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Revista Brasileira de Orientação Profissional

On-line version ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.8 no.1 São Paulo June 2007

 

ARTIGOS

 

Reflexões sobre o vestibular para a carreira de música da UNICAMP: um estudo preliminar1

 

Some reflexions about the UNICAMP entrance exam for the music career: a prelimary study

 

La prueba de selectividad para la carrera de música de la UNICAMP: un estudio preliminar

 

 

Danilo Ramos* 2

Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto

 


RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi iniciar um debate sobre o processo seletivo para a carreira de Música da UNICAMP, através da perspectiva de estudantes e professores de música. A pesquisa contou com 20 participantes, sendo 10 estudantes em processo de preparação para o exame vestibular para a carreira de Música e 10 profissionais responsáveis pela preparação musical destes alunos. A pesquisa foi dividida em três etapas: contatos institucionais, aplicação de questionários via Internet e uma entrevista oral, com questões de opinião sobre o vestibular de música e questões sobre a formação musical de cada participante. Os resultados mostraram opiniões convergentes e divergentes entre os professores e os alunos, abrindo assim, espaço para debates futuros.

Palavras-chave: Aptidão musical, Vestibular de música, Perspectivas de estudantes e professores de música.


ABSTRACT

The aim of this study was to investigate the selection process for Music Career at UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) according to the candidates’ and the music teachers’ points of view. The subjects were 10 preparatory course students and 10 music teachers. The participants answered questionnaires via internet an one oral interview about the music entrance exam and their musical training. The results showed diverging opinions between teachers and students, showing the need for further debates.

Keywords: Musical aptitude, University entrance exam, Music career.


RESUMEN

Este trabajo tuvo como objetivo investigar cuestiones sobre el proceso selectivo para la carrera de música de la UNICAMP, según la perspectiva de estudiantes y profesores de música. Esta investigación fue hecha con la participación de 20 personas: 10 estudiantes, con edad de entre 16 y 24 años, en fase de preparación para el examen de acceso a la carrera de música y 10 profesores de música, con edad de entre 27 y 58 años, responsables por la preparación de estos alumnos para la realización del referido examen. La investigación fue dividida en tres etapas: contactos institucionales, aplicación de cuestionarios por la Internet y una entrevista oral, con cuestiones sobre el examen de música y sobre la formación musical de cada participante. Los resultados indican que el formato actual del proceso selectivo en música de la UNICAMP podría examinar a los candidatos de forma más consistente. El autor presenta sugestiones sobre el proceso selectivo en música en las universidades.

Palabras clave: Aptitud musical, Prueba de selectividad de música, Universidad.


 

 

O ingresso na universidade está condicionado à realização do Exame Vestibular. Para ingressar em uma carreira de Música nas universidades brasileiras, geralmente, o candidato deve passar por duas etapas: prova escrita e prova de habilidades específicas. A literatura científica apresenta uma escassez de estudos sobre a relação entre provas escritas com provas de aptidão musical nos vestibulares. No entanto, alguns teóricos, no decorrer das últimas décadas, vêm dando bastante importância sobre o que deve (ou não) ser mensurado em um exame de música.

Hargreaves (1986), por exemplo, relata que a fragmentação musical torna um exame de avaliação musical ineficiente. Segundo o autor, a avaliação da performance musical não deve ser mensurada através de uma listagem de atributos separados para a avaliação e depois novamente reunidos; esta nota resultante nunca deve ser somente o somatório de itens isolados, porque envolve não só aspectos técnicos, mas também outros aspectos da performance. Por sua vez, Colwell (1995) e Sloboda (1985) argumentam, principalmente com relação ao momento do exame que a “prova com banca de exame”, (situação em que o aluno toca especificamente para um grupo de professores), é a mais temida das avaliações. Para estes autores, este tipo de avaliação (com medida) gera uma grande expectativa e ansiedade nos alunos. Esta atmosfera ambiental, na maioria das vezes, faz os professores deixarem outras importantes formas de avaliar em plano secundário. Neste caso, a nota final geralmente é um somatório das notas dos professores presentes.

Com relação ao repertório musical, Apfeltsadt (2000) e Asmus (1999) apontam que a seleção das músicas a serem trabalhadas deve ser feita de forma a gerar uma expectativa concomitante de crescimento e prazer nos alunos; caso contrário, eles terão maiores dificuldades de se combinar ensino de elementos musicais e técnicos com o desenvolvimento de conceitos e crescimento de compreensão; a conseqüência disso será uma provável restrição do discurso musical e sua avaliação a dimensões críticas incipientes; portanto, torna-se necessária uma discussão exaustiva sobre o repertório escolhido para os exames de aptidão, no intuito de verificar se este repertório está adequado ao atendimento destas exigências.

As particularidades de cada instrumento dificultam as linhas de ação para englobar avaliação com mensuração, tornando quase impossível o estabelecimento de modelos ou padrões genéricos que possam ser aplicados aos exames de música (Apfeltstadt, 2000; Mobley, 1986; Kenny, 1998; Winter, 1993).

Com base nestes referenciais, foi possível pensar no desenvolvimento de um estudo que procure estabelecer uma relação entre os parâmetros de mensuração de um processo seletivo para a carreira de Música com o que, de fato, pensam pessoas submetidas direta ou indiretamente a situações impostas por estes exames. Assim, o processo seletivo para a carreira de Música da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) foi escolhido como objeto deste estudo.

Para ingressar na carreira de Música da UNICAMP, o candidato deve passar por três etapas, realizadas na seguinte ordem: primeira fase, prova de aptidão musical (ou prova de habilidades específicas) e segunda fase. A primeira fase é obrigatória para todos os candidatos, constituída de uma única prova composta de uma redação (são propostos três temas para escolha de um) e de um conjunto de 12 questões gerais sobre o conteúdo programático das disciplinas do núcleo comum no Ensino Médio: Matemática, Física, Química, Biologia, História e Geografia. Nesta prova, 60 pontos são atribuídos à redação e 60 pontos às questões gerais, perfazendo um total de 120 pontos. O candidato tem no máximo quatro horas e no mínimo, uma hora e meia para a realização da prova da 1ª fase (redação e questões gerais). São eliminados do concurso os candidatos que obtiverem nota 0 (zero) em qualquer um destes dois componentes. São convocados para a segunda fase os candidatos que conseguirem um rendimento igual ou superior a 50% do valor total da prova da primeira fase, em número máximo de 8 vezes o número de vagas do curso. Por outro lado, o número de candidatos por curso, na segunda fase, deve ser pelo menos igual a três vezes o número de vagas oferecidas. A classificação para a etapa seguinte é sempre feita com base nos inscritos em 1ª opção para cada um dos cursos.

Para os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Artes Cênicas, Dança, Educação Artística, Música e Odontologia, há uma prova de habilidades específicas, cujo peso é de 60 pontos. No caso da carreira musical, este exame de habilidades específicas exige que o candidato já tenha conhecimento prévio sobre música. Os procedimentos mencionados a seguir acerca do processo seletivo da Universidade Estadual de Campinas foram retirados do manual do vestibulando (Universidade Estadual de Campinas, 2005). A prova de aptidão musical é realizada nas próprias dependências da universidade, com data previamente estabelecida. É dividida em quatro etapas: (1) Prova Prática de Instrumento, em que o candidato executa peças musicais no seu instrumento musical de escolha. Para o exame de Bacharelado em Instrumento, o repertório é estabelecido previamente pela comissão de organização do vestibular. Para o exame de Música Popular, o repertório é de livre escolha. Habilidades de improvisação também são avaliadas nesta modalidade. Para os exames de Composição e Regência, é necessário que o candidato execute atividades específicas relacionadas à criação musical, vocalização e regência coral; (2) Prova de Percepção Musical, que procura medir a acuidade auditiva do candidato e se divide em duas provas: Percepção Oral (individual) e Percepção Escrita (em grupo); na prova de Percepção Oral, os parâmetros de mensuração geralmente são a leitura musical e a afinação vocal (estes parâmetros vêm mudando de ano para ano); na prova de Percepção Escrita, os parâmetros de mensuração geralmente são a identificação de alturas, intensidades, durações e de timbres musicais, bem como a capacidade do candidato em transcrever um trecho musical através do referencial auditivo; em alguns anos, também a grafia musical é parâmetro de mensuração; (3) Prova de Estruturação Musical Escrita, que mede conhecimentos teóricos em música; e (4) Entrevista com a Banca Examinadora, de caráter não eliminatório. Os candidatos que obtiverem resultados inferiores a 50% do valor total destas quatro provas são eliminados do concurso.

A segunda e última fase, também comum aos candidatos de todos os cursos oferecidos pela universidade, é constituída de oito provas de natureza dissertativa das disciplinas obrigatórias do núcleo comum do Ensino Médio. As provas, realizadas em quatro dias consecutivos, obedecem à seguinte distribuição: (1) Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa e Ciências Biológicas no primeiro dia; (2) Química e História, no segundo dia; (3) Física e Geografia, no terceiro dia; (4) Matemática e Língua Estrangeira (Inglês ou Francês), no quarto dia. As provas de cada disciplina são compostas de 12 questões e valem 60 pontos (5,0 pontos por questão). O candidato tem no máximo quatro horas, e no mínimo 1 hora e 30 minutos para a realização das provas estabelecidas para cada dia. A ausência ou a obtenção de nota 0 (zero) em qualquer das provas elimina o candidato do concurso.

O propósito deste trabalho é iniciar um debate sobre o processo seletivo para a carreira de Música da UNICAMP, através da perspectiva de estudantes e professores de música.

 

MÉTODO

Participantes

Participaram desta pesquisa 20 sujeitos com idade entre 16 e 58 anos de idade. Os participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro grupo foi constituído por 10 estudantes de Música (07 homens e 03 mulheres) que estavam em fase de preparação para o ingresso na carreira de música da UNICAMP e que tinham entre 16 e 26 anos de idade; o segundo grupo foi formado por 10 professores de música (04 homens e 06 mulheres) responsáveis pela preparação destes alunos para o ingresso no curso e que tinham entre 25 e 58 anos de idade. Alguns professores eram responsáveis pela preparação de mais de um estudante, de acordo com a disciplina que lecionavam (Instrumento, Harmonia, Percepção Musical, História da Música, Solfejo e Música de Câmara). Todos os participantes tinham conhecimento sobre o processo seletivo para a carreira de música da UNICAMP (seja prestando o exame em anos anteriores, seja através dos manuais da UNICAMP de anos anteriores, em que se esclarecem questões acerca do procedimento de cada candidato dentro do processo seletivo). Todos os participantes foram selecionados em escolas de música da região de Ribeirão Preto e Campinas, estado de São Paulo.

Material

Foi utilizado um questionário, elaborado pelo pesquisador, contendo questões referentes à formação e à experiência musical de cada participante e perguntas referentes a opiniões sobre o processo seletivo para o ingresso na carreira de Música da UNICAMP e um gravador de voz, para registro das informações verbalizadas em uma entrevista. Estas entrevistas foram realizadas em salas localizadas nas escolas de música selecionadas e foram feitas em ambiente cuidadosamente preparado, com som ambiente (música clássica). As entrevistas duravam aproximadamente 28 minutos. O objetivo da entrevista era o de esclarecer questões referentes à formação musical e à experiência profissional de cada participante, bem como esclarecimentos sobre as respostas por eles fornecidas no questionário descrito na terceira etapa da coleta.

Procedimento

O estudo foi dividido em três etapas: na primeira etapa, o pesquisador foi pessoalmente até as seis escolas de música (duas escolas localizadas em Campinas e quatro escolas localizadas em Ribeirão Preto), apresentando uma breve explanação da proposta da presente pesquisa. Após o consentimento dos diretores das escolas de música selecionadas, foi solicitado às referentes secretarias o nome dos alunos que pretendiam prestar o vestibular para a carreira de Música da UNICAMP, bem como os nomes dos professores que eram responsáveis pela preparação destes alunos. O pesquisador, então, entrou em contato com estes professores e alunos, pessoalmente. Neste primeiro contato pessoal, após apresentação formal do pesquisador, foi solicitado aos participantes que preenchessem uma ficha, contento nome, escola de música ao qual o participante estava vinculado, endereço, telefone, e-mail e possibilidade de horários disponíveis para contribuição na pesquisa. Na segunda etapa os participantes respondiam, via Internet, um questionário com perguntas referentes às suas experiências musicais e pensavam sobre o que pensava acerca do processo seletivo para o ingresso na carreira de Música da UNICAMP. Na terceira e última etapa, o pesquisador entrevistava os participantes, um de cada vez. A sala de entrevista sempre tinha a presença de apenas duas pessoas: entrevistador e entrevistado. O pesquisador agendava o encontro com os participantes cerca de uma semana antes da entrevista e, quando os recebia, eles eram encaminhados até a sala de entrevistas. Os participantes, sozinhos, aguardavam por um minuto o início da entrevista, na própria sala, para se acomodarem ao ambiente. Quando o pesquisador entrava na sala, ele comunicava ao indivíduo que a entrevista seria gravada. Após o consentimento do participante, a entrevista era iniciada com a seguinte frase dita pelo pesquisador: “Esta entrevista tem o objetivo de esclarecer os pontos que você ressaltou no questionário preenchido semanas antes, via Internet”. Os participantes, então, liam suas próprias respostas (agora impressas) fornecidas no questionário virtual e então o pesquisador discutia e levantava os aspectos mais relevantes acerca do processo seletivo para o ingresso na carreira de Música da UNICAMP. Após a discussão destes aspectos, era perguntado ao participante se ele gostaria de ressaltar mais algum fator relevante acerca da questão, que talvez pudesse ter sido esquecido durante o preenchimento do questionário ou mesmo algum outro item que tenha surgido durante a própria entrevista. A entrevista terminava quando o pesquisador perguntava: “Você está satisfeito com a entrevista?”. Quando o participante respondia afirmativamente, era declarado fim da entrevista. O pesquisador, então, agradecia aos participantes e se despedia, acompanhando-os para fora da sala.

Após o final da pesquisa de campo, os dados referentes aos questionários foram arquivados em uma pasta e salvos em um computador. As gravações das entrevistas foram ouvidas diversas vezes pelo pesquisador em dias diferentes, para que as observações mais relevantes apontadas pelos participantes para o objeto deste estudo fossem cuidadosamente transcritas, observadas e analisadas.

Organização dos dados

Através de uma abordagem quantitativa, os dados foram organizados levando-se em conta a classificação das opiniões fornecidas, em relação ao nível de adequação (adequado/ inadequado) de cada etapa do vestibular para o ingresso na carreira de Música da UNICAMP. Após a quantificação dos dados, foi feita uma análise descritiva e qualitativa das respostas fornecidas pelos dois grupos de sujeitos (estudantes e professores de música) em relação a cada etapa do exame.

 

RESULTADOS

Na Tabela 1 estão apresentados os julgamentos feitos por estudantes de música e por professores de música referentes à adequação do vestibular para a carreira de M0úsica da UNICAMP, nas três etapas do exame: Prova da 1ª fase escrita, Prova de Aptidão Musical e Prova da 2ª Fase escrita.

Tabela 1
Porcentagem de respostas referentes aos julgamentos feitos por estudantes de música e por professores de música sobre a adequação do vestibular para a carreira de Música da UNICAMP, nas três etapas do exame: Prova da 1ª Fase (escrita), Prova de Aptidão Musical e Prova da 2ª Fase (escrita)

 

 

1ª Fase do exame

A opinião dos alunos com relação à primeira fase do vestibular para a carreira de Música da UNICAMP reflete um equilíbrio: 40% dos candidatos acreditam que o exame da primeira fase seja adequado a seu propósito e 60% dos candidatos acreditam que o exame da primeira fase seja inadequado ao seu propósito. Os principais aspectos levantados pelos candidatos que classificaram o exame da primeira fase como adequado foram em relação ao seu grau de dificuldade e conteúdo. Os principais relatos obtidos foram: “O exame mede conhecimentos básicos para uma pessoa que quer entrar na universidade.”; “Acredito que o conteúdo seja adequado, pois abrange todas as disciplinas estudadas no Ensino Médio.”.

Os principais aspectos levantados pelos candidatos que classificaram o exame da primeira fase como inadequado foram, principalmente, em relação ao conteúdo das provas e ao seu caráter eliminatório. Os principais relatos foram: “Acho que o conteúdo do vestibular vai um pouco além do que é necessário ao estudante de música e então fica difícil associar o estudo das matérias da escola com o estudo de música diário.”; “Por ser de caráter eliminatório, o candidato não tem chance de demonstrar suas aptidões musicais, pois pode ser eliminado ainda na primeira fase.” e “Acho que a prova da primeira fase é desnecessária, por não ter nada relacionado com música: é só matéria escrita.”.

A opinião dos professores de música com relação à primeira fase do vestibular para a carreira de Música da UNICAMP não reflete o mesmo equilíbrio que a opinião dos alunos: 90% dos professores acreditam que o exame da primeira fase seja adequado a seu propósito e apenas 10% dos professores de música acreditam que o exame da primeira fase seja inadequado ao seu propósito.

Os principais aspectos levantados pelos professores que classificaram o exame da primeira fase como adequado foram em relação ao nível exigido pelo exame. Os professores tiveram a opinião quase unânime de que o exame da primeira fase é justo, na medida em que a prova exige boa escrita (por conter a redação), uma linha lógica de raciocínio e por conter questões abertas, impedindo que o aluno ingresse na universidade “por sorte”, como acontece em testes de múltipla escolha. Os principais relatos obtidos foram: “A primeira fase exige que se saiba escrever relativamente bem (redação) e demonstrar uma linha lógica de raciocínio.”; “A prova é de nível fácil, exige que o candidato esteja por dentro das atualidades do país e do mundo e também do conteúdo básico para o Ensino Médio.”; “Este exame exige maturidade para o raciocínio lógico e para o discurso (redação). Na minha opinião, é uma prova adequada por ter questões abertas, o que realmente avalia, impedindo que o aluno “chute”, como acontece em outros vestibulares”. Somente a opinião de um professor classificou o exame da primeira fase como exagerado, desnecessário, oferecendo um ponto de vista que favorece apenas a prova de aptidão musical.

Prova de aptidão musical

A opinião dos alunos com relação à prova de aptidão musical do vestibular para a carreira de Música da UNICAMP é que este exame é adequado: 70% dos candidatos procederam com esta opinião, contra 30% dos candidatos que acreditam que o exame de aptidão é aplicado de forma inadequada ao seu propósito.

Os principais aspectos levantados pelos candidatos que classificaram o exame de aptidão como adequado foram em relação ao seu grau de dificuldade e conteúdo. Os principais relatos obtidos foram: “O exame de aptidão exige boa bagagem técnica e teórica, um estudo aprofundado durante anos...”; “A prova de aptidão mede os conhecimentos dos alunos, necessários para o bom aproveitamento do curso e para a seleção dos mais capacitados, já que são poucas vagas.”; “Acho necessária essa prova e os conteúdos delas são legais, a gente acaba aprendendo na hora do exame.”; “A prova de aptidão é aplicada de forma correta, só acho que os assuntos poderiam ser melhor distribuídos: deveria haver uma proporção mais igual de questões teóricas, de História e Percepção”.

Dos alunos que acreditam que o exame de aptidão musical seja aplicado de forma inadequada, os principais aspectos levantados foram com relação ao tempo da prova, considerado muito curto para se avaliar um candidato que se prepara durante um ano todo.
A opinião dos professores de música com relação à prova de aptidão musical do vestibular para a carreira de Música da UNICAMP é totalmente diferente do ponto de vista dos alunos: apenas 20% dos professores acreditam que o exame da primeira fase seja adequado a seu propósito e 80% dos professores acreditam que o exame de aptidão seja aplicado de forma inadequada ao seu propósito.

Os principais aspectos levantados pelos professores que classificam o exame de aptidão como inadequado tiveram relação com o tempo do exame, com o grau de estresse que ele proporciona, o ambiente de competição, o nível de dificuldade do exame, adequação deste nível de dificuldade ao tipo de instrumento escolhido por cada candidato, aos critérios de avaliação de cada membro da banca e ao feedback que a universidade não dá aos alunos. Os principais relatos obtidos foram: “A prova de aptidão é bastante cansativa, tensa e intensa, com um nível alto de dificuldade.”; “Não acho que a competição produza bons profissionais em qualquer área...”; “A prova mede conhecimentos em música de forma fragmentada e não como um todo.”, “É um absurdo medir a performance musical de um candidato em apenas uma peça tocada, em apenas um estilo musical. Penso que a prova de execução do instrumento deva ser feita de várias maneiras: ao vivo e em estúdio, em ambiente aberto ao público e fechado, solo e em conjunto, durante vários dias, com várias performances musicais do aluno e com várias bancas, para que a maioria dos professores que acompanharão este aluno durante o ano sejam capazes de conhecê-lo melhor e escolher, de fato, os melhores candidatos à vaga.”; “A prova teórica deveria ter nível proporcional à formação de cada instrumentista: bateristas, percussionistas e tocadores de instrumentos não harmônicos (como flauta, violino, gaita, etc) sempre levam desvantagem, porque não têm os mesmos conhecimentos de harmonia que os pianistas e guitarristas; assim, nunca se sabe qual o critério de avaliação da banca examinadora.”; “O modelo do exame é mal feito, porque os alunos (aprovados ou reprovados) nem têm um retorno, para saberem porque ficaram de fora da universidade ou porque estão lá dentro.”; “É um exame sem noção, que prioriza somente os bons alunos de música e não bons artistas, aqueles que já tocam em palco, que já trabalham com música há anos, principalmente porque com relação ao perfil do candidato, talvez os alunos de música sejam mais disciplinados do que os artistas: é mais fácil dar aula para estes alunos...”.

Os principais aspectos levantados pelos professores que classificam o exame de aptidão como adequado tiveram relação ao nível do exame: para alguns professores, “é interessante a universidade adotar um exame de aptidão de alto nível, para selecionar os melhores candidatos, de fato...”; “É verdade que o nível exigido no exame de aptidão subiu muito nos últimos anos. Mas isso contribui para o nível de excelência do curso... Fiquei sabendo que nos Estados Unidos, a pessoa que quer uma vaga nos cursos de música tem que der uma bagagem técnica e teórica muito maior do que a bagagem que os cursos exigem por aqui e creio que, para alcançarmos o nível deles (os americanos), devemos sempre querer o melhor, o mais difícil mesmo...”.

2ª Fase do exame

A opinião dos alunos e dos professores, com relação à segunda fase do vestibular para a carreira de Música da UNICAMP praticamente foi a mesma: a grande maioria considerou esta fase do exame como inadequada (80% para os alunos e 90% para os professores).

Os principais aspectos levantados pelos candidatos que classificaram o exame da segunda fase como inadequado foram em relação ao seu grau de dificuldade e ao seu conteúdo. Os principais relatos obtidos pelos pleiteantes a uma das vagas foram: “Não deveria haver segunda fase, pois a prova específica já é uma segunda fase, acho desnecessário este tipo de avaliação” (o conteúdo deste relato foi dito de forma semelhante por quatro participantes); “Muitos músicos bons já trabalham na área e não têm oportunidade de fazer cursinho pré-vestibular. O que acontece? Arrebentam na prova de aptidão, mas quando chegam na prova da segunda fase, não conseguem a vaga.”; “As provas da segunda fase são desnecessárias, porque os seus conteúdos não têm relação com a formação musical do indivíduo”; “Acho um absurdo músico ter que ser catedrático em física, química e biologia, se não vai utilizar esses conteúdos para o resto de suas vidas!”; “A prova de aptidão deveria equivaler à segunda fase, porque o que importa para o músico é tocar e não perder tempo estudando matéria de cursinho.”; “Esta prova é uma viagem... Imaginem: quatro tardes perdidas, das 13:00 às 17:00 horas fazendo prova escrita. Após alguns dias, você tem que arrumar um lugar para ficar em Campinas para fazer o exame de aptidão, que dura mais três dias... Ou seja, são sete dias de prova, sem descanso, mais o estresse da viagem, da adaptação a uma cidade diferente, da tensão na hora da prova, de olhar pessoas que você nem tende a se aproximar, pois são suas rivais... Música é para juntar e não para separar... Eu mesmo, se não passar este ano, vou desistir da graduação em música... Tentarei ser músico por conta própria, fazendo aulas com bons professores.”.

Os principais aspectos levantados pelos professores responsáveis pela preparação de candidatos a uma vaga na carreira de Música da UNICAMP, que classificaram o exame da segunda fase como inadequado foram em relação ao conteúdo do exame, às condições físicas e psicológicas do candidato e à formação profissional do músico. Os principais relatos obtidos pelos professores foram: “Eu acho que esta prova da segunda fase não permite que o aluno faça as provas em boas condições físicas, mentais e motivacionais, porque eles já vêm de uma prova duríssima de aptidão e depois passam tardes cansativas respondendo a questões sobre assuntos que não vão ser desenvolvidos durante o seu percurso acadêmico...”; “Acho este exame muito exagerado e tenho absoluta certeza de que esta política de seleção do Instituto de Artes da UNICAMP exclui muita gente boa e criativa; não concordo com esta 2ª fase...”; “Não sei, mas eu acho que talvez algumas provas devam ser eliminadas, como Física, Química, Geografia, Matemática e Biologia. Talvez os alunos de música devessem fazer apenas as provas de Português, Inglês e História, porque é o que realmente vão usufruir durante a graduação...”; “Importante: tenho alunos que têm deixado a carreira musical por causa deste exame da segunda fase, aliado a uma enorme cobrança, por parte dos pais, na obtenção de um curso de graduação. Assim, alunos musicalmente favorecidos estão optando por Direito, Administração ou até mesmo Medicina em faculdades particulares porque dessa forma conseguem ter tempo para tocar sua musiquinha (que é uma paixão), porque os estudos nestas faculdades (que são uma necessidade) geralmente não exigem tanto quanto nas universidades públicas, como a UNICAMP. O que temos é um incentivo à formação de músicos amadores, quando acredito que na verdade, o que deveria ser priorizado é a formação do músico profissional. Gostaria que as pessoas fossem mais realizadas profissionalmente e não atropelassem suas maiores vocações...

O único aspecto relevante verbalizado tanto pelos candidatos à vaga, quanto pelos professores, diz respeito à utilização da prova da segunda fase: os relatos foram parecidos, no que diz respeito ao futuro do estudante: “O conteúdo condiz com o futuro do vestibulando na universidade, em que lhe é exigido conhecimentos de língua portuguesa no que se refere à elaboração de textos em trabalhos, seminários, etc.”.

 

DISCUSSÃO

As opiniões dos professores sobre a primeira fase do processo seletivo para a carreira de Música da UNICAMP são de que esta etapa do exame é bastante importante, na medida em que equivale a uma qualificação necessária referente aos conteúdos do Ensino Médio. Os relatos dos profissionais responsáveis pela preparação dos alunos à carreira de Música são convergentes aos pressupostos de Asmus (1999), na medida em que para estes profissionais, a primeira etapa do exame define claramente o que vai ser mensurado e é consistente, preparando o indivíduo para a maturidade intelectual que será exigida no meio acadêmico. As opiniões dos professores de música se justificaram principalmente pelo caráter aberto das questões. Segundo os professores, esta forma de avaliação dá a chance para que os alunos manifestem sua capacidade de organização de idéias, poder de síntese e raciocínio lógico, não estando enraizado em datas, fatos isolados e conteúdos estatísticos; também exige do aluno a capacidade de persuasão e de clareza de discernimento, através da prova de redação. As opiniões dos alunos foram bastante equilibradas em relação ao nível de adequação ao exame. São opiniões que mostram maturidades intelectuais heterogêneas, na medida em que alguns deles reconhecem a relevância deste exame apontada por seus professores, enquanto outros, não. Algumas críticas dos pleiteantes à carreira de Música se justificaram principalmente pelo nível de exigência do exame. Segundo estes alunos, a prova da primeira fase pode excluir muitos instrumentistas altamente qualificados; para alguns alunos, em muitos casos, eles não têm chance de mostrar sua musicalidade aos membros da banca examinadora. Portanto, com relação à primeira fase do processo seletivo para a carreira de Música da UNICAMP, os resultados apontam algumas sugestões de caráter informativo que poderiam ser esclarecidas aos vestibulandos no intuito de clarificar a função do objeto mensurador. Segundo Asmus (1999), é importante deixar muito claro quais são os objetivos desejados com a avaliação e que papel ela desempenha no contexto acadêmico. A importância da primeira fase do exame poderia ser esclarecida tanto por parte dos professores como por parte da comissão do próprio vestibular.

As opiniões dos professores sobre a prova de aptidão musical são de que o nível desta prova está além da maturidade intelectual dos candidatos. Este tipo de opinião aparece principalmente nas críticas referentes ao tempo do exame, ao grau de estresse, ao ambiente de competição e ao nível de dificuldade da prova. Além disso, os professores de música ressaltam que os critérios de avaliação nas provas de instrumento não estão bem definidos. Segundo Asmus (1999), é importante que os avaliadores em música conheçam um vocabulário para avaliar, seja em comentários verbais ou preenchendo relatórios e boletins. Palavras como avaliação formativa e somativa, confiabilidade, critérios, normas, padrões, rubrica e validade, por exemplo, podem ser usadas na avaliação em performance com o mesmo significado que na avaliação de outras disciplinas. O conhecimento deste vocabulário pode ajudar na definição dos parâmetros a serem avaliados nas bancas de performance musical. Além disso, Boyle (1987) sugere uma divulgação dos critérios de avaliação estabelecidos para o indivíduo que vai ser avaliado. No caso do vestibular da UNICAMP, estes critérios poderiam ser divulgados tanto para os alunos como para os profissionais responsáveis por sua preparação.

Outro aspecto importante ressaltado pelos professores foi o fato de que os alunos não ficam sabendo como eles foram avaliados. Em casos de reprovação, contudo, estes alunos não obtêm um parâmetro de comparação para se aprimorarem para os anos seguintes. Segundo os relatos obtidos, esta falta de feedback torna o trabalho destes profissionais bastante difícil, muitas vezes deixando-os inseguros acerca dos conteúdos a serem trabalhados durante a preparação de seus alunos. Colwell (1995) considera a habilidade de prover feedback válidos uma importante etapa do processo de avaliação. Segundo o autor, as instituições voltadas ao ensino de música que se distinguem da média, são capazes de reportar ao estudante não só uma visão clara de seu estágio como executante, mas também uma visão clara de seu estágio musical como um todo.

As opiniões dos alunos sobre a prova de aptidão musical da UNICAMP são divergentes em relação às opiniões dos seus professores: os alunos acreditam que esta forma de avaliação é adequada ao tipo de habilidade que ela procura medir. No entanto, esta pesquisa aponta algumas possibilidades para explicação das respostas dos alunos entrevistados: (1) pode ser que seja o único tipo de avaliação musical que estes alunos conheçam, uma vez que este é o modelo mais comum operacionalizado em conservatórios e escolas de música, de um modo geral; (2) assim como as opiniões destes alunos acerca da primeira fase do exame refletem um conhecimento limitado sobre os seus parâmetros de mensuração, pode ser que, no caso da prova de aptidão, os vestibulandos também tenham um conhecimento limitado sobre o porquê deste exame. O que esta avaliação está medindo? Em quais habilidades o candidato está sendo avaliado? Quais são os pré-requisitos que a universidade espera que o candidato saiba para poder estudar nela? Assim, também para o exame de aptidão este estudo revela algumas necessidades de caráter informativo para os vestibulandos. Além de um esclarecimento maior sobre o conteúdo do exame de aptidão contido no manual do candidato, outras dúvidas poderiam ser esclarecidas antes do início do exame pela própria banca examinadora, visando responder as questões acima. Dessa forma, os alunos teriam clareza sobre os parâmetros de mensuração do exame. Esta clareza ainda poderia contribuir para uma melhora de desempenho nas tarefas e diminuição do estresse e da ansiedade durante o exame.

As opiniões dos professores e dos alunos sobre a segunda fase do processo seletivo para a carreira de Música da UNICAMP são de que o conteúdo destas provas é muito específico, de difícil assimilação e não tão necessário para a avaliação em música. Este tipo de opinião aparece principalmente nas críticas referentes ao conteúdo das provas e ao grau de importância dado ao conteúdo desta etapa do exame na formação geral do músico. Além disso, as opiniões dos professores foram na direção contrária ao peso muito alto atribuído pela comissão do vestibular ao exame da segunda fase na pontuação geral de todo o processo seletivo (primeira fase, prova de aptidão e segunda fase). Também as entrevistas com estes profissionais mostraram casos que apontam a segunda fase do vestibular como a principal causa da perda da motivação para a realização de uma graduação em Música. Em casos extremos, existem alunos que optam até mesmo pelo abandono da carreira musical. No entanto, para qualquer um dos grupos, o exame de aptidão deveria ser avaliado como o mais importante dos exames para a carreira de Música.

Elaborar critérios válidos e confiáveis para avaliar é tarefa quase impossível, porque mensurar em artes significa lidar com áreas que envolvem a criatividade individual e normalmente os testes tradicionais de avaliação em música procuraram priorizar questões de forma mais objetiva. A diferença entre a apreciação crítica de uma performance e a preferência por determinada forma de tocar deve ser previamente definida com clareza, porque a primeira é mais objetiva e a segunda mais subjetiva (Tourinho & Oliveira, 2003). Este caráter subjetivo da avaliação em música foi o principal elemento responsável pelas divergências de opiniões dos alunos e professores sobre o processo seletivo para a carreira de Música da UNICAMP. Apesar destas divergências, as opiniões colhidas neste estudo são, em sua maioria, favoráveis aos critérios estabelecidos por Asmus (1999), que recomenda como um processo seletivo adequado, o exame que define claramente o que vai ser mensurado, que define claramente regras, a rubrica, a ementa, para caracterizar o que vai ser avaliado e, principalmente, o exame que consegue ser o mais consistente possível. Além disso, especificamente na avaliação da performance musical, o autor ressalta a importância da realização deste teste em ambiente que disponha do uso de aparelhagem que permita ao avaliador ouvir e rever os mesmos dados quantas vezes sejam necessárias para se avaliar com precisão.

Esta pesquisa foi realizada com o intuito de promover um debate sobre o processo seletivo para a carreira de Música da UNICAMP do ponto de vista do próprio vestibulando e dos profissionais que preparam estes alunos para o vestibular. Os resultados obtidos neste estudo mostraram opiniões convergentes e divergentes sobre este processo seletivo, abrindo assim, espaço para outros debates futuros. Estes debates se tornam importantes porque permitem um esclarecimento sobre os parâmetros de avaliação utilizados na escolha dos candidatos para carreira musical não só da UNICAMP, como também em outras universidades; além disso, também podem contribuir para um aprimoramento dos processos seletivos em música realizados em nosso país. Este aprimoramento torna-se possível através da ajuda da Psicologia, que pode contribuir na obtenção dos conhecimentos necessários para a elaboração de testes mais precisos de mensuração em música.

 

REFERÊNCIAS

Apfeltstadt, H. (2000). First things first: Selecting repertoire. British Journal of Music Education, 87 (1), 19-22.        [ Links ]

Asmus, E. (1999). Music assessment concepts. MENC, 86 (3), 19.        [ Links ]

Boyle, J. D. (1987). Measurement and evaluation of musical experiences. New York: Schirmer Books.         [ Links ]

Colwell, R. (1995). Now that we’re there, who wants to know? The Quarterly Journal of Music Teaching and Learning, 6 (4), 5-18.

Hargreaves, D. J. (1986). The developmental Psychology of Music. Avon: Cambridge University Press.         [ Links ]

Kenny, W. (1998). Thinking critically in the Practice Room. Music Eduactors Journal, 85 (1), 21-23.        [ Links ]

Mobley, M. (1986). All about GCSE. London: Heinemann.        [ Links ]

Sloboda, J. A. (1985). The Musical Mind. Oxford: Oxford Express.        [ Links ]

Tourinho, C. & Oliveira, A. (2003). A avaliação da performance musical. Em L. Hentschke & J. Souza (Orgs.), Avaliação em música: Reflexões e práticas (pp. 13-28). São Paulo, SP: Moderna.        [ Links ]

Universidade Estadual de Campinas (2005). Manual do vestibulando. Campinas: COMVEST.        [ Links ]

Winter, N. (1993). Music performance assessment: A study of the effects of training and experience on the criteria used by music examiners. International Journal of Music Education, 22, 34-39.        [ Links ]

 

 

Recebido: 25/07/06
1ª Revisão: 14/03/07
Aceite final: 22/03/07

 

 

1Este estudo é resultado de um trabalho prático realizado junto à disciplina “Psicologia Vocacional e Orientação Profissional: teorias de escolha e produção científica”, ministrada pela Profa. Dra. Lucy Leal Melo-Silva, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de São Paulo, Campus de Ribeirão Preto.
2 Endereço para correspondência: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Departamento de Psicologia e Educação, Universidade de São Paulo, Av. Bandeirantes, 3900, 14040-901, Ribeirão Preto, SP. Fone: (16)36023697. E-mail: danramos@aluno.ffclrp.usp.br / danramosnilo@gmail.com.

Sobre o autor
* Danilo Ramos é pianista, bacharel em Música Popular pela UNICAMP, mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo e aluno de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, cujo trabalho está embasado em Psicologia Cognitiva da Música.

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