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Revista Brasileira de Orientação Profissional

On-line version ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.11 no.1 São Paulo June 2010

 

ARTIGOS ORIGINAIS

 

Família e indecisão vocacional: Revisão da literatura numa perspectiva da análise sistêmica

 

Family and career indecision: Literature review from the perspective of systemic analysis

 

Familia e indecisión vocacional: Revisión de la bibliografía en una perspectiva del análisis sistémico

 

 

Paulo Jorge Santos* 1

Universidade do Porto, Porto, Portugal

 

 


RESUMO

A indecisão vocacional de adolescentes e jovens adultos foi vista por alguns autores como o resultado de problemas de funcionamento sistêmico da sua família de origem. Tais problemas condicionariam negativamente a capacidade de realizar escolhas vocacionais. Tendo por base esta abordagem teórica, várias investigações procuraram analisar empiricamente a relação entre variáveis sistêmicas familiares e a indecisão vocacional. A análise desenvolvida por esta linha de investigação conduziu a resultados pouco consistentes. Neste artigo procede-se a uma análise crítica da investigação familiar sistêmica aplicada às dificuldades de escolha vocacional, apresentam-se algumas propostas que visam clarificar teoricamente a relação entre os dois grupos de variáveis e sugerem-se novas linhas de pesquisa.

Palavras-chave: Abordagem sistêmica, Indecisão vocacional, Escolha profissional, Orientação profissional.


ABSTRACT

Career indecision of adolescents and young adults was conceptualized by some authors as a consequence of problems of systemic functioning of their origin family. These problems could affect negatively their capacity for making career choices. Based on this theoretical approach, several studies analyzed empirically the relation between family systemic variables and career indecision. The results of this line of research appeared to be inconsistent. This article presents a critical analysis of the systemic approach to career indecision and of the corresponding studies. It also presents, some proposals that aim to clarify, from a theoretical point of view, the relations between the two groups of variables and suggests new lines of research.

Keywords: Systemic approach, Career indecision, Occupational choice, Vocational guidance.


RESUMEN

La indecisión vocacional de adolescentes y jóvenes adultos fue vista por algunos autores como el resultado de problemas de funcionamiento sistémico de su familia de origen. Tales problemas condicionarían negativamente la capacidad de realizar elecciones vocacionales. Teniendo como base este abordaje teórico varias investigaciones trataron de analizar empíricamente la relación entre variables sistémicas familiares y la indecisión vocacional. El análisis desarrollado por esta línea de investigación condujo a resultados poco consistentes. En este artículo se procede a un análisis crítico de la investigación familiar sistémica aplicada a las dificultades de elección vocacional y se presentan algunas propuestas que buscan clarificar teóricamente la relación entre los dos grupos de variables y se sugieren nuevas líneas de investigación.

Palabras clave: Abordaje sistémico, Indecisión vocacional, Elección profesional, Orientación profesional.


 

 

Desenvolvimento vocacional e teorias familiares sistêmicas

O papel desempenhado pela família no desenvolvimento vocacional de adolescentes e jovens adultos foi abordado por algumas teorias clássicas da psicologia vocacional (Roe, 1957; Super, 1957). Todavia, os processos específicos através dos quais a influência familiar se faria sentir no desenvolvimento e comportamentos vocacionais não foi descrito, nem teoricamente fundamentado (para uma exceção, ver Roe, 1957). A família permaneceu, durante muito tempo, uma variável pouco visível nas teorias da psicologia do desenvolvimento e escolhas vocacionais (Herr & Lear, 1984; Lara, 2007).

No primeiro artigo de revisão sobre o papel da família no desenvolvimento vocacional, Schulenberg, Vondracek e Crouter (1984) identificam três limitações principais das investigações que tinham sido realizadas sobre esta temática. A primeira dizia respeito ao predomínio das investigações centradas nos resultados em detrimento dos estudos centrados nos processos. Este modelo de investigação, de inspiração sociológica, privilegiou características familiares estruturais. Por exemplo, o estatuto socioeconômico da família e as aspirações e expectativas educacionais e ocupacionais. Uma segunda limitação relacionava-se com o fato de a maioria das investigações não abordar o contexto familiar como uma totalidade funcional. Finalmente, muitos estudos não levaram em conta as transformações do contexto socioeconômico mais vasto que influenciam a família. Estas mudanças implicam alterações na forma como a família se relaciona com o meio e na forma como os seus membros interagem entre si.

Mais recentemente, Whiston e Keller (2004), na sequência de uma segunda revisão das investigações sobre a influência da família no desenvolvimento e comportamento vocacional, publicadas entre 1980 e 2002, identificaram, igualmente, um conjunto de limitações, nomeadamente a falta de enquadramento teórico de um considerável número de estudos e a quase total ausência de investigações longitudinais.

Nos últimos vinte e cinco anos foi possível, todavia, realizar um esforço para ultrapassar parte destas limitações. Assistiu-se à emergência de uma linha de investigação que, à luz de diversas abordagens teóricas, procurou analisar a influência dos processos de natureza familiar (ex., características do funcionamento familiar, estilos educativos) no desenvolvimento vocacional de adolescentes e jovens (Grotevant & Cooper, 1988). Desta forma, o foco da investigação deslocou-se de variáveis de natureza estrutural para variáveis de natureza processual (Gonçalves, 2008; Osipow & Fitzgerald, 1996; Whiston & Keller, 2004).

Com o objetivo de compreender de forma mais abrangente e teoricamente fundamentada o papel da família no desenvolvimento vocacional de adolescentes e jovens, alguns autores, em especial a partir do início dos anos 80 do século passado, realçam a utilidade das teorias familiares sistêmicas oriundas da terapia familiar (Bratcher, 1982; Herr & Lear, 1984; Splete & Freeman-George, 1985; Zingaro, 1983). Neste referencial teórico, a família é concebida como um sistema aberto, e os seus membros, organizados em sub-sistemas, configuram uma estrutura cujo funcionamento é caracterizado por uma interdependência mútua (Hall, 2003; Relvas, 2003).

A terapia familiar sistêmica organizou-se em torno de várias escolas (Barker, 2000; Nichols & Schwartz, 2004). Todas elas partilham, todavia, um conjunto de pressupostos que se encontram intimamente relacionados com a investigação e as estratégias de intervenção que foram posteriormente utilizadas na área da consulta vocacional. Iremos recordá-los de forma resumida. A abordagem sistêmica afasta-se de uma concepção de causalidade linear do comportamento humano, que tende a centrar-se no papel desempenhado pelos fatores psicológicos individuais, para enfatizar uma causalidade circular, em que o comportamento adquire um significado na rede de relações que se estabelece no sistema familiar (Sexton, 1994). Assim, a intervenção psicológica foca-se na modificação da comunicação e interação dos diversos indivíduos ou subsistemas familiares (Barker, 2000; Relvas, 2003).

As famílias manifestam determinados padrões de relacionamento interpessoal que asseguram a homeostasie ou equilíbrio do sistema (McGoldrick & Carter, 2001). É esta característica que permite perceber que a alteração do comportamento de um dos membros da família desencadeia normalmente uma reação de outros elementos ou subsistemas familiares que visa repor o equilíbrio sistêmico inicial.

Um terceiro pressuposto é o de que os sistemas familiares apresentam características específicas que ultrapassam as que definem cada um dos elementos que os compõem (Barker, 2000). Em outras palavras, o somatório das especificidades dos membros da família não permite reconstituir as características do sistema familiar, uma vez que estas resultam da interação dinâmica dos elementos e subsistemas da família.

Finalmente, para os teóricos familiares sistêmicos os sintomas só adquirem significado no quadro de uma abordagem relacional que toma em consideração o papel dos diversos indivíduos e subsistemas que compõem o sistema familiar (Lopez, 1992).

 

Análise sistêmica e processo de decisão vocacional

Bratcher (1982) foi um dos primeiros autores a assinalar a importância da abordagem familiar sistêmica para a compreensão mais aprofundada do papel da família nos processos de decisão vocacional. Em muitas situações as ferramentas conceituais das teorias familiares sistêmicas podem ser particularmente úteis. Por exemplo, o processo de autonomização dos jovens face às suas famílias estaria relacionado com a maior ou menor flexibilidade das fronteiras do seu sistema familiar. Esta dimensão assume particular relevância no processo de decisão vocacional que se coloca como a primeira grande escolha que muitos indivíduos têm que enfrentar nas suas vidas.

Bratcher (1982) sustenta ainda que a abordagem sistêmica permite uma maior compreensão sobre o papel desempenhado pelas regras familiares que veiculam e mantêm certos padrões comportamentais e atitudinais. Determinadas famílias apresentam tradições muito marcadas no que respeita às profissões dos seus membros. Ainda segundo este autor a capacidade de aceitar passivamente ou de questionar os valores e crenças da família face ao mundo do trabalho e das profissões, encontra-se intimamente relacionada com o funcionamento familiar e desempenharia um papel fundamental nos projetos vocacionais dos indivíduos.

Zingaro (1983), por sua vez, salientou a importância e utilidade de uma abordagem sistêmica familiar para captar a complexidade da dinâmica da família no processo de desenvolvimento vocacional, em particular nos processos de decisão. Os casos de indecisão generalizada ou crônica, que evidenciam fortes dificuldades nos processos de decisão, incluindo a dimensão vocacional, poderiam resultar de um padrão familiar disfuncional. As famílias aglutinadas, nas quais o nível de diferenciação entre os membros é relativamente baixo, constituiriam um contexto em que seria mais provável encontrar adolescentes e jovens cronicamente indecisos. Tendo em conta esta perspectiva, a diferenciação do self face ao sistema familiar e a capacidade de decisão e autonomia são, assim, dois processos intimamente relacionados que importaria levar em linha de conta no processo de intervenção.

A abordagem sistêmica constitui uma “perspectiva promissora para a investigação e prática na área da consulta vocacional” (Kinnier, Brigman, & Noble, 1990, p. 311). A conceitualização sistêmica aplicada à consulta vocacional individual ou de grupo permitiu adaptar e utilizar algumas das técnicas e estratégias utilizadas na terapia familiar (Lopez, 1983; Zingaro, 1983). Neste contexto destaca-se a utilização do genograma, que teve a sua origem no modelo de Bowen (1978), uma visualização gráfica que permite explorar as relações entre membros da família e identificar padrões familiares sistêmicos que condicionam o comportamento dos indivíduos (McGoldrick & Gerson, 1985). Quando aplicado à consulta vocacional, individual ou de grupo, o genograma, neste caso um genograma temático centrado nas profissões exercidas pelos membros da família do cliente, constitui um instrumento particularmente adequado para explorar as influências familiares nas aspirações, comportamentos e decisões vocacionais dos indivíduos. A sua utilização vem sendo crescentemente defendida e constitui, presentemente, um recurso valioso no âmbito da consulta vocacional (Alderfer, 2004; Brown & Brooks, 1991; Gabel & Soares, 2006; Malott & Magnunson, 2004).

 

Análise sistêmica e indecisão vocacional

No contexto de uma crescente importância atribuída às teorias familiares sistêmicas passíveis de serem aplicadas à investigação e intervenção vocacionais, cujas linhas principais descrevemos anteriormente, Lopez e Andrews (1987) propuseram um quadro teórico sistêmico de interpretação da indecisão vocacional. Para estes autores é necessário considerar as influências recíprocas entre os indivíduos e os respectivos sistemas familiares para tentar compreender, de forma mais abrangente, o desenvolvimento vocacional e, mais especificamente, as dificuldades que podem surgir no processo de decisão vocacional. Os adolescentes e jovens adultos encontram-se envolvidos num conjunto de tarefas particularmente importantes para o seu desenvolvimento pessoal, nomeadamente a construção da identidade e a separação psicológica face às figuras parentais.

As famílias dos estudantes indecisos tendem, segundo Lopez e Andrews (1987), a apresentar várias características que a intervenção deve levar em linha de conta. Por vezes, constata-se a existência de um envolvimento excessivo dos pais nas questões vocacionais dos seus filhos, em especial aquelas que dizem respeito às escolhas educacionais e/ou profissionais. Esta situação poderá refletir uma delimitação difusa entre os subsistemas parental e filial. Noutros casos parece existir uma triangulação entre um dos progenitores e os jovens indecisos, que se traduz numa atitude de compreensão face à indecisão, por contraponto a uma atitude crítica do outro elemento do casal.

À luz de uma abordagem sistêmica, as dificuldades da escolha vocacional desempenhariam, ainda segundo Lopez e Andrews (1987), determinadas funções no quadro do sistema familiar, como, por exemplo, o adiamento de uma transformação sistêmica significativa, nomeadamente a separação de um elemento do sistema, neste caso um filho ou uma filha. Uma outra possibilidade seria a indecisão servir para camuflar um conflito no seio da família, em especial no subsistema conjugal, que resultaria das dificuldades em lidar com a crescente separação e autonomia dos filhos. Finalmente, a indecisão poderia constituir uma resposta face à pressão que se exerce sobre alguns adolescentes e jovens que frequentemente receiam desapontar um ou ambos os pais no caso de efetuarem uma determinada escolha vocacional, circunstância suscetível de resultar de exigências parentais contraditórias.

Em síntese, as dificuldades no processo de decisão indiciariam uma perturbação no processo de autonomia dos adolescentes e jovens e um fracasso na evolução do sistema familiar para responder às mudanças que o ciclo de vida da família determina.

 

Investigação empírica: Revisão de literatura

A abordagem sistêmica familiar do processo de desenvolvimento e escolha vocacionais, em particular a partir da análise proposta por Lopez e Andrews (1987), teve consequências ao nível da investigação. De fato, a partir da segunda metade dos anos 80, começaram a surgir estudos que pretendiam testar empiricamente a relação entre fatores sistêmicos familiares e variáveis vocacionais, com especial relevância para a indecisão vocacional.

Para realizar o levantamento da literatura que a seguir apresentamos usámos as bases PsycARTICLES, PsycINFO, PsycBooks e a Psychology and Behavioral Sciences Collection desde 1980.

Uma das primeiras investigações neste domínio foi realizada por Eigen, Hartman e Hartman (1987), que analisaram de que forma três grupos de estudantes do ensino superior, previamente classificados como vocacionalmente decididos, vocacionalmente indecisos e cronicamente indecisos, percebiam a coesão e adaptabilidade familiares de acordo com o modelo de Olson, Sprenkle e Russell (1979). A classificação dos indivíduos em três grupos teve por base o número de alterações nos seus planos vocacionais num determinado período de tempo. As hipóteses da investigação pressupunham: (a) que as famílias dos indivíduos vocacionalmente decididos se caracterizariam por níveis intermédios de coesão e adaptabilidade familiares, enquanto que as famílias dos indivíduos cronicamente indecisos apresentariam valores extremos nestas dimensões; (b) que os indivíduos vocacionalmente indecisos, cuja indecisão era considerada normativa em termos de desenvolvimento vocacional, percepcionariam um funcionamento das suas famílias caracterizado por um valor extremo numa dimensão e intermédio noutra. Estas hipóteses não foram empiricamente corroboradas. Mesmo perante estes resultados os autores sugerem que:

Regras rígidas acompanhadas de níveis elevados de vinculação podem tender a dificultar a individuação. Enquanto que poucas regras acompanhadas por uma ausência de vinculação emocional podem levar a uma separação prematura sem o apoio suficiente que permita um processo de decisão vocacional efetivo (Eigen et al., 1987, p. 93).

Lopez (1989), por sua vez, testou um modelo de predição da identidade vocacional de estudantes universitários considerando três grupos de variáveis: a dinâmica familiar dos indivíduos (separação psicológica relativamente às figuras parentais e conflitos maritais no seio do sistema conjugal), o nível de ansiedade e a adaptação acadêmica. Analisando o funcionamento do modelo nos dois sexos verificou que todas as variáveis preditivas contribuíram para a variância da identidade vocacional. Para os homens as variáveis relacionadas com o sistema familiar eram, por ordem decrescente de importância, a independência conflitual relativamente à figura materna, definida como ausência de culpa, ansiedade, desconfiança, raiva, inibição ou ressentimento, a ausência de conflito marital dos pais e a independência conflitual face ao pai. No que respeita às mulheres a independência conflitual face à figura paterna constituía a única variável familiar preditora da identidade vocacional. Em ambos os casos, e contrariando as hipóteses iniciais, a independência emocional e a ausência de necessidade excessiva de aprovação, proximidade e apoio emocional dos pais, não contribuíram para a predição da variância da identidade vocacional.

Kinnier et al. (1990) investigaram as relações entre o nível de aglutinação na família e a indecisão vocacional numa amostra de estudantes universitários. Para analisar o processo de aglutinação foram utilizadas duas escalas. A primeira avaliava o grau de individuação ou diferenciação adaptativa dos sujeitos face aos seus pais, enquanto a segunda avaliava o grau de triangulação entre os progenitores e os seus filhos. Os autores integraram no seu modelo a idade e o estatuto acadêmico (estudantes graduados versus não graduados). Os resultados demonstraram que os estudantes mais velhos eram vocacionalmente mais decididos do que os mais novos; o mesmo aconteceu com os estudantes graduados relativamente aos não graduados. Igualmente, níveis mais baixos de individuação e mais elevados de triangulação encontravam-se associados a maiores dificuldades no processo de decisão vocacional. Todavia, o modelo, no seu conjunto, apresentou um reduzido poder preditivo: a variância total explicada não ultrapassou os 11%, enquanto dos dois fatores familiares avaliados somente a individuação se revelou uma variável preditiva estatisticamente significativa, com 3% da variância explicada da variável critério.

A abordagem sistêmica familiar do processo de desenvolvimento e escolha vocacionais, em particular a partir da análise proposta por Lopez e Andrews (1987), teve consequências ao nível da investigação. De fato, a partir da segunda metade dos anos 80, começaram a surgir estudos que pretendiam testar empiricamente a relação entre fatores sistêmicos familiares e variáveis vocacionais, com especial relevância para a indecisão vocacional.

Para realizar o levantamento da literatura que a seguir apresentamos usámos as bases PsycARTICLES, PsycINFO, PsycBooks e a Psychology and Behavioral Sciences Collection desde 1980.

Uma das primeiras investigações neste domínio foi realizada por Eigen, Hartman e Hartman (1987), que analisaram de que forma três grupos de estudantes do ensino superior, previamente classificados como vocacionalmente decididos, vocacionalmente indecisos e cronicamente indecisos, percebiam a coesão e adaptabilidade familiares de acordo com o modelo de Olson, Sprenkle e Russell (1979). A classificação dos indivíduos em três grupos teve por base o número de alterações nos seus planos vocacionais num determinado período de tempo. As hipóteses da investigação pressupunham: (a) que as famílias dos indivíduos vocacionalmente decididos se caracterizariam por níveis intermédios de coesão e adaptabilidade familiares, enquanto que as famílias dos indivíduos cronicamente indecisos apresentariam valores extremos nestas dimensões; (b) que os indivíduos vocacionalmente indecisos, cuja indecisão era considerada normativa em termos de desenvolvimento vocacional, percepcionariam um funcionamento das suas famílias caracterizado por um valor extremo numa dimensão e intermédio noutra. Estas hipóteses não foram empiricamente corroboradas. Mesmo perante estes resultados os autores sugerem que:

Regras rígidas acompanhadas de níveis elevados de vinculação podem tender a dificultar a individuação. Enquanto que poucas regras acompanhadas por uma ausência de vinculação emocional podem levar a uma separação prematura sem o apoio suficiente que permita um processo de decisão vocacional efetivo (Eigen et al., 1987, p. 93).

Lopez (1989), por sua vez, testou um modelo de predição da identidade vocacional de estudantes universitários considerando três grupos de variáveis: a dinâmica familiar dos indivíduos (separação psicológica relativamente às figuras parentais e conflitos maritais no seio do sistema conjugal), o nível de ansiedade e a adaptação acadêmica. Analisando o funcionamento do modelo nos dois sexos verificou que todas as variáveis preditivas contribuíram para a variância da identidade vocacional. Para os homens as variáveis relacionadas com o sistema familiar eram, por ordem decrescente de importância, a independência conflitual relativamente à figura materna, definida como ausência de culpa, ansiedade, desconfiança, raiva, inibição ou ressentimento, a ausência de conflito marital dos pais e a independência conflitual face ao pai. No que respeita às mulheres a independência conflitual face à figura paterna constituía a única variável familiar preditora da identidade vocacional. Em ambos os casos, e contrariando as hipóteses iniciais, a independência emocional e a ausência de necessidade excessiva de aprovação, proximidade e apoio emocional dos pais, não contribuíram para a predição da variância da identidade vocacional.

Kinnier et al. (1990) investigaram as relações entre o nível de aglutinação na família e a indecisão vocacional numa amostra de estudantes universitários. Para analisar o processo de aglutinação foram utilizadas duas escalas. A primeira avaliava o grau de individuação ou diferenciação adaptativa dos sujeitos face aos seus pais, enquanto a segunda avaliava o grau de triangulação entre os progenitores e os seus filhos. Os autores integraram no seu modelo a idade e o estatuto acadêmico (estudantes graduados versus não graduados). Os resultados demonstraram que os estudantes mais velhos eram vocacionalmente mais decididos do que os mais novos; o mesmo aconteceu com os estudantes graduados relativamente aos não graduados. Igualmente, níveis mais baixos de individuação e mais elevados de triangulação encontravam-se associados a maiores dificuldades no processo de decisão vocacional. Todavia, o modelo, no seu conjunto, apresentou um reduzido poder preditivo: a variância total explicada não ultrapassou os 11%, enquanto dos dois fatores familiares avaliados somente a individuação se revelou uma variável preditiva estatisticamente significativa, com 3% da variância explicada da variável critério.

Numa outra investigação, Blustein, Walbridge, Friedlander e Palladino (1991) analisaram a relação entre várias dimensões da separação psicológica face às figuras parentais e duas variáveis vocacionais: a indecisão vocacional e as expectativas de auto-eficácia face às tarefas de decisão vocacional. Recorrendo a uma correlação canônica os autores, utilizando uma amostra de estudantes universitários, constataram a inexistência de relações estatisticamente significativas entre os dois conjuntos de variáveis. Estes resultados foram interpretados como podendo ser indicadores de um padrão complexo de relações entre variáveis familiares sistêmicas e indecisão vocacional. Em alguns casos, níveis reduzidos de separação psicológica face às figuras parentais podem favorecer os mecanismos que provocam a indecisão, enquanto que em outros podem promover uma escolha vocacional sem uma exploração e investimento autônomos. “Se isto é verdadeiro, os jovens adultos que relatam dificuldades na separação psicológica podem ser encontrados em ambos os extremos do contínuo da decisão-indecisão vocacional” (p. 42).

Na mesma linha de investigação, Penick e Jepsen (1992) estudaram a relação entre a percepção do funcionamento familiar e a mestria em duas tarefas do desenvolvimento vocacional: o envolvimento no planeamento e a especificação, esta última avaliada como identidade vocacional. Os autores procuraram ainda identificar a influência do sexo, realização acadêmica e estatuto socioeconômico nesta relação. A amostra foi constituída por alunos do ensino secundário e pelos seus pais, ou seja, o funcionamento familiar foi avaliado tendo por base as percepções dos adolescentes e dos seus progenitores. No que diz respeito à variável que mais nos interessa, a identidade vocacional, os autores verificaram que o funcionamento familiar predizia significativamente a identidade vocacional de forma mais substancial do que o sexo, o estatuto socioeconómico e a realização acadêmica. As variáveis relacionadas com o sistema de manutenção familiar – organização, locus de controle e estilo familiar – revelaram-se mais importantes do que as variáveis relacionadas com o sistema relacional familiar – coesão, expressividade, conflito, sociabilidade, idealização e separação. Este resultado sugere que a organização sistêmica familiar poderá constituir um requisito importante para o desenvolvimento e consolidação da identidade vocacional.

Em face destes resultados, Penick e Jepsen (1992) sustentam que os adolescentes de sistemas familiares aglutinados apresentam dificuldades em realizar determinadas tarefas vocacionais, uma vez que se torna difícil para eles distinguir as suas características daquelas que são veiculadas pelas regras familiares. Por sua vez, os adolescentes que crescem em famílias desagregadas não dispõem, normalmente, de suficiente apoio familiar que lhes permita realizar com sucesso as tarefas inerentes ao desenvolvimento vocacional.

Ainda na década de 90 Whiston (1996) procurou identificar as relações entre dimensões da indecisão vocacional e expectativas de auto-eficácia face às tarefas de decisão vocacional, por um lado, e três dimensões do funcionamento familiar: dimensão relacional, dimensão de desenvolvimento pessoal e dimensão de organização e controle, por outro. Neste estudo os fatores de indecisão vocacional utilizados foram os identificados por Shimizu, Vondracek, Schulenberg e Hostetler (1988) na Career Decision Scale (CDS) (Osipow, Carney, & Barak, 1976). Recorrendo a uma correlação canônica para analisar os dois conjuntos de variáveis a autora verificou, contrariamente ao esperado, não existirem relações entre as dimensões familiares relacionais (coesão, expressividade e conflito) e o nível de indecisão vocacional de estudantes universitários. Todavia, constatou a emergência de uma relação inversa, unicamente para a subamostra feminina, entre as dimensões do sistema de manutenção familiar e três fatores da CDS. Em outras palavras, as estudantes cujas famílias eram caracterizadas por elevados níveis de organização e controle apresentavam resultados mais baixos de indecisão provocados pela confusão, desânimo, falta de experiência e/ou informação; pela necessidade de obter reforço e apoio no processo de decisão; por fim, pela dificuldade em optar por alternativas igualmente atraentes.

Larson e Wilson (1998), por seu turno, basearam-se na teoria de Bowen (1978) para testar um modelo sistêmico que explicasse os problemas da decisão vocacional com jovens estudantes universitários. Os autores propuseram um modelo em que a ansiedade seria uma variável mediadora entre fenômenos sistêmicos disfuncionais entre pais e filhos – intimidação, fusão e triangulação – e a manifestação de problemas de decisão vocacional. Estes foram avaliados com o Career Decision Diagnostic Assessment (CDDA) (Bansberg & Sklare, 1986), instrumento que identifica bloqueios pessoais e interpessoais que dificultam ou impedem as decisões vocacionais. Os resultados deste estudo, que recorreu à path analysis, apoiaram parcialmente o modelo. A intimidação e a fusão estavam diretamente relacionadas com a ansiedade, o mesmo não acontecendo com a triangulação. Todavia, parte da variância do modelo era explicada por uma relação direta entre intimidação e problemas vocacionais. A ansiedade encontrava-se diretamente relacionada com os problemas de decisão vocacional. Contrariamente ao esperado, a triangulação não emergiu como uma variável relevante no modelo.

Johnson, Buboltz e Nichols (1999), por sua vez, constataram que nenhuma investigação tinha equacionado, simultaneamente, fatores familiares, definidos como o grau de conflito, coesão e expressividade, e o impacto do divórcio na manifestação da identidade vocacional de jovens universitários. Assim, considerando estas variáveis, verificaram a inexistência de diferenças na identidade vocacional, entre jovens oriundos de famílias intactas, por contraponto aos provenientes de famílias nas quais se tinha registado um divórcio. Todavia, o sistema relacional familiar, através da expressividade, tinha uma influência muito modesta na manifestação da identidade vocacional, explicando 3% da variância.

o grau de conflito, coesão e expressividade, e o impacto do divórcio na manifestação da identidade vocacional de jovens universitários. Assim, considerando estas variáveis, verificaram a inexistência de diferenças na identidade vocacional, entre jovens oriundos de famílias intactas, por contraponto aos provenientes de famílias nas quais se tinha registado um divórcio. Todavia, o sistema relacional familiar, através da expressividade, tinha uma influência muito modesta na manifestação da identidade vocacional, explicando 3% da variância.

Por outro lado, uma parte significativa das investigações que se basearam em modelos familiares sistêmicos partiu do pressuposto de que a indecisão vocacional era um constructo unitário. Ora, o caráter multidimensional da indecisão vocacional constitui, presentemente, um dado aceito pela maioria dos autores (Brown & Rector, 2008; Santos & Coimbra, 2000). Em outras palavras, os indivíduos podem estar vocacionalmente indecisos por diferentes razões.

O que mereceria ser investigado mais aprofundadamente seria a relação entre diferentes variáveis familiares sistêmicas e distintas dimensões da indecisão vocacional. A relação entre estes dois grupos de variáveis pode ser mais complexa do que inicialmente se poderia pensar. A importância das variáveis sistêmicas no quadro da indecisão vocacional pode variar consoante as dificuldades específicas do processo de decisão vocacional. Parece ser nos casos de indecisão generalizada ou crônica que se encontram indivíduos que pertencem a sistemas familiares mais disfuncionais (Heppner & Hendricks, 1995; Salomone, 1982; Zingaro, 1983).

As investigações de Eigen et al. (1987) e Whiston (1996) exploraram esta relação, mas a forma como o fizeram é questionável no plano metodológico. No primeiro estudo os indivíduos da amostra foram classificados como pertencendo a diferentes tipos de indecisão vocacional em função do número de alterações nos seus planos vocacionais. Os próprios autores sugerem que em futuras investigações se opte por uma outra metodologia de identificação dos diferentes tipos de indivíduos vocacionalmente indecisos. No segundo estudo foram utilizados fatores originalmente identificados na CDS (Osipow et al., 1976). Todavia, a estrutura fatorial desta escala tem sido objeto de grande controvérsia (Laplante, Coallier, Sabourin, & Martin, 1994; Shimizu, Vondracek, & Schulenberg, 1994) e o principal autor da escala, Osipow (1994), não recomenda a utilização das subescalas.

Relativamente às variáveis de natureza familiar sistêmica verifica-se que as investigações optaram por instrumentos de avaliação baseados em diferentes modelos de funcionamento familiar e, consequentemente, em diferentes construtos. Esta diversidade na avaliação de variáveis poderá ter desempenhado um papel importante nos resultados pouco consistentes que atrás referimos (Hargrove et al., 2002). Existem diferenças assinaláveis entre as dimensões avaliadas pelos diversos instrumentos. Em alguns casos, conceitos teoricamente distintos podem ser confundidos, como é o caso da coesão e aglutinação familiares (Perosa & Perosa, 1990).

Por outro lado, no plano da investigação empírica seria particularmente interessante que, no futuro, um maior número de investigadores testasse modelos, com a inclusão de variáveis mediadoras e moderadoras (Baron & Kenny, 1986), que relacionassem variáveis familiares sistêmicas e dificuldades no processo de decisão vocacional. Com efeito, a esmagadora maioria das investigações pressupôs a existência de uma relação linear entre os dois conjuntos de variáveis. Ora, esta relação poderá ser mediada ou moderada por outras variáveis, e captar a complexidade de uma tal relação implicará, necessariamente, o recurso a outras metodologias de análise de dados, como é o caso da modelação de estruturas de covariância (Martens, 2005). Com a exceção do estudo de Larson e Wilson (1998) esta linha de investigação praticamente não foi explorada.

 

Considerações Finais

A abordagem sistêmica da indecisão vocacional representou uma evolução significativa na investigação. Ela pode ser vista como parte de uma alteração mais vasta ocorrida na psicologia vocacional. Desde os meados dos anos 80, os modelos ecológico-desenvolvimentais ganharam uma crescente visibilidade e importância na teoria e intervenção vocacionais. O denominador comum a estes modelos, diferentes na sua formulação e enquadramento teóricos, consiste na ênfase atribuída aos contextos de vida enquanto dimensões cruciais para a compreensão do desenvolvimento e comportamento vocacionais (Grotevant & Cooper, 1988; Law, 1991; Vondracek, Lerner, & Schulenberg, 1986; Young, 1983).

Apesar dos resultados dos estudos por nós referenciados terem apresentado conclusões pouco consistentes, a consideração do contexto familiar no quadro mais vasto dos processos de decisão vocacional é algo que deve ser realçado. A família constitui, com efeito, uma dimensão fundamental para a compreensão do desenvolvimento vocacional, sendo no seu seio que radicam, em grande parte, as fundações do desenvolvimento psicológico e da autonomia pessoal dos adolescentes e jovens e que se estruturam os processos através dos quais se confere um sentido à relação entre os indivíduos e o mundo do trabalho (Gonçalves, 2008). Sem se levar em conta o jogo sistêmico familiar, e não somente os seus aspectos mais estruturais, como acontece nas análises de natureza sociológica, torna-se difícil compreender em toda a sua complexidade o importante papel que a família desempenha no desenvolvimento vocacional.

Apesar dos contributos positivos que a abordagem sistêmica inegavelmente trouxe para a investigação das dificuldades de escolha vocacional em adolescentes e jovens adultos, é importante sublinhar, igualmente, algumas das suas limitações. A primeira prende-se com a forma como a indecisão vocacional foi definida pelos investigadores. De fato, verifica-se que a incapacidade de formular objetivos de natureza vocacional é percepcionada como uma situação problemática que se encontraria relacionada com um funcionamento sistêmico disfuncional. Assim, a indecisão vocacional é colocada no mesmo plano de outros quadros sintomáticos com que os terapeutas familiares se confrontam. Pelo fato de as dificuldades no processo de decisão vocacional serem analisadas numa perspectiva unidimensional, desvaloriza-se o enquadramento que a indecisão vocacional pode adquirir quando aliada a uma atitude de exploração vocacional (Taveira, 2000). Em outras palavras, não se leva em conta que a indecisão vocacional pode constituir o resultado de uma etapa normativamente adequada como se pode inferir de algumas teorias do desenvolvimento vocacional (Super, Savickas, & Super, 1996).

Uma segunda limitação da abordagem sistêmica, intimamente relacionada com a primeira, relaciona-se com o fato da ênfase ser colocada na avaliação do produto do processo de decisão, neste caso, a indecisão vocacional. Embora as investigações tenham procurado analisar, no sistema familiar, processos psicológicos sistêmicos (ex., triangulação, diferenciação), o mesmo não aconteceu na indecisão vocacional. Assim, níveis reduzidos de indecisão vocacional foram interpretados como índices de elevado desenvolvimento vocacional sem que se considerasse a qualidade do processo de decisão. Foi a decisão vocacional tomada na sequência de um processo de exploração em que os sujeitos assumiram a responsabilidade pelas suas opções vocacionais, ou, pelo contrário, resultou de um processo de identificação com os valores familiares que se traduziu numa identidade vocacional outorgada (foreclosed identity) ou numa escolha vocacional pseudocristalizada? Esta questão, de particular importância, é simplesmente ignorada no âmbito da investigação que analisou a influência de variáveis sistêmicas na manifestação da indecisão vocacional. Indivíduos com uma identidade outorgada, normalmente descritos como pouco diferenciados face aos seus progenitores, que tendem a encorajar o conformismo e a adesão acrítica aos valores e expectativas familiares (Marcia, 1986; Muuss, 1996), podem apresentar baixos níveis de indecisão. A baixa diferenciação face ao sistema familiar pode conduzir à indecisão vocacional, mas também à adoção de projectos vocacionais que resultam da internalização de culturas familiares que canalizam as escolhas de adolescentes e jovens em determinadas direções (Blustein et al., 1991). Como empiricamente demonstraram Brisbin e Savickas (1994), baixos níveis de indecisão vocacional podem aparecer associados a estatutos de identidade outorgada. Os autores das investigações que referenciamos não levaram em conta a qualidade do investimento, confundindo baixos níveis de indecisão vocacional com projetos vocacionais construídos de forma autônoma.

Uma outra limitação da abordagem sistêmica das dificuldades de escolha vocacional relaciona-se com a forma como a dimensão relacional é considerada no âmbito do desenvolvimento vocacional, em geral, e do processo de decisão, em particular. Atribui-se uma importância, talvez excessiva, à diferenciação do indivíduo face à sua família como elemento causal das dificuldades nas escolhas vocacionais (Alderfer, 2004). Neste sentido verifica-se uma convergência com uma concepção mais individual do desenvolvimento psicológico, em particular com a de inspiração psicanalítica, que advoga a importância da separação psicológica ou individuação dos sujeitos, especialmente na adolescência e início da vida adulta, para o desenvolvimento e adaptação psicológicas. Como afirmam Sabatelli e Mazor (1985), as teorias familiares sistêmicas, à semelhança das teorias do desenvolvimento psicológico individual, “enfatizam a necessidade da individuação das pessoas das suas famílias de origem como um pré-requisito para o desenvolvimento da identidade e para a mestria das tarefas desenvolvimentais da idade adulta.” (p. 628).

Assim, a tónica é essencialmente colocada num movimento de deslocação ou descentração do núcleo familiar, traduzindo uma certa desvalorização, ainda que não explícita, dos vínculos entre pais e filhos (Soares & Campos, 1988). A abordagem sistêmica, embora partilhando uma concepção relacional do desenvolvimento psicológico dos indivíduos, representada em várias sensibilidades teóricas no campo da psicologia (Grotevant & Cooper, 1988; Josselson, 1988; Lopez, 1992), não aprofunda o papel que a ligação emocional e a vinculação desempenham neste processo de autonomização e de construção da identidade.

As concepções do desenvolvimento que enfatizam a necessidade da separação dos adolescentes e jovens adultos relativamente às figuras parentais, condição para a construção da autonomia e identidade adultas, começaram a ser progressivamente contestadas, em especial desde a década de 80, tendo por base quadros teóricos alternativos às posições mais tradicionais. Alguns autores têm vindo a defender que as relações de vinculação entre pais e filhos estão na base da construção de modelos internos dinâmicos que configuram estruturas psicológicas responsáveis pela compreensão, antecipação e integração de acontecimentos importantes que ocorrem no meio ambiente (Ainsworth, 1989; Bowlby, 1988). Indivíduos com um padrão seguro de vinculação aos seus pais utilizam a sua família como uma base a partir da qual exploram o meio externo com confiança. Embora as investigações sobre a vinculação tenham se desenvolvido inicialmente com crianças, estudos posteriores recorreram a amostras de adolescentes e de jovens adultos, sendo possível concluir que o padrão de vinculação seguro se encontra associado a vários indicadores de desenvolvimento psicológico que incluem, nomeadamente, níveis mais elevados de autonomia, competência social e relacionamento interpessoal (Soares, 1996). Esta concepção sustenta que o desenvolvimento da autonomia e da identidade não se constrói à custa da ruptura com as figuras parentais, mas sim na transformação dessas relações. A autonomia face às figuras parentais e o desenvolvimento da identidade ocorreriam, assim, no contexto de vinculações significativas dos adolescentes e jovens adultos às suas famílias.

No âmbito da psicologia vocacional, as dimensões relacionais e a forma como estas se manifestam no desenvolvimento vocacional têm suscitado, recentemente, um grande interesse, tanto para o âmbito teórico quanto da intervenção (Berríos-Allison, 2005; Blustein, 2001; Phillips, Christopher-Sisk, & Gravino, 2001; Schultheiss, 2003). Em particular, em torno da teoria da vinculação proposta por Bowlby (1988) e Ainsworth (1989), tem-se assistido, nos últimos anos, ao desenvolvimento de uma linha de investigação particularmente promissora. As relações de vinculação, que configuram laços afetivos que permitem experienciar uma sensação de segurança suscetível de proporcionar a confiança necessária para enfrentar situações de exploração e desafio, constituem variáveis com óbvias implicações no desenvolvimento vocacional, nomeadamente em termos de exploração e decisão vocacionais (Blustein, Prezioso, & Schultheiss, 1995). Assim, várias investigações têm permitido constatar que as relações de vinculação, quer isoladamente, quer integradas em modelos mais complexos, têm-se mostrado úteis na compreensão do comportamento e desenvolvimento vocacionais (Ketterson & Blustein, 1997; Wolfe & Betz, 2004).

Segundo alguns autores, o desenvolvimento psicológico de adolescentes e jovens adultos só pode ser compreendido na sua complexidade caso se tome em conta, simultaneamente, os processos psicológicos da separação psicológica e a diferenciação relativamente à família de origem e a qualidade da vinculação com as figuras parentais. Verifica-se, na maioria dos casos, que uma combinação entre uma vinculação segura e um grau adequado de separação psicológica face às figuras parentais se encontra associado a progressos no desenvolvimento vocacional (Blustein et al., 1991; Lee & Hughey, 2001; Scott & Church, 2001). Um futuro cenário de evolução teórica e de intervenção poderá implicar a articulação entre a abordagem sistêmica e a teoria da vinculação (Kozlowska & Hanney, 2002), suscetível de dar origem a um quadro teórico potencialmente fértil na investigação sobre o desenvolvimento vocacional, nomeadamente sobre os processos de decisão.

Em resumo, a utilização de um quadro sistêmico aplicado ao desenvolvimento vocacional, em geral, e às dificuldades de escolha vocacional, em particular, configurou um avanço significativo no plano conceitual. Embora o número de estudos no campo da psicologia vocacional que toma as teorias familiares sistêmicas como quadro teórico da investigação sobre a influência da família no desenvolvimento e comportamento vocacionais seja relativamente reduzido (Alderfer, 2004), julgamos que se justifica prosseguir com esta linha de investigação desde que sejam levadas em conta as limitações que atrás identificamos. Do mesmo modo, nos parece igualmente pertinente, no quadro da consulta vocacional, que os conceitos e as técnicas oriundas da terapia familiar possam ser utilizados como ferramentas de avaliação e de intervenção que visem promover o desenvolvimento vocacional e a autonomia dos clientes.

 

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Recebibo: 16/07/2009
1ª Revisão: 08/01/2010
2ª Revisão: 12/03/2010
Aceite final: 29/03/2010

 

 

1 Endereço para correspondência: Universidade do Porto. Faculdade de Letras. Via Panorâmica, s/n, 4150-564, Porto, Portugal. Fone: +351226077100. E-mail: pjsosantos@sapo.pt.

 

 

Sobre os autores
* Paulo Jorge Santos é Doutor em Psicologia, na especialidade de Orientação Vocacional. Actualmente é Professor Auxiliar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Portugal.

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