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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versión On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.20 no.2 Florianópolis jul./dic. 2019

 

ARTIGO

 

Perfil psicossocial de ingressantes de Medicina em uma universidade bilíngue e multicultural1

 

Psychosocial profile of new medical students in a bilingual and multicultural university

 

Perfil psicosocial de estudiantes de Medicina de nuevo ingreso en una universidad bilingüe y multicultural

 

 

Robson ZazulaI; Simone AppenzellerII

IUniversidade Federal da Integração Latino Americana, Foz do Iguaçu, PR
IIUniversidade de Campinas, Campinas, SP

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O ingresso no ensino superior propicia transformações na vida do estudante, requerendo competências e habilidades na transição e na adaptação à universidade. Este estudo objetivou avaliar o perfil dos ingressantes do curso de medicina em uma instituição multicultural e bilíngue em relação às vivências acadêmicas, habilidades sociais (HS) e qualidade de vida (QV). Realizou-se um estudo transversal exploratório com 61 ingressantes de uma mesma turma, sendo 57,4% brasileiros e 42,6% não brasileiros. Os resultados demonstraram elevados níveis de expectativa e QV, e nível médio de HS. Estudantes não brasileiros apresentaram escores totais médios menores do que estudantes brasileiros, sem diferença significativa entre grupos. Verificou-se associação entre aspectos da QV e HS para todos os estudantes.

Palavras-chave: qualidade de vida, habilidades sociais, diversidade cultural, ajustamento profissional


ABSTRACT

Admission to higher education provides transformations in students' life, requiring competences and skills in the transition and adaptation to the university. This study aimed to evaluate the profile of new medical students in a bilingual and multicultural institution related to academic experiences, social skills (SS) and quality of life (QoL). An exploratory transversal study was conducted with 61 newcomers from the same class, 57.4% Brazilian and 42.6% non-Brazilian. The results showed high levels of expectancy and (QoL), and average level of SS for all students. Non-Brazilian students showed lower average total scores than Brazilian students, with no significant difference between groups. There was an association between QoL and SS aspects for all students.

Keywords: quality of life, social skills, cultural diversity, professional adjustment


RESUMEN

El ingreso a la enseñanza universitaria propicia transformaciones en la vida de los estudiantes requiriendo competencias y habilidades en la transición y adaptación a la universidad. El presente estudio evaluó el perfil académico de estudiantes de nuevo ingreso de la carrera de medicina en una institución multicultural y bilingüe con relación a las vivencias académicas, habilidades sociales (HS) y calidad de vida (CV). Fue realizado un estudio transversal exploratorio con 61 estudiantes de nuevo ingreso de un mismo año, siendo 57,4% brasileños y 42,6% no-brasileños. Los resultados muestran altos niveles de expectativas académicas y CV, y niveles medio de HS para todos los estudiantes. Los estudiantes no brasileños presentaron puntajes medios más bajos que los estudiantes brasileños, pero sin diferencia significativa entre ambos grupos. Se verificó la relación entre la CV y HS para todos los estudiantes.

Palabras clave: calidad de vida, habilidades sociales, diversidad cultural, ajuste profesional


 

 

Especialmente nos últimos dez anos, diversas mudanças foram observadas no contexto universitário. Em nosso país, a educação superior apresentou uma forte expansão, tanto na quantidade de instituições e cursos de graduação, quanto no número de acadêmicos. Em consonância com essas transformações, foi proposto e implementado o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), que objetiva proporcionar maior acesso ao ensino superior, especialmente de estudantes de baixa renda, em instituições federais de ensino (Ristoff, 2014). Além disso, as instituições se transformaram em relação às suas estruturas curriculares, metodológicas e econômicas (Almeida, Soares & Ferreira, 2001). Estas possibilitaram mudanças no foco da graduação: da aquisição e reprodução de conhecimento para o desenvolvimento de competências sociais, emocionais e acadêmicas (Almeida et al., 2001; Soares, Nunes & Mello, 2009).

Outra mudança importante se refere ao perfil do ingressante no ensino superior. Geralmente estes estudantes são recém egressos do ensino médio (final da adolescência e o início da idade adulta), cuja entrada na universidade corresponde a um período com grandes transformações, especialmente em relação às tarefas desenvolvimentais, além do ritmo de trabalho diferenciado, com maior requisito de mobilização de suas capacidades cognitivas e com um apelo a uma maior autonomia de estudo (Almeida et al., 2001). O ingresso no ensino superior e a vivência do primeiro ano estão relacionados a diversos fatores, sobretudo individuais. Estes podem ser positivos ou não e, às vezes, relacionados à realização de novos vínculos e relacionamentos interpessoais, responsabilidade e maior liberdade e independência. Segundo Lima, Rinaldo e Aguilar-Da-Silva (2017), o ingresso no ensino superior gera a aprendizagem de um número maior de competências, ampliando o desenvolvimento psicossocial e acadêmico.

Um dos primeiros pontos que devem ser considerados em relação aos ingressantes são as expectativas e, consequentemente, as vivências em relação ao curso e ao ensino superior. O processo de transição e ajustamento do indivíduo deve ser compreendido como algo complexo e multidimensional, de natureza tanto interpessoal quanto contextual. Tanto as vivências quanto as expectativas acadêmicas devem ser compreendidas de modo amplo, com influências na qualidade de adaptação, sucesso e satisfação do estudante ao ambiente universitário (Almeida et al., 2001). Esse processo de adaptação pode ser mais intenso e difícil para estudantes não familiarizados com a cultura em que estão se inserindo, tais como acadêmicos de regiões distantes ou culturalmente diferentes do local da universidade (i.e., estudantes de regiões rurais ou estrangeiros; Araújo et al., 2016). O processo de adaptação ao ensino superior, à instituição e à carreira pode estar relacionado às experiências e história de vida e expectativas iniciais, sendo que estudantes com maior experiência e expectativas apresentarão maior motivação em relação às atividades acadêmicas (Igue, Bariani, & Milanesi, 2008).

O desenvolvimento de habilidades sociais (HS) está intimamente relacionado às expectativas e vivências acadêmicas, e podem ser definidas como um tipo especial de comportamento social, habilitando o indivíduo a apresentar um bom desempenho social, por meio da comunicação e o relacionamento interpessoal. Além disso, HS contribuem para um desenvolvimento mais saudável em termos de saúde física, qualidade de vida, relacionamentos interpessoais e trabalho em grupo e em equipe, bem como resultados acadêmicos satisfatórios (Gomes, & Soares-Benevides, 2013; McCallin & Bamford, 2007; Z. A. Del Prette & Del Prette, 2016). Em resumo, para que o acadêmico apresente bom desempenho global, é importante que ele desenvolva HS, consideradas facilitadoras para um adequado desempenho técnico e interpessoal (Soares et al., 2009).

Assim, níveis adequados de expectativas, vivências acadêmicas, qualidade e satisfação nos relacionamentos interpessoais podem estar intimamente associados à qualidade de vida (QV) (Gomes, & Soares-Benevides, 2013). Segundo Feodrippe, Brandão e Valente (2013), a QV está associada com a percepção do indivíduo em relação a sua própria vida, cultura e valores, e possui relação direta com objetivos e expectativas. Este conceito possui relação com praticamente todas as dimensões da vida do indivíduo, associando-se à forma como ele vivencia o mundo, bem como se relaciona com os outros. Por esta razão, estas características são importantes para o estudante na condição de ingressante no contexto universitário e no curso de graduação escolhido, sendo determinantes no desenvolvimento acadêmico e profissional (Demetriou & Schmitz-Sciborski, 2011).

Estudos realizados com estudantes do Ensino Superior, em especial com acadêmicos de Medicina, têm demonstrado resultados semelhantes para QV, experiências acadêmicas e HS (e.g., Alves, Tenório, Anjos, & Figueroa, 2010; Bampi et al., 2013; Feodrippe et al, 2013; Gomes, & Benevides-Soares, 2013; Henning, Krägeloh, Hawken, Zhao, & Doherty, 2010; Lima et al., 2017; Pai et al., 2014; Paro et al., 2010). Além disso, os estudos apontam a associação entre HS, vivências acadêmicas com a QV (e.g. Gomes, & Benevides-Soares, 2013). No entanto, não existem estudos com estudantes de Medicina em instituições internacionais ou bilíngues, conforme levantamento realizado pelos autores entre fevereiro de 2016 e janeiro de 2017.

Considerando a importância das primeiras experiências acadêmicas do estudante no ensino superior, o repertório prévio e o desenvolvimento de HS durante o curso de graduação, bem como a associação dessas variáveis com a QV durante o ingresso no ensino superior, hipotetizou-se para o presente estudo: (a) acadêmicos ingressantes de Medicina apresentam repertórios com escores médio de HS, elevadas índices de expectativas acadêmicas e QV; (b) existem diferenças entre os repertórios de HS, escores de QV e vivências acadêmicas entre estudantes ingressantes de Medicina brasileiros e não brasileiros devido a diversidade cultural e realidades socioeconômicas distintas e; (c) existe correlação entre os fatores associados às HS, dimensões da QV e/ou domínios da expectativas acadêmicas que podem contribuir para a compreensão do perfil dos estudantes ingressantes de Medicina. O presente estudo objetivou avaliar o perfil dos acadêmicos ingressantes do curso de Medicina da UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) em relação às vivências e perspectivas acadêmicas, HS e QV.

A escolha por estas variáveis se deu em função da importância de cada uma delas no desenvolvimento psicossocial do estudante do ponto de vista pessoal e acadêmico. Espera-se compreender o perfil dos acadêmicos de uma instituição com características distintas, quando comparada a outras instituições, especialmente em relação ao bilinguismo e a multiculturalidade. Além disso, tais resultados poderão contribuir para estratégias com foco na internacionalização da educação superior brasileira. Inicialmente, os pesquisadores esperavam maiores diferenças entre os grupos de acadêmicos em relação às variáveis estudadas, especialmente devido à diferença cultural existente entre os estudantes. No entanto, a hipótese inicial foi parcialmente confirmada, conforme resultados que serão apresentados a seguir.

 

Método

Participantes

Participaram do estudo os acadêmicos ingressantes do primeiro semestre letivo do curso de Medicina da UNILA do ano de 2017, sendo 35 estudantes brasileiros e 26 estudantes de outros países da América Latina (i.e., Argentina, Chile, Paraguai, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, República Dominicana, Cuba, Guatemala e México). Os critérios de inclusão na amostra foram: (a) estar regularmente matriculados e (b) cursando Medicina no momento da coleta de dados.

Instituição e local de realização do estudo

A UNILA se caracteriza por ser uma instituição de ensino superior pública fundada em 2010 e localizada em Foz do Iguaçu (PR), na região da tríplice fronteira entre o Brasil, Argentina e Paraguai. A instituição possui aproximadamente 3.600 estudantes de graduação de 20 países da América Latina e Caribe em seus 29 cursos de graduação, sendo um deles o curso de Medicina. A instituição possui como principal característica o bilinguismo e a multiculturalidade, com atividades realizadas tanto em português quanto espanhol. Isto faz com que o curso seja único, em relação aos cursos de graduação em Medicina do Brasil e do mundo, característica que torna o presente estudo inédito.

Todos os anos, aproximadamente 50% das vagas de todos os cursos de graduação são destinadas a estudantes de outros países da América Latina, por meio de um processo seletivo próprio. A seleção dos acadêmicos brasileiros ocorre por meio do SiSU (Sistema de Seleção Unificada). A proposta da instituição é atuar na integração e intercâmbio cultural, científico e educacional dos países da América Latina, especialmente aqueles do Mercosul (Brasil, 2010).

Instrumentos

Questionário sociodemográfico: possui cinco perguntas, envolvendo a identificação do participante, idade, gênero, nacionalidade e naturalidade (cidade e país de origem).

Questionário de Vivências Acadêmicas (QVA-r): instrumento autoaplicável com 60 itens para percepções e experiências dos acadêmicos em cinco dimensões: (a) pessoal, abordando o bem-estar físico, psicológico, estabilidade emocional, afetiva, autoconfiança e otimismo; (b) interpessoal, focando as relações com colegas, estabelecimento de amizade e procura de ajuda no contexto acadêmico; (c) carreira, envolvendo satisfação e apresentação de competência para a carreira escolhida; (d) estudo, por meio da preparação para a avaliação, hábitos e rotinas de estudos, recursos de aprendizagem e gestão do tempo; e, (e) institucional, avaliação da instituição de ensino (i.e., qualidade das aulas e infraestrutura). Cada um dos itens do questionário possui uma escala Likert de cinco pontos, variando de um (nada a ver comigo) e cinco (tudo a ver comigo), de acordo com o grau de concordância. No presente estudo foi utilizada a versão validada e adaptada para o português brasileiro (Granado, Santos, Almeida, Soares, & Guisande, 2005), aplicada nos estudantes brasileiros, e a versão traduzida e adaptada para o espanhol (Rodríguez, Urazán, & Arango, 2009), para estudantes dos países da América Latina. Ambas versões apresentam valores adequados para consistência interna, com Alfa de Cronbach variando, respectivamente, entre 0,77 e 0,86 e entre 0,65 e 0,88.

Inventário de Habilidades Sociais Del Prette (IHS-Del-Prette): instrumento autoaplicável composto por 38 itens, que descrevem situações de relação interpessoal e demandas para responder a uma dada situação, com avaliação em cinco áreas de HS: (a) enfrentamento e autoafirmação com risco (F1), abordando a defesa de direitos e autoestima com a possível reação indesejável do outro; (b) autoafirmação na expressão de sentimento positivo (F2), em situações sem risco interpessoal ou risco mínimo de reação do interlocutor; (c) conversação e desenvoltura social (F3), por meio da avaliação da resposta do participante em situações neutras ou com pouco risco; (d) autoexposição a desconhecidos e situações novas (F4), envolvendo pequeno ou nenhum risco; e (e) autocontrole da agressividade (F5) (Z. A. Del Prette & Del Prette, 2016). No presente estudo foi adotada a versão original para os estudantes brasileiros e a versão traduzida e adaptada para língua espanhola, para os estudantes dos países da América Latina. Ambas as versões apresentam valores adequados de Alfa de Cronbach (0,75 na versão em português e 0,79 na versão em espanhol; Z. P. Del Prette, Del Prette, & Barreto, 1998; Olaz et al., 2009).

Escala de Avaliação da Qualidade de Vida reduzida (WHOQoL-bref): instrumento de avaliação da QV em uma versão reduzida, proposto pela Organização Mundial de Saúde com 26 itens, sendo dois para avaliação geral da QV e 24 itens relacionadas aos quatro domínios de QV. São os domínios: (a) físico: percepção do indivíduo sobre sua condição física, (b) psicológico: percepção do indivíduo sobre sua condição cognitiva e afetiva, (c) relações sociais: a percepção do indivíduo sobre os seus relacionamentos e papéis sociais no cotidiano e (e) ambiental: aspectos do ambiente que vive. Cada um dos itens possui uma escala Likert de cinco pontos e o escore total do participante pode variar entre zero (pior) e 100 (melhor) QV. No presente estudo foi utilizada a versão adaptada e validada para língua portuguesa (Brasil; Fleck et al., 2000), aplicada nos estudantes brasileiros, e a versão adaptada e validada para língua espanhola (Lucas-Carrasco, 2012), para estudantes nativos da língua espanhola. Tanto a versão em português quanto em espanhol apresentam valores adequados de consistência interna, com alfa de Cronbach variando, respectivamente, entre 0,69 e 0,79 e entre 0,69 e 0,77.

Procedimentos para a coleta de dados

O primeiro contato entre os estudantes ingressantes e a UNILA ocorreu por meio de uma reunião entre a coordenação do curso com os alunos ingressantes. A reunião tinha como pauta a apresentação e o acolhimento dos novos estudantes e ocorreu no início da primeira semana do curso. O acolhimento envolveu atividades com foco na apresentação das características da universidade e do curso de Medicina, bem como a integração entre os ingressantes com estudantes de outros períodos e cursos da universidade.

Durante esta reunião e anteriormente à realização das demais atividades de acolhimento, o professor responsável por um dos módulos do primeiro período expôs aos acadêmicos o projeto de pesquisa que resultou no presente artigo, apresentando os objetivos, riscos e benefícios. Além disso, expôs as eventuais contribuições do estudo para o curso de Medicina, para a universidade e para a formação médica. Em seguida, o mesmo professor apresentou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e, após a concordância dos estudantes, procedeu-se à realização da coleta de dados.

A coleta de dados foi realizada no mesmo dia, logo após o término da reunião e consistiu na aplicação coletiva dos instrumentos descritos anteriormente durante aproximadamente uma hora, realizada pelo primeiro autor do artigo. Ao entregar os instrumentos, perguntava a cada um dos estudantes sobre sua língua materna, entregando o instrumento na língua informada.

Ao término da aplicação, os estudantes ingressantes foram dispensados e informados sobre as demais atividades da semana de acolhimento. A coleta de dados foi efetuada neste momento em função dos objetivos do estudo, tal como o viés de conhecimento dos acadêmicos ingressantes sobre a estrutura curricular e acadêmica do curso e da universidade nos resultados da pesquisa. Ao final do semestre, por uma questão ética em relação aos participantes e à instituição, os resultados foram apresentados aos estudantes e à coordenação por meio de exposição oral e, caso solicitado, em reuniões individuais.

Os instrumentos foram escolhidos pela aplicabilidade no contexto universitário, bem como pelo fato de todos possuírem traduções / versões oficiais em língua espanhola, conforme descrito na seção instrumentos. O questionário sociodemográfico foi formulado pelo primeiro autor. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual de Londrina (CEP-UEL; CAAE nº 68528217.5.0000.5231), em conformidade com a resolução nº 466/2012.

Análise de dados

Os dados foram analisados a partir de técnicas básicas de análise exploratória. Posteriormente, os estudantes foram analisados em grupos, com base na nacionalidade (brasileiros e não brasileiros) e gênero, por meio do teste de qui-quadrado. As comparações entre os grupos foram realizadas por meio do Teste t para amostras independentes, quando os pressupostos foram atendidos, e teste não-paramétrico de Mann-Whitney, quando os pressupostos não foram atendidos. Para a análise da correlação foi utilizado o teste de correlação bivariada de Pearson. Todas as análises estatísticas foram realizadas no SPSS (versão 23; IBM, 2015). Os resultados foram definidos como estatisticamente significativos com p<0,05 e altamente significativos com p<0,01.

 

Resultados

Quanto ao gênero, dentre os 61 participantes do estudo, 32 (52,5%) eram do sexo feminino e 29 (47,5%) do sexo masculino. Em relação à nacionalidade, 35 acadêmicos eram brasileiros (57,4%) e 26 eram não brasileiros (42,6%). Dentre os 42,6% de estudantes não brasileiros, seis eram do Paraguai e (9,8%), cinco do Peru (8,2%), quatro do Chile (6,6%), três da Argentina (4,9%), dois da Colômbia (3,3%). Equador, Venezuela, República Dominicana, México, Guatemala e Cuba apresentavam um estudante cada (1,6% cada). Não houve diferença significativa entre os estudantes em relação ao gênero (p=0,701) e nacionalidade (brasileiros e não brasileiros; p=0,259).

Em relação à idade, a média identificada entre os estudantes foi de 21,3 ± 4,1 anos. Em relação à nacionalidade, a idade média dos estudantes brasileiros foi 21,5 ± 4,8, e dos estudantes não brasileiros foi de 21 ± 3. Não houve diferença significativa entre as idades médias quanto à nacionalidade (p=0,626) e gênero (p=0,729).

Os dados obtidos por meio do QVA-r, que avaliou as vivências acadêmicas, apresentaram os seguintes dados para a população total: dimensão pessoal média de 2,63 ± 0,69, dimensão interpessoal média de 3,42 ± 0,48, dimensão carreira média de 3,93 ± 0,38, dimensão estudo média de 3,5 ± 0,38 e dimensão institucional média de 3,56 ± 0,33. O total do instrumento apresentou média de 3,38 ± 2,38. Em relação às HS, os resultados obtidos foram: F1 média de 61,51 ± 26,66; F2 média de 57,93 ± 26,35; F3 média de 60,72 ± 34,23; F4 média de 66,79 ± 27,23; e F5 média de 63,18 ± 31,57.

Quanto à QV dos acadêmicos, foram obtidos os seguintes resultados: domínio físico média 66,33 ± 4,64, domínio psicológico média 67,96 ± 4,05, domínio social média 71,58 ± 8,78 e domínio ambiental média 65,47 ± 4,95. A média do escore total para o WHOQOL-bref dos estudantes foi de 67,83 ± 11,75. A Tabela 1 apresenta os dados do QVA-r, IHS-Del-Prette e WHOQoL-bref de acordo com a nacionalidade dos estudantes, bem como comparação dos grupos.

 

 

A Tabela 2 descreve correlação de Pearson entre IHS-Del-Prette e WHOQoL-bref. As correlações positivas foram fracas entre o domínio social (WHOQoL-bref) e escore total (IHS-Del-Prette) (p=0,041) e F2 (IHS-Del-Prette) (p=0,035); total (WHOQoL-bref) e F2 (IHS-Del-Prette) (p=0,026) e F3 (IHS-Del-Prette) (p=0,024); domínio psicológico (WHOQoL-bref) e F3 (IHS-Del-Prette) (p<0,001) e escore total (IHS-Del-Prette) (p=0,004). Houve correlação fraca entre os escores totais dos dois instrumentos (p=0,004).

 

 

A correlação entre QVA-r e IHS-Del-Prette é apresentada na Tabela 3. Houve correlações entre: dimensão pessoal (QVA-r) e F3 (IHS-Del-Prette) (p<0,001), F4 (IHS-Del-Prette) (p=0,009) e escore total (IHS-Del-Prette) (p<0,001); dimensão interpessoal (QVA-r) e F1 (IHS-Del-Prette) (p=0,003), F2 (IHS-Del-Prette) (p<0,001), F3 (IHS-Del-Prette) (p=0,013), F4 (IHS-Del-Prette) (p=0,027) e escore total (IHS-Del-Prette) (p<0,001); dimensão carreira (QVA-r) e F2 (IHS-Del-Prette) (p=0,028), F3 (IHS-Del-Prette) (p=0,017) e escore total (IHS-Del-Prette) (p=0,047); total (QVA-r) e F2 (IHS-Del-Prette) (p<0,001).

 

 

Na correlação de Pearson entre o QVA-r e o WHOQoL-bref (Tabela 4), houve correlação moderada negativa entre a dimensão pessoal do QVA-r e os domínios físico (p<0,001), psicológico (p<0,001) e o escore total do WHOQoL-bref (p<0,001). Houve correlação fraca negativa entre a dimensão pessoal do QVA-r e o domínio ambiental do WHOQoL-bref (p=0,034). Não houve correlação entre os escores totais.

 

 

Discussão

Em relação ao gênero, constatou-se maior frequência de ingressantes no grupo do sexo feminino. Ao se analisar a mesma variável em relação à nacionalidade dos ingressantes, constatou-se resultados semelhantes tanto entre estudantes brasileiros quanto não brasileiros. Resultados semelhantes foram identificados por Lima et al. (2017) em estudo realizado com acadêmicos de Medicina de uma instituição pública paulista. O aumento da participação feminina tem sido verificado em diversos cursos de Medicina e, além disso a maior participação feminina nos cursos universitários tradicionais e predominantemente masculinos é algo que tem acontecido não apenas no Brasil, mas também em outros países, decorrente de mudanças culturais e socioeconômicas (Almeida et al., 2006). Conforme evidenciado nos resultados, constatou-se que na universidade foco deste estudo, ocorreu o mesmo fenômeno.

Em relação à nacionalidade, o mesmo pode ser afirmado. Embora 57,4% dos acadêmicos sejam brasileiros, estes são de diferentes regiões do país. Tal característica torna o grupo de estudantes do curso muito heterogêneo. Apenas três estudantes são do município sede da universidade, sendo que os demais estudantes brasileiros são de outras regiões do país, não havendo predomínio de um estado. É possível afirmar que a presença de acadêmicos de diferentes regiões da América Latina e do Brasil contribuem para o desenvolvimento de uma série de competências sociais, culturais ou acadêmicas . Embora os participantes sejam de diferentes nacionalidades, observa-se semelhança em relação aos aspectos psicossociais (i.e., problemas e dificuldades semelhantes), independentemente da origem ou aspectos culturais.

Conforme apontado nos resultados, os estudantes do curso de Medicina da UNILA, apresentam idade média de 21,3 anos. Esta média não varia significativamente, de acordo com as possíveis divisões de grupos dentro desta população, tais como nacionalidade ou gênero, indicando que o perfil dos acadêmicos é homogêneo quanto à idade. Além disso, é importante destacar que esta média de idade é semelhante à observada em outros cursos da UNILA (da área da saúde ou não, tais como cursos de ciências humanas ou exatas), conforme constatado em documentos oficiais. Embora a variável idade não tenha sido extensamente estudada , esta possibilita a formulação de hipóteses em relação às demais variáveis. Segundo Lima et al. (2017), a variável idade pode estar associada a maturidade para a escolha profissional, hábitos de estudo, bem-estar físico e psicológico. A maturidade, bem como o maior conhecimento em relação ao curso e à carreira podem favorecer o processo de adaptação ao ensino superior como um todo. Segundo Freitas, Raposo e Almeida (2007), a adaptação ao ensino superior é mais fácil em estudantes mais velhos, quando comparada com mais novos e recém egressos do ensino médio. Embora esta variável não seja foco do presente estudo, é importante destacar que idade durante o ingresso pode ser um preditor de sucesso, maior qualidade de vida e expectativas acadêmicas em relação ao curso ou à carreira.

Segundo Berry (1998), os benefícios da acomodação e a inclusão de estrangeiros na sociedade acabam minimizando os custos sociais e econômicos do processo. Em estudo realizado na Malásia, com o objetivo de avaliar o multiculturalismo nos programas de estudos das universidades públicas, observou-se resultados positivos em relação a motivação dos acadêmicos para aprendizagem, melhora do ambiente de estudo e discussão intelectual apenas pela presença de acadêmicos estrangeiros (Pandian, Baboo, & Mahfoodh, 2016). Além disso, o incentivo à competência multicultural pode impactar no desenvolvimento de competências sociais e acadêmicas, aumentando a capacidade de inovação dos estudantes (Leung, Maddux, Galinsky, & Chiu, 2008).

Quanto às vivências acadêmicas, é possível afirmar que em uma escala entre zero e cinco, os estudantes apresentaram bons resultados no escore total do instrumento. Além disso, embora os resultados da amostra de estudantes brasileiros tenham sido pouco superiores na comparação com a amostra de estudantes não brasileiros, não houve diferença significativa entre os grupos. Dentre os fatores envolvidos, pode-se citar as relações interpessoais dos acadêmicos com colegas, familiares e professores, ajustamento pessoal e social, fatores psicológicos, cultura, metodologia de ensino da instituição e habilidades de estudo do acadêmico (Seco, Pereira, Dias, Casimiro, & Custódio, 2005; Yazedjian, Purswell, Sevin, & Toews, 2007). Tais resultados também puderam ser identificados nas correlações entre a dimensão pessoal e interpessoal do QVA-r com praticamente todos os fatores do IHS-Del-Prette e a dimensão pessoal do WHOQoL-bref.

Embora as vivências e expectativas dos estudantes dos dois grupos amostrais sejam diversas, constatou-se que os resultados obtidos por meio do QVA-r foram semelhantes entre os grupos estudados, conforme análise das subescalas do QVA-r. De acordo com a análise em relação à nacionalidade, constatou-se diferença significativa apenas em relação à dimensão carreira. Os estudantes não brasileiros apresentaram menores expectativas em relação à carreira e ao futuro profissional, percepção de competências e satisfação em relação ao curso do que os estudantes brasileiros. Uma das hipóteses para tais resultados seja a valorização social, bem como o contexto profissional da Medicina em seus respectivos países de origem. É possível hipotetizar ainda que o profissional da área da saúde, em especial o médico, goza de privilégios e status diferentes em cada país da América Latina, o que torna essa expectativa diferente em relação aos estudantes brasileiros. Neste quesito, estudos adicionais são necessários para confirmar estas hipóteses. Mesmo com resultados diferentes entre os grupos, é válido destacar que ambos apresentaram resultados elevados para esta dimensão, evidenciando que tal diferença não impactou diretamente o resultado global do instrumento .

Ainda em relação à dimensão carreira, uma possível explicação para a diferença entre os grupos é o nível de maturidade. Estudantes mais velhos apresentam melhores resultados em relação a satisfação com a carreira escolhida, bem como conhecimentos sobre o currículo e mercado de trabalho, do que estudantes mais novos. Isso ocorre devido ao fato de os estudantes mais velhos apresentarem maior repertório comportamental direcionado para conhecer a carreira e o mercado de trabalho, quando comparado a estudantes mais novos (Fernandes, & Almeida, 2005; Lima et al., 2017).

Embora não haja diferença significativa entre os grupos quanto ao gênero ou à idade, esta variável pode auxiliar na formulação de hipóteses. Além disso, características culturais e sociais, bem como a organização e o funcionamento dos serviços do local em que o estudante está se inserindo, podem influenciar nas percepções e expectativas do acadêmico. As dificuldades em relação a língua, comunicação e cultura podem influenciar todo o processo de apropriação e adaptação cultural dos ingressantes (Aubrey, 1991).

De acordo com os resultados obtidos por meio do IHS-Del-Prette, os estudantes apresentaram resultados que indicam um repertório de HS acima da média, tanto nos grupos por nacionalidade quanto na amostra total, quando comparado com os parâmetros do instrumento. De acordo com os autores do instrumento, quando os escores apresentados pelo indivíduo são baixos ou muito baixos, é recomendado o encaminhamento para atendimento ou acompanhamento psicossocial. No entanto, nos casos de escores médios, não há a necessidade de encaminhamento, uma vez que as HS necessárias poderão ser desenvolvidas no cotidiano, por meio das interações sociais com outras pessoas (Z. A. Del Prette & Del Prette, 2016). Segundo Soares e Del Prette, (2015) e Soares et al. (2009), é comum que ocorra ao longo da formação acadêmica o desenvolvimento de HS e mudanças em outros indicadores psicossociais, como vivências acadêmicas e QV. Henning et al. (2010) e Gomes e Soares-Benevides (2013) identificaram associação entre expectativas acadêmicas, motivação para aprender e QV em diferentes etapas do curso em Medicina.

Analisando os resultados entre os grupos de acadêmicos brasileiros e não brasileiros, constata-se que o primeiro grupo apresenta menores escores no fator F5, relacionado ao autocontrole da agressividade, enquanto o segundo apresenta menores escores no fator F3, relacionado à conversação e desenvoltura social, em situações neutras ou com pouco risco. Segundo Couto, Vandenberghe, Tavares e Silva (2012), o fator F5, relacionado ao autocontrole da agressividade, pode estar associado ao traço de personalidade socialização e às dificuldades para o enfrentamento de situações aversivas, nas quais o indivíduo tenha dificuldades em controlar sua raiva, apresentando probabilidade de enfrentar o interlocutor, especialmente se este for conhecido ou próximo. Neste sentido, é possível hipotetizar que os acadêmicos brasileiros tenham maior familiaridade com o enfrentamento em situações aversivas, quando comparado aos acadêmicos não brasileiros. Possivelmente tal característica esteja associada à cultura brasileira e, por esta razão, acadêmicos de outros países apresentem menores escores em relação a essas habilidades.

Por outro lado, ao se analisar os resultados de F3, observa-se diferença significativa entre os dois grupos de estudantes, sendo que os estudantes não brasileiros apresentaram maior competência social em relação à conversação e desenvolvimento social. Estes resultados podem indicar que a distância dos estudantes de seu convívio e contexto, especialmente cultural, pode favorecer a ampliação da rede de apoio social dos estudantes, de modo a se sentirem e perceberem apoiados (Soares & Del Prette, 2015). Tal condição pode fazer com que os estudantes não brasileiros apresentem maior frequência de comportamentos associados à conversação e à desenvoltura social, quando comparados com os estudantes brasileiros. Embora grande parte dos estudantes brasileiros não residam com suas famílias, estes possuem familiaridade com o modelo institucional e com cultura local, fator facilitador de adaptação ao contexto local.

Segundo Seco et al. (2005), estudantes que se encontram deslocados obtêm valores significativamente superiores nos relacionamentos sociais em relação àqueles que continuam a residir com pais e familiares. Por esta razão considera-se importante a realização de ações no início do curso, tais como reuniões ou semanas de acolhimento, como forma de integrar o estudante à vida universitária e ao contexto que viverá durante o curso de graduação.

No que se refere à QV é importante destacar que não houve diferença significativa entre os grupos. De acordo com Henning et al. (2010), uma das principais necessidades dos acadêmicos de Medicina ao longo do curso é a manutenção dos níveis de funcionamento e de QV, de modo a manter as expectativas e o aproveitamento na aprendizagem. No entanto, diversos autores identificaram uma queda significativa nos níveis de QV ao longo do curso, especialmente no domínio psicológico (Alves et al., 2010; Bampi et al., 2013; Chazan, Campos, & Portugal, 2015; Henning et al., 2010; Paro et al., 2010). Neste sentido, considera-se importante a realização de estudos longitudinais com esta população, de modo a avaliar a QV ao longo do processo formativo.

No presente estudo os ingressantes apresentaram menores níveis de QV em relação aos domínios ambiental e físico, especialmente os acadêmicos não brasileiros. Uma possível explicação seria o fato de grande parte dos acadêmicos viverem afastados de seus círculos familiares, como exposto anteriormente. Assim como apontado em relação às HS, estudantes que vivem com seus pais e familiares, com maior suporte social e emocional, apresentam maiores escores em QV nos domínios ambiental e pessoal, fator que pode ser importante para o enfrentamento de situações aversivas (Pekmezovic et al., 2011). Além disso, outros aspectos podem estar relacionados a dificuldades com o ambiente universitário, tais como acesso a materiais e conteúdos, atividades complexas para ingressantes no ensino superior (Henning et al., 2010).

Inicialmente esperava-se maior diferença entre os acadêmicos em relação às variáveis estudadas. No entanto, constatou-se poucas diferenças nas principais variáveis estudadas, o que demonstra que os estudantes do curso de Medicina apresentam características semelhantes, independente da origem ou gênero. Além disso, é importante destacar as correlações identificadas entre algumas variáveis.

 

Considerações finais

O principal diferencial deste estudo é a sua população. Além do estudo ter conseguido abranger todos os ingressantes em um determinado ano do curso de Medicina, esta população se caracteriza por ser bastante diversa, com característica única no Brasil e, possivelmente, em todo o mundo. Uma das principais limitações das universidades brasileiras é o processo de internacionalização e a compreensão da realidade da UNILA pode proporcionar mais instrumentos para incentivar este processo em outras universidades brasileiras.

É importante destacar que tanto estudantes brasileiros quanto não brasileiros, mesmo apresentando diferenças do ponto de vista linguístico e cultural, apresentam dificuldades e características semelhantes no momento do ingresso no curso de Medicina. Destacam-se como diferenças nos grupos a nacionalidade, concepções relacionadas à carreira, conversação, desenvoltura social e o controle de impulsos. Além disso, ao avaliar a associação entre as diferentes variáveis deste estudo, constatou-se a associação entre diversos aspectos psicossociais.

Este estudo apresenta limitações, especialmente em relação ao seu formato, tais como o fato de ser um estudo transversal e a aplicação de instrumentos quantitativos, em detrimento de estratégias de pesquisas longitudinais e qualitativas. Além disso, o estudo reflete apenas dados de uma realidade, não abrangendo uma visão geral sobre os cursos de graduação em Medicina no Brasil. No entanto, os resultados possibilitam apontar direcionamentos para pesquisas futuras. Algumas sugestões são: avaliação do efeito de processos educativos em relação com características culturais e linguísticas, desenvolvimento de habilidades e atitudes profissionais, relacionamento interpessoal, expectativas e vivências, bem como a associação destas com a qualidade de vida de modo longitudinal. Além disso, a avaliação das variáveis estudadas no início e ao longo do curso podem proporcionar informações úteis para subsidiar atendimento de orientação profissional e de carreira destinados aos universitários no contexto estudado, sobretudo, no sentido de auxiliar na elaboração de projetos para o futuro e para a transição universidade-trabalho.

 

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Endereço para correspondência:
Robson Zazula
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) – Campus Jardim Universitário
Avenida Tarquínio Joslin dos Santos, 1000 Sala G201, Jardim Universitário
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 85870-901
E-mail: robson.zazula@unila.edu.br
Telefone: +55(45)3529-2763

Recebido: 04/02/2019
1ª Reformulação: 16/06/19
Aceito: 19/08/2019

 

 

1 O presente estudo é parte de um projeto de inovação educacional envolvendo aspectos da psicologia e da educação, desenvolvido pelo primeiro autor sob orientação da segunda autora, durante o programa de especialização em Educação para Profissionais de Saúde, promovido pelo Instituto FAIMER-Brasil, em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), apoio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), secretaria do Ministério da saúde e patrocínio da Foundation for Advancement of International Medical Education and Research (FAIMER), organização sem fins lucrativos da Educational Commission for Foreign Medical Graduates (ECFMG). Os autores agradecem a UNILA e ao Instituto Regional FAIMER-Brasil pelo apoio técnico e acadêmico durante o programa de educação psicoeducacional. Todos os autores participaram da análise dos dados e revisão, aprovando a versão final do manuscrito.
Sobre os autores:
Robson Zazula é Psicólogo, Mestre em Análise do Comportamento e Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Londrina. Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA).
E-mail: robson.zazula@unila.edu.br
https://orcid.org/0000-0001-8473-050X
Simone Appenzeller é Médica e Doutora em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com Pós-doutorado pela McGill, Canada e do Stavanger Hospital, Noruega. Atualmente é Professora Associada (Livre Docente) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
E-mail: appenzellersimone@gmail.com
https://orcid.org/0000-0001-5075-4474

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