SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.15 número2O impacto do estágio na adaptabilidade de carreira em estudantes do ensino profissional índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Revista Brasileira de Orientação Profissional

versão impressa ISSN 1679-3390

Rev. bras. orientac. prof vol.15 no.2 São Paulo dez. 2014

 

EDITORIAL

 

 

Este fascículo da Revista Brasileira de Orientação Profissional traz dez artigos originais e um relato de experiência, envolvendo 28 autores vinculados a 18 instituições diferentes. Quatro trabalhos são provenientes de Portugal e sete são brasileiros. Os artigos de Portugal envolvem 10 autores de sete instituições. Por sua vez, os artigos nacionais envolvem 18 autores de 10 universidades brasileiras, provenientes de seis estados (Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo).

Os primeiros três artigos são de Portugal. O primeiro deles, "O impacto do estágio na adaptabilidade de carreira em estudantes do ensino profissional" é de autoria de Carla Silva e Vitor Gamboa, da Universidade do Algarve. Trata-se de um interessante estudo que mostra a importância do estágio no desenvolvimento da adaptabilidade de carreira. O segundo artigo, intitulado "Estudo das preocupações de carreira em aconselhamento: uma nova abordagem para a promoção do bem-estar dos indivíduos" é uma contribuição de Rosário Lima, Raquel Beirão da Cruz e Manuel Rafael, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Nesta pesquisa os autores destacam a utilidade do conceito de preocupações de carreira para a compreensão das problemáticas trazidas pelos clientes ao aconselhamento, questionando a visão linear do desenvolvimento de carreira ainda presente no campo da orientação profissional. O terceiro trabalho, "Exploração da carreira em reclusos: a importância das características individuais", é de autoria de Liliana Faria (Universidade Europeia), Sandra Maques (ISLA Leira) e Joana Carneiro Pinto (Universidade Católica Portuguesa). O estudo revela a importância de trabalhos de orientação profissional com reclusos, especialmente estimulando a exploração, a fim de que possam enfrentar os desafios do mundo do trabalho após a reclusão.

Os quatro trabalhos seguintes têm em comum o contexto do ensino superior. O artigo "Do trote à mentoria: levantamento das possibilidades de acolhimento ao estudante universitário", de Patrícia Albanaes, Marucia Patta Bardagi (Universidade Federal de Santa Catarina), Gabriel Gomes de Luca (Universidade Federal do Paraná) e Scheila Girelli (Universidade Comunitária Regional de Chapecó), investiga como as atividades de acolhimento a universitários podem contribuir para uma aproximação positiva do calouro à instituição e ao curso. Já o artigo de Ludmila Ferreira Liberato Borges e Alexsandro Luiz de Andrade (Universidade Federal do Espírito Santo), chamado "Preditores da carreira proteana: um estudo com universitários" traz resultados de uma pesquisa na qual procuraram identificar como traços de personalidade e lócus de controle se relacionam com características proteanas de carreira (autogerenciamenteo e direcionamento para valores). Na sequência, temos a pesquisa "Relação entre desempenho no vestibular e rendimento acadêmico no ensino superior", de Thais Accioly Baccaro (Universidade Estadual de Londrina) e Gilberto Tadeu Shinyashiki (Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto). Entre outros resultados, o estudo mostra que o rendimento acadêmico no curso tem relação com a nota do vestibular e também com a cor de pele dos estudantes, sendo estes aspectos importantes de serem considerados em intervenções que visem o envolvimento dos alunos com seus cursos. Finalizando este bloco, o artigo "Adaptação acadêmica e coping em estudantes universitários brasileiros: uma revisão de literatura" revela que os conceitos de coping e adaptação acadêmica não vem sendo estudados conjuntamene, indicando ser este um campo para pesquisas futuras. Trata-se de um trabalho de autoria de Clarissa Tochetto de Oliveira (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Rodrigo Carvalho Carlotto, Silvio José Lemos Vasconcelos e Ana Cristina Garcia Dias (Universidade Federal de Santa Maria).

A maturidade de carreira em jovens é o conceito central nos dois próximos artigos. A pesquisa "Maturidade para a escolha de carreira: estudo com adolescentes de um serviço-escola", de Maria Luiza Junqueira e Lucy Leal Melo-Silva (Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto) revela a eficácia de uma intervenção em orientação profissional voltada a adolescentes desenvolvida em uma clínica-escola. Já o artigo "Maturidade para escolha profissional, habilidades sociais e inserção no mercado de trabalho", de Greice Colombo e Laíssa Eschiletti Prati (Faculdades Integradas de Taquara, RS), mostra que as habilidades sociais e o trabalho na juventude são aspectos importantes para o desenvolvimento da maturidade de carreira, devendo ser considerados nas intervenções de orientação profissional.

A seguir, o artigo "Trabalho e pessoas com deficiência intelectual: análise da produção científica", de Adelaine Vianna Furtado e Nara Liana Pereira-Silva (Universidade Federal de Juiz de Fora), analisou publicações científicas na área de inclusão no trabalho de pessoas com deficiência intelectual. Os resultados mostram a necessidade de novas pesquisas que empreguem instrumentos adequados à temática e que gerem subsídios para promoção da inclusão. Por fim, o relato de experiência de Rita Santos Silva (Faculdade de Economia e Gestão da Católica Porto, Portugal) e Inês Nascimento (Universidade do Porto, Portugal), intitulado "Ensino superior e desenvolvimento de competências transversais em futuros economistas e gestores", descreve uma prática de inovação curricular no ensino superior focada no desenvolvimento de competências transversais, trazendo resultados da adesão e satisfação dos estudantes com o programa.

Os trabalhos publicados neste fascículo ilustram diferentes contextos nos quais a orientação profissional pode ser desenvolvida e diferentes públicos aos quais pode ser oferecida. Essa diversidade indica a necessidade de um constante questionamento sobre as teorias de desenvolvimento vocacional com as quais trabalhamos e os fundamentos teórico-técnicos de nossas intervenções, levando em consideração, sempre, as características dos contextos nos quais as pessoas fazem suas escolhas profissionais e constróem suas carreiras. Tal questionamento, que emerge muitas vezes da prática, deve refletir-se em pesquisas bem fundamentadas a fim de que possamos avançar o conhecimento na área de orientação profissional. Esperamos que a leitura dos artigos deste fascículo propicie boas reflexões e inspire a realização de novas pesquisas.

 

Marco Antônio Pereira Teixeira
Editor Científico

Creative Commons License