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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versión On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.20 no.2 Florianópolis jul./dic. 2019

 

ARTIGO

 

Indicadores de formação teórica e prática de orientadores profissionais e de carreira

 

Indicators of theoretical and practical training of vocational guidance practitioners

 

Indicadores de formación teórica y práctica de orientadores profesionales e de carreira

 

 

Leonardo de Oliveira BarrosI; Rodolfo Augusto Matteo AmbielII; Ana Paula Porto NoronhaII

IUniversidade Federal da Bahia, Salvador, BA
IIUniversidade São Francisco, Campinas, SP

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo teve por objetivo analisar o cenário das atuações em Orientação Profissional e de Carreira, verificar indicadores de formação teóricos e práticos associados às competências dos profissionais e compará-los em função de variáveis de formação e desempenho profissional. Participaram 74 orientadores profissionais, sendo 55,4% da região sudeste, 93,2% com formação em Psicologia e com tempo médio de atuação de 10,1 anos, que responderam ao Questionário de Competências do Orientador Profissional. Os resultados indicaram variedade nos instrumentos, técnicas e referenciais teóricos utilizados, bem como maior número de competências teóricas e práticas para orientadores que participaram de eventos científicos, com maior tempo de experiência e mais vinculados ao contexto da pesquisa. Reafirma-se a importância de investimentos na formação do orientador profissional.

Palavras-chave: orientação vocacional; competência profissional; avaliação de programa


ABSTRACT

The purpose was to analyze the professional and career guidance scenario, to verify the theoretical and practical training indicators associated with the professional's competences and to compare them according to training and variables associated to professional performance. A total of 74 professional counselors participated, of which 55.4% were from the southeast region, 93.2% were trained in Psychology and had an average time of 10.1 years, that responded to the Competency Questionnaire of the Professional Practitioners. The results indicated a variety of instruments, techniques and theoretical references used, as well as a greater number of theoretical and practical skills for practitioners who participated in scientific events, with more experience time and more linked to the research context. The importance of investments in the training of the professional advisor is reaffirmed.

Keywords: vocational guidance; professional competence; program evaluation


RESUMEN

El objetivo de este estudio fue analizar el escenario de orientación profesional, verificar los indicadores de capacitación teórica y práctica asociados con las competencias de los profesionales y compararlos de acuerdo con las variables de capacitación y desempeño profesional. Un total de 74 consejeros profesionales participaron, de los cuales el 55,4% era de la región sureste, el 93,2% recibió capacitación en psicología y tenía un tiempo promedio de 10,1 años que respondía al Cuestionario de Competencia de los Orientadores Profesionales. Los resultados indicaron una variedad de instrumentos, técnicas y referencias teóricas utilizadas, así como un mayor número de habilidades teóricas y prácticas para los profesionales que participaron en eventos científicos, con más experiencia y más vinculados al contexto de la investigación. Se reafirma la importancia de las inversiones en la formación del orientador profesional.

Palabras clave: orientación vocacional; competencia profesional; evaluación de programa


 

 

A Orientação Profissional e de Carreira (OPC) teve sua origem, no início do século XX com o trabalho de Frank Parsons (1909/2005), cujo intuito era auxiliar adolescentes e jovens na transição entre escola e trabalho. Desde seu surgimento, a área expandiu-se exponencialmente, seja nas concepções teóricas que embasam o entendimento do desenvolvimento vocacional, seja em relação aos públicos atendidos nos diferentes serviços (Duarte, 2015). Se inicialmente a área estava centrada em orientar jovens em condições produtivas de trabalho e tinha foco na inserção laboral, as práticas no século XXI passam a contemplar outras demandas, sendo possível encontrar intervenções também com crianças (Stead, Schultheiss, & Oliver, 2016), adultos trabalhadores (Rizzatti, Sacramento, Valmorbida, Mayer, & Oliveira, 2018), pessoas em situação de desemprego (Sousa-Ribeiro, Sverke, Coimbra, & De Witte, 2018), aposentados (Wang & Wanberg, 2017), entre outros.

Apesar da expansão das práticas de OPC, uma questão central parece não ter alcançado consenso da área: quais são as competências necessárias por parte dos orientadores para o desenvolvimento dos serviços? Por competências entende-se "a capacidade do indivíduo para exercer uma atividade profissional concreta, aplicando seus conhecimentos, suas habilidades e suas qualidades pessoais" (Bertrand, 2005). Assim, ainda que Parsons (1909/2005) tenha se empenhado em criar diretrizes para a formação dos orientadores profissionais e um manual estabelecendo os princípios básicos de atendimento (Ribeiro & Uvaldo, 2007), na atualidade a área ainda carece de diretrizes que norteiem a prática. Tal fato se reflete na dificuldade em definir quais as melhores estratégias interventivas para cada contexto e público atendido (Duarte, 2009; Duarte, 2015) estabelecer práticas baseadas em evidências (Whiston, Li, Mitts, & Wright, 2017) e avaliar a efetividade das intervenções (Ambiel, Barros, Pereira, Tofoli, & Bacan, 2017).

Visando responder a estas demandas de qualificação na formação dos orientadores profissionais no âmbito nacional, a Associação Brasileira de Orientação Profissional (ABOP) elaborou as Diretrizes Nacionais para a Formação em Orientação Profissional e de Carreira (Lassance, Melo-Silva, Bardagi, & Paradiso, 2007). Neste documento a ABOP, amparada pelos critérios definidos pela International Association for Educational and Vocational Guidance de 2001, propõe os conteúdos mínimos para a formação em Orientação Profissional, abordando os conteúdos relativos à formação teórica, formação prática e desenvolvimento ético e pessoal. A proposta tinha como um dos objetivo minimizar os impactos da formação realizada de forma assistemática, uma vez que a categoria é composta por profissionais oriundos de diversas áreas de conhecimento e, com isso, melhorar a qualidade da oferta dos serviços prestados.

Ao analisar as competências dos orientadores recebidas durante a formação e adquiridas ao longo da atuação (Antunes et al., 2009) utilizando o Questionário de Avaliação de Competências Internacionais para Orientadores Escolares e Profissionais (Talavera et al., 2004), os autores verificaram que os participantes, apesar de endossarem a importância de ter domínio sobre habilidades centrais e especializadas para prática, indicaram que o treinamento destas habilidades durante a formação foi menos eficaz. Os achados reforçam a importância do investimento na formação para superação destas lacunas e com vistas ao aperfeiçoamento prático. Estas constatações corroboram apontamentos feitos em estudos anteriores em que os investigados foram os próprios orientadores, que percebiam a necessidade de melhor formação e capacitação profissional por meio de atualização e troca de experiência, entre outros, para melhorar a qualidade dos serviços e aumentar o alcance para populações além das comumente abordadas em OPC (Melo-Silva, Bonfim, Esbrogeo, & Soares, 2003).

Com o intuito de colaborar na discussão sobre as competências dos orientadores, Oliveira, Silva, Garcia, Melo-Silva e Teixeira (2014) adaptaram e apresentaram evidências de validade da Escala de Autoeficácia no Aconselhamento de Carreira para uso em contexto brasileiro. O instrumento avalia as crenças dos orientadores nas capacidades de conduzir um processo terapêutico e estabelecer aliança (Fator 1), selecionar instrumentos para os serviços (Fator 2), ter conhecimento sobre questões multiculturais (Fator 3) e aplicar conhecimentos atuais sobre o trabalho de forma ética (Fator 4). Ao analisarem o nível de autoeficácia dos orientadores, verificaram que estes sentiam-se mais confiantes para ajudar os clientes a entender como os diferentes aspectos da vida afetam as decisões de carreira, conhecer as questões de gênero que influenciam a construção da carreira, explicar resultados de avaliações e ouvir as preocupações dos clientes. Em contrapartida, sentiam-se menos confiantes para informar aos clientes sobre tendências do mercado, dominar as relações entre etnias e trabalho, selecionar os instrumentos a serem utilizados e para desenvolver uma relação de confiança com os clientes (Silva, Oliveira, & Melo-Silva, 2014).

Isto posto, defende-se que a ausência de parâmetros de formação consolidados pode acarretar competências deficitárias para o manejo das intervenções. Além disso, a interdisciplinaridade própria da área, que acaba por enriquecer o campo em termos de variedades e propostas interventivas, ao mesmo tempo também dificulta a fiscalização das práticas e fragiliza a relevância da categoria de orientadores profissionais em termos de representatividade (Faleiros & Lehman, 2013). Em geral, os profissionais que atuam como orientadores profissionais precisam buscar formação para esta atuação após a conclusão de seu curso de graduação, pois, mesmo considerando que a maioria dos profissionais atuantes nesta área é advindo da Psicologia, são escassos os cursos de graduação que oferecem a disciplina teórica e prática deste campo de saber (Uvaldo, Garcia, Munhoz & Teixeira, 2012).

No ano de 1999, a Revista Brasileira de Orientação Profissional dedicou um número para discutir a formação dos orientadores, bem como, analisar as práticas em vigência à época (Soares, 1999). Sugeriu-se naquele número a realização de estudos periódicos sob a perspectiva dos orientadores, orientandos e formadores para avaliar as evoluções da área (Melo-Silva, 1999). Apesar do aumento da produção cientifica em Orientação Profissional e de Carreira nas últimas décadas (Aguiar & Conceição, 2012; Ambiel, Campos, & Campos, 2017; Noronha & Ambiel, 2006), pouco se tem discutido sobre o cenário da formação e das competências dos orientadores profissionais, uma vez que o foco das investigações tem sido os públicos que utilizam os serviços ou os construtos abordados nas intervenções.

Assim, este estudo objetivou descrever as práticas em Orientação Profissional e de Carreira a partir da perspectiva dos orientadores brasileiros, por meio do levantamento da definição do campo, dos instrumentos e técnicas utilizadas e referenciais teóricos que subsidiam as práticas. Além disso, pretendeu-se analisar os indicadores de formação teórica e prática associados às competências dos profissionais e compará-los em função de variáveis atreladas à formação e ao desempenho profissional.

 

Método

Participantes

Participaram desta pesquisa 74 pessoas com idades variando entre 23 e 74 anos (M=39,6; DP=11,9), com maior concentração da região Sudeste (n=41; 55,4%) e Sul (n=23; 31,1%), seguidos da região Nordeste (n=6; 8,10%) e com menores frequências nas regiões Norte e Centro-Oeste (n=2; 2,70% em cada). Ao considerar a graduação dos participantes, 93,2% (n=69) cursaram Psicologia, 5,40% (n=4) Pedagogia, e dois participantes relataram ter graduação em Administração e Ciências da Computação, respectivamente. Em relação ao tempo de atuação na área de OPC, as respostas variaram entre 1 e 50 anos (M=10,12; DP=10,59) sendo que 50% (n=37) dos participantes identificaram-se como estritamente ligados ao contexto prático, enquanto apenas 5,40% (n=4) disseram envolver-se exclusivamente com pesquisas na área

No que se refere ao ano de conclusão da graduação, as respostas variaram entre 1965 e 2016, sendo que 62,2% (n=47) concluíram os cursos a partir do ano 2000. A maioria da amostra (n= 40; 54,1%) afirmou ter cursado disciplina teórica e realizado estágio (n=39; 52,7%) de OPC durante a graduação. Apenas sete pessoas não realizaram nenhum tipo de pós-graduação e uma pessoa realizou curso de extensão de longa duração, enquanto 12,2% (n=9) concluíram Aperfeiçoamento, 28,4% (n=21) Especialização Lato Sensu, 27% (n=20) Mestrado acadêmico ou profissional, 16,2% (n=12) Doutorado, 2,70% (n=2) Pós-Doutorado e a mesma frequência registrada para pessoas que concluíram Livre Docência. Ao investigar o ano de obtenção da última titulação, as respostas variaram entre 1998 e 2017 com maioria até o ano de 2013.

Instrumentos

Questionário sociodemográfico (elaborado para esta pesquisa): contendo questões abertas e fechadas relativas a: idade, sexo, região de residência, formação e caracterização do campo de atuação (público, tempo de sessão, instrumentos e técnicas utilizadas, entre outros).

Questionário de Competências do Orientador Profissional (QCOP): desenvolvido para esta pesquisa, a partir das Diretrizes Nacionais para a Formação em Orientação Profissional e de Carreira (Lassance et al., 2007). Foram utilizados os itens relativos à Formação Teórica (16 itens) (exemplo de item: Dominar teorias de aconselhamento de carreira e técnicas associadas) de Formação Prática (5 itens) (exemplo de item: Construção, implementação e avaliação de programas de orientação profissional e de carreira). Os participantes responderam o instrumento em uma escala Likert de cinco pontos, variando entre 1 (pouco competente) e 5 (muito competente). Uma vez que se trata de um questionário de levantamento, não há propriedades psicométricas ou estrutura fatorial do instrumento.

Procedimentos de coleta e análise de dados

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Universidade São Francisco (CAAE: 65229817.6.0000.5514) e, posteriormente, o protocolo contendo os questionários foi elaborado na plataforma Google Forms. Para ter acesso à pesquisa os participantes deveriam ter idade superior a 18 anos e concordar com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A coleta ocorreu de forma online entre novembro de 2016 a março de 2017, sendo o convite e o link de acesso ao protocolo publicados em grupos e páginas de orientadores profissionais de redes sociais online.

Análise de dados

Os dados foram analisados por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (versão 21). Inicialmente foram realizadas estatísticas descritivas para caracterização da amostra e para descrição do campo de atuação profissional. As categorizações das perguntas abertas que compuseram as nuvens de palavras foram realizadas no site WordArt (https://wordart.com/create). A nuvem de palavras é uma técnica de análise lexical simples e que possibilita rápida identificação das palavras-chave em um conjunto de dados textual, sendo que as palavras são organizadas graficamente em função da sua frequência (Camargo & Justo, 2013). Por fim, foram empregadas estatísticas inferenciais para comparação de diferenças nas médias dos fatores do QCOP em função de variáveis de formação, utilizando-se do teste t de Student, Análise de Variância e Prova de Tukey.

 

Resultados e Discussão

No intuito de facilitar a visualização dos achados, os resultados e discussão serão apresentados em tópicos de acordo com as temáticas: a) Características conceituais e teóricas; b) Características dos serviços e c) Indicadores de Formação Teórica e Prática.

a) Características conceituais e teóricas

Inicialmente buscou-se analisar a definição conceitual de Orientação Profissional por parte dos participantes. Por meio de uma pergunta aberta (O que você entende por Orientação Profissional e de Carreira?) e sem limites de caracteres para a resposta, solicitou-se que digitassem sua definição. Ao analisar o conteúdo, gerou-se a nuvem de palavras apresentada na Figura 1.

 

 

Verificou-se que as maiores frequências de palavras foram relativas ao entendimento da OPC enquanto escolha (n=46), processo (n=44), trabalho (n=30), autoconhecimento (n=19) ou auxílio (n=19). Neste sentido, as palavras mais utilizadas dão indicativos de que a área ainda é entendida a partir da perspectiva tradicional, que no Brasil foi fortemente influenciada pela Estratégia Clínica de Bohoslavsky, cujos objetivos são a escolha profissional e a preparação para o trabalho, com pouca ênfase em seu caráter pedagógico e com maiores limites no alcance da intervenção (Sparta, 2003). Além disso, nota-se não haver um consenso entre os orientadores dado às múltiplas respostas. De modo geral, esta é uma problemática de longa data, tal como elencado por Aguiar e Conceição (2012) acerca das múltiplas nomenclaturas para referir-se às atuações em Orientação Profissional e de Carreira. A falta de uma definição exata e consensual da área gera, em primeiro lugar, um problema de identidade dos profissionais (Ambiel et al., 2017) e resulta em limitações do alcance da prática que, por vezes, fica restrita a um contexto específico e com um público delimitado.

Após concluir a análise da nuvem de palavras, analisou-se os referenciais teóricos citados pelos participantes como embasamento de suas intervenções. Os resultados são apresentados na Figura 2.

 

 

Verificou-se que a maioria dos orientadores embasaram-se na Estratégia Clínica de Bohoslavsky (n=18), seguidos daqueles que utilizam o referencial de Savickas e modelo Life-Design (n=11 em cada) e a Teoria de Super (n=7). A proposta teórica de Bohoslavsky se difundiu no Brasil na década de 1970 por meio da professora Maria Margarida de Carvalho, primeira docente da disciplina de Seleção e Orientação Profissional da Universidade de São Paulo (Sparta, 2003), sendo fortemente utilizada até a atualidade. Ainda que haja o predomínio de arcabouço teórico clássico, nota-se que visões de carreira mais atuais também são utilizadas pelos orientadores, como o paradigma Life-Design (Savickas, 2012). Nesta perspectiva teórica, o objetivo não é auxiliar o cliente a realizar uma escolha ou se preparar para o ingresso no mercado de trabalho, mas sim auxiliá-lo a articular e construir uma história de carreira de modo adaptativo e flexível considerando as tarefas desenvolvimentais, os traumas profissionais e transições (Savickas et al., 2009).

Houve ainda uma grande quantidade de menções ao uso da teoria psicanalítica como base das intervenções (n=11), e em menor frequência de outras teorias psicológicas, tais como, psicodrama, psicologia social, junguiana, entre outras. Tais ocorrências podem estar relacionadas ao fato de que a maior parte da amostra foi composta por psicólogos e que em sua formação há uma carga horária alta de teorias psicológicas, o que não ocorre com as teorias de carreira, tendo em vista que poucos cursos de graduação em Psicologia oferecem disciplinas de OPC. O uso de abordagens psicológicas nos serviços de OPC é uma característica do próprio desenvolvimento da área no Brasil que, para propor uma alternativa ao modelo psicométrico, buscou embasamento e técnicas na Psicologia Clínica, em teorias grupais e psicodinâmicas. De acordo com Sparta (2003), para muitos autores é possível enquadrar os serviços de OPC como uma modalidade de Psicoterapia Breve Focal com foco na escolha profissional em função da influência de visões mais clínicas dos fenêmenos.

Merece destaque a menção a autores brasileiros da área de OPC que, embora não tenham desenvolvido teorias de carreira, foram citados como referenciais para o desenvolvimento das intervenções. Os autores citados são responsáveis pela publicação de livros importantes para a OPC no Brasil, com propostas de técnicas e instrumentais e pela oferta de cursos de formação, sendo citadas Dulce Helena Soares, Lucy Leal Melo-Silva, Cynthia Borges de Moura e Marilu Diez Lisboa. Além destes, há a menção à perpectiva sócio-histórica da orientação profissional, amplamente investigada por Silvio Duarte Bock. Ainda que estes autores não sejam proponham teorias, são importantes para o desenvolvimento da OPC brasileira, contribuindo para aspectos formativos, popularização das práticas e criação de uma identidade do campo que, não apenas incorpora teorias internacionais, mas que as contextualiza na realidade local. Tais aspectos são importantes, uma vez que as teorias e práticas em OPC deveriam atingir a sociedade como um todo (Ribeiro, 2014), respeitando a cultura e sua própria forma de pensar os elementos da carreira e do trabalho.

b) Características dos serviços

Buscou-se, nesse estudo, caracterizar o cenário de atuação dos orientadores profissionais. Em relação ao contexto em que os profissionais atuavam com OPC, os resultados dividiram-se entre: aqueles que atuam em um único campo, como, Clínica (n=17; 23%); Organizacional (n=4; 5,4%); Escolar (n=2; 2,7%) e Docência e Pesquisa (n=1; 1,4%) e aqueles que atuam com a temática em mais áreas, havendo registro de orientadores atuando em até duas áreas (n=33; 44,6%), duas ou três áreas (n=4; 5,4%) e mais de três áreas (n=13; 17,6%). A predominância da atuação no campo clínico pode dever-se ao fato de que a maioria da amostra é constituída por psicólogos, sendo esta a área de conhecimento teórico e prático da profissão com estratégias de intervenção consolidadas e com maior absorção de profissionais no mercado.

No que se refere à modalidade de atendimento, 55,4% dos respondentes (n=41) informaram que realizavam atendimentos tanto grupais como individuais, 21,6% (n=16) atendiam exclusivamente na modalidade individual, 10,8% (n=8) trabalhavam apenas com grupos. Houve ainda o registro de profissionais que realizavam intervenções individuais, grupais e via internet (n=9; 12,2%). A maioria dos participantes (n=62; 83,8%) relatou não trabalhar exclusivamente com OPC, sendo que 21,6% (n=16) trabalhavam com coaching também. Nota-se que, ainda que haja a predominância de práticas tradicionais, os orientadores estão expandindo suas práticas para outros formatos, como a realização de atendimentos online e da prática de coaching. Assim, torna-se importante que sejam desenvolvidos estudos específicos para compreender como tem ocorrido a oferta destes serviços, uma vez que a crença na capacidade de estabelecer uma relação de confiança com o cliente apresentou-se no estudo de Silva et al. (2014) como uma das mais baixas. Deste modo, se por um lado o uso da internet facilita o alcance e responde, em parte, às transformações das relações e do trabalho no século XXI (Duarte, 2009), por outro, torna-se necessário discutir os limites e questões éticas relativas a tal prática.

No tocante, ao número de sessões de um processo, os orientadores indicaram entre três e 15 encontros (M=9,22; DP=2,560), com duração em minutos variando entre 45 e 150 (M=67,03; DP=21,11). Acerca do valor cobrado por sessão, 13,5% (n=10) informaram cobrar até 80 reais, 47,3% (n=35) entre 80 e 150 reais, 17,6% (n=16) acima de 150 reais e 21,6% (n=16) pessoas preferiram não responder esta questão. Sobre a faixa etária da população atendida, 62,2% (n=46) relataram atender adolescentes e adultos, 20,3% (n=15) atendiam exclusivamente adolescentes (n=15; 20,3%) e 2,70% (n=2) trabalhavam com todos os públicos (adolescentes, adultos e idosos). Quanto ao sexo atendido, a maioria informou atender igualmente homens e mulheres (n=59; 79,7%), enquanto outros relataram ter predominância de clientes do sexo feminino (n=13; 17,6%) ou do sexo masculino (n=2; 2,70%). Em relação ao nível sócio econômico dos clientes, utilizando os critérios do IBGE (2016), as maiores frequências foram de média classe média (n=19; 25,7%) e alta classe média (n=27; 36,5%), com rendas familiares variando entre R$ 2.564 a R$ 4.076. As menores frequências foram indicadas para atendimentos de população extremamente pobre ou vulnerável (n=7; 9,50%) com renda familiar de até R$ 1.164 e classe alta (n=11; 19%) com renda familiar acima de R$ 4.076. Verificou-se, ainda, que 70,3% (n=52) dos orientadores atendem majoritariamente clientes oriundos de instituições particulares de ensino.

Os dados sobre o público atendido nas intervenções reforçaram que os serviços em Orientação Profissional e de Carreira continuam sendo mais utilizados por uma população com mais alta remuneração, considerando que os orientadores relataram que os maiores clientes são oriundos de escolares particulares e pertencentes às classes média e alta. Ao entender que a área pode e deve contribuir para o desenvolvimento social justo (Cardoso, Duarte, & Sousa, 2016), seria importante que populações menos favorecidas economicamente também tivessem acesso aos serviços no processo de construção de suas trajetórias profissionais. Uma alternativa para ampliar o acesso aos serviços seria a criação de políticas públicas que assegurassem a abrangência da atuação com populações específicas (Melo-Silva, 1999; Noronha & Ambiel, 2006).

Ao investigar os temas trabalhados nas intervenções, predominaram atuação voltadas para escolha e re-escolha profissional (n=20; 27%), exclusivamente escolha profissional (n=16; 21,6%) e em menores frequências a preparação para aposentadoria e o coaching (n=1; 1,40 em cada). No que concerne a estratégia de avaliação da eficácia das intervenções, 25,7% (n=19) dos orientadores relataram utilizar feedbacks dos clientes e a indicação de novos clientes como medida de avaliação. Outros 20,3% (n=15) afirmaram utilizar instrumentos psicológicos em fases pré e pós-teste para verificar mudanças e 21,6% (n=16) utilizam questionários de avaliação de elaboração própria. Houve ainda o registro de estratégias como follow-up e verificação do desempenho do cliente (n=7; 9,50% respectivamente), diálogo com o cliente (n=1; 1,40%) e também profissionais que informaram não utilizar nenhuma forma de avaliação de eficácia (n=5; 6,80%).

No que concerne aos métodos de avaliação dos processos, nota-se que as dificuldades apontadas por Ambiel et al. (2017) refletem, de fato, a realidade da prática profissional. A maior parte dos orientadores relatou utilizar métodos não sistemáticos e subjetivos como o feedback espontâneo dos clientes. A avaliação da eficácia dos processos apresenta-se como uma medida de qualidade para os clientes e para o profissional (Perdrix, Stauffer, Masdonat, Massoudi, & Rossier, 2012), podendo contribuir para que haja uma conscientização social e do poder público, a partir da demonstração de resultados conclusivos da eficácia e contribuições das intervenções. Neste sentido, um enfoque maior deveria ser dado ao desenvolvimento desta prática por parte dos orientadores.

Na sequência buscou-se analisar quais os instrumentos psicológicos mais utilizados nas intervenções. Foram consideradas apenas as respostas dos participantes psicólogos, e os instrumentos que foram referidos com frequência mínima de duas vezes encontram-se na Tabela 1.

 

 

Verificou-se, a partir dos instrumentos citados, que são diversificados os construtos avaliados nas intervenções, como interesses profissionais, maturidade, personalidade, inteligência, atenção. A partir destes achados é possível confirmar dados já levantados por outros estudos (Aguiar & Conceição, 2012; Ambiel et al., 2017; Noronha & Ambiel, 2006), nos quais os interesses profissionais aparecem como o construto mais abordado nas intervenções e pesquisas em OPC. Ainda em relação aos instrumentos citados, destaca-se que todos constavam com parecer favorável ao uso pelo Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI) do Conselho Federal de Psicologia no ano de 2017. É digno de nota também o fato de que a segunda situação mais frequente desta categoria dizia respeito a profissionais que não utilizam nenhum tipo de instrumento. Este resultado pode ser explicado por perspectivas teóricas nas quais os instrumentos estruturados tendem a não ser abordados.

Ressalta-se, ainda, a confusão conceitual dos orientadores em relação às diferenças técnicas e instrumentos psicológicos, sugerindo falhas formativas no desenvolvimento das competências teóricas e práticas para conhecer e selecionar instrumentos (Lassance et al., 2007; Oliveira et al., 2014). Observou-se que além dos instrumentos padronizados mencionados, os orientadores indicaram utilizar técnicas não padronizadas (n=10; 13,5%) ou técnicas estruturadas, como as Âncoras de Carreira de Schein (n=2; 2,70%), ou Imagens Ocupacionais de Rascovan (n=1; 1,30%) considerando-os como testes psicológicos.

De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (Resolução 09/2018), na realização da Avaliação Psicológica, o profissional deve basear sua decisão, obrigatoriamente, em métodos, técnicas ou instrumentos reconhecidos cientificamente para uso na prática profissional. Ainda de acordo a resolução, os profissionais podem utilizar diversos instrumentos fundamentados na literatura científica, que se caracterizem como fontes fundamentais (testes psicológicos aprovados pelo CFP, entrevistas psicológica, anamnese ou protocolos de observação) e fontes complementares (técnicas e instrumentos não psicológicos e documentos técnicos). Em suma, no campo da OPC há uma quantidade significativa de instrumentais disponíveis aos orientadores, demandando que estes tenham conhecimento e criticidade para optar por aqueles que tenham evidências de validade para o desenvolvimento das práticas mais adequadas.

Em relação às técnicas, dinâmicas e atividades mais utilizadas pelos profissionais, apresentadas na Figura 3, nota-se que grande variedade. Ainda assim predominam algumas técnicas, tais como Critérios para Escolha (n=18), Frases incompletas de Bohoslavsky (n=16) e Matriz de Habilidades e Interesses Profissionais (n=13). De modo geral, a grande variedade de técnicas citadas sugere que neste aspecto os orientadores têm ao seu dispor um vasto leque de possibilidades. Todavia, o uso de técnicas de grupo ou individuais não possui valia se for descontextualizado de uma investigação ou procedimento embasados solidamente nas características processuais em que são aplicadas (Wachelke, Natividade & Andrade, 2005). De tal modo, as técnicas podem contribuir muito aos serviços quando bem utilizadas e contextualizadas aos objetivos do atendimento, não devendo ser empregadas de maneira simplista ou por aqueles que não tenham preparo suficiente para o manejo deste recurso. Seria importante o desenvolvimento de estudos sobre a eficácia destas técnicas no campo da OPC, de modo a demonstrar quando a utilização, de fato, é recomendável e constitui-se como uma estratégia facilitadora do desenvolvimento de habilidades necessárias para o processo de tomada de decisão.

 

 

c) Indicadores da Formação Teórica e Prática.

Em seguida, buscou-se verificar a avaliação dos indicadores de Formação Teórica e Formação Prática do QCOP. No que concerne ao fator Formação Teórica, as pontuações variaram entre 32 e 80 (M=57,71; DP=11,29) e no Fator Formação Prática entre 10 e 25 (M=19,10; DP=3,93). Foram analisadas possíveis diferenças nas pontuações em funções das variáveis sociodemográficas. Ao realizar as comparações em função de ter cursado disciplina teórica de OPC ou realizado estágio na área durante a graduação, assim como, sexo dos participantes e trabalhar exclusivamente como orientador profissional, não foram encontradas diferenças com significância estatística. Ao considerar a participação em eventos científicos da área nos últimos três anos, observou-se que orientadores que compareceram aos eventos obtiveram médias maiores (estatisticamente significativas) nos dois fatores quando comparados com os que não participaram de eventos científicos.

A análise de variância demonstrou diferenças significativas para a variável percepção de orientador quanto ao seu perfil prático ou da pesquisa. Para esta análise, foram gerados quartis que dividiram a amostra entre aqueles que se identificavam como totalmente ligados ao contexto de atuação prática (Percentil 25), aqueles que estavam no meio, entre os polos (Percentil 50), e aqueles que percebiam-se como mais envolvidos com o contexto da pesquisa do que da prática (Percentil 75). Os resultados indicaram diferenças significativas apenas no fator Formação Teórica, sendo que os orientadores que se identificaram como mais atuantes no contexto da pesquisa obtiveram as maiores médias, diferenciando-se dos demais grupos.

Tais achados reforçam a importância da formação para percepções de maior competência para o desempenho da função de orientador de carreira (Lassance et al., 2007). Os resultados indicaram que aqueles que participaram de congressos da área nos últimos anos apresentaram maiores médias, tanto nos indicadores relacionados à formação teórica, quanto prática. Assim, seria importante que os orientadores investissem na formação continuada, buscando participar de eventos científicos, tendo em vista que estes podem ser um espaço de atualização, troca de experiências, compartilhamento de informações e acompanhamento da produção científica (Campello, 2000). Além disso, notou-se que os orientadores que se identificam mais com o contexto da pesquisa também tiveram maiores pontuações na formação teórica e prática. Ao considerar que, como discutido anteriormente, os pesquisadores da área estão sendo percebidos pelos orientadores profissionais como base teórica para as suas atuações, seria de fundamental importância que houvesse mais diálogo entre acadêmicos e profissionais, seja em eventos, publicações de materiais ou divulgação científica em linguagem acessível para a população geral.

O fato de orientadores profissionais ligados ao contexto da pesquisa e de orientadores que frequentam os congressos – ou seja, pessoas que buscam atualizar seu conhecimento - apresentarem maiores médias tanto a nível teórico como prático, leva à conclusão de que a formação continuada é um dos fatores que mais qualifica o profissional. Considerando que o mundo do trabalho no século XXI tem sido cada vez mais flexível e instável (Savickas, 2012), cabe aos orientadores profissionais buscarem atualizações constantes para suas práticas (Duarte, 2015). Neste sentido, é preciso reforçar que a formação é um processo que se dá ao longo da vida, sendo fundamental que os profissionais reciclem seus conhecimentos, revejam suas práticas, apoiem-se nos avanços científicos da área e contribuam para a produção de novos conhecimentos.

Ao comparar as médias em função do tempo de atuação na área, também foram gerados percentis agrupando pessoas com até três anos de prática (percentil 25), entre 3 e 15 anos de prática (percentil 50) e acima de 15 anos (percentil 75). Os resultados indicaram que pessoas com 15 anos ou mais de prática obtiveram médias mais altas e diferenciaram-se significativamente daquelas que trabalham há menos de 15 anos, tanto em no fator Formação Teórica (M=65,74) como em Formação Prática (M=21,30). Pode-se inferir que com o passar dos anos de atuação na área, a prática da OPC tende a gerar maiores indicadores nos níveis teóricos e práticos. Entretanto, neste estudo destacaram-se os profissionais com mais de 15 anos de atuação, ou seja, um tempo que, tendo em vista a história da área, pode ser considerado muito longo para que haja o domínio dos conceitos e técnicas mais atuais apenas por meio da prática. Deste modo, a oferta de formação continuada desde o início da atuação profissional, bem como supervisões de casos por parte de profissionais mais experientes, pode favorecer o desenvolvimento de melhores indicadores teóricos e práticos por parte dos orientadores com menos tempo de experiência ou em começo de carreira.

 

Considerações finais

O objetivo do presente estudo foi descrever as práticas em Orientação Profissional e de Carreira a partir da perspectiva dos orientadores brasileiros, bem como, analisar e comparar os indicadores de formação teórica e prática associados às competências dos profissionais e compará-los em função de variáveis de formação e desempenho profissional. Tal estudo justifica-se pela necessidade de compreender como a área tem se organizado e atuado a partir da multidisciplinaridade de profissionais que compõem o campo (Faleiros & Lehman, 2013) e pela ausência de diretrizes para a formação dos orientadores profissionais (Lassance et al., 2007). Ao analisar o cenário da atuação prática da OPC e os indicadores de formação teórico-prática, nota-se que a área tem avançado. Observou-se que as práticas estão se expandindo para contextos distintos, contemplando públicos diferentes dos adolescentes, historicamente privilegiados pela área, embora estes sejam ainda o principal público-alvo das intervenções. Além disso, observou-se a prática das modalidades de atendimento online e de práticas de coaching. Em relação a esta última, cabe pontuar a necessidade de que haja, além da formação adequada, o respeito aos limites profissionais por parte dos profissionais não-psicólogos em relação ao uso de métodos e técnicas privativos da Psicologia (CFP, 2019).

Em termos de instrumentos e técnicas disponíveis, há no momento uma possibilidade ampla para a prática profissional, aspecto que não diminui a necessidade de desenvolver competências para a seleção e uso qualificado destes instrumentais, uma vez que esta é uma habilidade em relação a qual parte dos orientadores parece não apresentar alta autoeficácia (Silva et al., 2014). O desenvolvimento deste senso crítico expande-se também para o referencial teórico de base dos profissionais. É importante que os orientadores se atualizem constantemente em relação às transformações do mundo do trabalho e da forma de compreendê-lo (Duarte, 2009) a fim de não reproduzirem práticas ou visões que não estejam adequadas à realidade social, histórica e cultural nas quais os serviços estão sendo oferecidos.

Todos os resultados deste estudo direcionam para um tema que vem sido discutido a longa data: a necessidade de melhores definições e investimento nos parâmetros formativos (Antunes et al., 2009; Lassance et al., 2007; Noronha & Ambiel, 2006; Soares, 1999). É por meio da oferta de uma formação adequada e continuada que a qualidade dos serviços será melhorada. Por se tratar de um campo de atuação multidisciplinar (Faleiros & Lehman, 2013), não caracterizado como uma profissão, sem a presença de um órgão regulamentador e fiscalizador das práticas desenvolvidas, as diretrizes de formação surgem como o ponto central de convergência entre todos os profissionais que atuam com Orientação Profissional e de Carreira.

Alguns achados demonstram as limitações da área, tais como, a definição do campo mais pautada na visão clássica da OPC, podendo ser indicativos de que ainda predominam entre os profissionais, práticas que tenham como foco a escolha de uma profissão ou preparação para o ingresso no trabalho, em detrimento de processos de construção de trajetórias profissionais contextualizadas e significativas. Além disso, a confusão entre instrumentos e técnicas denota a formação insuficiente do psicólogo em relação ao campo da Avaliação Psicológica, aspectos que precisam ser observados também nas atuações em OPC.

Apesar das contribuições deste estudo, os achados aqui devem ser entendidos como um recorte ilustrativo do panorama das práticas em Orientação Profissional e de Carreira, pois, assim como o estudo de Antunes et al. (2012) houve uma baixa adesão dos orientadores para a participação na pesquisa. Deste modo, sugere-se que novos estudos sejam realizados, com o intuito de contemplar um maior número de participantes e, com isso, traçar um mapa que ilustre de forma mais precisa como a área está organizada. Seriam interessantes estudos de caráter regional para possíveis verificações de diferenças, avanços e comparações em relação às demandas geopolíticas do campo. Sugere-se, também, estudos que investiguem o que tem sido contemplado na formação dos orientadores, por meio de análise de ementas e disciplinas de instituições para verificar o quão adequadas estão ao desenvolvimento das competências teóricas e práticas sugeridas pela ABOP (Lassance et al., 2007).

 

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Endereço para correspondência:
Leonardo de Oliveira Barros
Waldemar César da Silveira, 105 - Jardim Cura D'ars
Campinas - SP
CEP: 13045-510
E-mail: leonardobarros_lob@hotmail.com

Recebido: 29/01/2019
1ª Reformulação: 22/07/19
2ª Reformulação: 30/09/19
Aceito: 02/12/2019

 

 

Sobre os autores:
Leonardo de Oliveira Barros é Doutor em Psicologia. Professor Adjunto do Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia.
E-mail: leonardobarros_lob@hotmail.com
Rodolfo Augusto Matteo Ambiel é Doutor em Psicologia. Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco.
E-mail: rodolfo.ambiel@usf.edu.br
Ana Paula Porto Noronha é Doutora em Psicologia. Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco.
E-mail: ana.noronha@usf.edu.br

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