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Revista Brasileira de Orientação Profissional

On-line version ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.9 no.2 São Paulo Dec. 2008

 

EDITORIAL

 

No período de organização do presente fascículo o Conselho Editorial da Revista Brasileira de Orientação Profissional (RBOP) esteve empenhado na agilização do processo editorial, enquanto que a Diretoria da Associação Brasileira de Orientação Profissional (ABOP) dedicou-se ao planejamento do II Congresso Latino-americano da ABOP e do IX Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional & Ocupacional, que será realizado no segundo semestre de 2009 em São Paulo. A pesquisa e a intervenção constituem focos de preocupação da RBOP e da ABOP.

Este fascículo reúne artigos teóricos, de pesquisa empírica e relato de experiência sobre temas contemporâneos, sendo alguns deles recorrentes no campo da Orientação Profissional. O primeiro dos estudos teóricos Reconceptualización de la Orientación Educativa en los tiempos actuales, de Julio González Bello, da Universidad de Carabobo, Valencia, Venezuela, analisa um tema fortemente presente no contexto latino-americano, tendo em vista as constantes mudanças sociais, econômicas e políticas em escala mundial, e conseqüentemente nas relações de trabalho e na oferta insuficiente de serviços qualificados que possam atender à maioria da população. Nesse sentido, o autor destaca a necessidade de profissionalização dos trabalhadores da área da Orientação Educacional e Profissional, como especialistas em desenvolvimento humano e com conhecimentos sólidos nas áreas da Educação, Psicologia e Sociologia, devendo possuir competências para atender com eficácia e eficiência às demandas da sociedade tal qual preconiza a Associação Internacional para a Orientação Educacional e Vocacional (AIOSP).

Cumpre destacar que o último fascículo do International Journal for Educational and Vocational Guidance, 8(3), 2008 analisa a questão das competências em um estudo transnacional. Competências requeridas dos profissionais e política pública em aconselhamento de carreira constituem temas de interesse para a RBOP.

O segundo estudo teórico A abordagem sócio-cognitiva no aconselhamento vocacional: Uma reflexão sobre a evolução dos conceitos e da prática da orientação, de Maria Odília Teixeira, da Uni­versidade de Lisboa, Lisboa, Portugal, discute a Psicologia da Orientação associada às transformações dos conceitos de trabalho e de educação e ao surgimento de paradigmas psicológicos que modificaram o objeto e o objetivo da intervenção psicológica em orientação, sobretudo no contexto europeu. A autora versa sobre a perspectiva sócio-cognitiva como representativa de uma prática, cujos fundamentos se centram na pessoa, com capacidade de decidir sobre o seu destino e bem-estar. Nessa perspectiva o trabalho e o estudo são encarados como tarefas de vida, que cada pessoa pode gerir e monitorizar, ou seja, como processos de auto-regulação, ao longo da vida.

Ainda no cenário europeu, especificamente o português, o terceiro artigo, iniciando o conjunto de contribuições de natureza empírica, Exploração e decisão de carreira numa transição escolar: Diferenças individuais, de Liliana da Costa Faria, Maria do Céu Taveira e Luísa Maria Saavedra, da Universidade do Minho, Braga, Portugal, investiga a exploração e a indecisão de carreira, em momentos de transição escolar. Diferenças individuais &– nas dimensões exploração e indecisão &– foram avaliadas em 178 estudantes do 9º ano de escolaridade de ambos os sexos em escolas do noroeste de Portugal. Os resultados contribuem para o planejamento de intervenções vocacionais com adolescentes.

O quarto estudo intitulado Apoio parental percebido no contexto da escolha inicial e da evasão de curso universitário é uma contribuição de Marucia Patta Bardagi, da Universidade Luterana do Brasil, Santa Maria-RS, e de Cláudio Simon Hutz, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS. O estudo investigou o apoio percebido à escolha e à evasão em universitários, três mulheres e cinco homens entre 20 e 25 anos, que abandonaram o curso em diferentes momentos da graduação. Os resultados apontam a importância da participação parental no processo de escolha e durante a graduação.

O quinto estudo, Adaptação e validação da Escala Combinada de Atitudes da Maturidade de Carreira (CDA): Versão para estudantes universitários, de Marina Cardoso de Oliveira e Marília Ferreira Dela Coleta, da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG, objetiva verificar a validade e a confiabilidade da Escala Combinada de Atitudes da Maturidade de Carreira (CDA), versão para estudantes universitários. O estudo foi desenvolvido com 581 universitários de instituições públicas e particulares e confere validade à escala CDA, fornecendo indicadores para seu uso em futuras pesquisas bem como na avaliação de programas de orientação de carreira destinados aos universitários brasileiros.

A sexta contribuição intitulada Generatividade e vínculos com a carreira e a organização: Problematizando as bases do comprometimento organizacional é de autoria de Mauro de Oliveira Maga­lhães, da Universidade Federal da Bahia, Salvador-BA. Trata-se de um estudo sobre os vínculos do indivíduo com o trabalho, por meio do modelo tridimensional do comprometimento organizacional de Meyer e Allen. No referido estudo foram investigadas as relações entre as bases do comprometimento com a organização e os construtos comprometimento com a carreira, entrincheiramento na carreira e generatividade em uma amostra de 190 profissionais graduados no ensino superior.

O sétimo artigo intitulado Expectativas e estratégias de ação em relação à inserção profissional é uma contribuição de Uajará Pessoa Araújo, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG, de Mauro Dinis Sousa e de Mayara Maria de Jesus Muniz, da Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG, de Almiralva Ferraz Gomes, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista-BA e de Luiz Marcelo Antonialli, da Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG. O estudo investigou a visão de alunos de Engenharia, de duas Instituições Federais de Ensino Superior, sobre inserção profissional.

A oitava contribuição trata da identidade profissional de educadores infantis. O artigo intitulado Profissionalização do educador de creche: Negociações identitárias no momento de formação em nível médio é de autoria de Delma Rosa dos Santos Bezerra e Ana Paula Soares da Silva, da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto-SP. As autoras destacam a inserção das creches e dos jardins-de-infância nas secretarias municipais da educação, como resultado de políticas públicas brasileiras implementadas a partir de 1996, assim como a exigência de que os profissionais dessa área tenham pelo menos nível médio de escolarização. Assim sendo, o estudo objetiva compreender as negociações identitárias e os sentidos de ser educadora, construídos por quatro profissionais de uma creche pública, que estavam em processo de formação, com base nas perspectivas da Narrativa e da Rede de Significações (RedSig).

Abrindo a seção dedicada aos relatos de experiência profissional, o nono estudo, também sobre identidade profissional, desta vez de psicólogos é de autoria de Fabio Scorsolini-Comin, Laura Vilela e Souza e Manoel Antônio dos Santos, da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto-SP. Intitulado Tornar-se psicólogo: Experiência de estágio de Psico-oncologia em equipe multiptofissional de saú­de, discute a construção da identidade profissional do estagiário de Psicologia a partir da atuação de estudantes quintoanistas em um serviço público de atenção multiprofissional em saúde, com pacientes mastectomizadas, com base no referencial psicoeducativo. Os resultados apontados pelos autores revelam que, além da aprendizagem sobre a temática do câncer, os estudantes puderam desenvolver conhecimento sobre novas possibilidades de intervenção psicológica no contexto hospitalar e em equipes multiprofissionais.

O décimo estudo Orientabilidade ao longo de um processo grupal com adolescentes: Relato de uma experiência é de autoria de Gabrielle Ana Selig e Luciana Albanese Valore, da Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR. Fundamentado em uma experiência grupal com adolescentes, o estudo relata a trajetória de sete jovens em relação à problemática vocacional, com base na estratégia clínica de Bohoslavsky. As autoras destacam tanto a importância do diagnóstico inicial para a intervenção como a importância da escola e da família na definição da identidade profissional dos jovens.

Por sua vez, o décimo primeiro estudo, A Orientação Profissional como método terapêutico e rea­bilitador de pacientes portadores de doenças crônicas, de Daniela Cristina Sampaio de Brito e Delba Teixeira Rodrigues Barros, da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG, aponta para possibilidades de intervenção na interface entre tratamento médico e orientação profissional quando se trata de pacientes com doença crônica, submetidos a procedimentos de hemodiálise. O tratamento ao mesmo tempo em que promove a melhora de alguns sintomas clínicos, pode provocar alterações com­portamentais, desadaptação e comprometimento na vida social, afetiva e ocupacional, situação na qual as estratégias de orientação para a carreira podem ser utilizadas como recursos complementares.

Na seção “notícias” divulgamos o relatório do Congreso Internacional de Orientación Escolar y Profesional: La Orientación como propuesta para la Ecología Social, realizado em Buenos Aires, de 18 a 20 de setembro de 2008.

Desejamos a todos uma proveitosa leitura e que os autores e leitores cada vez mais participem das publicações e ações da RBOP e da ABOP.

 

 

Lucy Leal Melo-Silva
Editora Científica

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