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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versão On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.12 no.2 São Paulo dez. 2011

 

 ARTIGO ORIGINAL

 

Escolha profissional na contemporaneidade: projeto individual e projeto familiar1

 

Current Occupational choice: individual project and family project

 

Elección profesional en el presente: proyecto individual y proyecto familiar

 

 

Maria Elisa Grijó Guahyba de Almeida2; Andrea Seixas Magalhães

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro-RJ, Brasil

 

 


RESUMO

O presente trabalho visa refletir sobre a construção de projetos de vida e o processo de escolha profissional na sociedade contemporânea, permeada por valores individualistas, como autonomia e liberdade, mas que encontra na família um sentido de pertencimento. Desenvolve-se uma discussão teórica relacionando a elaboração de projetos de vida na atualidade e a transmissão geracional da escolha da profissão na família, com base em autores da Antropologia, da Sociologia e da Psicologia. Discute-se o papel da família na escolha profissional do sujeito contemporâneo, imerso num campo de possibilidades existente no atual cenário do trabalho, e os legados e lealdades invisíveis que são transmitidos através das gerações.

Palavras-chave: escolha profissional, projeto de vida, família, transmissão geracional


ABSTRACT

The present work aims at reflecting on the construction of life projects and the process of professional choice in current western society, characterized by individualistic values, such as autonomy and freedom, but having in family a sense of belonging. A theoretical discussion is developed here about the designing of life projects in the present days and its relationship with the generational transmission of professional choices within the family as based on authors from Anthropology, Sociology, and Psychology. The role of family in the professional choices of the contemporary individual, who is immersed in a field of possibilities that exists in today's work scenarios as well as the legacies and invisible loyalties transmitted throughout generations, is also discussed.

Keywords: occupational choice, life project, family, generational transmission


RESUMEN

El presente trabajo busca reflexionar sobre la construcción de proyectos de vida y el proceso de elección profesional en la sociedad contemporánea permeada por valores individualistas, como autonomía y libertad, pero que encuentra en la familia un sentido de pertenencia. Se desarrolla una discusión teórica relacionando la elaboración de proyectos de vida en la actualidad y la transmisión generacional de la elección de la profesión en la familia con base en autores de la Antropología, de la Sociología y de la Psicología. Se discute el papel de la familia en la elección profesional del sujeto contemporáneo inmerso en un campo de posibilidades existente en el actual escenario del trabajo y los legados y lealtades invisibles que son transmitidos a través de las generaciones.

Palabras clave: elección profesional, proyecto de vida, familia, transmisión generacional


 

 

As relações entre o trabalho e a família ao longo da história são marcadas por inúmeras mudanças. Há alguns séculos atrás, antes do marco da Revolução Industrial, o trabalho era transmitido através das gerações de uma família, sem grandes questionamentos. Em muitos casos, o sobrenome da família era designado pelo nome da ocupação familiar, o que acabava por marcar fortemente o pertencimento daquele membro àquela família. De acordo com Barata e Bueno (1999), na obra intitulada "Dicionário das famílias brasileiras", existem diversos sobrenomes tomados de profissões, principalmente aqueles de origem germânica, como "Zimmermann" (que significa carpinteiro, marceneiro), "Schmidt" (ferreiro), "Schröder" (alfaiate) e "Müller" (moleiro).

Enquanto a subsistência da sociedade era baseada em atividades essenciais como agricultura e comércio, as famílias ficavam fechadas em si sem a necessidade de troca. A família servia, ela própria, como grupo profissional (Durkheim, 1984). Entretanto, a transição do trabalho no campo para o modo de produção capitalista faz com que o trabalho emigre da esfera privada para a esfera pública. A nova ordem social, inaugurada com o advento do capitalismo, promove o desenvolvimento do trabalho assalariado, que modifica a função econômica da família, assim como a relação desta com o trabalho.

É principalmente a partir da Revolução Industrial que passa a prevalecer a ideia de "o homem certo no lugar certo", visando a uma maior produtividade. Até então não existia a possibilidade de uma escolha profissional, já que os filhos acabavam por seguir o ofício do seu grupo familiar. De acordo com Bock (2006), a escolha profissional só assume uma maior importância quando o modo de produção capitalista instala-se de forma definitiva.

No contexto de trabalho contemporâneo surgiram centenas de profissões, enquanto muitas outras deixaram de existir. A noção de trabalho configura-se não mais como uma progressão contínua e hierárquica dentro de uma organização, pois outras necessidades se impõem no mercado de trabalho, que por sua vez já não é mais como aquele da modernidade sólida e do capitalismo pesado - termos cunhados por Bauman (2001) para denominar a era do apogeu da industrialização. Nesse estágio, o trabalho era caracterizado como uma rotina em grandes fábricas; o capital estava enraizado no solo e os trabalhadores sentiam-se seguros em relação a seus empregos. O tempo conferido ao capitalismo sólido era de longo prazo.

Segundo Bauman, vive-se hoje a modernidade líquida, marcada pelo capitalismo leve e flutuante, em que as empresas buscam tornarem-se organizações mais flexíveis e enredadas, no lugar das antigas organizações tipo pirâmide (Sennett, 2005). É diante desse cenário do trabalho que os jovens, principalmente aqueles pertencentes às camadas médias da sociedade - estrato social abordado neste estudo -, são chamados a escolher uma profissão. Mais do que escolher uma profissão, eles devem elaborar um projeto de vida e um projeto profissional.

A construção de um projeto de vida configura-se como uma necessidade a partir de meados do século XX. Quando o indivíduo pode escolher o seu futuro, ele passa a fazer projetos. Entretanto, essa escolha ou essa elaboração de projetos não serão realizadas no vazio, mas sim em meio a uma situação social, econômica, política; sofrendo influências dessas diversas dimensões, inclusive da família. O indivíduo que escolhe está inserido em um determinado contexto, logo o projeto não é puramente individual, uma vez que ele é formado no seio da família e da sociedade.

Assim, o sujeito experimenta uma falsa liberdade de escolha frente às inúmeras possibilidades de cursos superiores ou técnicos que vêm se multiplicando nas diversas universidades. Bauman (2009) define "sentir-se livre" como "não experimentar dificuldade, obstáculo, resistência ou qualquer outro impedimento aos movimentos pretendidos ou concebíveis" (p. 23). Estar totalmente livre, segundo a definição de Bauman, é quase uma utopia para o indivíduo contemporâneo. Logo, o jovem que deve hoje escolher uma profissão e elaborar o seu projeto de vida não está tão livre para realizar uma escolha apenas individual, pois sofre diversas influências do meio em que está inserido, em especial da escola e da família, sendo esta última o foco do presente estudo.

Na literatura nacional, existem algumas pesquisas sobre as influências da família na escolha profissional (Santos, 2005) e sobre a construção do projeto profissional, como no estudo de Ribeiro (2005), que buscou compreender a evasão de alunos do ensino superior tendo como determinante o projeto familiar pré-concebido para os filhos. Ainda que os sujeitos da referida pesquisa não tenham atribuído conscientemente essa causa como principal fator de evasão, a análise das entrevistas demonstrou que essa era uma hipótese plausível no caso da amostra desse estudo. Em outra pesquisa, realizada com jovens do Ensino Médio na cidade de Recife, Ramos e Lima (1996) observaram que mais de 80% dos jovens realizaram suas escolhas profissionais de acordo com o desejo projetado pela família.

Afinal, o que leva o jovem a optar por seguir o projeto familiar e quais os aspectos engendrados nessa escolha? Em uma sociedade impregnada pela valorização da individualidade e da autonomia e em que os vínculos se tornam mais fluidos, qual seria o papel da família das camadas médias no processo de construção dos projetos dos filhos? Neste trabalho, busca-se refletir acerca dessas questões, propondo analisar a origem do termo "projeto", resgatando o seu histórico, a fim de compreender como a construção de projetos tornou-se uma necessidade para o sujeito contemporâneo. Em seguida, discute-se a temática da autoria dos projetos, questionando se ela é própria do sujeito ou se pode ser considerada também pertencente à família, uma vez que os sujeitos elaboram projetos dentro de um determinado contexto social, histórico e familiar. Por fim, é feita uma reflexão acerca da noção de transmissão geracional, na tentativa de compreender o que subjaz à aceitação da "herança profissional" (Soares-Lucchiari, 1997) e à elaboração de projetos de vida que correspondam às expectativas familiares.

 

A construção de projetos como imperativo na contemporaneidade

O termo projeto consagrou-se como uma categoria fundamental à ideologia do século XX e continua a ser objeto de estudo e a fazer parte da vida do indivíduo no século atual. Ou seja, é a partir do momento em que as pessoas podem escolher seus caminhos que faz sentido pensar em projetos (Velho, 1981).

A palavra, derivada do latim projectus, particípio passado de projícere, designa, segundo Guichard (1993), a ação de "lançar à frente". Para Machado (2004), a própria vida do ser humano pode ser considerada como um projeto, uma vez que o indivíduo ao nascer é lançado no mundo e constitui-se como tal à medida que desenvolve sua capacidade de antecipar ações, fazer escolhas, estabelecer metas e lançar-se em busca das mesmas. Este autor identifica a capacidade de projetar como o aspecto mais característico da atividade humana, pois acredita que o ser humano vive permanentemente em um "pretender ser" e "quem não projeta coisa alguma, quem não tem qualquer meta a ser atingida, verdadeiramente não é" (Machado, 2004, p. 8). Porém, esta é uma visão representativa dos tempos modernos e atuais, uma vez que o homem nem sempre viveu impregnado por essa necessidade de estabelecer projetos.

A noção de projeto aparece apenas no século XV e era empregada somente para designar elementos arquitetônicos lançados para frente, como balcões em fachadas ou pilares na frente de uma casa. De acordo com Boutinet (2002), a possibilidade de compreender o histórico do conceito de projeto através da arquitetura demonstra como é importante a dimensão espacial em toda tentativa de antecipação, além de estabelecer os rudimentos da articulação entre concepção e realização.

Pelo fato de representar uma ideia de antecipação de uma ação, o termo "projeto" remete, primordialmente, a uma ação estabelecida dentro de uma perspectiva temporal. Dentro dessa perspectiva temporal, o projeto conjuga passado, presente e um futuro que se deseja atingir. Portanto, trata-se de antecipação de algo que se deseja no presente para o futuro.

Nesse sentido, Boutinet (2002) elucida que os indivíduos, a partir da modernidade, quando passa a prevalecer o "tempo operatório", sentem-se de alguma forma levados em direção a um tempo prospectivo. A fim de adaptar-se a esse tempo, esboça-se o projeto, visando antecipar e prever o estado futuro. A influência do futuro sobre a vida dos indivíduos passou a ser relevante a partir do advento da modernidade. A preocupação com o tempo prospectivo e com a antecipação dos acontecimentos são características de uma sociedade que se configurou nas metrópoles no final do século XIX.

Até então predominavam as sociedades que Boutinet (2002) nomeia de cultura tradicional ou "sem-projeto". Nela os indivíduos não viviam muito ligados no tempo, principalmente no tempo futuro, mas sim na convivência coletiva e no tempo presente. As coisas permaneciam as mesmas de geração a geração no nível da coletividade. O futuro era pensado em relação a um determinismo religioso ou à consulta com adivinhos. Em oposição a esse tipo de sociedade, encontra-se a sociedade de cultura tecnológica (Boutinet, 2002), que recorre aos mais variados tipos de projetos. Nesse tipo de sociedade, a moderna, o futuro é constantemente trazido para o presente através de uma organização reflexiva.

De acordo com Giddens (2002), o advento da modernidade veio a alterar de forma radical a natureza da vida social e cotidiana, afetando todos os aspectos da existência humana. Inevitavelmente, essas transformações de natureza social estão diretamente relacionadas à vida individual, ao eu. Assim, no contexto contemporâneo, que o autor denomina de modernidade "alta" ou "tardia", a identidade do eu deve ser construída reflexivamente em meio a uma diversidade de opções e possibilidades que se colocam: "A modernidade é essencialmente uma ordem pós-tradicional. A transformação do tempo e do espaço, em conjunto com os mecanismos de desencaixe, afasta a vida social da influência de práticas e preceitos preestabelecidos" (Giddens, 2002, p. 27). Assim, uma vez que o papel da tradição na sociedade muda, novas dinâmicas são introduzidas na vida das pessoas, forçando-as a viver de forma mais aberta e reflexiva. A partir do momento em que autonomia e liberdade substituem o poder da tradição, a sociedade contemporânea exige a constante tomada de decisão em todos os domínios da vida (Giddens, 2003).

Nesse sentido, Pais (2007) refere-se aos "dilemas de vida", situações que decorrem do cenário atual de incertezas, perante os quais o indivíduo deve tomar decisões que afetarão diretamente a identidade do eu. Diante de tantas opções, ou de um campo de possibilidades (Velho, 1981, 1999), o maior desafio, imposto a todo o momento, é escolher. Sustentam-se assim biografias do tipo "faça você mesmo" (Pais, 2007), ou seja, os indivíduos como construtores de seus próprios destinos ou "artistas da vida" (Bauman, 2009).

No contexto dessa multiplicidade de escolhas, Giddens (2002) postula que o eu se torna um projeto reflexivo que impõe, principalmente às classes médias e altas, a escolha por um estilo de vida. O autor define estilo de vida como um conjunto de práticas que o indivíduo adota, não somente porque essas práticas preenchem as suas necessidades, mas sim porque formatam, ou seja, materializam uma narrativa individual de identidade.

O estilo de vida é uma prática comum da sociedade pós-tradicional, pois implica cada uma das decisões que a pessoa toma no seu cotidiano. Frente às alternativas de estilo de vida, torna-se necessário um planejamento estratégico da vida. Assim, elaborar um planejamento para a vida sugere uma forma de organizar o tempo tanto em relação à preparação para o futuro como à interpretação do passado.

A possibilidade de se elaborar um projeto frente a tantas alternativas que se impõem na contemporaneidade impulsiona o indivíduo a fazer da sua própria vida um projeto. Pode-se dizer que vivemos em uma sociedade que necessita da elaboração de projetos e da realização destes para se desenvolver. Isto porque, "dada a extrema reflexividade da modernidade tardia, o futuro não consiste exatamente na expectativa de eventos ainda por vir" (Giddens, 2002, p. 33), o futuro deve ser reflexivamente organizado através de projetos. Daí a modernidade tardia pressupor a construção de projetos reflexivos, ou seja, que são constantemente repensados conforme as transformações e necessidades que possam surgir. É o que Bauman (2009) denominou como a "arte da vida". Assim, essa natureza reflexiva do projeto está intimamente relacionada à identidade do sujeito que o elabora.

De acordo com Erikson (1972, 1998), a construção da identidade se dá ao longo do ciclo de vida do indivíduo e ocorre dentro de contextos socioculturais, sendo resultado da interação entre a pessoa e o ambiente. Já a construção da identidade profissional está diretamente vinculada à identidade pessoal, pois ambas incluem todas as identificações feitas pelo indivíduo ao longo da vida. Sendo assim, a identidade profissional forma-se através da autopercepção que o indivíduo tem dos papéis profissionais com os quais tem contato ao longo de sua existência, principalmente no que diz respeito às identificações com figuras significativas, como pais, familiares e professores (Bohoslavsky, 1998; Lisboa, 1997). Assim, as identidades pessoal e profissional do indivíduo se constituem nesse bojo de relacionamentos e conteúdos que são transmitidos e que vão definir o seu lugar na família e na sociedade. Ora, se a identidade do sujeito se desenvolve na sua relação com o meio no qual está inserido, também a elaboração de projetos será afetada por esse contexto.

 

O(s) sujeito(s) do projeto

Embora a sociedade contemporânea enfatize a importância da individualidade e da necessidade de o indivíduo refletir sobre o seu próprio projeto, como se ele tivesse a liberdade e a autonomia de conceber um projeto individual, uma vez que o indivíduo é percebido como fazendo parte de uma dimensão culturalmente fabricada, deve-se relativizar a noção de projeto individual. O que se pretende questionar é: quem é o sujeito desse projeto? (Velho, 1981).

Em pesquisas com famílias provenientes das camadas médias da Zona Sul do Rio de Janeiro, Velho (1981) observou que as famílias participantes de seus estudos tinham um claro projeto de ascensão social e que um fraco rendimento do filho na escola, por exemplo, tornava-se uma ameaça à identidade da própria família. A partir deste exemplo, o autor constata que não existe de fato o projeto como um fenômeno puramente interno e subjetivo, uma vez que o indivíduo encontra-se num campo de possibilidades, circunscrito histórica, social e culturalmente. Sendo assim, o mundo dos projetos é dinâmico, pois os atores que constroem as suas biografias vivem no tempo e na sociedade, sempre sujeitos à ação de outros atores, bem como às mudanças históricas e sociais.

Assim, Velho (1981, 1999) demonstra claramente a importância do meio social e, consequentemente, da família na elaboração de projetos. Mesmo o indivíduo possuindo o sentimento de que escolhe livremente, a família exerce um papel fundamental nesse processo. "O individualismo, na sua versão da alta modernidade, produziu inequívocos efeitos nas formas familiares, nos seus princípios e nos valores conferidos à esfera familiar" (Machado, 2001, p. 12). É essa organização familiar (e também social) das experiências do sujeito que pode ser evocada para explicar o paradoxo compreendido no projeto (Guichard, 1993).

A este respeito, Carreteiro (2007) afirma que as famílias se veem confrontadas com a seguinte questão:

Como fazer com que os filhos possam, por um lado, corresponder à imagem idealizada, muitas vezes inconsciente que ela forja para eles, antes e depois do nascimento (...) sendo ao mesmo tempo igual e diferente dela e, por outro lado, que os filhos se adaptem à nova sociedade na qual ingressam, conquistando um lugar? (Carreteiro, 2007, p. 183)

Diante deste questionamento, evidencia-se que os projetos não são puramente individuais e que a família possui uma importante função nesse processo. Os projetos são elaborados em meio a experiências socioculturais, a um conjunto de vivências e interações que não se pode deixar de levar em conta. O que Velho (1981) propõe é que existe o projeto individual propriamente dito, mas que este se constrói através de uma ideia mais ou menos elaborada de biografia, ou seja, de uma história de vida.

O mesmo se dá em relação a projetos profissionais. De acordo com Fonseca (1994), a elaboração de projetos vocacionais não é apenas uma tarefa individual, mas faz parte de um processo de maturação do indivíduo que está, inevitavelmente, ligado às transformações ocorridas em sua família e nas estruturas sociais e econômicas.

De certa forma, os filhos carregam a responsabilidade pelo sucesso, prestígio e ascensão social da família. Nas palavras de Velho (1981), a família pode ser representada como um "indivíduo coletivo", uma vez que o processo de individualização nas sociedades modernas alterou os arranjos familiares, formados por unidades cada vez menores. Daí a ideia de família enquanto "indivíduo coletivo" caracterizada pela concentração das interações sociais e dos vínculos afetivos dentro da família nuclear.

A possibilidade de discordância entre os projetos da família e do indivíduo constitui na família uma "microarena" (Salem, 1980), na qual emerge a coexistência de visões diferentes e conflitantes sobre a realidade. Em sua pesquisa com duas gerações de famílias de camadas médias da Zona Sul do Rio de Janeiro no final da década de setenta, Salem (1980) observou a existência de um hiato entre as gerações. Pelo fato de os jovens entrevistados estarem entrando na vida adulta, ficou claro que esse era um momento em que o sucesso ou o fracasso do projeto ansiado pelos pais se tornaria iminente. Ao analisar os temas de conflito nas famílias, a autora notou que todos os dilemas básicos entre as gerações recaíam nesse mesmo ponto. As famílias entrevistadas pela autora representam bem o movimento de ascensão social através do trabalho, porém de forma diferente nas duas gerações. A geração dos pais (que hoje seriam avós) caracterizava-se por ser proveniente de condições sociais mais baixas e ter ascendido socialmente por meio do esforço no trabalho. Já os filhos (hoje pais), representavam a abundância, tendo o privilégio - principalmente os rapazes - de se limitar aos estudos e à entrada tardia no mercado de trabalho, apoiados pelos pais.

Estudos mais recentes mostram que o desejo dos pais de classe média de ascensão social e prestígio através dos projetos dos filhos, como observado nas pesquisas de Salem (1980) e Velho (1981), ainda persiste. Nogueira (2006) aponta para a importância que é dada pela família de camadas médias, na primeira década do século XXI, à escolha do estabelecimento de ensino para a escolarização dos filhos que, segundo a autora, variam desde aspectos físicos, como localização e infraestrutura, até a clientela, a tradição, a qualidade do ensino, a proposta pedagógica e os rankings de aprovação no vestibular (Nogueira, 2010). Esse dado demonstra uma maior aproximação da família com a escola, mas também a preocupação dos pais com a qualidade da trajetória escolar de seus filhos.

No mundo contemporâneo, em que o mercado de trabalho e os vínculos laborais apresentam-se tão fluidos, os pais das camadas médias preocupam-se cada vez mais com a preparação dos filhos, caracterizada por uma intensificação e diversificação dos investimentos e estratégias educacionais (Nogueira, 2010). Visando o desenvolvimento dos filhos - e o preparo para um mundo competitivo - os pais preenchem o tempo extra-escolar das crianças e adolescentes com uma série de cursos (de música, de idiomas, esportes), dentre outros elementos, como a internacionalização da educação, fator também observado por Nogueira (2010). Não restam dúvidas que no atual cenário de incertezas, os pais das classes médias procuram investir na educação e na preparação dos filhos em todas as áreas, buscando uma forma de garantir o acesso do filho ao ensino superior e a sua inserção no mercado de trabalho. Conforme Soares-Lucchiari (1997), os pais constroem projetos para o futuro do filho e desejam que ele corresponda à imagem sobre ele projetada, propondo, muitas vezes, objetivos e investindo o filho da missão de realizar sonhos que os pais não puderam realizar em suas próprias trajetórias ou que venham a superar a situação social na qual a família está inserida.

 

Transmissão geracional: entre a busca pelo pertencimento e a diferenciação

A discussão acerca das influências da família na construção dos projetos de vida despertou o interesse em refletir sobre o processo de transmissão geracional na família e as lealdades "invisíveis" relacionadas à escolha profissional. Os estudos sobre transmissão geracional surgiram a partir da tentativa de explicar os padrões familiares que se repetem de uma geração a outra, ou seja, situações que se reproduzem no seio da família através das gerações. Foi Bowen (1965, 1971) quem elaborou tal conceito, nomeando-o de transmissão multigeracional, na tentativa de explicar o processo de repetição de padrões de relacionamento na família.

Bowen (1965, 1971) iniciou sua pesquisa a partir do atendimento e do estudo de indivíduos com esquizofrenia. O autor percebeu que um membro apresentava uma disfunção que não estava isolada dos outros acontecimentos e membros familiares, mas sim relacionada aos padrões familiares estabelecidos através das gerações. Observando essas famílias, Bowen percebeu que a família funciona como um sistema e que uma mudança em qualquer parte desse sistema é seguida por uma mudança compensatória em outras partes do sistema.

Ao pesquisar o processo de diferenciação dos membros de várias gerações com diversas famílias, Bowen postulou o conceito de transmissão multigeracional. Tal conceito objetiva descrever a transmissão dos níveis de diferenciação do indivíduo na família, concebendo que o grau de diferenciação de cada membro é produto de um processo familiar transmitido através das gerações, tanto da família de origem do pai quanto da mãe (Penso, Costa, & Ribeiro, 2008).

O processo de transmissão multigeracional postulado por Bowen diz respeito à passagem do processo emocional da família através de várias gerações. Um ponto importante enfatizado pela teoria de Bowen é que para compreender a família é necessário buscar os fatos ocorridos nas gerações precedentes, ampliando assim o olhar para a família extensa e para os ancestrais (Martins, Rabinovich, & Silva, 2008).

Esse processo de transmissão através das gerações é definido por legados, mandatos, mitos e lealdades que se perpetuam e fazem parte da história familiar, além dos valores transmitidos pela família em interface com o âmbito sociocultural no qual está inserida. Sendo assim, a transmissão geracional permite dar continuidade à identidade familiar através do tempo.

De acordo com Bowen (1965), o processo de transmissão pode começar bem antes de a criança ser concebida, quando os pensamentos, sentimentos e fantasias da mãe e da família começam a preparar o lugar que esse filho ocupará em sua vida. Ou seja, o indivíduo, mesmo antes de nascer, já recebe uma projeção familiar e já vem ao mundo inserido em uma história preexistente da qual ele é herdeiro e também prisioneiro (Falcke & Wagner, 2005).

É importante ressaltar que as heranças que o indivíduo de uma geração recebe das gerações passadas fazem parte de uma tradição familiar que, por sua vez, está inserida em um contexto sócio-cultural. Lisboa, Féres-Carneiro e Jablonski (2007), ao estudarem a transmissão da cultura na família observam que é de uma geração a outra que são reconhecidas as tradições familiares, muitas vezes ancoradas em padrões rígidos e inflexíveis, mas que garantem a sobrevivência do grupo familiar em meio às transformações da sociedade.

Assim, a transmissão geracional ocorre não só dentro das fronteiras familiares, mas ela é também permeada pelos valores culturais de determinada sociedade na qual a família está inscrita. A cultura se expressa nas relações intersubjetivas familiares, pois permite a compreensão das concepções ou ideais daquele grupo. Ela incide em um conjunto de símbolos, crenças, mitos e valores que dão sentido à herança transmitida e promovem as diferenças culturais (Lisboa et al., 2007). Desse modo, a família constitui-se como um núcleo de cultura, com costumes e tradições próprios, como se houvesse uma lente comum a todos os seus membros através da qual eles interpretam a realidade (Filomeno, 2005).

Minuchin (1990), em seus estudos sobre a família, afirma que é a família que nos dá o sentido de pertencimento e de diferenciação. Desse modo, na progressão gradual no desenvolvimento psicológico do indivíduo, ele passa de um estado de indiferenciação em busca de uma individuação ou separação, visando encontrar seu espaço pessoal e sua identidade. O grau de diferenciação a que esse indivíduo chegará irá depender não só da interação mãe-filho, como também dos processos interativos ocorridos no interior do sistema familiar.

Para cada membro do sistema familiar são delegados um papel e um destino, atribuídos pelas leis familiares. Segundo Boszormenyi-Nagy e Spark (1984), cada família tem suas leis que vão sendo herdadas ao longo do ciclo de vida familiar. Os autores chamam esses conteúdos de "lealdades invisíveis", pois são conteúdos que perpassam as gerações, muitas vezes sem serem ditos explicitamente. É como se houvesse um livro de "prestação de contas" que contabilizasse os créditos e débitos intergeracionais e funcionaria como uma espiral entre a obrigação de dar, a obrigação de receber e de retribuir. Aquele que recebe ficaria em dívida com o membro que deu, sentindo-se na obrigação de retribuir, correspondendo às suas expectativas e assim sucessivamente nas gerações, buscando um equilíbrio nas relações. É como se as relações familiares pudessem ser comparadas ao movimento dos pratos de uma balança (Courtois, 2003).

Os membros de um grupo ou de uma família podem ser leais mesmo sem coerção externa, ou seja, sem o reconhecimento consciente desses sentimentos de obrigação. E a lealdade familiar será influenciada, também, pela posição de cada indivíduo dentro do sistema familiar, assim como pelo posicionamento da família de acordo com a sua trajetória de classe. Nesse sentido, para Bourdieu (1998a) a existência das classes médias, em movimento de ascendência, configura-se como a antecipação de um futuro que só poderá ser vivido por intermédio dos filhos: uma forma de projeção de um futuro sonhado que pode acabar por impor uma série limitações na vida do sujeito:

Por estar condenado às estratégias de várias gerações que se impõem toda vez que o prazo de acesso ao bem cobiçado excede os limites de uma vida humana, ele é o homem do prazer e do presente adiados que serão vividos mais tarde (Bourdieu, 1998a, p. 103).

Nesse caso, a necessidade de corresponder ao grande investimento no capital cultural e no capital econômico transmitidos, ou seja, às expectativas de ascensão da família, gera um sentimento de dívida que, muitas vezes, é "paga" através das lealdades.

Existem várias formas de pagar as dívidas de lealdade e corresponder às expectativas familiares. Uma delas é optar por acatar a "herança profissional" (Soares-Lucchiari, 1997), ou seja, a transmissão de profissões por várias gerações. Andrade (1997), ao pesquisar sobre as influências familiares na escolha profissional, observou famílias nas quais várias gerações vêm se dedicando à mesma carreira, gerando grandes nomes em determinada área. O autor notou que muitos dos seus entrevistados foram forçados a seguir carreiras familiares bastante desvinculadas de suas realidades pessoais, gerando profissionais insatisfeitos e infelizes. Tal constatação demonstra que, se por um lado, romper com um legado familiar transmitido através das gerações pode levar a um sentimento de não pertencimento ao grupo, por outro, abraçar a tradição do projeto familiar pode levar a experiências não satisfatórias na vida do sujeito.

Seguir a carreira de outros membros da família pode também ser uma via de sucesso facilitada pelo que o grupo familiar já construiu e até mesmo pelo significado simbólico do sobrenome da família em determinada área profissional. O nome de família é considerado um capital social (Bourdieu, 1998b), à medida que funciona como um recurso de vinculação ao grupo e relaciona-se ao conhecimento e ao estabelecimento de contato. Dessa forma, os "detentores de um capital social herdado, simbolizado por um sobrenome importante, que não têm que relacionar-se com todos os seus conhecidos, que são conhecidos por mais pessoas do que as que conhecem" (Bourdieu, 1998b, p. 69), acabam sendo valorizados pelo seu capital social e contando com um caminho facilitado em direção ao prestígio social.

Assim, atender as expectativas familiares e seguir uma profissão tradicional na família não significa anular a sua própria identidade e nem esse projeto será desprovido de individualidade, bem como escolher outra profissão não quer dizer uma negação da tradição familiar. Pelo contrário, ainda que o indivíduo escolha outra carreira, a construção do seu projeto pode estar marcada por conteúdos transmitidos pelas gerações, como valores, legados e o desejo de ascensão social. A construção do projeto de vida pode incorporar tanto elementos que marcam a individualidade como elementos "herdados" da família através de seus legados. Porém, corresponder às lealdades "invisíveis" presentes na transmissão geracional proporciona ao indivíduo um sentido de pertencimento à família, além da perpetuação da identidade familiar. Romper com esse script familiar pode acarretar em um distanciamento emocional, vindo a enfraquecer o suporte e os laços do sistema familiar.

 

Considerações finais

O ideário de liberdade de escolha está diretamente relacionado ao contexto contemporâneo, que requisita ao indivíduo a elaboração de um projeto de vida reflexivo (Giddens, 2002), ou seja, a construção de projetos que são constantemente repensados de acordo com as transformações e necessidades que possam surgir. Ainda que o indivíduo e os que estão à sua volta possuam a crença de que se pode escolher livremente e de que o projeto seria, naturalmente, concebido como individual, o sujeito do projeto está inserido em um contexto maior e sofre influência das diversas esferas nele presentes. Assim, o meio social, a família e fatores como classe, geração, gênero, dentre outros, possuem papel fundamental nesse processo. Buscou-se, ao longo deste trabalho, discutir o paradoxo da construção de projetos na sociedade contemporânea, sob a influência familiar e social.

Vale ressaltar que a escola, pelo fato de ser o lugar onde o jovem passa grande parte do seu tempo e por estabelecer um vínculo mais duradouro com o indivíduo, constitui-se como um meio de forte influência no desenvolvimento de projetos de vida (Fonseca, 1994). Porém, mesmo diante das diversas transformações ocorridas nas configurações familiares na contemporaneidade, ainda é o âmbito familiar que proporciona um lugar próprio e distinto para o indivíduo e garante o sentido de pertencimento. É à família que o jovem retorna ao ter que escolher por uma profissão, pois sabe que é nela que encontrará um lugar de confiança e de conciliação (Santos, 2005), ainda que ele tenha a possibilidade de realizar uma escolha que não satisfaça sua família e que rompa com a tradição familiar.

A família contemporânea, ao transmitir de forma "invisível" seus legados, gera dívidas de lealdades acerca do projeto de vida e da escolha profissional. Essas lealdades familiares podem ser seguidas de variadas formas, seja através da repetição da tradição profissional da família, respeitando os valores familiares, correspondendo às expectativas geradas, seja assegurando relacionamentos sociais de prestígio que permitem manter a trajetória de classe da família (Bourdieu, 1998a). Nesse sentido, considera-se que seguir o projeto familiar proporciona a segurança de ser aceito na família e a possibilidade de perpetuar o legado das gerações ascendentes.

Se, em tempos passados, a profissão da pessoa era definida, inevitavelmente, pela família na qual nascia, não havendo alternativas de escolha, hoje, apesar de o ideário de liberdade de escolha existente na sociedade contemporânea, o jovem ainda encontra-se vinculado às influências familiares e aos conteúdos transmitidos através das gerações. Desta forma, pode-se dizer que a transmissão da profissão na contemporaneidade existe, porém não enraizada em um espaço concreto, como se dava no passado, quando as terras ou o estabelecimento de trabalho eram necessariamente passados de pai para filho. Consideramos que ela se dá de forma mais fluida, ela se espalha de modo subliminar, engendrando escolhas aparentemente livres e individuais, ancoradas em lealdades invisíveis que perpassam as expectativas familiares, consciente ou inconscientemente.

Ao refletir sobre o processo de transmissão geracional, é notável a importância dos conteúdos geracionais em momentos de transição no ciclo de vida, como é o processo de escolha profissional e de construção de um projeto de vida. Assim, o trabalho de orientação profissional nessa etapa da vida pode ser essencial, no sentido de auxiliar o jovem a pensar sobre as influências sociais e familiares na escolha, buscando clarificar os vínculos de lealdade existentes na família. O orientador profissional possui uma tarefa importante de, junto com o indivíduo, ajudá-lo a diferenciar o que faz parte do seu desejo e o que é do desejo da família, tornando-o mais consciente das diferentes dimensões que estão em jogo em seu processo de escolha profissional. É importante que o orientando compreenda que esses conteúdos transmitidos através das gerações não necessariamente são aceitos e reproduzidos, pois o indivíduo pode apropriar-se deles e construir a sua própria trajetória, o seu próprio projeto.

Em que pese a existência de investigações na área da Sociologia da Educação, como os trabalhos de Nogueira (2006, 2010), dentre outros, observa-se que estudos recentes, nos âmbitos da Psicologia Clínica e da Orientação Profissional, que abordam as influências da família na escolha profissional e no projeto de vida profissional do indivíduo (Filomeno, 2005; Ramos & Lima, 1996; Ribeiro, 2005; Santos, 2005) não aprofundam aspectos como a transmissão geracional e as lealdades familiares.

Esse dado aponta para a necessidade de investigações futuras que possam abordar questões como i) em que se fundamentam as expectativas das famílias de camadas médias sobre as escolhas profissionais de seus filhos adolescentes e qual o seu impacto sobre a construção do projeto de vida deles, ii) de que forma os conteúdos são transmitidos através das gerações, iii) como é possível compreender as lealdades invisíveis contidas nos projetos de vida dos indivíduos, iv) quais seriam as implicações na vida do indivíduo ao seguir ou romper com a tradição familiar, só para citar algumas questões que podem se desdobrar em novas pesquisas da discussão teórica aqui proposta.

 

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Recebido:11/02/2011
1ª Revisão: 17/06/2011
2ª Revisão: 14/09/2011
Aceite final: 30/09/2011

 

 

Sobre as autoras
Maria Elisa Grijó Guahyba de Almeida é Doutoranda em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Mestre em Ciências da Educação pela Universidade de Aveiro, Portugal e Orientadora Profissional.
Andrea Seixas Magalhães é Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-Rio, Professora Assistente do Departamento de Psicologia da PUC-Rio.
1 Este trabalho é produto da tese de doutoramento da primeira autora, bolsista CNPq.
2 Endereço para correspondência: Rua Marquês de São Vicente, 35, apto. 401, 22451-041, Rio de Janeiro-RJ, Brasil. Fone: 21 82227333. E-mail: elisagua@hotmail.com

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