelard, 1983, p. 19).

O conhecimento deve sempre ser questionado.

Se a ciência não se torna ideologia; se não se calcifica e se enrijece ela é um sonho. Como não sonhar? O projeto é algo imaginado e sonhado para depois se encontrar e esposar o método.

A ciência é, com efeito, interpretação dos fatos. Por si mesmos os fatos não nos dão a realidade; pelo contrário, ocultam-na, isto é, não colocam o problema da realidade... A palavra com que os gregos nomeavam a verdade é alétheia, descobrimento, tirar o véu que oculta e cobre algo. (Ortega y Gasset, 1964, p. 15)

A ciência tem que se separar dos fatos, tirá-los da frente e ocupar-se com o puro imaginar. Isso já nos dizia Ortega y Gasset (1964).

Em Hamlet e o Triângulo afirma Ortega y Gasset (Kujawski, 1994, p. 105):

A fantasia leva a fama de ser a louca da casa. Mas a ciência e a filosofia, que outras coisas são a não ser fantasia? O ponto matemático, o triângulo matemático, o átomo físico não possuiriam as exatas qualidades que os constituem se não fossem construções mentais... Que casualidade! O mesmo acontece com os personagens poéticos. É indubitável: o triângulo e Hamlet têm o mesmo pedigree. São filhos da louca da casa, fantasmagorias... O que se chama pensamento científico não é senão fantasia exata. ... Por pouco que se reflita, se verá que a realidade nunca é exata e que só pode ser exato o fantástico (o ponto matemático, o átomo, o conceito em geral e o personagem poético).

Um sonhador quer sempre mais.

A conquista daquilo que falta não termina. Sonhar o que não se tem não alivia o sofrimento, mas o engana e impede que nós nos habituemos à tristeza, ... à impotência... O sonho se prolonga sempre para além da existência... O que se desenha no sonho salta da moldura, e é uma imagem de maior envergadura fruto do desejo e da reflexão. E se a reflexão sobre o sonho fez freqüentemente uma rota e um caminho falso ela não se presta jamais ao engano. (Bloch, 1976, tomo II, p. 11)

A vontade do sonho visa a alguma coisa a mais.

O todo seguro é o que está por baixo de tudo aquilo que os homens querem fundamentalmente. É, pois, esta identidade que jaz no fundo obscuro de todos os sonhos despertos, de todas as esperanças e de todas as utopias e constitui, ao mesmo tempo, a tela de fundo de ouro sobre a qual se tecem todas as utopias concretas.

É sobre este fundo ao mesmo tempo obscuro e luminoso que todo sonho desperto sério procura seu fogo, sua energia; este fundamento é o não ainda experimentado, não ainda encontrado, mas já sentido em todas as experiências até aqui.” (Bloch, 1976, Tomo I, p. 379).

A descoberta elimina o problema de que partiu, mas deixa para trás de si conhecimento que gratifica uma paixão semelhante à que sustentou a ambição da descoberta (Santos, 1991).

Em realidade a Ciência só pode se constituir se for sonhada, e em sonhos comuns e partilhados, como diria Kaës, para desvelar, descobrir, frutificar, fertilizar.

O campo de Terezin deve ser revelado e escondido. O que nele se passa exige o segredo ... nas frestas dos assoalhos... e, mais do que nunca, a visibilidade da mentira social, a ser divulgada.

Essa mentira social que vimos em Terezin e que nos acompanha vai nos deixando sem brechas, sem a possibilidade de construir novas passagens. Era um campo de passagem entre dois mundos absurdos. O da captura e prisão e o da câmara de gás.

“Como eu agiria se estivesse lá? Como ajo agora quando a mentira social afirma sua existência?” - pergunta-se Ecléa. A resposta poderia ser: fantasiando, sonhando e por isso mesmo construindo um novo saber e uma outra resistência.

 

Referências

Bachelard, G. (1983). La formation de l’esprit scientifique. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin.

Bloch, E. (1976). Le principe espérance [Princípio esperança]. Paris: Éditions Gallimard.

Borges, J. L. (1969). Os jardins dos caminhos que se bifurcam. In Ficções (5a ed.). São Paulo: Globo.        [ Links ]

Bosi, E. (2003). O tempo vivo da memória. São Paulo: Ateliê Editorial.        [ Links ]

Kujawski, G. M. (1994). Ortega y Gasset. A aventura da razão (Coleção Logos). São Paulo: Moderna.        [ Links ]

Ortega y Gasset, J. (1964). Ideas y creencias. Madrid: Espasa-Calpe.        [ Links ]

Santos, B. S. (1991). Ciência. In M. M. Carrilho, Dicionário do pensamento contemporâneo. Lisboa: Dom Quixote.        [ Links ]

 

 

Recebido em: 8/09/2007
Aceito em:17/12/2007

 

 

1 Manteve-se a linguagem oral da apresentação.
2 Maria Inês Assumpção Fernandes, Professora titular do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP. Endereço eletrônico: marines@usp.br