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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versión On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof v.9 n.2 São Paulo dic. 2008

 

ARTIGOS ORIGINAIS

 

Apoio parental percebido no contexto da escolha inicial e da evasão de curso universitário1

 

Perceived parental support in the context of career choice and university dropout

 

Apoyo parental percibido en el contexto de la elección inicial y de la evasión del curso universitario

 

 

Marucia Patta BardagiI * 2; Cláudio Simon HutzII **

I Universidade Luterana do Brasil, Santa Maria - Rio Grande do Sul, Brasil
II Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre - Rio Grande do Sul, Brasil

 

 


RESUMO

O apoio familiar é fundamental no desenvolvimento de carreira de adolescentes e adultos jovens, mas são raras as pesquisas sobre a participação familiar no momento da evasão de curso. Este estudo investigou o apoio percebido à escolha e à evasão em universitários, três mulheres e cinco homens entre 20 e 25 anos, que abandonaram o curso em diferentes momentos da graduação. Através de entrevistas identificou-se pouca comunicação familiar sobre carreira no período da escolha e da saída do curso. Ainda, o medo de desapontar as expectativas familiares gera ansiedade nos estudantes e adia a evasão. Estes resultados apontam a importância da participação parental no processo de escolha e a necessidade de maior aproximação familiar durante a graduação.

Palavras-chave: Universidade, Apoio parental, Evasão do curso, Carreira.


ABSTRACT

Although family support is essential for adolescents’ and young adults’ career development, there are few studies investigating family participation in undergraduates’ career dropout. This study investigated the support for career choice and dropout perceived by eight university students, three women and five men, between 20 and 25 years, that had abandoned the undergraduation courses at different moments. Through interviews, little family communication was seen to occur about career issues, in the period of choice and in the period of dropout. Also, fear to disappoint family expectations generated anxiety in students as well as caused them to postpone dropout. These results point out the importance of parental participation in the process of career choice and the need for more family support during undergraduation.

Keywords: University, Parental support, Dropout, Career.


RESUMEN

El apoyo familiar es fundamental en el desarrollo de carrera de adolescentes y adultos jóvenes, pero son raras las investigaciones sobre la participación familiar en el momento de la evasión del curso. Este estudio investigó el apoyo percibido a la elección y a la evasión en universitarios, tres mujeres y cinco hombres de entre 20 y 25 años, que abandonaron el curso en diferentes momentos de la graduación. Mediante entrevistas se identificó poca comunicación familiar sobre carrera en el período de la elección y de la salida del curso. Además, el miedo de frustrar las expectativas familiares genera ansiedad en los estudiantes y posterga la evasión. Estos resultados señalan la importancia de la participación parental en el proceso de elección y la necesidad de mayor aproximación familiar durante la graduación.

Palabras clave: Universidad, Apoyo parental, Evasión del curso, Carrera.


 

 

A literatura aponta para um escasso número de estudos sobre o ensino superior, em especial acerca da experiência universitária durante a graduação, tema que só vem recebendo considerável atenção nos últimos anos (Bardagi, Lassance & Paradiso, 2003; Fior & Mercuri, 2004; Pachane, 2004; Polydoro, 2000; Teixeira, 2002). Entre os estudos existentes, dentro das próprias instituições de ensino superior e também entre os pesquisadores, a questão da evasão ou permanência no curso universitário desponta como um dos principais interesses de investigação quando o tema é a universidade (Bardagi & Hutz, 2005; Ghizoni & Teles, 2005; Magalhães & Redivo, 1998; Mazzetto, Bravo & Carneiro, 2002; Mercuri & Polydoro, 2004; Palma, Palma & Brancaleoni, 2005; Prado, 1990; Ribeiro, 2005; Sbardelini, 1997; Veloso & Almeida, 2001). Por outro lado, quando se avalia a literatura sobre desenvolvimento vocacional, especificamente, a questão do apoio parental e da participação familiar nas trajetórias vocacionais dos filhos é um tema recorrente, tanto no Brasil quanto no exterior (Bardagi & Hutz, 2006; Blustein, Walbridge, Friedlander & Palladino, 1991; Feitosa, 2001; Ketterson & Blustein, 1997; Lankard, 1995; Larose & Boivin, 1997; Ryan, Solberg & Brown, 1996; Santos, 2005; Strage & Brandt, 1999; Teixeira & Gomes, 2005). Não há, no entanto, um conjunto consistente de estudos que integre as duas perspectivas, enfocando a participação familiar no momento da evasão de curso, como feito no presente estudo.

A participação parental e o apoio social percebido pelos indivíduos às suas escolhas de carreira são temas freqüentes na literatura. Soares (2002) pontua que as expectativas das pessoas quanto ao próprio futuro profissional estão sempre carregadas de afetos, esperanças, medos e inseguranças, não somente seus como também de familiares e amigos mais próximos. Pesquisadores internacionais e brasileiros têm apontado que a participação parental no desenvolvimento de carreira dos filhos é ampla, compreendendo aspectos bastante diferenciados, a saber: o desenvolvimento de valores e atitudes de trabalho, autoconfiança e autoeficácia, habilidades de tomada de decisão, comprometimento com a carreira, fornecimento de oportunidades educacionais e de trabalho, desempenho acadêmico, segurança nas transições de carreira, bem-estar psicológico, além do incentivo à exploração vocacional (Bardagi & Hutz, 2006; Blustein e cols., 1991; Feitosa, 2001; Gonçalves & Coimbra, 2007; Larose & Boivin, 1997; Ryan e cols., 1996; Santos, 2005; Teixeira & Gomes, 2005). O valor atribuído ao trabalho, a própria problemática vocacional dos pais, o padrão de interação familiar e os níveis socioeconômico, de escolaridade e ocupacional dos pais parecem ser características importantes para o contexto de desenvolvimento de carreira dos filhos (Bardagi & Hutz, 2006; Bohoslavsky, 1977; Lankard, 1995). Os pais são descritos como modelos profissionais, fontes de apoio e encorajamento que auxiliam na superação de barreiras, e fontes privilegiadas de informações sobre o mundo do trabalho. Para além disso, é no contexto dos valores e projetos familiares que as metas e expectativas profissionais dos filhos são estabelecidas, razão pela qual a discussão aberta sobre a carreira é tão importante na família (Bardagi & Hutz, 2006; Guerra & Braungart-Rieker, 1999; Lankard, 1995; Magalhães, 1995; Otto, 2000; Ribeiro, 2005; Santos, 2005; Young, Paselvikho & Valach, 1997).

Embora muitos dos estudos sobre o impacto da família no desenvolvimento de carreira dos filhos sejam realizados com amostras adolescentes, especialmente no contexto nacional (Bardagi & Hutz, 2006; Fiamengue & Whitaker, 2003; Magalhães, 1995; Santos, 2005), há evidências de que as relações familiares permanecem como fatores importantes no desenvolvimento de carreira em estágios posteriores, facilitando, por exemplo, o estabelecimento de metas, as transições escola-universidade e universidade-trabalho e o ajustamento emocional (Blustein e cols., 1991; Guerra & Braungart-Rieker, 1999; Kenny, 1990; Larose & Boivin, 1997; Lent e cols., 2002; Porto & Tamayo, 2006; Santos, 2005; Strage & Brandt, 1999; Teixeira, 2002).

Strage e Brandt (1999) salientam, em seu estudo com estudantes universitários, que a influência parental sobre as características vocacionais foi equivalente entre os alunos que residiam sozinhos e aqueles que residiam com os pais, mas observou-se um decréscimo da influência sobre o ajustamento acadêmico dos estudantes mais velhos, indicando que o período inicial da transição para a universidade é mais suscetível às influências parentais; evidenciam também que ao longo da graduação, novas redes de apoio são formadas e novos modelos profissionais são identificados. Kenny (1990), ao pesquisar alunos em final de graduação, mostrou que a percepção de apoio parental e estímulo à autonomia estavam relacionados a um maior planejamento de carreira. Já Porto e Tamayo (2006) observaram influências nos valores de trabalho entre pais e filhos, especialmente em relação à busca por realização profissional ou estabilidade.

Em sua tese de doutorado com alunos ingressantes, Feitosa (2001) observou que uma melhor integração acadêmica estava associada à postura favorável dos pais em relação ao curso escolhido e freqüentado pelos filhos. Diferenças entre o apoio recebido de pai ou mãe foram encontradas por Guerra e Braungart-Rieker (1999), em que a percepção de apoio materno foi mais importante para a tomada de decisão dos filhos do que o apoio paterno; ainda, dependendo da área de formação, a percepção de apoio materno ou paterno muda. Analisando globalmente os estudos existentes, e partindo das conclusões de Blustein e cols. (1991), pode-se dizer que, para grande parte dos adolescentes e jovens adultos, um contexto familiar apoiador e incentivador da autonomia contribui significativamente para o progresso no desenvolvimento de carreira.

No contexto específico da evasão de curso (definida como a saída definitiva do aluno de seu curso de origem, sem conclui-lo), não são muitos os estudos avaliando variáveis familiares. Ribeiro (2005) avaliou características da evasão em alunos que haviam abandonado o curso de Psicologia entre 2000 e 2004. Entre as variáveis familiares analisadas como parte dos determinantes da evasão estavam: (a) a falta de modelos familiares de carreira e graduação, (b) as poucas condições sócio-culturais familiares, (c) a distância entre o modelo universitário e o contexto de estudo e trabalho que era familiar aos alunos. O autor argumenta que a evasão pode ser uma saída quando a vida universitária não se aproxima do projeto profissional sócio-familiar que o aluno construiu. Nesse sentido, a fim de gerar um maior volume de informações sobre o tema e expandir a análise do impacto familiar nas trajetórias de carreira dos filhos para além do período da adolescência, este estudo, parte de uma tese de doutorado sobre desenvolvimento de carreira na graduação, buscou identificar o apoio parental percebido por universitários evadidos, tanto em relação à escolha inicial de curso quanto em relação à decisão de saída do mesmo.

 

MÉTODO

Participantes

Participaram desta pesquisa oito estudantes evadidos (três mulheres e cinco homens), com idades entre 20 e 25 anos (M=22,62). Os participantes, de diferentes áreas de formação, tanto de universidades públicas quanto privadas, abandonaram os cursos em diferentes momentos da graduação. A maioria deles não havia feito vestibulares anteriores para outros cursos, estando em sua primeira graduação à época da evasão. Apenas um dos evadidos cursava sua graduação em período noturno. Todos eles eram solteiros e a maioria (75%) era proveniente de Porto Alegre-RS. Apenas uma participante residia sozinha, todos os outros residiam com os pais.

Em relação ao nível educacional paterno e materno, a maioria dos pais tinha curso superior (75%). A Tabela 1 apresenta outras características sócio-demográficas dos participantes e seus códigos de identificação. O critério para configurar evasão foi o abandono ou trancamento de curso por parte do aluno, sem retorno posterior ao mesmo. Os participantes foram selecionados através de três formas principais: (a) contato com evadidos que procuraram o Serviço de Orientação Profissional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entrevistados antes de iniciarem atendimento, (b) contato com alunos de Psicologia que anteriormente tivessem evadido de outros cursos, (c) indicação, por parte de alunos do curso de Psicologia, ou de estudantes já entrevistados para o estudo, de amigos também evadidos. Alunos que evadiram apenas de instituição, mas se mantiveram no mesmo curso ou estão apenas em situação de trancamento de matrícula (sem certeza sobre o abandono) não foram selecionados.

Tabela 1
Características sócio-demográficas e acadêmicas dos participantes

 

Participante

Idade

Sexo

Curso inicial

Universidade

Período em que evadiu do curso

P1

25

F

Publicidade

Privada

Final (9º semestre)

P2

22

M

Eng. Elétrica

Privada

Início (3º semestre)

P3

21

M

Medicina

Privada

Meio (4º semestre)

P4

24

M

Eng. Civil

Privada

Meio (4º semestre)

P5

22

M

Administração

Privada

Início (3º semestre)

P6

24

F

Rel. Públicas

Privada

Meio (5º semestre)

P7

23

M

Eng. Civil

Privada

Final (7º semestre)

P8

20

F

Artes Plásticas

Privada

Início (1º semestre)

 

Instrumentos

Foi utilizado como instrumento para coleta de dados uma entrevista semi-estruturada, abordando três contextos da experiência do aluno: (a) Primeira Escolha &– questões abordando a forma como o aluno escolheu o curso, o apoio recebido dos pais e de outras pessoas significativas, as expectativas existentes em relação ao curso, à universidade e à profissão, o processo de exploração vocacional empregado para a escolha (por exemplo, busca de experiências e informações); (b) Vivência Acadêmica &– questões relativas ao período passado dentro da universidade, à adaptação ao curso e aos colegas, à rotina de atividades desenvolvidas pelo aluno, ao desempenho escolar e à avaliação das situações estressoras percebidas; (c) Evasão, Situação Atual e Possíveis Intervenções &– questões relativas à decisão de sair do curso, ao apoio recebido a esta decisão por pais e outros significativos, às atividades atuais do aluno, à avaliação da decisão tomada e às possíveis estratégias de intervenção que teriam sido úteis durante o curso. Para fins deste estudo, serão analisadas as verbalizações relativas à participação familiar nos aspectos abordados.

Delineamento e Procedimentos

As entrevistas foram agendadas conforme a disponibilidade dos participantes, que assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ao confirmarem sua participação como voluntários na pesquisa. As entrevistas foram conduzidas por duas alunas bolsistas treinadas, tendo sido gravadas e, posteriormente, transcritas. Conforme orientações explicitadas pelo Conselho Nacional de Saúde (Resolução 196/1996) e pelo Conselho Federal de Psicologia (Resolução 016/2000) acerca da ética em pesquisa, foram observados os procedimentos de garantia de anonimato dos participantes e confidencialidade dos dados, manipulados apenas pelos pesquisadores envolvidos no estudo e guardados em local seguro por cinco anos. Quando solicitado pelo participante, foi feito um encaminhamento para atendimento em orientação profissional.

Tratamento de dados

Os dados coletados foram submetidos à análise de conteúdo (Bardin, 1977/1979). A análise seguiu duas etapas principais: (a) levantamento, a partir das entrevistas, dos principais indicadores  ou temas emergentes para a compreensão da experiência dos estudantes e recorte do material em unidades temáticas; (b) categorização, inferências e interpretação. Entre os vários temas emergentes identificados para análise, este estudo abordará um em especial: a Participação da Família, tema que reuniu as verbalizações relativas à participação e apoio recebido da família tanto no momento inicial da escolha quanto na decisão de saída do curso. A família foi citada pelos participantes como um aspecto fundamental em diferentes momentos da entrevista; o tema emergiu transversalmente na abordagem das três dimensões acima identificadas, e se mostrou conveniente tratá-lo de forma independente. Denominou-se “participação da família”, pois além dos pais, outros familiares como irmãos e tios foram citados como tendo participação importante no desenvolvimento de carreira dos participantes; pessoas de fora da família (amigos, namorado(a), dentre outros) foram muito pouco citadas e não apareceram como fontes importantes de apoio ou informação para os alunos.

 

RESULTADOS

Os resultados estão apresentados divididos em três momentos: o período da escolha inicial de curso, o período da graduação e o período da evasão.

No momento da escolha do curso

Quando avaliaram as escolhas iniciais pelos cursos e as fontes de informação utilizadas para a tomada de decisão, os pais apareceram no papel de modelos profissionais, como incentivadores dos estudos e da obtenção do diploma universitário e como fontes de informações e sugestões sobre cursos. Apareceram também como fontes de pressão no sentido de exigirem que uma escolha fosse feita e que os alunos prestassem vestibular e, em alguns casos, como fontes de pressão pela aprovação.

De forma geral, na época da primeira escolha, todos os alunos sentiam-se livres para escolher o curso de sua preferência, verbalizando apoio parental às decisões tomadas. Entretanto, é interessante a distinção que alguns participantes fizeram entre apoio e incentivo, relatando que os pais apoiavam, em função de permitirem a opção, mas sem necessariamente demonstrar entusiasmo pela escolha do aluno. As verbalizações dos participantes 2 e 4 são exemplo:

Meu pai só queria que eu entrasse numa faculdade, então eu falei engenharia e ele disse “tudo bem”... não era um problema de curso (participante 2).

A minha mãe apoiou, acho... ela não ficava “ai, que legal, é isso que tu vai fazer?”, mas não era contra... eu não lembro direito da impressão que ela teve sobre isso (participante 4).

De acordo com os participantes, as principais razões que levavam os pais a associar o apoio ao incentivo, eram o status do curso (participante 3) e a percepção de adequação ao perfil do aluno (participantes 5, 6 e 8).

Claro, claro, todo o apoio... também, quem é o pai que não apóia o filho que quer medicina... (participante 3).

Eles realmente achavam que eu tinha aptidões para ser um bom administrador... nunca interferiram na minha escolha (participante 5).

Sim, todo mundo dizia que eu ia me dar bem, minhas características como pessoa mesmo, meu jeito... diziam “vai dar certo” (participante 6).

Sempre tive o apoio deles... eles sempre falavam “ah, tudo a ver contigo” (participante 8).

Ainda, as falas indicaram que os pais forneciam apoio à medida que confiavam na segurança e nas justificativas dos filhos, mas sem buscar uma interlocução mais sistemática sobre a decisão. Não há verbalizações que indiquem uma troca sistemática de informações entre pais e filhos sobre dúvidas de carreira, opções de curso, atividades e cenários profissionais, mundo do trabalho, dentre outras. De uma forma geral, as conversas entre pais e filhos são pontuais e versam sobre a escolha do vestibular e a certeza sobre essa escolha. Encontram-se exemplos nas declarações dos participantes 4, 2 e 5:

Ele (pai) falava mais no que o curso podia me dar... mas não me lembro dele me orientando de como era o curso, o que fazia, que mercado... perguntando se eu gostava de cálculo, matemática...eu não perguntava também...não tava maduro na época...nem sabia direito o que ele fazia (participante 4).

Tinha sempre aquela conversa “e aí, já decidiu?”, daí eu dizia que ia ser tal... daí daqui a pouco perguntava de novo... sempre no sentido de saber se eu já tinha escolhido, é a preocupação deles, né? (participante 2).

Quando me perguntaram e eu falei, nunca interferiram... assim, como eu tava justificando bem para eles o que eu queria, porque... tudo bem (participante 5).

A pressão dos pais para que uma escolha fosse feita e para que houvesse prosseguimento dos estudos foi descrita mais fortemente por alguns participantes (1, 2, 4, 5, 7, 8), que atribuíram a ela muito da ansiedade e “pressa” envolvidas na decisão inicial, como o demonstram as suas verbalizações:

Ele (pai) não me orientou muito... na verdade eu acho é que ele podia ter me dado outras opções, sabe, poderia ter dito que o vestibular não era a única opção... mas não teve isso (participante 1).

Da primeira vez que eu não passei... ele (pai) queria que eu pedisse desculpas por não ter passado... daí tu pensa “bah, vou fazer de novo e não vou passar, ele vai ficar de cara” (participante 2).

Ele (pai) sempre foi meio cobrador... vivia dizendo que na vida a gente tem que ser alguém, estudar... não ser empregado de ninguém... aí eu ia pegando isso, botando na cabeça, tem que ser assim, fazer faculdade... (participante 4).

Tinham muito mais a preocupação se eu ia conseguir entrar na ufrgs do que se eu ia gostar do curso ou não, assim, no início era mais se eu ia passar e entrar na faculdade (participante 5).

O meu pai é muito mais razão... achava que artes era hobby, queria saber qual era o curso sério que eu ia fazer, disse “não, fazer só artes não, tem que fazer outra coisa”... daí acabei fazendo também design que ele achava mais de futuro junto com artes (participante 8).

Os alunos disseram, de forma consistente, que os pais sempre foram incentivadores dos estudos e que indicavam a universidade e o diploma superior como necessários para um bom emprego e futuro profissional. Comumente enfatizavam também o comprometimento com o trabalho e a dedicação aos estudos como fundamentais, tal qual ilustra a fala do participante 5: “eles sempre me alertaram para que eu me dedicasse, estudasse, buscasse ser o melhor, porque só as pessoas dedicadas conseguiam progredir na vida”.

Ainda com relação à escolha inicial, poucos pais deixavam claras suas preferências ou sugestões em relação aos cursos (participantes 3, 4, 6, 7, 8), mas estas não eram percebidas como imposições. Os participantes não se disseram pressionados pelas indicações parentais, embora muitos as tenham acatado. Outras pessoas da família citadas como fontes de indicações e que serviram como modelos profissionais foram tios/tias. As falas dos participantes 4, 6 e 7 evidenciam tal fato:

Fiz vestibular para engenharia porque meu pai era engenheiro, mas ele nunca me obrigou, nunca disse “tu tem que fazer engenharia”, só me dizia “quem sabe tu não faz...” (participante 4).

Minha mãe queria que eu fizesse uma licenciatura, que fosse professora, mas ela nunca me pressionou nem nada e quando eu disse que ia fazer relações públicas ela apoiou (participante 6).

Eu tenho um tio que é engenheiro... foi mais por causa do meu tio mesmo, de conhecer um pouco por ele (participante 7).

Quando mencionaram os amigos, os participantes os descreveram como igualmente inseguros em relação às carreiras e cursos, como parceiros para as atividades sociais e para convivência na escola/universidade, mas não como pessoas com quem conversavam sobre dúvidas ou questões profissionais, além de pessoas que não eram percebidas como fontes confiáveis de informações ou apoio. Essa tendência está bem patente nas verbalizações dos participantes 1, 3, 5, 6, 7 e 8. Apresentam-se alguns exemplos:

Mas, na boa, naquela época (escola) tá todo mundo na mesma, sem saber nada, escolhendo o caminho que vai seguir também... não tem como ajudar (participante 1).

Ali com meus amigos a gente fala de faculdade e tal, mas não é muito, é mais sobre outras coisas... (participante 3).

Meus amigos não tinham muito o que falar para mim, né... a gente só perguntava o que ia fazer e tal, mas ninguém tá muito aí, não sabe... com meus amigos não trocava tanta idéia (participante 5).

Os amigos... alguns apóiam a saída, outros dizem que não saberiam o que fazer... mas isso é uma coisa tua mesmo, ninguém pode dizer (participante 6).

Durante a graduação

A presença parental aparece também quando os alunos falam do período durante a graduação. Aqui, especificamente, os participantes citam o esforço feito pelos pais para custear os estudos e a decepção que causariam a eles, como fatores de postergação da decisão de saída (participantes 1, 2, 3 e 4). Repare-se nas seguintes verbalizações:

Desde o início da faculdade eu pensei (em sair), mas meus pais sempre disseram que era caro... daí eu ficava pensando “puxa, já tô no sexto, sétimo semestre, meus pais já pagaram tudo isso”... aí fui postergando (participante 1).

Bah, eu me lembro do dia que eu fui contar para ele (pai) que eu não ia mais fazer... foi apavorante... só falei quando eu sabia já o que eu ia fazer o outro curso (participante 2).

Eu fiquei assim, né, já imaginou meus pais, com o filhinho querido que fazia medicina e não ia mais fazer... (participante 3).

Não foram comuns verbalizações indicando que havia conversas sistemáticas com os pais sobre o cotidiano da universidade, as atividades, as relações, as dificuldades. Os alunos mencionaram os pais e mesmo os amigos, somente nos períodos de decisão, tanto de entrada quanto de saída. Na maior parte do tempo, os problemas e as inseguranças em relação ao curso e à profissão não eram comunicadas aos pais se não no momento em que a evasão havia sido decidida. Somente os participantes 5 e 8 declararam conversar com os pais mais frequentemente sobre o curso.

No momento da evasão

No momento da evasão, todos os participantes declararam ter recebido o apoio parental. Aqui, é interessante notar que alguns alunos verbalizaram surpresa com o apoio recebido, pois imaginavam uma reação mais negativa dos pais ao abandono do curso:

Bah, logo que eu contei para ele (pai) foi emocionante... ele disse “se tu não quer terminar, não termina”... aquilo foi um choque, eu fico até emocionada... foi o máximo, eu não esperava, sabe (participante 1).

Me apoiaram... eu até tinha a impressão de que eles não iam gostar, né, largar a medicina... (participante 3).

Eu tava esperando uma reação deles... achei que ele (pai) ia quase me deserdar, sabe... e me surpreendi um monte, a reação dele foi meio “pois é, eu já sabia” (participante 4).

Os alunos associaram o apoio parental à percepção dos pais quanto ao descontentamento e desconforto dos filhos na universidade, como mostram as falas dos participantes 2, 4 e 6:

A minha mãe apoiou... eu sou mais próximo dela, ela tava vendo que eu não tava gostando (participante 2).

A minha mãe veio assim “se tu não tá gostando, tá tão incomodado assim, fala pro teu pai, não adianta continuar” (participante 4).

Meus pais me apoiaram muito, eles viam que eu tava sofrendo muito fazendo uma coisa que eu não queria (participante 6).

Mesmo fornecendo apoio à decisão de saída, os pais continuaram insistindo na continuidade dos estudos e em uma nova decisão, normalmente já atrelada à saída como revela o discurso dos participantes 1, 4 e 8:

Depois ele veio né “tu já decidiu o que tu quer, já sabe o que vai fazer?” (participante 1).

Ele (pai) queria que eu concluísse o semestre... depois falou que eu tinha de decidir, fazer cursinho de novo, que ele ia pagar... (participante 4).

E agora dessa vez eu ouvi “de novo, mas aí o que tu vai fazer? Qual curso, cursinho?”... ele quer que eu volte a estudar na universidade, mas disse que não paga mais privada... (participante 8).

Quando se avalia a diferença na participação de pai e mãe no processo de inserção e saída do curso universitário, ao longo das entrevistas, há uma preponderância de citações à figura paterna (75% das citações a figuras familiares se referem ao pai). Os alunos tenderam, de forma geral, a descrever o pai como a figura de autoridade, mais exigente, preocupado com resultados (aprovação, trabalho, diploma), gerador de ansiedade nos filhos e menos informado sobre os sentimentos dos mesmos. Já a mãe foi mais descrita como apoiadora, incentivadora dos interesses e aberta à comunicação com os filhos, estando mais informada sobre seus sentimentos e dificuldades. Vejam-se as falas dos participantes 2, 8 e inclusive da participante 4, que declarou maior proximidade com o pai do que com a mãe em função de morar muito longe dela, e que a descreveu como maior fonte de apoio do que o pai, associado à cobrança.

Para ele eu disse o que eu ia fazer, ele queria só que eu entrasse na faculdade... com a minha mãe eu falava mais... eu disse para ela “acho que não vou mais fazer para medicina, vou fazer para engenharia” e ela falou que tava tudo bem, se eu gostava mais... (participante 2).

A minha mãe é muito mais emoção, afeto, meu pai é muito mais razão... preocupado com o mercado, o salário... (participante 8).

Fui contar para ela primeiro que eu ia sair, que eu tava morrendo de medo de contar pro meu pai... ela não esperava, né, ela não morava comigo, nem sabia do meu descontentamento (participante 4).

 

DISCUSSÃO

Este estudo buscou analisar o apoio parental percebido em universitários evadidos. Mesmo tendo um caráter exploratório, os resultados do estudo permitem algumas considerações interessantes sobre o impacto da família no desenvolvimento de carreira do estudante, confirmando alguns achados da literatura e apontando direções para novas investigações.

tendo um caráter exploratório, os resultados do estudo permitem algumas considerações interessantes sobre o impacto da família no desenvolvimento de carreira do estudante, confirmando alguns achados da literatura e apontando direções para novas investigações.

Nas entrevistas, foi possível identificar que os alunos guardavam para si a maioria das angústias e dúvidas relativas à decisão e à entrada na universidade, e não tinham clareza sobre o posicionamento dos pais e amigos sobre os diversos aspectos envolvidos no seu desenvolvimento de carreira. Inclusive, ao contrário do que apontam alguns estudos (Kracke, 2002; Young, Antal, Bassett, Post & Valach, 1999), a participação dos amigos no desenvolvimento de carreira e nas escolhas dos alunos aparece associada a um dado curioso neste estudo: os alunos não referiram os amigos como fontes de apoio ou informações e relataram não discutir sistematicamente com eles assuntos de trabalho/carreira; os amigos foram citados como parceiros de atividades sociais e descritos como não podendo ajudar na decisão por estarem vivenciando as mesmas dificuldades e angústias. Ainda que os amigos funcionem como figuras de identificação, não foram citados como modelos, conselheiros ou fontes de apoio. No entanto, pode-se pensar que a influência dos pares apareça de forma indireta, pela aprovação/desaprovação do estilo de vida, na transmissão de valores, dentre outros. Assim, há necessidade de avaliar mais especificamente a participação dos amigos no desenvolvimento de carreira dos adolescentes. Estudos qualitativos que acompanhem o processo de decisão de carreira de grupos de amigos podem auxiliar a identificar múltiplas influências e/ou compreender o quão explícitas ou implícitas são estas relações.

Nesse sentido, no presente estudo os resultados confirmam que os pais (e outros familiares) continuam a ser as figuras mais importantes no âmbito da escolha vocacional dos adolescentes (Magalhães, 1995; Otto, 2000; Santos, 2005). Sendo assim, constatar que não há diálogo sistemático sobre esse tema dentro das famílias é um resultado que alerta para a necessidade de intervenções que promovam essa aproximação de forma mais efetiva, a partir de processos de orientação vocacional, dentro das escolas ou em serviços específicos que incluam a participação parental, o incentivo ao diálogo e à troca de informações entre pais e filhos e intervenções informativas aos pais sobre questões de desenvolvimento vocacional. Estas intervenções podem tanto ser realizadas em âmbito escolar, quanto na própria universidade, em períodos iniciais da graduação, como forma de aproximação dos pais ao novo cotidiano dos filhos.

Tal como no momento de escolha do curso, durante a graduação também não houve, por parte dos alunos, discussão sistemática com pais, amigos, profissionais ou outros significativos sobre as percepções e sentimentos em relação à universidade e à experiência acadêmica. Os alunos tenderam a não explicitar as insatisfações, dúvidas ou intenções de evasão para as outras pessoas, vivenciando de forma solitária esse momento de frustração e decisão de carreira. Os alunos parecem não se sentir autorizados, em função da oportunidade recebida de estar no ensino superior, do investimento emocional e financeiro, da expectativa familiar e das próprias aspirações profissionais, a estarem insatisfeitos ou pensarem em não concluir seus cursos. Isso mostra que a valorização da posição de aluno universitário, o compromisso com a graduação e o receio de desapontar pais e amigos pressiona o aluno a esconder suas dúvidas e inseguranças e postergar o abandono do curso. Araújo e Sarriera (2004) já apontavam que há uma acomodação ao curso em que se conseguiu aprovação, uma insegurança em realizar nova tentativa e uma pressão social e familiar para concluir os estudos, sendo difícil para algumas pessoas evadir sem auxílio específico. Nesse sentido, os resultados deste estudo indicam que é necessário que a família e a própria instituição estejam mais atentos ao cotidiano e às vivências dos alunos na graduação, criando espaços para a conversa franca e a discussão dos sentimentos e expectativas dos alunos, além de intervenções de aconselhamento de carreira que possam orientar o processo de saída do curso. Uma proposta que estes resultados parecem subsidiar é a criação de serviços exclusivos voltados aos estudantes no âmbito institucional (Bardagi & Hutz, 2005), seja dentro das próprias unidades de ensino, com maior aproximação de professores e alunos, seja como rede de apoio (serviços de carreira ou aconselhamento psicológico) que atenda o cliente interno da universidade.

Da mesma forma como a família desempenhou papel fundamental na definição das escolhas iniciais dos participantes, no momento da evasão ela também aparece como um fator marcante. Os participantes verbalizaram receio de contar sobre a decisão de saída do curso aos pais, com medo de uma reação negativa, verbalizaram a pressão que sentiam em definir novos projetos em função da exigência familiar de continuidade dos estudos e, também, o alívio em perceber que havia apoio à evasão, principalmente, por parte dos pais. Inclusive, nesse sentido, as reações de apoio fornecido pela família à evasão causaram surpresa nos alunos e foram motivo de reaproximação dos filhos. Isso confirma a participação parental como algo fundamental no desenvolvimento de carreira dos filhos (Bardagi & Hutz, 2006; Guerra & Braungart-Rieker, 1999; Lankard, 1995; Lent e cols., 2002; Magalhães, 1995; Otto, 2000; Ribeiro, 2005; Santos, 2005; Young e cols., 1997) e como alvo em potencial das intervenções de carreira, tanto na adolescência como em etapas posteriores do desenvolvimento. Mesmo sem um contexto de conversas sistemáticas sobre trabalho e carreira na família, os alunos entrevistados foram consistentes em descrever que reagiam às atitudes parentais e conseguiam discriminar entre formas de pressão, apoio, incentivo e indiferença, relacionados às decisões. Aqui, retoma-se a importância do incentivo às discussões abertas entre pais e filhos, a fim de dirimir eventuais percepções distorcidas que os filhos tenham sobre os desejos e expectativas parentais e que os pais tenham sobre os interesses e sentimentos dos filhos. A participação ativa dos pais nos momentos de decisão de carreira pode diminuir a presença de ansiedade e propiciar um contexto mais favorável e de confiança para as escolhas profissionais.

Tanto no momento da escolha quanto no momento da saída do curso, houve diferenças na forma como os alunos descreveram as relações com o pai e a mãe. Para a maioria dos participantes, o pai foi descrito como maior fonte de pressão para a tomada de decisão, continuidade dos estudos e também como maior fonte de informações ocupacionais e modelo profissional. Já a mãe foi descrita, sobretudo, como fonte de apoio emocional e como intermediadora das discussões entre o aluno e o pai. Essa discrepância entre a figura paterna e a figura materna já foi descrita na literatura sobre comportamento parental em geral (Claes, 1998; Conrade & Ho, 2001; Honess e cols., 1997; Paulson & Sputa, 1996) e sobre comportamento parental na área vocacional, com o pai a aparecer como referência para os assuntos do mundo do trabalho e a mãe como referência de apoio emocional. O que é surpreendente é que para os adolescentes desta amostra, o fato da maioria das mães trabalharem fora e também estarem inseridas no mundo profissional não fez com que elas fossem solicitadas ou descritas como modelos profissionais e fontes de informação com a mesma intensidade com que o foram os pais. Além disso, as verbalizações não indicaram que as próprias mães tenham buscado participação mais ativa no momento da escolha ou saída de curso dos filhos. Isso pode significar que o papel de trabalhador exercido pela mulher seja ainda percebido de forma diferente do papel de trabalhador exercido pelo homem, como indicava a literatura de carreira até o início dos anos 2000 (Estrada, 1995; Fouad, 1994, 2001; Morgan, Isaac & Sansone, 2000; Strey, Bianco, Wendling, Ruwer & Borges, 1995).

Algumas ressalvas devem ser pontuadas em relação aos resultados do estudo. Por ser um estudo de caráter exploratório, que utilizou uma amostra pequena e não representativa do universo de estudantes universitários evadidos, é preciso cautela ao se extrapolar os achados desta pesquisa para a população geral. É possível que por se tratar de alunos evadidos, que estavam frustrados com suas experiências universitárias, tenham relatado mais negativamente todas as facetas desta experiência, inclusive a participação parental. Por outro lado, talvez por serem oriundos de famílias menos envolvidas com o desenvolvimento de carreira, tenham apresentado maiores dificuldades, tanto na escolha inicial quanto no decorrer do período da graduação, sentindo-se mais isolados e pouco apoiados. Nesse sentido, é preciso entender que características tanto destes alunos quanto destas famílias em particular sejam responsáveis pelos resultados. Não se pode pressupor que a falta de comunicação ou participação familiar atinja a maioria dos alunos universitários, mas é importante compreender que quando presente, este afastamento pode ser extremamente prejudicial aos filhos.

Estudos quantitativos, de maior abrangência, podem auxiliar a mapear a participação familiar percebida por estudantes universitários, bem como a visão específica do papel de pai e mãe neste processo. Ainda, estudos que aliem uma visão sistêmica ao desenvolvimento de carreira também podem ser úteis para compreender as relações dinâmicas entre as diferentes figuras familiares. Outra iniciativa pouco comum nas pesquisas na área e que seriam de interesse para as questões abordadas neste estudo são as investigações que têm como foco de análise os próprios pais. Identificar como eles percebem o desenvolvimento de carreira dos filhos, como vêem sua participação e sua influência poderiam compor, junto aos resultados deste estudo, informações importantes para o desenvolvimento de estratégias de intervenção mais apropriadas às necessidades de cada um deles, pais e estudantes, favorecendo o desenvolvimento de carreira dentro do âmbito familiar.

 

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Recebido: 22/07/2008
1ª Revisão: 02/10/2008
Aceite final: 14/10/2008

 

 

1 O presente artigo é fruto da tese de doutorado da primeira autora, sob supervisão do segundo autor, com apoio da CAPES.
2 Endereço para correspondência: Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Psicologia. Laboratório de Mensuração. Rua Ramiro Barcelos, 2600, sala 101, 90035-003, Porto Alegre-RS. E-mail: marucia.bardagi@gmail.com.

 

Sobre os autores
* Marucia Patta Bardagi é doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professora da Universidade Luterana do Brasil, campus Santa Maria-RS, bolsista de pós-doutorado do CNPq.
** Claudio Simon Hutz é Professor Titular e coordenador do Laboratório de Mensuração do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pesquisador I-A do CNPq, foi presidente da ANPEPP (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia) e do IBAP (Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica).

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