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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versão On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof v.9 n.1 São Paulo jun. 2008

 

EDITORIAL

 

 

Este fascículo da Revista Brasileira de Orientação Profissional (RBOP) foi gestado no contexto latino-americano de preparação para o Congreso Internacional de Orientación como propuesta para La Ecologia Social, que será realizado em Buenos Aires, Argentina, de 18 a 20 de setembro. Nesse evento, a revista terá seu lugar de destaque junto a duas outras revistas latino-americanas do campo da orientação. O cenário internacional, também, é de organização do Primer Coloquio Iberoamericano de Orientación Educativa y Tutoria, que ocorrerá de 28 a 31 de outubro, em Toluca, no México.

No Brasil, no âmbito da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP), que completa 15 anos, a fase é de difusão ampliada da associação, de discussões sobre as competências desejáveis do orientador profissional e de reflexões sobre políticas públicas que visem à expansão da área enquanto campo de atividades práticas e de investigação. E, também, de apoio incondicional à RBOP na gestão editorial e na distribuição da Revista.

Na realidade brasileira, o cenário é de mudanças nos critérios de avaliação dos periódicos científicos em Psicologia (ualis Periódicos), iniciativa liderada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e pela Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP). As mudanças foram deliberadas no XII Simpósio de Pesquisas e Intercâmbio Científico, realizado pela ANPEPP de 25 a 28 de maio de 2008 em Natal-RN, visando a melhor discriminar a qualidade dos periódicos.

Cumpre destacar que a produção científica brasileira é a 15ª no mundo e destaque na América Latina (http://www.anpepp.org.br/index-comi.htm), o que requer revisão constante dos sistemas de avaliação dos métodos de investigação, bem como dos instrumentos de divulgação dos resultados das pesquisas em todas as áreas do conhecimento. É nessa perspectiva de produção e disseminação da informação qualificada, que a Comissão de Avaliação dos Periódicos Científicos em Psicologia CAPES/ANPEPP estabeleceu novos critérios, que serão úteis, também, como parâmetro para que as revistas visem ao grau de excelência (http://www.bvs-psi.org.br/QUALIS_Periodicos_ReuniaoEditorial).

A RBOP é uma das publicações da Área da Psicologia da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS-Psi), e, portanto, os referidos critérios constituirão seus parâmetros avaliativos. Considerando a continuidade dos debates científicos no domínio da Orientação Profissional, os editores da RBOP agradecem a contribuição dos autores e o trabalho incansável dos consultores para a construção e a divulgação da produção científica nesse domínio, o que tem permitido à RBOP ocupar um lugar de destaque no Brasil e, também, em países ibero-americanos.

Os avanços na gestão editorial da Revista, desde sua origem até 2007, estão registrados na Seção Especial com o texto intitulado Revista Brasileira de Orientação Profissional: Relatório de gestão dos períodos 1997-1999 e 2003-2007, de Lucy Leal Melo-Silva, Maria Célia Pacheco Lassance, Manoel Antônio dos Santos e Eduardo Name Risk. Esse documento objetiva compartilhar com a comunidade acadêmica as conquistas na divulgação da produção do conhecimento científico na área e, ao mesmo tempo, registrar a mudança dos critérios de avaliação dos periódicos científicos brasileiros, na visão dos editores e equipe de gestão.

Com relação aos artigos originais, vale ressaltar que neste fascículo a Orientação Profissional, a partir da perspectiva da Psicologia, dialoga com as áreas da Administração e da Educação. Na sequência das publicações, o primeiro artigo: A auto-eficácia na utilização da internet para a pesquisa de informação escolar e profissional, de Patrícia Inácio e Vítor Gamboa, da Universidade do Algarve, Portugal, analisa a auto-eficácia, nesse domínio, em alunos do 7º, 9º e 12º anos de escolaridade. Os resultados, segundo os autores, sugerem que a auto-eficácia no uso da internet prediz a atividade exploratória na busca por informação escolar e profissional, sobretudo entre os estudantes do 12º ano, o que equivale no Brasil ao 3º ano do ensino médio.

Visando contribuir com o debate teórico, no contexto brasileiro, Maiana Farias Oliveira Nunes, da Universidade São Francisco, Itatiba-SP, contribui com o artigo intitulado Funcionamento e desenvolvimento das crenças de auto-eficácia: Uma revisão. A autora aborda questões conceituais, sobretudo no que diz respeito às crenças de auto-eficácia, contribuindo com as reflexões acerca da aplicação desses pressupostos teóricos à prática da Orientação Profissional.

A evolução do conceito de carreira em profissionais graduados é tratada no terceiro artigo Seriam as âncoras de carreiras estáveis ou mutantes? Um estudo com profissionais de Administração em transição de carreira, de Zélia Miranda Kilimnik e Luiz Cláudio Vieira de Oliveira, da Universidade FUMEC de Belo Horizonte-MG, Anderson de Souza Sant’Anna, da Fundação Dom Cabral, Belo Horizonte-MG, e Delba Teixeira Rodrigues Barros, da Universidade Federal de Minas Gerais, também de Belo Horizonte-MG. O estudo investigou as auto-percepções e aspirações (ncoras) de carreira de Edgard Schein em um estudo longitudinal. Os resultados mostram que a ênfase na âncora Estilo de Vida reflete a importância atribuída ao equilíbrio entre vida familiar e trabalho. Os autores destacam que em outros casos observa-se uma reconfiguração das âncoras, associadas a transições de carreira.

Dando seqüência às investigações sobre o uso de instrumentos de avaliação psicológica, o quarto estudo trata da aplicação destes recursos no contexto da orientação vocacional, uma das competências especializadas do orientador profissional. Assim, o artigo intitulado Padrões normativos do BBT-BR em adolescentes: Uma verificação da atualidade das normas disponíveis, de Sonia Regina Pasian e Maria Luisa Casillo Jardim-Maran, da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto-SP, examina as normas elaboradas para o BBT-Br em adolescentes, comparando padrões de desempenho em duas épocas distintas. As autoras concluem que os resultados são semelhantes àqueles encontrados no processo de normatização original da técnica.

O quinto estudo contribui com as investigações sobre a prática da orientação. Assim, o artigo Ressignificação da experiência de Orientação Profissional, de Cláudia Sampaio Corrêa da Silva, Luciana Rubensan Ourique, Manoela Ziebell de Oliveira, Marcia Giovana Pedruzzi Reis e Maria Célia Lassance, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS, investigou como os clientes atendidos em um serviço-escola de orientação profissional ressignificam essa experiência. As autoras concluem que ressignificar a experiência vivida possibilita a obtenção de resultados mais duradouros e de aprendizagens transferíveis no desenvolvimento do projeto de carreira ao longo da vida.

No domínio da Orientação Profissional e do Desenvolvimento de Carreira, teoria e prática são historicamente indissociáveis. Este fascículo evidencia mais ainda este perfil da área. Os artigos subseqüentes relatam experiências desenvolvidas em diferentes cenários e contextos: consultoria a professores, estágio social em Administração de Empresas e uma experiência no referencial teórico neo-reichiano.

A sexta contribuição, de Ana Mouta e Inês Nascimento, da Universidade do Porto, Portugal, intitulada Os (novos) interlocutores no desenvolvimento vocacional de jovens: Uma experiência de consultoria a professores, parte do pressuposto de que os professores são figuras importantes para a formação e preparação dos jovens para a vida profissional ativa e para a cidadania. Assim sendo, o artigo relata a experiência em consultoria a professores no domínio vocacional.

Por sua vez, o sétimo estudo, A formação profissional de estudantes de Administração: Uma experiência de estágio social com jovens abrigados, de Fabio Scorsolini-Comin, Alberto Borges Matias e David Forli Inocente, do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração, Ribeirão Preto-SP, descreve uma experiência de estágio e suas implicações para a formação profissional de estudantes de um curso de Administração de Empresas. Trata-se de estágio social desenvolvido com jovens vitimizados e em situação de risco psicossocial de abrigos públicos, em uma cidade do interior do Estado de São Paulo. Os autores concluem que a perspectiva da Psicoeducação, que subsidiou a prática do estágio, facilitou a intervenção propriamente dita com os usuários do programa, podendo constituir uma ferramenta na formação de administradores.

O oitavo estudo, A Orientação Vocacional na perspectiva neo-reichiana: Contribuições do grounding, de Fernando Henrique Rezende Aguiar e Maria Inês Gandolfo Conceição, da Universidade de Brasília, Brasília-DF, descreve uma experiência de trabalhos corporais aplicados em um processo de orientação com um grupo de dez adolescentes do último ano do ensino médio da rede pública.

A abrangência e a diversidade de âmbitos de atuação profissional no domínio do Desenvolvimento de Carreira e da Orientação Profissional são cada vez mais valorizadas por profissionais e pesquisadores na contemporaneidade. Desta forma, estudos que retratam as evoluções da área, assim como as inovações e/ou desafios para se discutir as diversificações teórico-metodológicas, encontram espaço apropriado na RBOP.

O Conselho Editorial tem trabalhado intensamente para que a revista possa continuar contribuindo para consolidar os avanços na área e para que a teoria e a prática sejam sempre objetos de reflexão crítica dos leitores e investigadores de diferentes cenários e contextos. Desejamos a todos uma proveitosa leitura!

 

 

Lucy Leal Melo-Silva

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