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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versão On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.19 no.1 Florianópolis jan./jun. 2018

http://dx.doi.org/1026707/1984-7270/2019v19n1p1 

EDITORIAL

 

Editorial

 

 

A Revista Brasileira de Orientação Profissional (RBOP), neste número temático sobre a Educação Superior, abre espaço para a discussão de desafios de natureza científica, pedagógica, organizacional e de gestão envolvidos nesse nível de ensino. Os manuscritos revelam a diversidade dessas demandas ao abordar a política pública para a educação superior, especialmente a de acesso e permanência estudantil; variáveis psicológicas e contextuais que afetam a aprendizagem, o envolvimento e a permanência na graduação; transição para o mundo do trabalho; saúde e bem-estar na universidade; docência e ações institucionais.

O conjunto de 11 textos que compõem esse volume explora as contribuições teóricas, empíricas e de práticas sobre os diferentes cenários e os diversos atores presentes no ensino superior, por meio de uma seção especial, oito relatos de pesquisa e um relato de experiência. O fascículo conta com a contribuição de 29 autores, 19 brasileiros de quatro estados da federação (Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo) e 10 estrangeiros (Espanha, França e Portugal).

A seção especial mobiliza os leitores para uma análise global sobre a educação superior com o manuscrito Why bother with values in Higher Education? de Eva Egron-Polak (International Association of Universitieis - IAU e Magna Charta Observatory - MCO), apontando para a necessária reflexão e ação diante dos novos desafios e dilemas morais da universidade do século XXI. A autora apresenta ações que objetivam consolidar, disseminar, discutir e concretizar os valores e princípios fundamentais para a educação superior da Carta Magna.

A seção artigos originais reúne nove estudos. O primeiro artigo, Democratização da educação superior no Brasil: das metas de inclusão ao sucesso acadêmico de Rosana Heringer, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), provoca a reflexão sobre o contexto do ensino superior brasileiro, em especial, as condições de acesso, inclusão e permanência do estudante. Para isso, retoma o histórico de desenvolvimento das políticas de ação afirmativa e de assistência estudantil; relata o desdobramento de ações nas instituições; e aponta os complexos desafios atuais para possibilitar condições de permanência e sucesso acadêmico, o que, de fato, cumprirá a meta de democratização do ensino superior.

O segundo é o relato de pesquisa, Bem-estar e adaptabilidade de Carreira na adaptação ao ensino superior, dos autores Bruno R. Almeida e Maria Odília Teixeira, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. O estudo situa a transição de ingresso à universidade no contexto de Portugal e europeu, e investiga o bem-estar subjetivo de estudantes do primeiro e segundo anos considerando adaptabilidade de carreira, percepções sobre a carreira escolhida, variáveis sociais e acadêmicas.

No artigo Autoeficácia e sucesso na transição para o trabalho: Um estudo longitudinal de Diana Aguiar Vieira (Instituto Politécnico do Porto) e Maria Theotonio (Universidade São Francisco - USF) é avaliado o papel preditivo da autoeficácia da transição para o mundo do trabalho, tendo como base teórica o Modelo Social Cognitivo da Transição para o Trabalho. Os dados sobre a autoeficácia foram obtidos quando os participantes frequentavam o último semestre da graduação, e os dados sobre a situação acadêmico-profissional, satisfação e salário foram coletadas um ano após a conclusão do curso.

O estudo Abandono no ensino superior: Impacto da autoeficácia na intenção de abandono, de Joana R. Casanova (Universidade do Minho - UM), António Cervero (Universidade de Oviedo - UO), José Carlos Nuñez (UO), Ana Bernardo (UO) e Leandro S. Almeida (UM) analisa o impacto de variáveis pessoais, percurso escolar prévio, escolha de curso e autoeficácia na formação superior em relação à intenção de abandono por 1085 estudantes portugueses ingressantes.

A discussão sobre democratização do ensino superior e a promoção de permanência é retomada no artigo Adaptação acadêmica de estudantes cotistas e não cotistas, de autoria de Marcia Cristina Monteiro e Adriana Benevides Soares, da Universidade Salgado de Oliveira (Universo). O estudo compara os dois grupos de estudantes quanto a variáveis como: adaptação acadêmica, coping, habilidades sociais e resolução de problemas sociais.

A pesquisa-ação Delineamento e avaliação de um programa de adaptação acadêmica no ensino superior, de Marcela de M. F. Barbosa (Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM), Marina C. de Oliveira (UFTM), Lucy Leal Melo-Silva (Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto - USP-RP) e Maria do Céu Taveira (UM), aborda o efeito de uma oficina para promoção da adaptação acadêmica sobre o ajustamento acadêmico e adaptabilidade de carreira dos estudantes participantes.

O processo de aprendizagem do estudante ingressante é o recorte privilegiado no relato de pesquisa Metas de realização, autorregulação da aprendizagem e autopercepção de desempenho em universitários de Simone N. P. Dalbosco (Faculdade Meridional - IMED), Adriana S. Ferraz (USF) e Acácia A. Angeli dos Santos (USF). A pesquisa correlacionou as percepções de 404 estudantes sobre a própria motivação e o processo de autorregulação da aprendizagem, diferenciando-as de acordo com perfis de percepção de desempenho.

O artigo seguinte, o Envolvimento acadêmico no ensino superior e características do estudante de autoria de Camila Fior e Elizabeth Mercuri, ambas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), evidencia a diversidade de concepção sobre o envolvimento acadêmico, seu caráter dinâmico e sua centralidade no processo de aprendizagem e de desenvolvimento dos estudantes. A pesquisa, com participação de 1000 estudantes, demonstrou diferenças de envolvimento acadêmico em atividades obrigatórias e não-obrigatórias conforme variáveis pessoais.

Considerando a pós-graduação como o espaço de referência para a formação docente, o artigo Associações entre autoeficácia docente e escolha pela docência por pós-graduandos em Engenharia de Mayara da Mota Mato e Roberto Tadeu Iaochite (Universidade Estadual Paulista - Unesp-Rio Claro) trata da escolha e percepção de carreira de professor no ensino superior. Com base na teoria social cognitiva, os autores apontam a importância do estabelecimento de políticas e ações de atração e retenção de professores no ensino superior e de promoção de formação docente na pós-graduação.

A seção relato de experiência publica o estudo intitulado Atuações de um centro educacional e psicológico junto a estudantes universitários, de autoria de Karolina Murakami, Gisele C. de Barros, Cristiane M. Peres, Rodrigo H. Flauzinho, e Maria de Fátima Aveiro Colares (USP-RP). O estudo apresenta a trajetória do Centro de Apoio Educacional e Psicológico (CAEP) da Faculdade de Medicina da USP-RP. Trata-se de um serviço criado em 1990 que inclui assistência psicológica e educacional aos estudantes; programa de tutoria; oficinas de orientações psicopedagógicas e pedagógicas aos alunos; grupos de reflexão; assessoria às comissões de cursos e aos professores; grupos focais com professores e estudantes; participação em comissões; e desenvolvimento de pesquisas.

Contamos que o leitor, provocado pelas contribuições presentes neste fascículo, reflexões desencadeadas e parcerias possíveis, possa se sentir instigado, encorajado e comprometido com a inovação da educação superior.

 

Soely Aparecida Jorge Polydoro, UNICAMP, Editora Convidada

Lucy Leal Melo-Silva, FFCLRP-USP, Editora Convidada

Manoela Ziebel de Oliveira, PUC-RS, Editora Chefe

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