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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versão On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof v.4 n.1-2 São Paulo dez. 2003

 

ARTIGOS

 

 

Verificação de propriedades psicométricas do Inventário de Cristalização das Preferências Profissionais

 

Psychometric properties of the Professional Preferences Crystallization Inventory

 

Verificación de propiedades psicométricas del Inventario de Cristalización de las Preferencias Profesionales

 

 

Marcos Alencar Abaide BalbinottiI * 1; Armando MaroccoI **; Bernard TétreauII ***

I Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos
II Université de Montreal – Canadá

 

 


RESUMO

O Inventário de Cristalização das Preferências Profissionais (ICPP) é um importante instrumento que avalia duas dimensões relacionadas à decisão de uma carreira e, conseqüentemente, ao desenvolvimento profissional. Esta pesquisa apresenta os passos de elaboração e as propriedades psicométricas do ICPP, obtidas com uma amostra de 487 estudantes de uma universidade privada do sul do Brasil, de ambos os sexos e com idades variando entre 17 e 51 anos ( = 22; 5% = 21,3; Mediana = 20; Moda = 19). Os resultados estão sistematicamente apresentados conforme suas dimensões teoricamente propostas. Os coeficientes alpha, para cada uma das duas dimensões estudadas, são altamente satisfatórios (a > 0,85). Tanto os resultados das análises fatoriais quanto as correlações item-item, item dimensão e item-escala total apóiam uma solução a dois fatores. Pesquisas são ainda necessárias a fim de continuar o estudo de outras importantes qualidades psicométricas.

Palavras-chave: Cristalização de preferências profissionais, dDesenvolvimento vocacional, Propriedades psicométricas.


ABSTRACT

The Professional Preferences Crystallization Inventory (PPCI) is an important instrument which evaluates two dimensions: choosing a career and thus promoting professional development. This study presents the steps of the elaboration of the PPCI and the measurement of its psychometric properties obtained with a sample of 487 students from a private university in the south of Brazil, of both sexes and age ranging from 17 and 51 ( = 22; 5% = 21,3; Median = 20; Mode = 19). The results are presented systematically according to its theoretically proposed dimensions. Alpha coefficients for the two dimensions studied are found to be highly satisfactory (a > 0,85). The results of both the factor analysis and correlations (item-item, item-dimension, and item-total scale) seem to support a two-factor solution. Further studies are still needed to proceed with the investigation of other important psychometric qualities.

Keywords: Professional preferences crystallization, Vocational development, Psychometric properties.


RESUMEN

El Inventario de Cristalización de las Preferencias Profesionales (ICPP) es un importante instrumento que evalúa dos dimensiones relacionadas con la decisión de una carrera y, consecuentemente, con el desarrollo profesional. Esta encuesta presenta los pasos de elaboración y las propiedades psicométricas del ICPP, obtenidas con una muestra de 487 estudiantes de una universidad privada del sur de Brasil, de ambos sexos y con edades variando entre 17 y 51 años ( = 22; 5% = 21,3; Mediana = 20; Moda = 19). Los resultados están sistemáticamente presentados de acuerdo con sus dimensiones teóricamente propuestas. Los coeficientes alpha, para cada una de las dos dimensiones estudiadas, son altamente satisfactorios (a > 0,85). Tanto los resultados de los análisis factoriales como las correlaciones punto-punto, punto dimensión y punto-escala total apoyan una solución a dos factores. Son necesarias aún más encuestas a fin de continuar el estudio de otras importantes cualidades psicométricas.

Palabras clave: Cristalización de preferencias profesionales, Desarrollo vocacional, Propiedades psicométricas.


 

 

As escolhas e a orientação profissional de uma pessoa a afetam durante todo o curso de sua vida. Em nossa sociedade contemporânea esta problemática toma uma importância particular na adolescência, mas a idade adulta também não está imune. Tanto as expectativas (externas) da família e da sociedade quanto à necessidade (interna) da própria pessoa de se definir são aspectos que pressionam jovens e adultos em suas inquietações referentes ao mundo do trabalho. Como bem observaram Sarason, Sarason & Cowden (1975), é, inicialmente (mas não finalmente), na adolescência que a pessoa deve dar-se conta de toda a importância de seu futuro profissional, deve tentar resolver da melhor forma possível a tarefa de tomar as decisões relativas à sua inserção no mundo do trabalho e, finalmente, deve preocupar-se com seu caminho profissional futuro. Isto leva o jovem (ou adulto), inevitavelmente, a uma necessidade de planificar, explorar e cristalizar as representações dele mesmo em torno de suas preferências, dos projetos e das escolhas compatíveis com estas representações.

Inscrito no quadro geral dos estudos sobre a psicologia do desenvolvimento profissional, este estudo explora, mais especificamente, as propriedades psicométricas de um novo inventário de cristalização das preferências profissionais.

A Escolha de Carreira

No plano teórico (Super, 1957, 1980, 1984; Super, Savickas & Super, 1996), o que se chama “a escolha de carreira” corresponde, na verdade, a um processo de desenvolvimento que se dá segundo a sucessão das principais etapas da vida, da infância ao declínio e à morte, e no qual a autoimagem e o autoconceito desempenham um papel organizacional importante como guia do comportamento. No interior das etapas, Super e seus colaboradores (Super, Savickas & Super, 1996) distinguem sub-etapas ou estágios caracterizados por tarefas de desenvolvimento específicas. O êxito das tarefas num estágio dado dependeria em boa parte do êxito das tarefas específicas nos estágios anteriores. Diversos estudos (Balbinotti, 2000; Balbinoti & Tétreau, 2000; Blocher & Schutz, 1961; Bujold, 1972; Galinsky & Fast, 1966; Gottfredson, 1981; Holland, 1981; Kidd, 1984; Marocco, 1991; Oppenheimer, 1966; Stephenson, 1961; Tétreau, 1964; Vieira, 1996) confirmaram a hipótese da influência do autoconceito no comportamento profissional.

Em estudos publicados em 1963, Super (1963a, 1963b) se esforçou para definir a importância do autoconceito tanto no desenvolvimento profissional quanto nas tarefas de desenvolvimento que lhe pareciam corresponder aos estágios e sub-estágios da adolescência (cristalização, especificação e atualização de uma preferência profissional) e da primeira parte da vida adulta (estabilização, consolidação e avanço numa carreira). Em termos de idade, a cristalização é definida como um sub-estágio provisório que vai, em geral, dos 14 aos 18 anos e corresponde ao momento em que o adolescente começa a formular suas idéias quanto ao domínio e ao nível de atividade profissional que lhe seriam compatíveis. Tal como o evocaram Erikson (1968), L’Ecuyer (1978) e Super (1969), espera-se que o adolescente se envolva então numa “busca de identidade” e que exprima sob forma de uma preferência profissional, embora ainda vaga, a imagem ou o conceito que ele tem de si mesmo e de certas profissões, de modo que possa tomar as decisões concretas que as expectativas sociais o forçam a tomar, como a de se lançar num programa de estudos que lhe permita, pelo menos, continuar seu procedimento de exploração.

O Processo de Cristalização de uma Preferência Profissional

Como foi assinalado por Bujold (1989) e Bujold & Gingras (2000), essa tarefa de desenvolvimento da cristalização das preferências profissionais pode acontecer em qualquer estágio do ciclo vital humano, mas habitualmente a cristalização se produzirá, mais provavelmente, dos 14 aos 18 anos – ou até mesmo aos 24 anos, que corresponde ao estágio de exploração aprofundado por Super, Savickas & Super (1996) –, ou seja, durante a adolescência e o início da vida adulta. Segundo Super e colaboradores (Super, Starishevsky, Matlin & Jordaan, 1963), o processo de cristalização de uma preferência profissional implicaria, essencialmente, a formulação de uma preferência geral que constitui efetivamente seu ponto de chegada. Mais precisamente, segundo Super (1963c), a formulação de uma preferência geral e a constância na sua expressão constituem os principais critérios da cristalização na adolescência e no início da vida adulta. Para chegar lá, o adolescente, inicialmente, deveria estar consciente da necessidade de cristalizar uma preferência, de considerar os fatores pessoais e ambientais pertinentes (aptidões, informações dos pais, dos conselheiros, etc...), e, além disso, de pensar sobre as contingências econômicas que influenciam as realizações de seus objetivos vocacionais. Também deveria tornar-se consciente das relações entre suas atividades prévocacionais e suas escolhas vocacionais subseqüentes, bem como de seu perfil de interesses e de valores. Ele deveria, enfim, não somente tornar-se consciente, mas também utilizar os recursos que o permitirão realizar suas atividades de planificação e de exploração de uma carreira. Super propõe também uma lista de uma dezena de outras considerações relativas às atitudes e aos comportamentos que podem facilitar esse processo, especialmente a consciência da necessidade de cristalizar uma preferência, o conhecimento dos fatores situacionais e pessoais implicados, a posse de informações sobre a profissão preferida e a diferenciação dos interesses. Conforme o indicaram alguns estudos (Jordaan & Heyde, 1979; O’Hara & Tiedeman, 1959; Tétreau, 1964), a diferenciação dos interesses favoreceria a sabedoria ou o realismo dos projetos profissionais. A essa lista de fatores suscetíveis de afetar o processo de cristalização das preferências profissionais, conviria também acrescentar a exploração profissional (Buck 1970; Jordaan, 1963), a sede (mais interna que externa) do controle (locus of control) (Organ, 1973) e a auto-estima (Barrett, 1976; Barrett & Tinsley, 1977a, 1977b; Resnick, Fauble & Osipow, 1970), que parecem todas claramente ligadas a uma maior certeza e clareza das preferências profissionais. Enfim, pensa-se geralmente que o grau de cristalização do autoconceito profissional aumente com a idade ou o nível de escolaridade (Barrett & Tinsley, 1977b), mas os dados que recolhemos junto a adolescentes de 13 a 18 anos (Marocco, Grazziotin & Tétreau, 1989) não confirmam a hipótese de maneira unívoca, e Barrett & Tinsley (1977b) somente a confirmaram no caso dos sujeitos do sexo feminino, adolescentes e adultos, de seu estudo.

Cristalização e Sexo

Recentes estudos, com diferentes amostras de estudantes gaúchos, têm demonstrado diferenças entre os interesses profissionais considerando a variável sexo (Balbinotti, Barbosa, Spindler, Chiele & Michaelsen, 2002; Balbinotti & Bischoff, 2002; Balbinotti & Spindler, 2002). Entretanto, não há razão teórica para pensar-se que o sexo possa influenciar, de maneira diferencial, o processo de formação e cristalização do autoconceito como tal, o que os resultados de algumas pesquisas parecem confirmar (Barrett, 1976; Marocco, Grazziotin & Tétreau, 1989). Em um recente estudo (Balbinotti & Tétreau, 2000) onde, entre outros, verificou-se os níveis de cristalização das preferências profissionais por meio da Escala de Avaliação Vocacional (EAV), com 5200 adolescentes gaúchos de ambos os sexos e com idades entre 14 e 18 anos, constatou-se uma pequena variação no desvio-padrão dos dados de adolescentes do sexo masculino (DP = 13,6) em relação aos do sexo feminino (DP = 12,7), mas as médias obtidas por ambos os grupos foram nominalmente iguais (M = 96,6). Os resultados (t = 0,1; Sig = 0,93) indicaram não existir diferenças significativas entre as médias. Ressalta-se, ainda, não existir uma correlação significativa (p > 0,05) entre o sexo e a medida de cristalização (r = 0,00) utilizada. A Escala de Avaliação Vocacional (EAV) foi elaborada por Barrett (1976) e adaptada para o Brasil por Marocco (1991), a partir de uma amostra de 460 adolescentes gaúchos, com características semelhantes à amostra deste estudo. Contudo, Neimeyer (1988) relata resultados que sugerem que os colegiais manifestariam níveis de diferenciação cognitiva profissional superior aos das colegiais, as quais, em contrapartida, manifestariam níveis de integração cognitiva superiores aos de seus colegas. Esses resultados, no entanto, apenas nos informam, e de maneira indireta, sobre as diferenças possíveis segundo o sexo no processo de cristalização das preferências profissionais.

Cristalização na Indecisão

Se o adolescente experimenta dificuldades em completar, com sucesso, essa tarefa de desenvolvimento da cristalização de uma preferência profissional, ele se verá confuso e indeciso face à sua futura orientação. Na verdade, vários adolescentes, ou jovens adultos, de ambos os sexos, parecem experimentar dificuldades sérias de indecisão face à sua orientação profissional (Balbinotti, 2000; Gordon, 1984; Marocco, 1991; Tittley & Tittley, 1980). Embora muito conexo a nosso propósito – a indecisão profissional podendo ser assimilável a uma forma de cristalização na indecisão, que seria como o pólo inverso da cristalização de uma preferência –, o estudo desse fenômeno o ultrapassa. Contentamo-nos aqui em fazer referência a Serling & Betz (1990), a Savickas (2001) e, mais recentemente a Sparta (2003) cujas recensões críticas em suas pesquisas sobre, por um lado, a exploração e a indecisão vocacionais e, por outro lado, as características que diferenciam os estudantes decididos dos que são indecisos, sobre o grau de saúde mental de uns e de outros, sobre os antecedentes da indecisão e sobre os tipos de indecisão, realçaram, sobretudo, a complexidade do fenômeno, tanto no que concerne aos meios de distinguir a pessoa decidida daquela que não o é, quanto em relação à necessidade de ampliar a gama dos métodos de avaliação (Holland, Gottfredson & Power, 1980) e de intervenção para ajudar os clientes indecisos. Os próprios Serling e Betz (1990), aliás, desenvolveram um instrumento que deve medir o medo do engajamento que, segundo eles, seria correlato a várias causas da indecisão, tais como o desejo de não perder a estima de pessoas significantes, uma atitude dogmática ou a ansiedade e a depressão, que poderiam levar o indivíduo a se comprazer num alto grau de certeza como estratégia de apresentação de si destinada a criar uma impressão favorável nos outros (Maier & Herman, 1974; Sabourin & Coallier, 1991).

Clareza e Certeza

A fim de pontualmente apresentar o sentido de sua proposição segundo a qual “o processo de desenvolvimento da carreira é essencialmente um processo de desenvolvimento e de realização do autoconceito” (Super, 1957, p. 196), Super (1963) desenvolveu uma taxonomia dos diferentes aspectos da teoria do autoconceito, na qual faz uma distinção entre, de um lado, seus conceitos ou atributos (v.g. a sociabilidade e a rigidez), isto é, as dimensões do autoconceito e, de outro, as características dessas dimensões, isto é, as metadimensões dos autoconceitos que permitem descrever suas qualidades; é possível, por exemplo, determinar o grau de auto-estima associado com qualquer atributo da personalidade ou autoconceito.

Duas das sete metadimensões dos autoconceitos dessa taxonomia, a clareza e a certeza (as outras sendo, além da auto-estima, a estabilidade, a abstração, o refinamento e o realismo), foram, com freqüência, concebidas como sendo elementos fundamentais do estado de cristalização do autoconceito profissional e das escolhas de carreira (Balbinotti, 2000; Barrett, 1976; Barrett & Tinsley, 1977a, 1977b; Jordaan & Heyde, 1979; Marocco, 1991; Stephenson, 1961).

Em seu estudo empírico sobre as relações entre esse estado de cristalização do autoconceito profissional e a indecisão profissional, Barrett & Tinsley (1977b) observam que a primeira expressão foi efetivamente utilizada diversas vezes (Buck, 1970; Galinsky & Fast, 1966; Stephenson, 1961) para designar o grau relativo de clareza e de certeza da percepção de si (ou autopercepção) em relação aos atributos profissionais tais como as necessidades, os valores, os interesses e as habilidades.

Nesse contexto, a clareza do autoconceito se manifestaria pela projeção de uma figura sobre um fundo, por oposição a um autoconceito vago, abstrato, nebuloso. Quanto à certeza do autoconceito, ela se caracterizaria pelo sentimento de convicção que tem o indivíduo de ser esse ou aquele tipo de pessoa. Super (1963) dirá que a clareza se refere à “nitidez ou grau de consciência de um atributo ou de um papel... (à) diferenciação entre um atributo e outros atributos... (a) um reconhecimento das qualidades essenciais dos traços” (p. 25), enquanto a certeza se refere à “confiança com a qual o sujeito se atribui traços, sua convicção do gênero de pessoa que é” (p. 27). Com relação à clareza, Turner & Record (1981) mostraram que os coeficientes Alpha (consistência interna) de escalas de medida desses três aspectos haviam sido aceitáveis no caso da nitidez (0,75) e da clareza global (0,72), mas inaceitáveis (0,39) no caso da diferenciação.

Diversas tentativas de operacionalização desses dois conceitos (clareza e certeza) foram feitas (Gable, La Salle & Cook, 1973; O’Hara & Tiedeman, 1959; Organ, 1973; Resnick et cols., 1970), especialmente por meio da Vocational Rating Scale (VRS) – traduzida para o português, com medidas psicométricas verificadas por Marocco (1991) e renomeada Escala de Avaliação Vocacional (EAV) – de Barrett (Barrett, 1976; Barrett & Tinsley, 1977b). Análises fatoriais (Tinsley, Bowman & York, 1989) confirmaram a validade deste instrumento enquanto medida da cristalização das preferências profissionais, mas não foi possível a verificação de dois fatores distintos com uma amostra da população sul-brasileira (Marocco, 1991). A independência relativa desse construto (a cristalização) em relação a outras dimensões do desenvolvimento profissional durante a adolescência e início da vida adulta, como a maturidade profissional, também já foi verificada (Balbinotti, 2000; Balbinotti & Tétreau, 2002; Blustein, 1988; Jepsen & Prediger, 1981).

No estudo de Tinsley e seus colaboradores (Tinsley, Bowman & York, 1989) são examinadas as relações entre a VRS e três outras escalas de medida de construtos pertinentes à carreira e conceitualmente interligados. A análise fatorial dos itens permitiu separar três fatores estáveis, sendo que dois dos construtos hipotéticos subjacentes foram identificados como correspondendo as duas metadimensões (clareza e certeza) formuladas por Super (1963). Assim, os itens com forte saturação no fator “clareza” parecem todos indicar que o sujeito é consciente ou não de alguns atributos pessoais: “decidi... sei... tenho apenas uma vaga idéia... tenho necessidade de me informar...” Quanto aos itens com forte saturação no fator “certeza”, sua formulação é do gênero: “estou certo... não estou seguro...”.

À luz do contexto teórico precedente vão-se apresentar, a seguir, os passos referentes à verificação das propriedades psicométricas do ICPP, novo e promissor instrumento de medida da cristalização das preferências profissionais.

 

MÉTODO

Sujeitos

Foram utilizadas, nesta pesquisa, duas amostras independentes de adolescentes com características sócio-demográficas emparelhadas. A primeira (n = 35) serviu para se realizar os estudos pilotos iniciais que garantiriam, na medida do possível, uma satisfatória qualidade do instrumento na utilização da amostra propriamente dita deste estudo. Desta forma, a amostra final, foi composta de 487 estudantes de uma universidade privada do sul do Brasil, de ambos os sexos (masculino = 238; feminino = 254; 48,4% e 51,6%, respectivamente) e com idades variando entre 17 e 51 anos (= 22; 5% = 21,3; Mediana = 20; Moda = 19), do primeiro, segundo e terceiro semestres de diversos cursos universitários. Os poucos alunos que estavam em classe e que não comportavam as características sócio-demográficas acima ou não apresentaram assinado seu consentimento informado, passaram aos testes, mas foram excluídos do banco de dados.

Instrumento – Os itens do ICPP

Os diversos itens isolados e a concepção de uma escala total foram derivados da literatura especializada. Balbinotti (2003), ao elaborar o ICPP, partiu de um interesse em construir uma escala breve (não mais que 20 itens), não perdendo de vista as qualidades psicométricas deste inventário. Os 16 itens elaborados compreendem duas dimensões distintas: a primeira se propõe medir a clareza do autoconceito profissional; a segunda, a certeza. Cada uma destas duas dimensões apresenta oito questões formuladas positivamente. As instruções de respostas à escala são simples, exigindo-se apenas respostas sinceras e espontâneas por parte dos respondentes. Estes, responderam conforme uma escala bidirecional de tipo likert, em 5 pontos, indo de “Completamente em desacordo” (1) à “Completamente de acordo” (5).

Procedimento de Elaboração da Escala

Tendo-se em vista todos os aspectos levantados nas questões teóricas e nos instrumentos existentes de investigação citados acima, teve-se como objetivo a construção de um instrumento de avaliação, de fácil aplicação, para investigar a clareza e a certeza do autoconceito profissional, entendido com o processo de cristalização das preferências profissionais de adolescentes e adultos jovens. Tomou-se como ponto de partida, em termos de conteúdo, os construtos teóricos fundamentados na literatura, traduzidos nas duas (clareza e certeza) das sete metadimensões da teoria de Super.

Procedimento de Aplicação

Os estudantes foram recrutados dentro de uma proposta de pesquisa maior, e continuada, sobre o desenvolvimento de carreira de adolescentes e adultos brasileiros, tendo por objetivo a validação de um modelo explicativo da cristalização de suas preferências profissionais, conforme os anseios teóricos e empíricos propostos por diversos autores internacionais (Belts, 2001; Blustein, 2001; Fouad, 2001; Gottfredson, 2001; Guichard & Huteau, 2001; Hesketh, 2001; Lent, 2001; Russell, 2001; Savickas, 2001; Subich, 2001; Tinsley, 2001; Vondracek, 2001; Walsh, 2001). Apresentou-se esta proposta de pesquisa aos estudantes de cada classe – escolhida de acordo com a disponibilidade e a acessibilidade (Maguire & Rogers, 1989) – convidando-os a responder a quatro questionários independentes (com uma duração aproximada total de 60 minutos, onde um deles era o ICPP), mas sublinhando que eles eram livres para não participar, se assim o desejassem. Paralelamente a isso, foi pedido aos responsáveis dos estabelecimentos de ensino, para dispensar, sem nenhuma penalidade, os sujeitos que não quisessem participar da administração das provas. Nenhum estudante pediu efetivamente dispensa. Ainda, já que não lhes foi pedido que escrevessem os seus nomes sobre as provas, os estudantes estavam assegurados da confidencialidade de suas respostas. Os estudantes com idades inferiores a 18 anos e que não trouxeram assinado por seus pais e responsáveis o termo de consentimento informado, não fizeram parte integrante da amostra desta pesquisa. Os de 18 anos ou mais assinaram até o momento da aplicação.

 

RESULTADOS

Após a criteriosa construção de 16 itens, respeitando rigorosamente a teoria, apresenta-se, a seguir e sistematicamente, os resultados das análises descritivas, de itens, a estrutura fatorial exploratória desta primeira versão do ICPP e, finalmente, a correlação entre as duas dimensões medidas.

Análises descritivas

A Tabela 1 apresenta os resultados dos cálculos de tendência central, de dispersão e de distribuição amostral como propõem alguns dos mais recentes manuais de psicometria e de análise de dados para estudos em ciências sociais (Bryman & Cramer, 1999; Kaplan & Saccuzzo, 1999; Pestana & Gageiro, 2000; Reis, 2000, 2001). Mesmo que se faça uma análise comparativa, por dimensão, dos resultados das medidas de tendência central (constatando-se índices de valores próximos), o cálculo de distribuição amostral de Pearson (assimetria e curtose) não deixa dúvidas quanto aos graus de assimetria e achatamento encontrados. Conforme os resultados descritos verifica-se uma levíssima tendência assimétrica negativa tanto na escala total geral quanto na escala total considerando o sexo masculino. Já considerando a mesma escala para o sexo feminino esse pequeno problema não é encontrado. Em contrapartida, encontrou-se um pequeno problema de achatamento na escala total quando considerado o sexo feminino. Problemas similares foram encontrados nas escalas totais “Clareza”, “Certeza” e segundo o sexo, como pode ser observado na tabela 1. Destaca-se, apenas, que no caso da dimensão clareza para o sexo masculino existe uma tendência lepticúrtica pronunciada. Afora esses pequenos problemas amostrais, estes resultados geralmente favoráveis garantem, em um certo sentido, que nossa amostra, mesmo não sendo probabilística no sentido estrito do termo, pode fornecer resultados com níveis satisfatórios de confiança.

Tabela 1

Análises Descritivas: Estatísticas de Tendência Central (Dispersão) e Distribuição para valores totais e por sexo.

 

 

Obs.: Masculino (n=237); Feminino (n=250)

Análise de itens

As correlações “item-escala total” obtidas com nossa amostra variaram de 0,24 à 0,80, sendo que a mediana das correlações foi de 0,57. Estes resultados sugerem a possibilidade real de estar-se medindo mais do que uma única dimensão. Esta indicação é também sugerida pelos cálculos de correlação “item-item” e “item-dimensão” realizados e apresentados na Tabela 2, onde se pode encontrar conjuntos de índices correlacionais mais fortes e mais fracos. Como ainda se pode ver na Tabela 2, os coeficientes alpha individuais para cada uma das duas dimensões (clareza = 0,95; certeza = 0,84) são extremamente satisfatórios, com um destaque especial para a dimensão clareza. Já o coeficiente alpha da escala total é de 0,91, um também importante e significativo índice (Cronbach, 1988). Como se pode notar, os índices de coerência interna, tanto o da escala total quanto aqueles representativos das duas dimensões estudadas, são sensivelmente satisfatórios. Nota-se que, analisando os índices alpha se algum item for retirado da escala, não haverá aumentos importantes de valores, o que, portanto, decidiu-se mantê-los todos como estão.

Tabela 2

Análises preliminares da fidedignidade do ICPP (N=487).

 

 

Já a Tabela 3, apresenta outros importantes dados de normatização, ainda referentes às estatísticas descritivas de localização, mas agora de tendência não central: os percentis, os quartis e os decis. Estas estatísticas robustas de ordem não sofrem a influência de casos aberrantes, o que garante resultados satisfatórios.

Tabela 3

Análises dos limites por cálculos de tendência não central (percentis, quartis e decis).

 

 

Estrutura Fatorial

Antes de proceder ao cálculo de análise fatorial, o coeficiente Kaiser-Meyer-Olkin (KMO = 0,93) foi estimado, o Determinante de Matriz de Correlação (0,0000215) foi calculado e o teste de esfericidade de Bartlett (p < 0,00000) foi aplicado. Seus respectivos valores indicam que as correlações entre os itens são suficientes – e mesmo muito adequadas – para se proceder a uma análise fatorial exploratória. Ainda, o resultado da medida de redundância de informação (|R| diferente de 0) indica a ausência de todo tipo de repetição das ligações correlativas lineares. Todos esses dados asseguram a pertinência do cálculo fatorial (Dassa, 1999). Assim, uma análise em componentes principais, seguida de uma rotação obliqua, serviu para examinar a estrutura fatorial exploratória do ICPP. A partir desta análise, extraí-se dois fatores tendo raízes latentes superiores a um (1). Eles explicam 62,8% da variância. Considerando-se o fato de que as comunalidades dos itens são todas superiores a 0,43, esta solução fatorial mostra-se perfeitamente satisfatória. Ainda, esta solução fatorial apresentou-se de forma pura, ou seja, não houve dupla saturação e os itens saturam de forma importante (Satf > 0,495), cada uma em seu próprio fator teoricamente postulado. Portanto, a princípio, não se faz necessário rodar novas análises fatoriais. Entretanto, devido ao fato do cálculo de correlação Spearman obtido ter sido de valor nominal e positivo relativamente alto (rho = 0,781), além de altamente significativo (p < 0,001), pensou-se realizar uma análise fatorial considerando apenas a existência de um único fator, como fora realizado em um estudo anterior (Marocco, 1991). As estatísticas preliminares desta nova análise fatorial mantiveram-se exatamente as mesmas (o que novamente garantiu a pertinência desta análise). Entretanto, como se pode observar na Tabela 5, os resultados das saturações fatoriais não se comparam com aqueles obtidos com a solução em dois fatores. A Tabela 4 apresenta, de forma pormenorizada, as variâncias explicativas.

Tabela 4

Variância total explicada para a matriz fatorial em 2 e 1 fatores.

 

 

Tabela 5

Estudo fatorial do ICPP (N=487).

 

 

Correlação entre as duas Dimensões Medidas

Dois procedimentos foram realizados para se verificar os índices de correlação entre as duas dimensões medidas: Pearson (r = 0,575) e Spearman (rho = 0,781). Ambos resultados foram altamente significativos (p < 0,001). Destaca-se, apenas, a importante diferença entre os dois índices. Se for considerado, unicamente, o resultado da correlação de Spearman, deve-se pensar na possibilidade de entender-se as duas dimensões como integrante de um único fator. Este procedimento, ou seja, o fato de considerar as duas dimensões teóricas (clareza e certeza) como um único fator, já foi executado em um estudo anterior (Marocco, 1991) com uma amostra de 460 sujeitos com características sócio-demográficas emparelhadas à amostra deste estudo. No entanto, uma das motivações que impulsionou os autores a desenvolver uma nova escala foi, precisamente, a necessidade de se encontrar itens que representem, separadamente, cada uma das duas dimensões teoricamente propostas. Neste sentido, o resultado da correlação de Pearson responde melhor a estas motivações. Não desconsiderando, é claro, o fato de que cada uma destas análises tem seus pré-requisitos (Barbetta, 2001; Bryman & Cramer, 1999; Green & Salkind, 2002; Levin, 1987; Pestana & Gageiro, 2000; Sirkin, 1999; Sweet, 1999), mas de uma forma ou de outra eles foram respeitados (ver índices de normalidade apresentados na Tabela 1).

 

CONCLUSÃO

O objetivo deste estudo foi de verificar algumas das importantes propriedades psicométricas de um novo instrumento de medida da cristalização das preferências profissionais, o Inventário de Cristalização das Preferências Profissionais (ICPP), previamente elaborado por Balbinotti (2003). A fundamentação teórica está apresentada de forma a demonstrar que as medidas de clareza e de certeza do autoconceito são, em última instância, medidas de cristalização das preferências profissionais (no caso de adolescentes e adultos jovens) e, porque não dizer, de decisão (no caso dos outros ciclos mais avançados de vida).

As qualidades psicométricas gerais do ICPP são bastante satisfatórias. De forma pormenorizada, pode-se concluir que a validade fatorial foi positivamente demonstrada, dando certa garantia de que este promissor inventário mede o que ele se propõe medir. Depois da garantia de que os fatores são apresentados de forma pura, pode-se avaliar o índice de consistência interna de cada uma das duas dimensões estudadas e, ainda, um índice de consistência interna de todo o inventário (considerando os índices de correlação interdimensão obtidos). Ambos resultados foram positivos, o que garante a fidedignidade do instrumento, assim sendo, os níveis de precisão de cada dimensão e do inventário, como um todo, são bastante satisfatórios.

Finalmente, trata-se de um inventário construído a partir de nossa realidade sócio-políticoeducacional, econômica e cultural e que apresenta qualidades psicométricas adequadas. A partir desses resultados, justifica-se o uso deste instrumento em pesquisas. Dispondo-se de normas específicas, pode-se considerar até, após novos e específicos estudos, utilizar esse inventário em consultas clínicas de orientação profissional. Sendo assim, novos estudos são requeridos para que se possa verificar, por um lado, outras formas de validade (de conteúdo e de critério) e fidedignidade (método teste-reteste, formas paralelas, das metades) e por outro lado, estudos correlacionais, levando-se em conta outros importantes construtos da psicologia vocacional (maturidade, interesses, valores, etc.). Mesmo que se tenha realizado um estudo normativo segundo o sexo, sublinha-se que outras variáveis sócio-demográficas devem ser controladas para se aperfeiçoar e criar tabelas normativas independentes (por idade, por nível de escolaridade, entre outros). Sua experimentação em outras populações, em outros estados, poderia eventualmente torná-lo um instrumento largamente utilizado no aconselhamento profissional. Salienta-se que o uso clínico deste instrumento ainda não é recomendável, pois se trata apenas de resultados com dados preliminares. Novos estudos são aconselhados para que se possa garantir, com maior certeza, a utilidade deste instrumento em uso clínico.

 

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Recebido: 10/04/2003
1ª Revisão: 29/05/2003
Última revisão: 16/06/2003
Aceite final:11/07/2003

 

 

1 Endereço para correspondência: Rua Luzitana 1398, ap. 501 – Higianópolis – Porto Alegre – RS CEP 90520-080 – E-mail: balbinotti@bios.unisinos.br.

 

Sobre os autores
* Marcos Alencar Abaide Balbinotti, Ph.D. em Psicologia pela Universidade de Montreal, no Canadá. Pós-Doutorado realizado no Laboratório de Variáveis Afetivas, na Universidade do Montreal. Desenvolve estudos em desenvolvimento de carreira, variáveis relacionadas à escolha profissional, educação à carreira, psicologia do trabalho, psicometria. Pesquisador do Centro de Pesquisas Interuniversitárias sobre a Educação e a vida no Trabalho, órgão canadense. Professor e coordenador do Núcleo de Orientação Vocacional da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
** Armando Marocco, Ph.D. em Psicologia pela Universidade de Montreal, no Canadá. Desenvolve estudos sobre a psicologia dos interesses profissionais. Tradutor do Teste Visual de Interesses, de Bernard Tétreau e Michel Trahan, para o Brasil. Membro da American Psychological Association. Consultor e pesquisador do Núcleo de Orientação Vocacional da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
*** Bernard Tétreau, Doutor em Educação pela Universidade de Columbia, USA, sob orientação de Donald Super. Professor e coordenador do Laboratório de Variáveis Afetivas da Universidade de Montreal, no Canadá. Desenvolve estudos sobre escolha, desenvolvimento e aconselhamento de carreira, psicologia e medida dos interesses profissionais e integração trabalho-família. Membro associado do Centro de Pesquisas Interuniversitárias sobre a Educação e a Vida no Trabalho, órgão canadense.

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