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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versão impressa ISSN 1679-3390versão On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.16 no.2 Florianópolis dez. 2015

 

ARTIGO

 

Afetos, interesses profissionais e personalidade em alunos do ensino médio1

 

Affect, professional interests and personality in high school students

 

Afecto, interés profesional y personalidad en los alumnos de la escuela secundaria

 

 

Mariana Varandas Camargo de Barros; Ana Paula Porto Noronha; Rodolfo Augusto Matteo Ambiel

Universidade São Francisco, Itatiba-SP, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Considerando a decisão profissional como uma atividade de grande importância na vida das pessoas, o presente estudo objetivou relacionar afetos positivos e negativos com interesses profissionais e personalidade, por meio dos instrumentos Escala de Afetos Zanon (EAZ), Questionário de Busca Auto-Dirigida (SDS) e Bateria Fatorial de Personalidade (BFP). Participaram 92 alunos do Ensino Médio, com idades entre 14 e 18 anos, sendo 59,8% meninas. Os resultados indicaram poucas associações entre os afetos e os interesses profissionais. Entre os afetos e a personalidade foram encontrados coeficientes de magnitude moderada, bem como a predição dos afetos positivos e negativos pelos fatores Extroversão e Neuroticismo, respectivamente. Sugerem-se estudos complementares com outros construtos da Psicologia Positiva na Orientação Profissional.

Palavras-chave: orientação vocacional, psicologia positiva, avaliação psicológica


ABSTRACT

Considering the professional choice making as important decision process on people's life, this research aimed to explore relationships of positive and negative affects with professional interests and personality, using the instruments Zanon Affects Scale, Self-Directed Search, and Personality Factorial Battery. 92 high-school students, aged between 14 and 18, attended this research, being 59.8% girls. The results showed little relation between affects and professional interests. Considering affects and personality, moderate magnitude coefficients were observed. Also, positive and negative affects were predicted by Extroversion and Neuroticism, respectively. Further research is recommended with complementary constructs from Vocational Guidance and Positive Psychology theory.

Keywords: vocational Guidance, positive psychology, psychological evaluation


RESUMEN

Considerando la primera decisión profesional de gran importancia en la vida de las personas, este estudio pretende relacionar los afectos positivos y negativos a los intereses profesionales y a la personalidad, por medio de los instrumentos Escuela de Afectos Zanon, el Questionario de Busqueda Auto-dirigida, y la Bateria Fatorial de Personalidad. Participaron 92 alumnos de la Escuela Secundária, con edades comprendidas entre los 14 y 18 años, de los cuales 59,8% eran niñas. Los resultados indicaron pocas relaciones entre los afectos y los intereses profesionales. Entre los afectos y la personalidad, fueron encontrados coeficientes de magnitud moderada así como la predicción de afectos positivos y negativos por parte de los factores Extroversión y Neuroticismo, respectivamente. Se sugieren nuevos estudios con otros constructos de la Psicología Positiva y la Orientación Profesional

Palabras clave: Orientación Profesional, Psicología Positiva, Evaluación Psicológica


 

 

A escolha de uma profissão é uma tomada de decisão complexa, pois é uma atividade importante na vida de uma pessoa e é influenciada por diversos fatores ambientais, familiares e pessoais, sendo que em relação ao último, destacam-se características de personalidade, interesses e habilidades (Melo-Silva, Lassance & Soares, 2004). Embora a escolha não ocorra uma única vez na vida, a adolescência marca um momento decisivo, importante e complexo para as pessoas, que deverão realizar a primeira tomada de decisão profissional (Leitão & Miguel, 2004; Primi, Moggi, & Casellato, 2004).

Nesse contexto, a Orientação Profissional (OP) é um serviço que pode auxiliar no processo de decisão, sendo o uso de instrumentos de avaliação pelos psicólogos uma prática tradicional na área. Eles se constituem como ferramentas necessárias para os orientadores profissionais (Sparta, Bardagi, & Teixeira, 2006). Osipow e Gati (1998) e Primi et al. (2000) apontam que o orientador precisa integrar as variadas informações coletadas para fornecer um feedback útil para seus clientes, o que favorece a reflexão sobre as escolhas profissionais positivas (Ackerman & Beier, 2003; Melo-Silva, Lassance & Soares, 2004; Sartori, 2006; Savickas, 2004; Teixeira & Magalhães, 2001). Entre as variáveis que os psicólogos em geral avaliam em processos de OP, os cognitivos e afetivos têm apresentado destaque (Aguiar & Conceição, 2012; Ambiel & Polli, 2011). Notadamente, interesses profissionais e personalidade são construtos que vem sendo estudados em profusão (Ambiel, Noronha, & Nunes, 2012), e que serão aprofundados.

A respeito dos interesses profissionais, embora não haja consenso sobre sua definição, os pesquisadores concordam que se tratam de padrões de preferência por determinadas atividades profissionais em detrimento de outras, sendo operacionalizados como o gosto, indiferença ou aversão a respeito de tais atividades (Lent, Brown & Hackett, 1994). Savickas (2004) argumenta que os interesses seriam baseados em processos afetivos, disparadores da aproximação ou distanciamento das atividades propostas no ambiente, e em cognitivos, o que facilitaria a percepção de atividades consideradas interessantes em detrimento de outras.

Na literatura internacional, destaca-se a proposta de Holland (1997) como uma das mais aceitas quanto à organização dos interesses, na qual o autor sugere um modelo hexagonal, composto por seis tipos de pessoas e ambientes profissionais, que são o Realista, Investigativo, Artístico, Social, Empreendedor e Convencional, formando o acrônimo RIASEC (Holland, 1997). O modelo de Holland tem sido estudado em diversos países, culturas e línguas, com tendência a replicação do modelo e evidências de estabilidade dos interesses ao longo da vida (Armstrong, Su & Rounds, 2011; Hell & Päbler, 2011), fato que tem reforçado a compreensão do construto como personalidade vocacional (Savickas, 2005).

Contudo, deve-se observar que as informações sugeridas pelo RIASEC são concernentes às atividades e ambientes laborais, ou seja, como as pessoas traduzem ou expressam suas personalidades quando o assunto é trabalho (Holland, 1997). De forma mais ampla, considerando as situações cotidianas independentes do contexto, a literatura sobre personalidade tem adotado uma definição genérica relacionada às formas habituais de pensar, agir e sentir ou, conforme definiram Rebollo e Harris (2006), um padrão de comportamento e atitudes que são típicas de um indivíduo. Costa e McCrae (1998) postulam que os traços de personalidade são características psicológicas relativamente estáveis nas diversas formas do comportamento humano. Contudo, parece possível que mudanças sejam provocadas pelas interações das pessoas com o meio social ou pelas influências sofridas por meio de aspectos motivacionais, afetivos ou comportamentais.

Entre os modelos de personalidade mais estudados, os Cinco Grandes Fatores (Big Five) tem sido recorrentemente assinalados na compreensão da Personalidade, conforme Costa e McCrae (1992) e Nunes, Hutz e Nunes (2010). Os cinco fatores são: Extroversão, compreendido quanto às interações pessoais preferidas e aos estados de humor mais frequentemente vivenciados; Socialização, relacionado à orientação interpessoal ao longo de um contínuo que vai da compaixão ao antagonismo; Realização, ao grau de controle, organização e persistência; Neuroticismo referido ao nível de ajustamento e instabilidade emocional; e Abertura a novas experiências, relacionado à tolerância e apreciação de novas experiências (Nunes, Hutz, & Nunes, 2010).

A literatura nacional (Ambiel et al, 2012; Nunes & Noronha, 2009a; Primi et al., 2002; Valentini, Teodoro, & Balbinotti, 2009; entre outros) e a estrangeira (Barrick, Mount, & Gupta, 2003; De Fruyt & Mervielde, 1997; Pozzebon, Ashton, & Visser, 2014; Wille & De Fruyt, 2014; Wille, De Fruyt, Dingemanse, & Vergauwe, 2015; entre outros) conta com documentação extensa sobre as relações entre os modelos RIASEC e Big Five, sendo possível afirmar, com base em dados metanalíticos, que algumas correlações foram demonstradas (por exemplo, Artístico e Investigativo com Abertura; Empreendedor e Social com Extroversão; e Social com Socialização - Larson, Rottinghaus, & Borgen, 2002). Para além das relações, há propostas, inclusive, de integração entre os modelos visando proporcionar melhores condições de interpretação em situações práticas (Ackerman & Beier, 2003; Nunes & Noronha, 2009b).

Isto posto, se o estudo de interesses e personalidade encontra-se consolidado na psicologia, mais recentemente, outras abordagens têm sido utilizadas para auxiliar a compreensão do funcionamento humano. Um exemplo disso é a Psicologia Positiva (PP), movimento que busca avaliar e compreender os aspectos positivos das vivências de uma pessoa (Albuquerque, Martins & Neves, 2008). Tendo isto em vista, pode-se compreender que a PP pode agregar aos processos de OP, pois visa a exploração das potencialidades, das motivações e das realizações humanas, sendo essas informações importantes para tomadas de decisão relativas à carreira (Gable & Haidt, 2005; Seligman & Csikszentmihalyi, 2001; Seligman, Steen, Park, & Peterson, 2005; Sheldon & King, 2001). Os Afetos, um dos construtos abordados neste estudo e que compõem o arcabouço teórico da Psicologia Positiva, são compreendidos como estados de ânimos que favorecem a percepção que o indivíduo tem de si e do outro, e são organizados em positivos e negativos.

Afetos Positivos tendem a ser emoções agradáveis, prazerosas, como o contentamento, o orgulho, a felicidade, o encantamento, a alegria e a afeição. Os Afetos Negativos contemplam emoções desagradáveis e desprazerosas, aquelas que as pessoas não gostam de vivenciar, referindo-se a um estado de insatisfação temporário, cujas emoções são aversivas, incluindo tristeza, medo, raiva, pessimismo, entre outras características psicológicas aflitivas (Ferrero & Rico, 2010; Siqueira & Padovan, 2004). Embora os afetos possam ser evocados em função de experiências situacionais específicas, importa ressaltar que Steel, Schmidt e Shultz (2008) apontam que o modelo dos cinco grandes fatores explica aproximadamente 24% da variância de afeto positivo e 30% da variância de afeto negativo, indicando que há uma boa parte dos afetos que é devida a uma tendência de experimentar cada categoria de afeto. Mais especialmente, estudos evidenciaram correlações positivas entre Neuroticismo e Afetos Negativos e entre Extroversão e Socialização com Afetos Positivos (Grice, Mignogna & Badzinski, 2011; Noronha, Martins, Campos & Mansão, 2015; Nunes, Hutz & Giacomoni, 2009). No entanto, ainda são escassos os estudos que visaram aplicar os conceitos da Psicologia Positiva à OP. Quanto à avaliação dos afetos, no Brasil foram encontrados dois estudos relacionando-os a construtos usualmente trabalhados na área, que serão descritos a seguir.

Com o objetivo de verificar a relação entre os afetos positivos e negativos e a autoeficácia para a escolha profissional em estudantes do nível médio, Noronha, Freitas, Piovezan e Joly (2013) realizaram um estudo com 60 estudantes do ensino médio, provenientes de escola pública e particular. As idades variaram entre 14 e 18 anos (M = 15,57; DP = 1,08), sendo 51,7% do sexo feminino. Foram utilizadas a Escala de Afetos de Zanon (EAZ - Zanon, Bastianello, Pacico, & Hutz, 2013) e a Escala de Autoeficácia para Escolha Profissional (EAE-EP - Ambiel & Noronha, 2012). Os estudantes tiveram maior média nos afetos positivos quando comparados aos negativos (M = 35,15, DP = 5,67; M = 27,07, DP = 8,11, respectivamente). Verificou-se que há uma tendência de diminuição da média dos afetos positivos à medida que a idade aumenta, porém, não houve diferença estatisticamente significativa em função da idade. Na questão gênero, os meninos apresentaram média maior nos afetos positivos, enquanto a média das meninas nos afetos negativos mostrou-se superior, embora estatisticamente a diferença tenha sido marginal para os afetos negativos. Ainda, foram encontradas correlações positivas entre afetos positivos com o fator Autoeficácia para Autoavaliação (r = 0,44) e Autoeficácia para Coleta de Informações Ocupacionais (r = 0,26). As autoras realçam que avaliações fundamentadas na Psicologia Positiva podem colaborar no processo de orientação profissional, proporcionando que os orientandos explorem suas qualidades e aptidões de maneira efetiva.

Nessa mesma direção, juntamente com os Interesses Profissionais, os Afetos podem ser importantes na compreensão das escolhas profissionais, conforme assinalam Noronha e Mansão (2012) em uma pesquisa que avaliou a relação entre interesses profissionais e afetos positivos e negativos. Participaram 529 estudantes do ensino médio de escolas públicas (35,9%) e particulares (63,5%). As idades variaram entre 14 e 27 anos (M = 16; DP = 1,48) e 223 (42,2%) eram do sexo feminino. Foram aplicadas a Escala de Afetos de Zanon (EAZ) e a Escala de Aconselhamento Profissional (EAP) para avaliar as preferências ocupacionais. De modo geral, os participantes apresentaram médias mais altas para os afetos positivos, indicando julgamento mais positivo da vida. As autoras observaram que as maiores associações se deram entre afetos positivos com atividades burocráticas, e afetos negativos com atividades relacionadas à análise e interpretação de dados numéricos, ou seja, com as ciências exatas. Foi encontrada pouca comunalidade entre os construtos, embora tenha sido possível alinhar teoricamente os achados.

Portanto, pode-se constatar que tem sido pouco explorada a contribuição que a avaliação dos afetos pode trazer ao contexto da Orientação Profissional, embora já se saiba relativamente bem como traços de personalidade e interesses interagem. Considerando os apontamentos de Savickas (2004), que informam sobre as dimensões cognitivas e afetivas dos interesses profissionais, parece ser interessante conhecer como os afetos podem incrementar as interpretações das relações entre traços de personalidade e os padrões de preferência por atividades laborais. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo investigar as relações entre Afetos Positivos e Negativos com Interesses Profissionais e Personalidade, por meio dos instrumentos Escala de Afetos Zanon (EAZ), Questionário de Busca Auto-Dirigida (SDS) e Bateria Fatorial de Personalidade (BFP). Adicionalmente, avaliou o poder preditivo dos traços de personalidade e dos afetos em relação aos tipos de interesse. Por fim, também foram analisadas as eventuais diferenças de médias entre sexo, idade e escolaridade para os três construtos.

 

Método

Participantes

Participaram da pesquisa 92 alunos de uma escola pública do interior do Estado São Paulo, dos quais 59,8% eram do sexo feminino, com idades ente 14 e 18 anos (M = 16,03; DP = 0,943). Com relação às séries em que se encontravam, 42,4% estavam no terceiro ano, 31,5% no segundo ano e 26,1% no primeiro do ensino médio.

Instrumentos

Escala de Afetos Zanon (EAZ - Zanon et al, 2013). A escala é composta por 20 afirmações que descrevem sentimentos e emoções passadas e presentes, "Sou apaixonado por algumas coisas que eu faço" e "Me sinto culpado por coisas que eu fiz no passado" são exemplos de itens. O instrumento é auto-aplicável, sendo necessária apenas a folha de resposta, a qual contém a descrição dos itens. O respondente assinala a resposta numa escala tipo Likert de cinco pontos, variando de 'nada a ver com você' (1 ponto) a 'tudo a ver com você' (5 pontos).

Sua construção partiu de um estudo inicial, no qual 853 universitários (57% mulheres), com média de idade de 21 anos (DP = 3), responderam a 29 itens, constantes na primeira versão do instrumento, os quais foram submetidos às Análises de Componentes Principais, por rotação Oblimin. Não foram encontrados índices satisfatórios de consistência interna para o modelo de três e quatro fatores, revelando que a melhor solução seria composta por dois fatores, a saber, Afetos Positivos e Afetos Negativos, conforme referencial teórico. A consistência interna da escala, avaliada pelo alfa de Cronbach, foi de 0,83 para afeto positivo e 0,77 para afeto negativo. Evidências de validade convergente da escala foram verificadas por meio de correlações da ordem de 0,70 com a Positive and Negative Affect Schedule - PANAS, que avalia afetos. Observaram-se índices altos de correlação entre os afetos positivos (r = 0,73) e afetos negativos (r = 0,74), o que indica que as subescalas da EAZ medem o mesmo construto das subescalasda PANAS.

Questionário de Busca Auto-Dirigida (SDS - Primi et al., 2010). O SDS, traduzido para o Brasil por Primi et al. (2010), consiste em um instrumento estruturado em quatro seções, de modo que as três primeiras avaliam seis tipos ocupacionais em termos de Atividades, Competências e Carreiras, havendo 11 itens para cada tipo, nas duas primeiras seções e 12 itens por tipo, na terceira. Tais itens devem ser respondidos em uma escala dicotômica (sim/não) referente a atividades que o sujeito gosta ou gostaria de fazer, competências que se considera bom ou gostaria de aprender e sobre as carreiras que gostaria de seguir, compondo cada um dos tipos propostos por Holland (1963), a saber, Realista (R), Investigativo (I), Artístico (A), Social (S), Empreendedor (E) e Convencional (C) - RIASEC. Na quarta sessão, a qual investiga as Habilidades, o participante compara-se com pessoas da mesma idade, com relação a 12 habilidades, que devem ser avaliadas em uma escala tipo Likert de sete pontos, de baixa a alta percepção de habilidade. Com relação à avaliação dos resultados, esse instrumento permite que o sujeito identifique seu Código de Holland, simbolizado por duas letras, mostrando os dois primeiros tipos mais parecidos com o sujeito.

Estudos de evidências de validade e precisão foram conduzidos no Brasil, sendo o mais amplo deles o de Mansão (2005), que levantou simultaneamente informações sobre a consistência interna, estabilidade, estrutura interna, associação com variáveis externas e informações normativas. Outros estudos também foram desenvolvidos a fim de associar interesse com outros construtos, a saber: Primi et al. (2001), Primi, Moggi e Castellato (2004), Nunes (2009), Sartori, Noronha e Nunes (2009), além de estudos realizados com o SDS em amostras de estudantes do Brasil e Portugal (Pasian & Okino, 2009; Okino, 2009; Teixeira, Figueiredo & Janeiro, 2009). Convém destacar que para o presente estudo foram realizadas somente as três primeiras sessões, a saber, Atividades, Competências e Carreiras, sendo que as pontuações por tipo foram obtidas ao somar a quantidade de "sim" marcados em cada tipo. Cada "sim" correspondeu a um ponto.

Bateria Fatorial de Personalidade (BFP - Nunes, Hutz, & Nunes, 2010). A Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) foi desenvolvida por Nunes, Hutz e Nunes (2010), baseada no modelo Big Five. Ela avalia cinco fatores, a saber, Neuroticismo, Realização, Abertura para novas experiências, Extroversão e Socialização. Para sua construção, recorreu-se às escalas já existentes no Brasil que avaliavam os fatores, de forma separada. Ao agrupar os dados, os autores realizaram 18 estudos independentes, em 11 estados brasileiros, nos quais 6.599 pessoas responderam à BFP, além de outros instrumentos psicológicos. Com os dados levantados e com as análises adicionais, foi permitido fazer a organização da versão final da BFP, composta por 126 itens, sendo "Envolvo-me rapidamente com os outros" e "Sou uma pessoa insegura" exemplos de itens.

O estudo da dimensionalidade da BFP foi realizado com o uso de análises fatoriais exploratórias, sendo extraídos cinco fatores, identificados pelos conteúdos esperados para Neuroticismo, Extroversão, Socialização, Realização e Abertura. Em seguida, foram realizadas análises fatoriais exploratórias para determinar as facetas das cinco dimensões, sendo que o método de rotação direct oblimin foi realizado para tal identificação. Neuroticismo e Extroversão apresentaram quatro dimensões e os demais fatores, três dimensões. A precisão das dimensões da BFP e suas facetas foram calculadas a partir do alfa de Cronbach e os resultados obtidos foram adequados.

Procedimentos

Inicialmente, o projeto foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma universidade particular do interior de São Paulo. Após a aprovação, foi realizado contato com a escola, a fim de verificar a disponibilidade para colaboração com a pesquisa, a qual integrou um processo de Orientação Profissional, ocorrido em três dias de aplicação de testes, relatório de devolutiva e plantões de dúvidas referentes aos resultados. Aos pais ou responsáveis dos alunos, por serem menores de idade, foi encaminhado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para a autorização da participação na pesquisa. Os alunos maiores de idade assinaram o TCLE, aceitando a participação.

As aplicações foram coletivas em sala de aula, com horário previamente agendado com a escola. Os estudantes foram informados quanto ao sigilo e a confidencialidade das informações e avisados sobre a participação voluntária na pesquisa, assim como sobre a devolutiva dos resultados em forma de relatório e plantão para sanar possíveis dúvidas. O tempo de aplicação de cada teste variou entre 30 minutos para o SDS, 15 minutos para a EAZ e 40 minutos para a BFP.

Análise de dados

A fim de atender aos objetivos do estudo, os resultados foram analisados por meio de provas descritivas e inferenciais. Primeiramente serão apresentadas as estatísticas descritivas dos três instrumentos. Em seguida são apresentadas análises de correlação de Pearson entre os fatores dos instrumentos; diferença de média para sexo (teste t de Student), idade e série (ANOVA); e, por fim, análise de regressão linear múltipla é apresentada, tendo variáveis independentes os fatores de personalidade e afetos, e os tipos de interesse como variáveis dependentes.

 

Resultados

Em relação ao primeiro instrumento, a EAZ, os afetos positivos estiveram mais presentes (M = 39,21; DP = 6,02) que os negativos. A pontuação máxima possível para cada fator é 50. Como exemplo de itens da dimensão positiva, pode-se citar características como coragem, orgulho e felicidade. Assim, os alunos vivenciam mais os afetos positivos, ou seja, experimentam estados de alta energia, concentração, confiança, forte sentimento de prazer e entusiasmo, do que emoções desagradáveis como depressão, ansiedade, pessimismo, tristeza e aborrecimento.

No SDS, as maiores médias referiram-se aos tipos Artístico, Social e Empreendedor. O Artístico (M = 22,37; DP = 10,40) caracteriza pessoas voltadas às atividades artísticas, musicais e literárias e o Social (M = 22,75; DP = 10,04) representa pessoas que gostam de atividades de ajuda, ensino e tratamento às pessoas. No Empreendedor (M = 22,61; DP = 9,89), por sua vez, predomina a preferência por atividades nas quais pode dominar, persuadir e liderar os outros.

Com relação à BFP, os fatores que apresentaram as maiores médias foram Socialização (M = 5,04; DP = 0,86), que se refere às de interações que uma pessoa apresenta ao longo de um contínuo que se estende da compaixão ao antagonismo, e o fator Realização (M = 4,79; DP = 0,69), que expressa o grau de controle, organização e persistência. A menor média foi do fator Neuroticismo (M = 3,53; DP = 0,68), que se refere ao nível de ajustamento e instabilidade emocional.

Foram exploradas as correlações de Pearson entre os EAZ e SDS. De 12 correlações possíveis, apenas duas foram significativas. As magnitudes das correlações foram baixas ou nulas. Os tipos Empreendedor (r = 0,37) e Convencional (r = 0,21) do SDS se correlacionaram positivamente com os Afetos Positivos, e apresentaram os dois maiores coeficientes. Sendo assim, vivenciar o contentamento, o orgulho, a felicidade, o encantamento, a alegria e a afeição, que são características do Afeto Positivo, podem estar presentes em pessoas que apresentem os tipos Empreendedor e Convencional. Interessante observar que em relação aos afetos negativos, não houve significâncias estatísticas e o maior coeficiente foi r = 0,17, ou seja, bastante baixo.

Para verificar a diferença de média entre os sexos em relação à EAZ e ao SDS, utilizou-se o teste t de Student. Os resultados indicaram diferenças entre os meninos e meninas nos Afetos Negativos (t[90]= -2,40; p = 0,018), sendo que a média feminina (M = 29,47; DP = 7,047) foi maior que a masculina (M = 25,64; DP = 8,032), ou seja, as mulheres vivenciam mais emoções desagradáveis e aversivas, entre outros sintomas psicológicos aflitivos. O tipo Social (t[91] = -2,805; p = 0,006) do SDS, também indicou diferença significativa entre os sexos, sendo que a média feminina (M = 25,07; DP = 10,033) foi maior do que a dos meninos (M = 19,30; DP = 9,131). Desta feita, as meninas identificam-se mais com atividades de ajuda, ensino e tratamento.

Para verificar eventuais diferenças de médias em relação à escolaridade dos participantes utilizou-se a ANOVA. Houve diferença significativa para os tipos Social (F[2, 89] = 3,25; p < 0,044) e Empreendedor (F[2, 89] = 3,36; p < 0,03). Realizou-se o teste de Tukey para a melhor compreender as duas diferenças, sendo a primeira referente ao Social. A diferença resultou em dois conjuntos, no qual os alunos do primeiro ano (M = 18,87) obtiveram menor média que os alunos do segundo ano (M = 25,76). Por obterem a maior média, faz sentido dizer que o tipo Social foi favorito pelos alunos que estão na metade do Ensino Médio, sugerindo que estes preferiram lidar com as pessoas a lidar com atividades mecânicas e técnicas, que são características do tipo Social.

O teste de Tukey também foi realizado para o tipo Empreendedor, no qual houve diferença entre as séries no tipo Empreendedor, determinando dois conjuntos, sendo que os alunos do terceiro ano apresentaram maior média (M= 24,97) do que os alunos do primeiro ano (M = 18,50). É possível que os alunos do terceiro ano tenham escolhas mais definidas e, portanto, mais fortes que os demais.

Nas análises referentes aos afetos e à personalidade, foram obtidas as correlações de Pearson entre os instrumentos EAZ e BFP, o que gerou coeficientes baixos e moderados. De dez correlações possíveis, seis foram significativas, sendo que as moderadas referem-se aos fatores Neutoricismo (r = -0,59), Extroversão (r = 0,72), Realização (r = 0,28) e Abertura às novas experiências (r = 0,30) com os Afetos Positivos; e o fator Neuroticismo (r = 0,72) com os Afetos Negativos. Portanto, o contentamento, o orgulho, a felicidade, o encantamento, a alegria e a afeição, que são características do Afeto Positivo, se associam com traços de Extroversão, que se refere a como as pessoas se relacionam com as demais e indica o quanto elas são comunicativas, falantes, ativas, assertivas, responsivas e gregárias. Ao lado disso, Afeto Positivo se associou a Realização, que descreve o grau de organização, persistência, controle e motivação. Por fim, ainda Afetos Positivos apresentou relação com Abertura às novas experiências, que diz respeito ao comportamento exploratório e o reconhecimento de novas experiências. O fator Neuroticismo correlacionou-se negativamente com os Afetos Positivos e positivamente com os Negativos. Com isso, supõe-se que pessoas que buscam o ajustamento e a estabilidade emocional frente a um desconforto psicológico, características do Neuroticismo, podem vivenciar um estado de insatisfação temporária, cujas emoções são desagradáveis e aversivas, características dos Afetos Negativos.

Utilizou-se o teste t de Student para verificar a diferença de média entre os sexos em relação à EAZ e ao BFP, o qual revelou diferença entre meninos e meninas no fator Socialização (t[91] = -3,12; p = 0,002), de modo que, a média feminina (M = 5,21; DP = 0,623) foi maior que a masculina (M = 4,78; DP = 0,685). Os Afetos Negativos também se diferenciaram significativamente entre os sexos, conforme evidenciado anteriormente.

A análise de variância (ANOVA) foi utilizada e também a prova post hoc de Tukey para verificar a existência de diferença de médias. Houve diferença marginalmente significativa somente para o traço Realização (F[4, 87] = 2,35; p < 0,061). Não foi gerado o teste de Tukey, pois a significância foi marginal. Também foi calculada a ANOVA em relação à escolaridade dos participantes e foi possível identificar diferença de média estatisticamente significativa para o traço Socialização (F[2, 89] = 4,05; p < 0,021). Realizou-se o teste de Tukey, com o intuito de melhorar a compreensão da diferença identificada; dois conjuntos foram organizados, de modo que alunos dos segundos anos (M = 5,29) e os primeiros anos (M = 4,78) se diferenciaram. Possivelmente, esta divisão se deve por especificidade da amostra.

Por fim, testou-se a possibilidade de incremento dos afetos às predições de personalidade acerca dos interesses. Para tanto, foi realizada uma regressão múltipla, com o método enter, sendo que no primeiro modelo foram inseridas como variáveis independentes os fatores de personalidade e no segundo modelo foram acrescentados os afetos. Essa análise foi rodada seis vezes, cada uma com um tipo do RIASEC como variável dependente.

Os tipos Realista foi o único cujas predições não se mostraram significativas, sendo que o coeficiente R ajustado indicou apenas 5% da variância explicada por todas as VIs. Para os tipos Artístico e Empreendedor os afetos não acrescentaram à variância explicada pela personalidade. Para todos os demais, os afetos contribuíram para a explicação dos interesses, conforme demonstrado na Tabela 1.

A Tabela 1 informa que o tipo que teve mais variância explicada pelo modelo foi o Social, com um total de 30% da variância devida aos fatores de personalidade e afetos. É interessante notar que os coeficientes Beta ajustados em geral ficaram na casa de 0,30 sugerindo que cada aumento de um desvio-padrão nas variáveis independentes está relacionado aproximadamente ao aumento de um terço do desvio padrão nas variáveis dependentes. A exceção se dá no tipo Convencional, no qual os coeficientes extrapolaram esse valor.

De forma específica, nota-se que Neuroticismo e Afetos Negativos foram os preditores significativos do tipo Investigativo, ainda em sentidos opostos, ou seja, a cada ponto de aumento (um desvio-padrão) em Investigativo, espera-se uma diminuição de aproximadamente 40% de um desvio padrão em Neuroticismo e aumento de um terço de desvio padrão em Afeto Negativo. Resultado semelhante foi observado para o tipo Convencional, contudo com coeficientes maiores.

Para o tipo Artístico, Socialização e Abertura foram preditores significativos e positivos de interesses. Extroversão, Socialização e Afetos Negativos foram preditores significativos e positivos do tipo Social, enquanto que apenas Extroversão mostrou-se como preditor do tipo Empreendedor.

 

Discussão

O objetivo do presente estudo foi investigar as relações entre Afetos Positivos e Negativos com os Interesses Profissionais e a Personalidade, verificar a capacidade preditiva e possível incremento dos afetos à personalidade em relação aos interesses e, adicionalmente, analisar eventuais diferenças de médias entre sexo, idade e escolaridade. Estudos dessa natureza têm sido necessários, uma vez que a escolha de uma profissão é uma tomada de decisão complexa, no qual diversos fatores pessoais e sociais estão envolvidos (Melo-Silva, Lassance & Soares, 2004).

Inicialmente, em relação aos Afetos e os Interesses Profissionais, foi possível notar que somente os Afetos Positivos correlacionaram-se com o tipo Empreendedor do SDS. Os Afetos Negativos não apresentaram correlação com os Interesses Profissionais. Os achados corroboram o estudo de Noronha e Mansão (2012), uma vez que as magnitudes entre os construtos foram baixas, tendo em vista a compreensão de que se tratam de conceitos teóricos diferentes.

Em relação às diferenças de média para sexo, no Afeto Negativo as mulheres obtiveram a maior média, corroborando os achados de Noronha, Freitas, Piovezan e Joly (2013). O segundo resultado significativo foi referente ao tipo Social do SDS e, novamente, a maior média foi das mulheres. Conforme os achados de Mansão (2005) e Noronha e Nunes (2012), a preferência do sexo feminino pelas profissões mais ligadas ao Tipo Social é esperada, uma vez que contempla elevada interação social, compreensão do outro, ajuda ao próximo, entre outras atividades.

Em relação à escolaridade, não foi possível verificar, por meio da ANOVA, diferença significativa para os Afetos, mas sim para os tipos Social e Empreendedor do SDS. Referente ao tipo Social foi possível diferenciar os alunos do 1º ano (menor média) dos alunos do 2º ano (maior média) no teste de Tukey, fazendo sentido dizer que os alunos que estão na metade do curso preferem atividades de ensino ou de ajuda aos outros. Este achado pode caracterizar uma particularidade da amostra, não tendo sido encontrado estudos com achados semelhantes. No tipo Empreendedor, houve diferença entre os alunos do 1º ano (menor média) para os que estão no 3º ano (maior média), sugerindo que os alunos que estão no fim do curso podem ter escolhas mais definidas, tendendo a gostar de posições de liderança, interessando-se por trabalhos de escritório, sem cunho científico. Tal resultado confirma o achado anterior, de que o tipo Empreendedor é preferido por alunos mais velhos, ou seja, de fim de curso.

Referente à relação entre os Afetos e a Personalidade, o fator Neuroticismo correlacionou-se positivamente com o Afeto Negativo e negativamente com o Afeto Positivo, justificando-se teoricamente, ou seja, pessoas que vivenciam altos níveis de Neuroticismo são propensas a viver mais intensamente o sofrimento emocional (Nunes, Hutz & Nunes, 2010). No que diz respeito ao fator Extroversão, correlacionou-se positivamente com o Afeto Positivo e negativamente com o Afeto Negativo, o que é coerente sob a perspectiva teórica, pois extroversão refere-se às formas como as pessoas interagem com os demais e indica o quanto elas são comunicativas, falantes, ativas, assertivas, responsivas e gregárias (Nunes, Hutz, & Nunes, 2010). Ambos os resultados foram comungados por Grice, Mignogna e Badzinski (2011) e Nunes, Hutz e Giacomoni (2009), embora as pesquisas não abordassem necessariamente os mesmos construtos. Também foi encontrada correlação entre o Afeto Positivo e o fator Realização e Abertura para novas experiências que, segundo Nunes, Hutz e Nunes (2010), são fatores que tendem a apresentar menos relações com os transtornos de personalidade.

A diferença de média para os sexos foi realizada somente para a Personalidade, uma vez que a análise para os Afetos foi apresentada anteriormente, junto do Interesse Profissional. O teste t de Student para diferença de sexo indicou diferença para o fator Socialização, sendo que as mulheres obtiveram a maior média. Tal resultado é consoante com os achados de Nunes e Hutz (2007) e Nunes, Hutz e Nunes (2010).

Em relação à escolaridade, houve diferença para Socialização, diferenciando em conjuntos o 1º ano (menor média) do 2º ano (maior média). Nunes, Hutz e Nunes (2010) sugerem que achados como este, ou seja, que haja diferença entre níveis de escolarização, pode significar um erro de medida, uma vez que a linguagem da BFP pode estar sofisticada para os alunos mais novos.

Finalizando, foi interessante notar que, de forma geral, fatores de personalidade e afetos não explicaram grandes proporções da variância de interesse, tendo destaque o tipo Social. Além disso, para apenas três tipos de interesses houve acréscimo de variância explicada quando os afetos foram inseridos ao modelo, que foram Investigativo, Social e Convencional. Para este último, cabe uma observação importante. Quando os afetos foram inseridos no modelo, a proporção de variância explicada dobrou, ainda que tenha se mantido pequena, sendo que foi para esse tipo que os afetos negativos demonstraram-se como preditores mais fortes. Chama a atenção o fato de que os afetos negativos, sempre que significativos, mostraram-se como preditores com coeficiente positivo dos tipos de interesse, dados que sugerem que a experiência de afeto com essa característica pode estar ligada ao desenvolvimento de certos tipos de interesses, embora não esteja claro o caminho em que isso pode ter se dado. Em estudos futuros, com amostras maiores e mais diversificadas, essa predição deve ser novamente testada para se compreender melhor, do ponto de vista teórico, como tais relações se estruturam.

 

Considerações finais

Este estudo, que teve como objetivo verificar as relações entre afetos, interesses e personalidade, obteve sucesso ao encontrar diversos resultados que eram esperados com base nos dados da literatura. Contudo, quanto à análise de regressão realizada, embora tenha sido possível observar que para três dos seis tipos de interesses houve incremento na proporção de variância explicada pelos fatores de personalidade, a análise dos preditores significativos para cada tipo mostrou-se confusa e pouco informativa, uma vez que a mesma se apresentou de forma inversa ao esperado teoricamente. Essa relação precisa ser esclarecida em estudos futuros, com amostra maiores e com análises estatísticas mais robustas, testando, por exemplo, o papel dos afetos como mediadores das relações entre interesses e personalidade. Outra sugestão para estudos futuros é desenvolver instrumentos de afetos frente a atividades profissionais, baseando-se na ideia teórica de Savickas (2004) acerca dos componentes afetivos e cognitivos dos interesses.

Este estudo caracteriza-se como mais uma tentativa de aproximação do movimento da Psicologia Positiva à área da Orientação Profissional. É inegável que a identificação das potencialidades de jovens em processo de escolha profissional poderá ser útil para seu desenvolvimento profissional, mas ainda é necessário um maior aprofundamento dos estudos para que tal integração se dê tanto do ponto de vista teórico quanto empírico.

 

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Endereço para correspondência:
Rua Alexandre Rodrigues Barbosa, 45, Centro
13251-900, Itatiba-SP.
E-mail: mariana.barros.psi@gmail.com

Recebido 18/08/14
1ª Revisão 06/12/15
Aceite Final 15/12/15

 

 

Sobre os autores
Mariana Varandas de Camargo Barros é Psicóloga, mestre em Psicologia pela Universidade São Francisco, Itatiba, SP, Brasil.
Ana Paula Porto Noronha é Psicóloga, doutora em Psicologia Ciência e Profissão pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP, Brasil. Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco Itatiba, SP, Brasil. Bolsista Produtividade em Pesquisa pelo CNPq.
Rodolfo A. M. Ambiel é Psicólogo, doutor pela Universidade São Francisco - Itatiba, Docente da graduação e do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco - Itatiba.

1 Parte da dissertação de mestrado da primeira autora. Os autores agradecem a Casa do Psicólogo pelos testes cedidos e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela bolsa de mestrado.

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