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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versión impresa ISSN 1679-3390versión On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.18 no.1 Florianópolis jun. 2017

http://dx.doi.org/10.26707/1984-7270/2017v18n1p31 

ARTIGO

 

Carreira Esportiva: O Esporte de Alto Rendimento como Trabalho, Profissão e Carreira1

 

Sports Career: High Performance Sport as a Job, Profession and Career

 

Carrera deportiva: el deporte de alto rendimiento como trabajo, profesión y carrera

 

 

Rafaella Cristina Campos; Mônica Carvalho Alves Cappelle; Luiz Henrique Rezende Maciel

Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Percebe-se que a busca pela compreensão da carreira esportiva (ou não esportiva) têm perspectiva tradicionalista, voltada às competências, e pouco é evidenciado sobre os aspectos subjetivos e individuais de tomada de decisão consciente e/ou impulsionada. Objetivou-se compreender as características do esporte de alto rendimento como carreira profissional. Optou-se pela metodologia qualitativa com entrevistas em profundidade com seis ex-atletas de alto rendimento, analisadas pela técnica de análise de conteúdo por categorização. Concluiu-se que o esporte de alto rendimento é de fato uma carreira profissional, por vezes, não é vista assim, seja pelos períodos da vida em que a carreira é iniciada, desenvolvida e encerrada, também pelo fato de creditar-se à prática do esporte uma característica lúdica e vinculada ao talento inato.

Palavras-chave: carreira esportiva, profissão, trabalho, esportes, aposentadoria


ABSTRACT

It is perceived that the search for the understanding of the sports (or non-sporting) career has a traditionalist perspective, focused on competencies, and little is evidenced on the subjective and individual aspects of conscious and / or driven decision making. This article was aimed to understand the characteristics of high performance sport as a professional career. The qualitative methodology was chosen with in-depth interviews with six former high-performance athletes, analyzed by the categorical content analysis technique. It was concluded that high-performance sport is in fact a professional career, sometimes not seen that way, either for the periods of life in which the career is initiated, developed and closed, and also for the fact of being accredited to sports practice a playful characteristic linked to innate talent.

Keywords: sports career, profession, work, sports, retirement


RESUMEN

Se percibe que la comprensión de la carrera deportiva (o no deportiva), posee una perspectiva tradicionalista, centrada en las competencias, y poco se evidencian los aspectos subjetivos e individuales de toma de decisión consciente y/o impulsada. Se tuvo como objetivo comprender las características del deporte de alto rendimiento como carrera profesional. Se optó por la metodología cualitativa con entrevistas en profundidad con seis ex atletas de alto rendimiento, analizadas a partir de la técnica de análisis de contenido por categorización. Se concluyó que el deporte de alto rendimiento es de hecho una carrera profesional, aunque a veces, no es visto así, ya sea por el período de la vida en el cual la carrera es iniciada, desarrollada y concluida, o por el hecho de asumirse la práctica del deporte como una característica lúdica y vinculada al talento innato.

Palabras Clave: carrera deportiva, profesión, trabajo, deportes, jubilación


 

 

O Brasil sempre foi considerado um país celeiro de talentosos atletas de elite, mas a partir do ano de 2014, com a Copa do Mundo de Futebol e com a confirmação de presidir os Jogos Olímpicos de 2016, as temáticas de discussão e pesquisa que circundam o esporte de alto rendimento ganharam foco e mais pesquisadores adeptos da área que buscam a compreensão do esporte como prática e movimento sócio cultural e econômico (Preuss, 2008). O interesse público nas manifestações esportivas, tanto na prática de diversas modalidades (seja de forma amadora ou profissional) quanto na busca pela participação dos grandes eventos como espectadores ou auxiliares (há 220 mil inscritos em mais de 204 países disputando 70 mil vagas). Há poucos programas governamentais que incentivam, mas não valorizam a prática esportiva, como por exemplo, o Programa Bolsa Atleta (Ministério do Esporte, 2015), mas mesmo com esta escassez, destaca-se, socialmente, a importância do esporte, mesmo que de forma macro social, não haja valorização.

E é voltando o olhar para a relevância e importância da realidade esportiva que se desenvolve este trabalho, iniciando-se pela contextualização temática que envolve 'carreira' e 'esporte'. 'Carreira' pode ser definida por se-quências de posições ocupadas ao longo da vida profissional, bem como por diferentes trabalhos exercidos. Ou seja, a carreira é a resultante do trabalho exercido, a formação de/em uma profissão e desejos pessoais, juntamente com as experiências passadas e influências atuais (Arthur, Hall, & Lawrence, 1989).

Nos estudos de carreira, nota-se, frequentemente o foco em pesquisa nas carreiras formais e/ou convencionais2, por vezes, versões e visões a quem dos estudos organizacionais são deixadas à margem das pesquisas, isto porque há o entrelaçamento do conceito de carreira e estruturas organizacionais formais, o que não se faz necessário ou obrigatório (Balassiano, Ventura, & Fontes-Filho, 2004; Bendassoli, 2009).

Tendo em vista um cenário distinto em que o cons-truto de carreira não está ligado às estruturas organizacionais formais, tem-se o estudo da carreira esportiva no esporte de alto rendimento. Por vezes, a carreira esportiva é utilizada como exemplo adaptado para o contexto das organizações e do trabalho, em temáticas como motivação e liderança, mas raramente vê-se como foco principal das investigações. O esporte nem mesmo é considerado uma profissão em alguns estudos, mas sim, uma atividade a quem da construção de carreira (Brohm, 1993; Ericsson, 2006; Sullivan & Baruch, 2009).

A carreira esportiva não tem características embasa-das em modelos clássicos das profissões, primeiramente, por que se discute a legitimidade do esporte como profissão, e, portanto, como trabalho, e segundo, por que, mesmo dentro dos esportes de alto rendimento, há espe-cificidades críticas do início, desenvolvimento e encerramento da carreira esportiva (Salmela & Moraes, 2003; Santos & Alexandrino, 2015; Toni, 2003).

Além disso, mesmo considerando o esporte como carreira, ele não parece ser central na vida de um indivíduo, mas sim, um fator de transição ou de suporte para uma carreira profissional. Prevalece, por vezes, o mito do talento (crença de que o atleta tem vocação, habilidade inata para o esporte), que deve ser explorado enquanto a prática esportiva pode caminhar junto com as rotinas de uma pessoa que é compelida a se enquadrar numa estrutura profissional tradicional e de trabalho formal, mas que, posteriormente, deve ser repensada a dedicação ao esporte como atividade exclusiva e principal (Tenenbaum & Eklund, 2007; Silva, 2012).

Ao se considerar o esporte de alto rendimento, questiona-se, portanto: como pensar o esporte de alto rendimento como carreira profissional se os parâmetros (início, desenvolvimento e encerramento) são dicotômicos com o próprio construto de carreira profissional? Com este artigo, derivado de uma pesquisa teórico-empírica, defende-se que a construção de uma carreira profissional é plausível tendo como plano de fundo principal o esporte de alto rendimento. Acredita-se ser possível pensar a prática esportiva profissionalizada dentro dos conceitos de profissão, trabalho e carreira, buscando quebrar o paradigma de necessidade da formalização dos processos de transição e quebra do mito do esporte como "atividade extra". Para tanto, objetivou-se com este artigo, compreender as características do esporte de alto rendimento como carreira profissional. Como objetivos específicos, procurou-se, primeiro, apreender as características do esporte de alto rendimento como trabalho; e, segundo, conhecer as características do esporte de alto rendimento como profissão.

Justifica-se esta pesquisa pela sua contribuição de análise de um tipo de carreira não convencional; tanto no que se refere aos estudos sobre o esporte de alto rendimento e sobre atletas, vislumbrando o esporte não apenas como uma experiência de vida, mas também como uma possibilidade de trabalho, apesar de suas especificidades.

Para que seja possível compreender a amplitude do fenômeno da carreira esportiva, se faz necessário definir e relacionar os conceitos chaves do trabalho: carreira, profissão, trabalho e esporte.

Caracteriza-se o esporte de alto rendimento como estruturado, orientado a uma tarefa e com demanda de comprometimento e esforço, sendo esse o nível que define o esporte profissional, bem como o ápice da carreira esportiva (Dimande, 2010). A própria definição de esporte de alto rendimento assemelha-se muito com a definição de trabalho, que consiste na força concentrada dos esforços de um indivíduo para executar uma tarefa ou meta (Chanlat, 1996). O esporte é visto como consequência do desenvolvimento das forças produtivas capitalistas, produto da diminuição da jornada de trabalho, da urbanização e da modernização dos transportes. Sua existência transforma o corpo em instrumento e o integra dentro do complexo sistema de forças produtivas.

Nota-se então que trabalho consiste no investimento físico e temporal aplicado por um indivíduo para alcance de uma tarefa e/ou uma meta/objetivo, que nada se diferencia no significado e aplicabilidade no universo do trabalho formal ou no universo do esporte de alto rendimento. Vê-se que se o esforço implicado na construção de uma tarefa é similar na compressão do trabalho para a esfera formal e para a esfera do esporte, implicam-se também similaridades no construto de profissão (Bendassoli, 2009).

Etimologicamente, a palavra 'profissão' vem do latim professio, do verbo profiteri que quer dizer confessar, testemunhar, declarar abertamente. Desse modo, está ligada a uma forma de vida que é publicamente assumida e reconhecida. Ou seja, profissão opunha-se ao ofício, pois, enquanto a primeira assumia um saber reconhecido e professado em público, o segundo estava aliado à ideia de negócio ou trabalho manual. Dessa forma o atleta profissional insere-se nesse contexto, uma vez que atende aos aspectos apresentados, ou seja, trata-se de uma pessoa pública ao representar sua entidade, ou no caso desse estudo, o seu país, por se tratarem de ex-atletas das seleções nacionais das suas modalidades (Salmela, 1996).

A carreira esportiva engloba diversas fases, do início ao alto rendimento até a finalização da carreira competitiva. Os atletas passam por processos de captação e seleção, longos períodos de formação envolvendo treinamento e competições, comprometimento das relações sociais e familiares, adaptação física de acordo com a modalidade praticada, socializam-se no ambiente esportivo, alcançam o alto nível e, finalmente, cessam a prática sistemática do desporto de forma voluntária (autônoma) ou compulsória (lesão, por exemplo) (Santos & Alexandrino, 2015; Salmela, 1996).

As transições na carreira esportiva são específicas, sendo elas: a iniciação esportiva, a construção da base de fundamentos, o investimento no treinamento para competições iniciais, a participação de competições mais expressivas tais como eventos regionais e estaduais, competições de alto nível em eventos nacionais e internacionais, bem como a inserção em grandes clubes, profissionalizando-se no esporte (Marques & Samulski, 2009).

Está aqui, então, a evidência de que a prática de esporte de alto rendimento pode ser, de fato, considerada construção de carreira profissional, uma vez que há fases específicas de alcance e desejo que devem ser manejadas para atingir a alta performance, similar às carreiras convencionais e/ou formais. Na aposentadoria da prática esportiva é relevante considerar que o apoio social ao fim desta carreira se assemelha com qualquer outro encerramento de carreira, mas a aposentadoria do desporto ocorre quando o indivíduo ainda é produtivo (até os 40 anos de idade) causando um choque duplo: encerrar a prática esportiva e começar uma nova carreira, que por vezes não irá se relacionar com a atividade esportiva que por anos foi a única prática deste indivíduo, daí a importância de se aprofundar ainda mais nos estudos da carreira esportiva.

Além disso, não há políticas públicas e nem iniciativa privada para tratar dos ex-atletas. Os profissionais que construíram suas carreiras formais e/ou convencionais têm o apoio do Ministério de Trabalho para continuar tendo renda e atuação no mercado de trabalho após a aposentadoria. Já os ex-atletas, além de perderem por vezes a identidade profissional, por que foram exclusivamente atletas a vida toda e agora já não o é mais, não tem qualquer tipo de programa do governo que permita subsistência vida de aposentado, mesmo que em categoria diferenciada. Ou seja, o sofrimento do corpo, a abdicação e até mesmo as representações feitas pelo país de origem não são consideradas como trabalho, se levarmos em conta, o conceito de trabalho para o Ministério Público. Uma vez ex-atleta, um novo e singular movimento de recolocação no mercado de trabalho deve ser iniciado (COB, 2014; Dimande, 2014; MTE, 2015).

Somente chegando à adolescência ou mesmo à idade adulta, é que os atletas se tornam capazes de optarem pela modalidade que querem realmente seguir, muitas vezes dedicando-se a outras modalidades na fase de iniciação ou até mesmo na de investimento, fase na qual os atletas se dedicam ao treinamento focado das habilidades específicas da sua modalidade devendo, então, se empenhar em ainda mais se sua meta for tornar-se um expert. Esse fato ocorre também em outras carreiras, contudo, no esporte, devido ao início precoce, essa escolha tarda um pouco mais devido à dependência que os filhos têm nos pais, ressaltando através deste evento o fenômeno do "mito do talento", em que se crê que os atletas estão na carreira esportiva porque tem um dom, esquecendo o esforço necessário para elevar esse possível talento a níveis de competição extremamente acirrados (Ericsson, 2003).

Na construção da carreira esportiva o contexto social é um grande influenciador, uma vez que há vários fatores nele compreendidos que impactam na decisão, manutenção e continuidade do atleta no esporte. Um fator marcante é a questão dos mitos gerados pelo esporte. O atleta como maior legado olímpico, ou seja, a pessoa em si se torna uma referência a ser seguida pelas demais. Pode ser observado através da história que atletas de destaque são tratados desde a Grécia Antiga como pessoas de destaque na sociedade, sendo que, em períodos atuais, esse destaque traz inclusive, um grande retorno financeiro, em certas modalidades. Esse é o caso do futebol no contexto brasileiro e do basquete no contexto norte-americano, por exemplo, em que os atletas obtêm grandes lucros com contratos publicitários de venda de imagem, fator que pode estimular a prática esportiva bem como a busca por essa carreira (Machado & Rúbio, 2008).

Além do caráter sociocultural do esporte, que antes era predominantemente um sistema integrador de cadeia vertical de valores sociais, hoje é também um sistema integrador de valores econômicos. Dessa forma o esporte é visto como uma fonte de rendimento, tanto por parte dos seus atores, no caso, atletas, técnicos dirigentes, dentre outros, quanto por parte de organizações vinculadas a imagem esportiva, isto é, marcas esportivas, produtos relacionados ao esporte e outros que fazem uso da imagem do atleta para buscar renda econômica. Pode-se considerar, portanto, que o esporte passa a ser um grande foco de interesse multidisciplinar (Castel, 2013; Chanlat, 1995-1996; Pires, 2007).

Sendo assim, a prática do esporte de alto rendimento pode ser considerado trabalho, uma vez que demanda esforço persistente para sedimentação e há retorno financeiro. Considera-se a importância do esporte para a sociedade, ou seja, novamente, destaca-se a relevância que deve ser dada à carreira esportiva, tendo em vista que o esporte gera recursos financeiros, sociais e culturais, para os seus atores e também para outros que com o esporte estejam relacionados, ou seja, iniciativa pública e privada e também a sociedade como um todo (Maciel & Moraes, 2008).

Com base no referencial teórico apresentado, pode-se dizer que há como demonstrar semelhanças e diferenças entre o construto de carreira profissional formal e/ou convencional e o conceito de carreira esportiva. As semelhanças estão nas definições, nas fases e processos necessários para o alcance de alto desempenho e pôr fim a construção de carreira (profissional e esportiva), conforme exposto na figura 1.

Não se pretende com este artigo comparar as realidades das carreiras formais com a carreira esportiva de forma que uma exclua ou contradiga a outra, mas sim, apontar similaridades e discordâncias que indicam a distinção do conceito, mesmo que intrínseco, sugerindo maior aprofundamento em estudos sobre carreira esportiva. Com base na figura 1 e na construção do referencial teórico, pode-se dizer que não há como pensar a prática esportiva de alto rendimento fora dos conceitos de construção de carreira, profissão e trabalho. O que por vezes pode dificultar o avanço das pesquisas na área é o pragmatismo de a carreira estar atrelada ao contexto de organizações formais e/ou convencionais. A gestão esportiva, seja por clubes ou eventos, pode e deve ser considerada no contexto do trabalho, bem como a carreira esportiva deve ser considerada parte do universo dos cons-trutos de carreira, trabalho e profissão. Isso pode, inclusive, auxiliar atletas a seguirem em seus esportes conscientes do encerramento precoce que terão no que se refere à prática de esportes para competições, tendo, contudo, possibilidade de planejarem como será o seu futuro profissional após essa fase. O que pode ser verificado pelos resultados empíricos desta pesquisa.

Após discussão teórica faz-se necessária a descrição do caminho metodológico que guiou a fase empírica deste artigo.

 

Método3

Optou-se pela metodologia qualitativa com cunho de estudo de multi casos de pesquisa que oferece ferramentas que permitem abordar e captar as percepções dos sujeitos envolvidos na pesquisa, por algum tipo de determinação específica, mas permitindo abrangências das experiências relatadas e busca pela compreensão do fenômeno intangível à quantificação (Lakatos & Marconi, 2001).

Para realizar a pesquisa foram selecionados, pela acessibilidade e viabilidade na condução da pesquisa, seis ex-atletas que atenderam aos seguintes critérios de inclusão/exclusão: ter alcançado o alto rendimento na modalidade praticada em equipes brasileiras; ter competido e conquistado campeonatos nacionais e internacionais de grande expressividade como Olimpíadas, Campeonatos Mundiais e Copas do Mundo; ter competido e conquistado em performances individuais na modalidade praticada; ter encerrado a carreira de atleta na mesma modalidade esportiva que conquistou as competições individuais e ter encerrado a carreira de atleta voluntariamente. Para efeito didático e melhor visualização da descrição metodológica, a Tabela 1 demonstra o perfil dos ex-atletas respondentes a esta pesquisa.

O acesso aos ex-atletas foi desafiador para a construção deste artigo, os principais motivos na dificuldade de captação de respondentes voluntários foram: alguns ex-atletas contatados que encerraram sua carreira em situação crítica (lesão ou derrotas consecutivas) não quiseram se manifestar, alguns ex-atletas de destaque na mídia não tiveram interesse em se manifestar pela falta de disponibilidade de tempo, dado que a entrevista em profundidade é longa e toca por vezes em aspectos pessoais. Destaca-se como dificuldade da pesquisa o acesso a ex-atletas de elite o número destes na população geral que é extremamente reduzido.

Acreditou-se que atletas que ainda permanecem imersos na realidade de competições e estão buscando conquistar a expressividade profissional no esporte iriam designar um novo escopo de pesquisa, portanto, não foram incluídos como sujeitos desta pesquisa. Entre os atletas pesquisados, foram abrangidas as modalidades de ginástica aeróbica, atletismo e judô.

Tendo em vista a natureza de pesquisa qualitativa, definiu-se a coleta de dados por meio do instrumento de entrevista em profundidade. A entrevista em profundidade garante que o entrevistado faça parte ativa na construção da coleta de dados, uma vez que ele tem tanto autonomia para definir os tópicos da entrevista quanto o próprio entrevistador/pesquisador (Bauer & Gasell, 2011). As entrevistas em profundidade foram conduzidas em duas modalidades definidas para melhor atender a disponibilidade dos entrevistados: presencial e online. Todas as entrevistas foram gravadas em gravador digital e transcritas de forma literal, sempre preservando o sigilo de identidade dos entrevistados. Nas transcrições apresentadas neste trabalho os ex-atletas entrevistados são identificados pela letra 'P' (de participante) seguida de um número no intervalo de um a seis, correspondente ao número de participantes desta pesquisa.

Para a análise dos dados coletados optou-se pela técnica de análise de conteúdo, subdivida em quatro fases: preparação do material (entrevistas transcritas e áudios coletados); pré-análise (sistematização da congruência dos dados coletados mediante os objetivos da pesquisa); exploração do material codificado/transcrito e tratamento com inferên-cia e categorização do material coletado (Bardin, 1995).

Após proceder com as fases iniciais da técnica de análise de conteúdo definiu-se que a análise de conteúdo categorizada, sendo estas categorias, pré-definidas na introdução por meio dos objetivos específicos, como mostra a tabela 2.

De acordo com a definição das categorias descritas, seguem as análises dos dados no próximo tópico.

 

Resultados

A visão dos ex-atletas

Para a construção empírica deste artigo os participantes são denominados como ex-atletas, ou seja, indivíduos que já competiram em modalidades esportivas de alto rendimento, mas que na atual circunstância pessoal e profissional, não se relacionam diretamente com a prática esportiva (não competem mais). Esta terminologia foi definida pelos autores deste artigo para delimitar o universo de pessoas que já foram atletas e hoje não o são mais, há discussões na literatura selecionada neste artigo se há como dizer que um indivíduo deixa de ser atleta, ou se ele somente transita entre a prática do esporte para uma carreira correlata.

Tendo em vista que os participantes são então denominados ex-atletas, seguem as análises dos relatos destes participantes.

Esporte como trabalho: esforço do corpo, reconhecimento financeiro e destaque social

O esporte pode ser tratado, também como uma ocupação à medida que se trata de um trabalho desenvolvido ao longo da construção de uma carreira que está inserida em seus preceitos contextuais. Pois, a ocupação de uma pessoa é a espécie de trabalho feito por ela, independentemente da indústria em que esse trabalho é realizado e do status que o emprego confere ao indivíduo. O que um treinador exige dos seus atletas geralmente não foge muito das doutrinas existentes dentro das empresas, ou seja, o comprometimento com o trabalho, a atenção, a parceria entre colegas e o objetivo em alcançar resultados fazem parte do mesmo discurso desempenhado por um técnico esportivo e a liderança de um determinado setor numa indústria.

Ao se caracterizar o esporte como uma forma de ocupação para uma pessoa, considera-se que o atleta tem o seu envolvimento, desenvolvimento e desempenho autorregulados. Tal aspecto possivelmente explicaria o caso de atletas sem vínculo empregatício com um clube ou entidade esportiva e que ainda assim se dedicam e se comprometem com a prática (Brandão, 2000).

De acordo com as narrativas dos seis entrevistados, nota-se que os ex-atletas consideraram a prática do esporte a partir da especialização como trabalho/ocupação. Isso porque eles relatam que as exigências dos técnicos e interna (self), a competitividade dos torneios, o reconhecimento social e retorno financeiro (uns mais que os outros) para eles eram tão iguais como a de qualquer outro colega que não fosse atleta, o que mudava era o ambiente de trabalho e mais nada, caracterizando assim a construção da carreira esportiva.

A carreira esportiva é assim considerada quando envolve a prática contínua e organizada a fim alcançar fins, no caso resultados, esportivos, com a possibilidade de promoção ao atleta. Tal aspecto fica evidenciado na narrativa quando o entrevistado apresenta a sua dedicação à prática esportiva, bem como o fato de se disponibilizar para o desenvolvimento de novas técnicas de treinamento a fim de desenvolver a sua carreira. A dedicação, o envolvimento e a busca por desenvolvimento contínuo são aspectos inerentes às carreiras, dessa forma pode-se inferir que a carreira esportiva possui características semelhantes às demais carreiras, contudo, possuindo suas peculiaridades (Dutra, 1996; Tenembaum & Eklund, 2007).

"A gente tinha que ter uma dedicação supergrande, a gente tinha um respeito muito grande, a gente não fugia do tempo, a gente era bicho, obedecia." (P2)

Na narrativa o ex-atleta elucida a relação entre a remuneração e contrato com a sua profissionalização na carreira esportiva. Para o entrevistado tais aspectos foram essenciais para o desenvolvimento da carreira.

"Quando começou os incentivos financeiros foi uma coisa forte, eu me senti bem, fazendo o que eu gosto, está sendo minha terapia e eu estou ganhando dinheiro, tá bom demais não posso reclamar. É aí obvio né, começou esse incentivo financeiro veio a melhora. No dia a dia e aí virou trabalho né, mas ganhando pouco." (P3)

A condição de assalariado pressupõe uma forma de trabalho, que a partir de então, passa a ser aceita como profissão pela sociedade (Castel, 2013; Coutinho, 2009). No contexto temporal desse ex-atleta, o esporte no Brasil, não era até então, tido como um trabalho, pensando neste contexto, a narrativa demonstra a necessidade de buscar um novo contexto, se mudando para outro país. Nessa nova realidade, o esporte já era considerado um trabalho, dessa forma o ex-atleta teve assegurado os seus direitos trabalhistas básicos, sendo, contudo, interpretado de forma negativa pelos seus compatriotas.

"Quando eu vim pros Estados Unidos, a minha reputação era de mercenário, tudo que nós fazia era por dinheiro, porque já tinha essa mentalidade aqui Estados Unidos de tirar sustento do esporte. Aqui nada é feito por que gosta, é feito por que dá dinheiro e o esporte dá dinheiro também." (P1)

Com base nos relatos, nota-se que há necessidade eminente dos participantes de buscar melhores oportunidades na prática do esporte, indo atrás de diversas variáveis e inclusive da financeira, isso por que onde há investimento da mente e do corpo, é preciso que haja retorno, tanto social quanto para subsistência (Bendassoli, 2009).

As narrações vão transitar entre a necessidade do reconhecimento financeiro para o investimento do corpo no trabalho de atleta. Para os participantes, por vezes o glamour das competições e a visibilidade social gerada pela prática esportiva embaçavam as horas de dedicação adaptando o corpo e controlando o estado mental para praticar e treinar.

"Meu treinamento sempre foi organizado em mais de um turno. De manhã eu fazia preparação física e de tarde trabalhava a parte coreográfica das rotinas. Sempre tinha muita coisa para fazer, eram muitas horas de dedicação." (P4)

"Eu tinha um contrato com o meu clube, que eu recebia para treinar e para ajudar as crianças. Eles também pagavam minhas despesas para competir e tudo isso." (P5)

Nos relatos percebe-se o quão dedicado é necessário ser para ser um atleta de alta performance. O convívio social e familiar é limitado, o envolvimento com atividades a quem das relacionadas ao esporte fica prejudicado e mesmo assim, o esporte não é visto como profissão. Este fenômeno afeta não só a colocação do atleta perante seus pares quanto perante ao mundo do trabalho. Mesmo com alcances extraordinários e reconhecimento financeiro, a prática do esporte de alto rendimento persiste como atividade fora da esfera do trabalho pelas suas especificações informais e diferenciais da prática ocupacional.

Com base nos relatos sustentados pela revisão de literatura, pode-se concluir parcialmente que a prática do esporte de alto rendimento caracteriza-se em duas diretrizes como trabalho/ocupação, mas ainda não é visto como tal na gama macro social, dificultando a colocação do atleta e do ex-atleta perante o mercado de trabalho, só não manifestando esta dificuldade se ainda permanecer na esfera do esporte. Aspectos estes que esbaram na concepção da prática do esporte como profissão (profissionalização), para tanto, senguem as análises perante este aspecto da carreira esportiva.

Esporte como profissão: Início Despretensioso, O Mito do Talento e Aposentadoria Precoce

De qualquer forma, ainda cabe a discussão da profissionalização do esporte, ou seja, da caracterização ou qualificação do esporte como profissão ou não. Há o entendimento de que o esporte é apenas uma ocupação. A partir das narrativas dos participantes do estudo, diversos foram os motivos que os levaram a se engajar a prática esportiva. Em determinados casos, os interesses iam muito além de objetivos voltados à inserção social, aspectos financeiros ou profissionais inerentes ao entendimento de carreira proposto por Noronha &Ambiel (2006), ou seja, o reconhecimento pessoal através de uma profissão. De acordo com a narrativa a seguir, o envolvimento com esporte sequer tinha relação com os preceitos de carreira.

"Eu não fui pro atletismo porque era bom, eu fui no atletismo porque eu fui para comer, fui uma criança que passei fome, tive dificuldades." (P1)

Nota-se neste fragmento a característica de subsistência do esporte, já relatado no referencial teórico. O relato questiona também a compreensão que se tem da prática esportiva ser uma atividade lúdica. O esporte caracteriza-se como trabalho pelo retorno financeiro ou de benefícios que é ofertado ao então atleta e principalmente, pela força implicada à execução de sua prática.

No mesmo contexto, a ideia da busca pelo esporte a fim de suprir necessidades básicas, significou para os entrevistados uma mudança de vida iniciada por um objetivo alheio à construção da carreira esportiva, mas que fica evidenciado nos estudos de Ericsson (2006), sobre as fases iniciais deste tipo de carreira. Para esse autor, no início da prática quando se inicia a carreira esportiva, o praticante pode se engajar por motivos diversos, sendo inclusive não relacionados a objetivos específicos do esporte. Ou seja, por uma possibilidade de inserção social, ou até mesmo para receber melhores condições básicas de vida, como alimentação. Além disso, o autor ressalta que o mito do talento, ou seja, início de carreira de atletas de elite por aptidão extraordinária na prática esportiva é uma máscara utilizada para camuflar as exigências brutas que o esporte carrega.

"(...) me levou em Araçatuba pela primeira vez em, em agosto. Eu fiquei, fiquei lá no ginásio com comida melhor né? Porque lá tinha pão, pelo menos vou arrumar lugar pra comer. Então eu fui pra comer, então na minha primeira negociação com meu treinador não fui nem preocupado em ser atleta, se eu era bom, eu fui negociar com um rango, se ele me desse um rango, me desse uma comida eu ia ficar de qualquer jeito, se não, sem chance." (P1)

No caso do esporte, principalmente nas fases iniciais da carreira, como apresentado pelos participantes desse estudo, o "pagamento" pode ser alimentação, moradia ou condições de estudo. Outro fator de destaque, no que se refere aos motivos que levam a prática esportiva de alto rendimento, trata da transmissão dos ofícios, inicialmente a transmissão dos ofícios era algo rígido, quase hereditário (Araújo & Sachuk, 2007; Verardi & De Marco, 2008).

"Meu pai fazia judô e eu comecei a praticar com ele. Depois, com 7, 8 anos mais ou menos eu me mudei de cidade e ai continue com o meu pai até os 13 anos." (P2)

Os participantes do estudo apresentaram fortes motivos para o início de uma carreira precoce. A partir das especificidades do esporte apresentadas por uma vez que há a necessidade de se trabalhar os fundamentos das modalidades esportivas a medida que vão se desenvolvendo as capacidades físicas do praticante, isto é, desde a infância, passando pela adolescência até a fase adulta, pode-se entender o porquê de um início precoce. Nesse contexto, as oportunidades de estudo apresentam-se como um benefício preponderante para o engajamento ao esporte e pelo qual se buscou de forma racionalizada e estruturada, ou seja, uma vez que a carreira teria início em idade escolar, ter acesso a uma educação de qualidade tornou-se uma recompensa pelo envolvimento com o esporte de alto rendimento (Briscoe, Hall, & Demuth, 2006; Numomura & Tsukamoto, 2009).

Todos os participantes da pesquisa apresentaram relevância em relação à formação acadêmica desenvolvida paralelamente à carreira esportiva, tratada como forte motivo para o desenvolvimento da mesma. Além disso, se destaca a associação entre tal possibilidade, com o início da visão de profissionalização, ou seja, de se tornarem atletas profissionais. A profissionalização se refere à possibilidade de se prover recursos para o sustento próprio e dos seus dependentes (Dimande, 2010).

"Fui treinar porque eles davam um pagamento no valor que era pequeno, tipo o valor de uma faculdade. E também quem competia recebia o custo que você tinha com alimentação e condução, se eu tivesse um machucado alguma coisa assim eles me davam um respaldo médico." (P3)

"E com esse negócio de treina nós conseguimos ganhar lugar de morar, eu morava no campo do atlético. Era um alojamento precário, estudante não liga, só quer saber da economia. Além de treinar eu trabalhava e estudava." (P6)

De qualquer forma não se pode afirmar que essa seja uma condição adequada, uma vez que no desenvolvimento de outras carreiras, muitas vezes não há a necessidade de se buscar outros trabalhos, ou de se contentar com a disponibilização de moradia ou alimentação por parte do "empregador". Fica claro que a carreira esportiva, no contexto estudado, é precária, uma vez que os ex-atletas, ao se engajar na prática esportiva não disponibilizavam de condições financeiras suficientes para se dedicar exclusivamente a essa carreira (Veloso & Dutra, 2010).

Destaca-se que esta importância data à capacitação profissional é uma forma de prevenção futura, os ex-atleta relatam que sabiam que se na época da prática esportiva as oportunidades eram poucas e precárias, sem profissionalização o período posterior seria ainda mais difícil. Este período posterior se refere à aposentadoria que para atletas de alto rendimento ocorre de forma precoce, antes dos 40 anos de idade. Todos os seis ex-atletas entrevistados para esta pesquisa aposentaram-se por que atingiram o auge de suas carreiras no esporte e optaram por sair da modalidade praticada "por cima" e antes de ocorrer alguma lesão séria.

"Sorte, assim não é bem sorte é jeito de falar, mas sorte foi que estudei e virei professor. Vejo colegas que se esbaldaram, recebiam enquanto atletas muito mas muito mais do que eu e talvez até por isso não pensaram no futuro. Eu aproveitei bem as viagens, mas estudei muito. É confuso você aos 36 anos falar 'nossa estou aposentado', mas não é bem aposentado, é encerrado uma fase, como qualquer outra na vida, não são todos que tem maturidade para conseguir parar no auge, isso é uma vida inteira sendo preparado." (P6)

De acordo com os relatos nota-se que o encerramento na carreira de atleta está carregado medos e angústias. Nesse sentido, surge a possibilidade dos consultores de carreira profissional como profissionais indicados para o auxílio na definição, mudança e desenvolvimento tanto de carreiras novas quanto em processos de transição (Balassiano, Ventura, & Fontes-Filho, 2004). Contudo, não há evidências da sua presença no meio sendo que se supõe que tal papel seja desempenhado por membros da própria equipe (Marques & Samulski, 2009).

Ao encerrar uma carreira, no caso desta pesquisa, a carreira esportiva, seria favorável que o ex-atleta tivesse desenvolvido habilidades e capacidades que o possibilitassem uma nova colocação, quando fosse este o caso. Assim, a formação acadêmica adquirida durante a carreira esportiva seria um exemplo de preocupação atribuída ao futuro que viria após a atuação como atleta profissional. Porém, essa formação nem sempre é em área relacionada ao mundo do esporte.

 

Considerações finais: esporte como carreira

Objetivou-se neste artigo compreender as características do esporte de alto rendimento como carreira profissional. De acordo com o referencial teórico levantado aliado às análises das entrevistas dos ex-atletas que a carreira esportiva pode ser considerada uma carreira profissional.

Os ex-atletas apresentaram que os desafios impostos pelo esporte competitivo, tais como a exigência de controle emocional durante competições e treinos, o desenvolvimento do trabalho em equipe, o conhecimento dos próprios limites e potencialidades e a competitividade, adquiridos durante a vida de atleta de alto rendimento, foram determinantes para a construção da carreira atual. Esta é uma característica específica percebida: entre os entrevistados, todos continuaram trabalhando em outras áreas após terem deixado de atuar como atletas de competição. A maioria deles, atuando diretamente com o esporte, como técnicos, ou indiretamente, como empresários proprietários de academias ou professores de educação física, por exemplo.

Com relação ao momento da aposentadoria como atleta, todos os entrevistados apresentaram dificuldade em finalizar a carreira esportiva. Os ex-atletas se programaram para esse momento, assim como ocorre na maioria das carreiras, contudo, talvez pelo início tão precoce, o que tornou a carreira esportiva um hábito ou referência de vida, e também por terminar esta carreira ainda tão jovem, foi apresentada grande dificuldade por parte deles em finalizar a sua carreira. Muitos adiaram essa aposentadoria diversas vezes traçando novas metas a serem alcançadas antes de se aposentar. Alguns efetivamente se aposentaram como atletas em decorrência do desgaste físico e psicológico, como por exemplo, devido a lesões. E ainda houve os que o fizeram para aproveitar oportunidades de trabalho e/ou estudos. Ponto de congruência foi que todos os entrevistados se aposentaram como atletas quando estavam no auge da sua carreira.

Prova da grande influência do esporte em suas vidas é o fato anteriormente apresentado de que a maioria dos entrevistados construiu sua carreira atual ainda relacionada ao esporte de alto rendimento.

Para pesquisas futuras sugere-se a captação de um escopo maior de atletas, estratificados por modalidade (individual e coletiva) com metodologia quanti-qualitativa, para maior abrangência do fenômeno estudado, ressaltando que há dificuldade na captação de voluntários para responder a uma pesquisa com estas características de investigação.

 

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Endereço para correspondência:
Rafaella Cristina Campos
Rua Interact Clube, 136
Jardim Europa, 37200-000, Lavras, MG
E-mail: rafaella_ccampos@hotmail.com

Recebido: 20/10/2016
1a reformulação: 10/06/2017
2areformulação: 21/08/2017
Aceite final: 22/08/2017

 

 

Sobre os autores
Rafaella Cristina Campos é professora Mestre Efetiva da Faculdade Presbiteriana Gammon. Doutoranda em Administração pela Universidade Federal de Lavras.
Mônica Carvalho Alves Cappelle é professora Doutora Associada ao Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras.
Luiz Henrique Rezende Maciel é professor Doutor Associado ao Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Lavras. Pró-Reitor Adjunto de Assuntos Estudantis e Comunitários, Chefe do Departamento de Educação Física e Coordenador do Curso de Educação Física na Universidade Federal de Lavras.
1. Os autores agradecem à FAPEMIG que fomentou o projeto que gerou este trabalho.
2. Carreiras formais e/ou convencionais são aquelas que necessariamente passam por uma construção cronológica comum à população geral e são embasadas na formação profissional (Bendassoli, 2009).
3. A pesquisa que originou este artigo seguiu os Critérios Éticos descritos na Plataforma Brasil. O projeto de pesquisa originário deste artigo foi submetido ao Comitê de Ética com o protocolo CAAE 30206114.3.0000.5148, todos os respondentes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (T.C.L.E.) garantindo o sigilo de informações de identificação e condução ética da coleta e análise dos dados.

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