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Winnicott e-prints

versão On-line ISSN 1679-432X

Winnicott e-prints vol.1 no.2 São Paulo  2006

 

ARTIGOS

 

Brincar: mutualidade em jogo1

 

To play: mutuality in question

 

 

Márcia Campos de Oliveira

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente texto analisa o brincar "como uma coisa em si". Para tal, fundamenta–se nos pressupostos winnicottianos. Nesse sentido, revisito o brincar como algo primordial da condição humana. Para sustentar a discussão ressalto essa problemática em três aspectos essenciais, a saber: o constitutivo, o cultural e o clínico. Destaco a mutualidade como característica transversal a tais aspectos abordados, pois, é nesse interjogo que a pessoa pode se encontrar, seja na vida, na arte, ou análise.

Palavras–chaves: Mutualidade; Espaço potencial; Objetos e fenômenos transicionais; Sublimação; Cultura.


ABSTRACT

The present essay analyses the act of playing as "something in itself". For such, the essay is based on winnicott's presumptions. Therefore, I consider the act of playing as something essential in the human nature. So, to withhold the debate, I have highlighted three main aspects concerning to the given subject, which are: the constitutive one, the cultural one and the clinic one. Yet, I underscored mutuality as a transversal characteristic common to all the three aspects, for the reason that it is in this interplay that one can find himself, no matter if in daily life, in art or in the psychoanalysis.

Keywords: Mutuality; Potential space; Transitional object; Transitional phenomenon; Sublimation; Culture.


 

 

I. Introdução

Ao propor o estudo do brincar "como uma coisa em si" Winnicott distingue o brincar da brincadeira. Sua perspectiva fundamenta crítica aos psicanalistas que se ocupam apenas do conteúdo da brincadeira. Na sua compreensão, o brincar envolve algo mais amplo e, portanto, merece destaque. Para Winnicott, o brincar demanda um lugar e um tempo na existência humana.

O lugar é nomeado por Winnicott de espaço potencial cuja origem se dá na relação inicial mãe–bebê, tendo como requisito a confiança do bebê no amor materno. (Winnicott 1971a/1975 p. 63). O tempo favorece a criação desse lugar. Numa etapa emocional primitiva, com característica fusional, o que predomina é algo tal como o infinito – sem passado e sem futuro. Desse modo, o sentimento de continuidade no tempo é uma conquista na integração da pessoa e é possibilitado por um ambiente suporte cujo modelo baseia–se na continuidade do cuidado materno. (Davis & Wallbridge,1982). Portanto, para Winnicott, a capacidade de brincar abrange uma série de elementos do processo de amadurecimento humano, como, por exemplo, o uso de um terceiro espaço2. Em suas palavras:

posso agora reenunciar o que estou tentando transmitir. Desejo afastar a atenção da seqüência psicanálise, psicoterapia, material da brincadeira, brincar, e propor tudo isso novamente, ao inverso3. Em outros termos, é a brincadeira que é universal e que é própria da saúde; o brincar conduz a relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação na psicoterapia; finalmente, a psicanálise foi desenvolvida como forma altamente especializada do brincar, a serviço da comunicação consigo mesmo e com os outros. (Winnicott 1971a/1975, p. 63).

Winnicott inaugura um ponto de vista inovador ao reposicionar o brincar em diferentes dimensões humanas, o que me leva a destacar três aspectos considerados por mim essenciais no seu pensamento, a saber: o brincar constitutivo, o brincar na cultura e o brincar na psicanálise.

 

II. O brincar constitutivo

um bebê humano sozinho não pode existir sozinho, psicológica ou fisicamente, necessitando realmente de uma pessoa que cuide dele no início (D. W. Winnicott)

Winnicott (1896–1971), médico e psicanalista inglês, no decorrer de seus escritos enfatiza a necessidade da presença de um ambiente facilitador para a organização do bebê como pessoa total. Para ele, se torna evidente e primordial tanto os cuidados físicos dispensados ao bebê no seu início da vida como a sustentação emocional a ele oferecida. Assim, essa dupla função (manejo dos cuidados físicos e manejo emocional) torna–se algo de abrangência constitutiva. Valendo–me dessa concepção teórica posso indagar: qual a função do brincar na constituição psíquica?

Numa tentativa de responder a essa questão suponho ser relevante revisitar alguns de seus conceitos, notadamente: ilusão/desilusão, espaço potencial, objeto e fenômenos transicionais.

O desenvolvimento favorável do bebê é possibilitado por um ambiente facilitador cuja personificação se dá na figura da mãe. Winnicott enfatiza a importância da mãe apenas suficientemente boa que inicialmente se adapte às necessidades do bebê através de um movimento sintônico com o ritmo corpóreo dele. A mãe pode obter êxito nessa tarefa devido ao seu estado de preocupação materna primária que permite uma identificação com o bebê. Ainda, enfatiza que a mulher sofre uma transformação psíquica nos últimos meses de gestação e nas primeiras semanas após o parto, mostrando–se em condições tais de empatia com o seu bebê que consegue cuidar dele como se ela mesma fosse um. é um estado regressivo momentâneo, uma espécie de "adoecer sadiamente". O autor britânico postula: que, naturalmente, a própria mãe do bebê tem mais probabilidade de ser suficientemente boa do que alguma outra pessoa, já que essa adaptação ativa exige uma preocupação fácil e sem ressentimentos por determinado bebê; na verdade, o êxito no cuidado infantil depende da devoção, e não do jeito ou esclarecimento intelectual (cf. 1958j/1993, p. 6). Tais cuidados compreendem as funções de sustentação emocional (holding), manejo (handling) e apresentação de objetos. Dessa forma, os processos iniciais de desenvolvimento do bebê dependem fundamentalmente dos cuidados maternos: a sua integração depende do holding; a personalização do handling e a relação objetal da apresentação de objeto.

Assim, a mãe suficientemente boa oportuniza um período de ilusão ao bebê, período em que ele pode se sentir um DEUS e seus movimentos estarão sob o domínio do seu gesto espontâneo. Funda–se, nesse momento, a condição paradoxal de criar aquilo que já está disponibilizado ao bebê. A propósito, Winnicott alerta para o fato de que o paradoxo deve ser aceito, tolerado e não resolvido. Contudo, sendo a mãe apenas suficientemente boa, não conseguirá atender de forma inexorável às necessidades do bebê, logo, as suas falhas deixam fendas no psiquismo primitivo deste, ocorrendo dessa forma, o processo de desilusão. Um período no qual o meio ambiente facilitador – por ser incompleto e insuficiente – frustra o bebê (na proporção que ele possa suportar4) e o leva ao desenvolvimento mental. Gradativamente, o bebê vai experimentando um eu–sou.

O desenvolvimento emocional é percebido por Winnicott como a passagem de um estado de dependência absoluta do bebê em relação à mãe, para um estado de dependência relativa, rumo à independência, que, na sua visão, nunca é completa. Nesse decurso, denominado ilusão–desilusão, a mãe passa de um objeto subjetivamente concebido a um objeto objetivamente percebido. Nessa interface cria–se o espaço potencial. Não é oriundo do mundo externo, tampouco do mundo interno. é um espaço em que há utilização de símbolos. Constitui–se numa forma criativa de perceber a realidade compartilhada.

O espaço potencial é uma área hipotética e mutável que se relaciona com a experiência de viver da pessoa. Para ser desenvolvido é necessário que nos primórdios de vida do bebê ele tenha confiado no amor materno – ambiente suporte. Assim, para Davis e Wallbridge (1982) "o espaço potencial é algo que pode acontecer se houver espaço para crescer". Desse modo, ele pode expandir–se ao longo da vida, pois depende dos resultados das experiências reais da pessoa.

No espaço potencial há lugar para a ilusão de onipotência, porém, isso não é exclusivo. Esse espaço favorece também a independência emocional (que nunca é completa) na medida em que propicia a criatividade, a espontaneidade, o sentimento de que a vida vale a pensa ser vivida. é uma área na qual as experiências alcançadas representam sensações intensas como aquelas vividas nos primeiros anos. Várias são as atividades que podem ocupar esse espaço, embora elas tenham necessariamente que ser regidas pela criatividade da pessoa.

é no espaço potencial que ocorre a comunicação significativa através da mutualidade. Segundo Davis; Wallbridge, o espaço potencial caracteriza–se como um espaço sem limite. Esse espaço (o lugar onde vivemos) ultrapassa a fronteira entre o 'eu'e o 'não–eu', o que é de importância fundamental para se conseguir a integração, a saúde e até a sanidade. é nesse lugar que o brincar se desenrola.

Winnicott alerta para duas situações tipicamente observáveis no bebê. Uma delas é o punho na boca – a estimulação da zona erógena oral –, a outra é a escolha de um objeto (boneca, urso, pedaço de cobertor) para brincar. Ele chama a atenção para essas situações, pois são fenômenos do desenvolvimento separados por um intervalo de tempo. No que se refere aos objetos e fenômenos transicionais,Winnicott afirma:

introduzi os termos 'objetos transicionais' e 'fenômenos transicionais' para designar a área intermediária entre o polegar e o ursinho, entre o erotismo oral e a verdadeira relação de objeto, entre a atividade criativa primária e a projeção do que já foi introjetado, entre o desconhecimento primário de dívida e o reconhecimento desta. (…) Por essa definição, o balbucio de um bebê e o modo como uma criança mais velha entoa um repertório de canções e melodias enquanto se prepara para dormir, incidem na área intermediária enquanto fenômenos transicionais, juntamente com o uso que é dado a objetos que não fazem parte do corpo do bebê, embora ainda não sejam plenamente reconhecidos como pertencentes à realidade externa (Winnicott 1971a/1975, p.14).

A fim de definir o objeto transicional o autor citado postula que não é o objeto em especial que é transicional (apesar da significativa produção industrial de objetos que podem se tornar transicionais), mas sim o uso que o bebê faz dele. O bebê elege um objeto real e representante da sua transição de um estado fusional com a mãe para um estado de diferenciação e de percepção dela como algo externo e separado de si. O uso do objeto transicional demonstra que a separação de fato não existe, pois o vazio entre bebê e a mãe pode ser ocupado por um pedaço da realidade. Esse objeto pode ser reivindicado na hora de dormir, em momentos de solidão, ou quando um humor depressivo ameaça manifestar–se. Uma das funções do objeto transicional é a de acalmar o bebê.

De acordo com Winnicott, o objeto transicional é escolhido e abandonado exclusivamente pelo bebê (que assume direitos e exerce sua onipotência na relação com o objeto). Ele é amado e mutilado, assim deve sobreviver ao amor pulsional; esse objeto deve parecer ter vitalidade e o seu destino é perder o significado. Isso se deve ao fato da ampliação da área intermediária do bebê. Para o referido autor, o mais essencial não é a idéia do objeto transicional representar um objeto parcial, mas o fato dele ampliar a área de experimentação do bebê, contribuindo para o seu progresso emocional.

Com base na teoria psicanalítica, Winnicott postula o seguinte estudo teórico sobre objeto transicional:

1. O objeto transicional representa o seio, ou o objeto da primeira possessão;

2. O objeto transicional precede o teste de realidade estabelecido;

3. Na relação com o objeto transicional, o bebê passa do controle onipotente (mágico) para o controle pela manipulação (envolvendo o erotismo muscular e o prazer de coordenação);

4. O objeto transicional pode acabar por se transformar num objeto de fetiche e assim persistir como uma característica da vida sexual adulta5.

5. O objeto transicional pode, devido à organização anal–erótica, representar fezes (mas não é por esse motivo que pode tornar–se mal cheiroso e não ser lavado);

Os fenômenos transicionais representam os primeiros estádios do uso da ilusão. "Essa área intermediária está em continuidade direta com a área de brincar da criança pequena que se 'perde' no brincar.". Em síntese, o seu estudo referente aos objetos e fenômenos transicionais baseia–se na primeira possessão e na área intermediária entre o subjetivamente concebido e o objetivamente percebido.

Winnicott descreve uma perspectiva evolutiva do brincar. Assim, para ele, de início o bebê e objeto estão fundidos um no outro. O que resulta numa visão subjetiva do bebê. A tarefa da mãe reside em concretizar aquilo que o bebê está pronto a encontrar.

Na etapa seguinte a confiança na mãe é algo imprescindível, pois essa se caracteriza pelo controle mágico e pela onipotência do bebê que vai, desse modo, repudiar o objeto; aceitá–lo novamente – pela sua sobrevivência – e assim, poder percebê–lo objetivamente. Tal confiança do bebê cria uma área intermediária na relação mãe–bebê.

O estágio seguinte consiste em mais um dos paradoxos do pensamento de Winnicott, ou seja, o de ficar só na presença de alguém. A criança brinca supondo que a pessoa a quem ama e confia estará disponível ao ser lembrada após ter sido esquecida.

A seguir, a criança pode desfrutar da superposição de duas áreas de brincar. Nessa superposição é possível enriquecer–se tal como na análise – entre analisando e analisado; na escola; na relação aluno–professor – e também na relação entre amigos.

Através dessa compreensão evolutiva é possível afirmar que nos primórdios a criança brinca sozinha ou com a mãe. Gradativamente outras crianças são procuradas como companheiras e ajustadas a determinados papéis. Nesse sentido, as brincadeiras favorecem os contatos sociais.

A capacidade de brincar demonstra que um significativo caminho na constituição do ser foi percorrido. Winnicott afirma que o brincar favorece a qualidade de experimentação, que se inicia na vida primitiva, mas está sempre recomeçando. No brincar "tudo já foi feito antes, sentido antes", pois, para ele, "Brincar é fazer". Noutro trecho é enfático: "Hoje, desejo dizer: Após ser – fazer e deixar–se fazer. Mas, ser antes de tudo". (Winnicott 1971a/1975, p.40).

O brincar, numa perspectiva winnicottiana, é simultaneamente constituído e constituinte da pessoa. Tal simultaneidade consiste no estar sob influência de determinadas etapas do desenvolvimento emocional e, simultaneamente, expandir a experiência de viver da pessoa, que só pode ser criativa e utilizar o seu verdadeiro self no brincar.

Uma questão oportuna é relacionar o brincar à sublimação dos instintos, à reparação e à criatividade.

 

2.1. Sublimação, reparação e criatividade.

A criação se ergue entre o observador e a criatividade do artista. (Winnicott 1971a/1975).

Davis e Wallbridge (1982) afirmam que, aos olhos de Winnicott, os conceitos de deslocamento e os mecanismos de sublimação eram insuficientes, tanto teoricamente como na clínica, para responder a uma questão fundamental: "De que trata a vida?"

Pelento (1991) declara que o termo sublimação aparece nos textos de Winnicott produzidos no período de 1957 e 1968. Para a autora havia, nesse contexto histórico, um questionamento de diversos analistas sobre o conceito de sublimação postulado por Freud. Em análise feita sobre a utilização desses termos, a autora concluiu que Winnicott ao mencionar o termo sublimação vinculava a este a idéia de transformação de elementos destrutivos em atividades construtivas. Para ela, o termo reparação segue o mesmo ponto de vista do autor.

Diante do exposto, inclinei–me a consultar os dicionários de Abram (2000) e de Newman (2003) no intuito de localizar esses termos à luz do pensamento de Winnicott. Somente no último dicionário consultado me deparei com o termo reparação. Para Newman,

esta foi uma palavra usada de modo exagerado até a loucura, durante as brigas entre Klein e Freud (que estavam mais para teologias medievais tardias) e é óbvio que, assim como aconteceu com várias outras palavras, Winnicott a achava excessivamente mesquinha e minimalista. Ele sente muito mais à vontade usando 'criar' – fazer algo novo a partir da confusão que (também) criamos. Fazer algo novo a partir da nossa destrutividade. (Newman 2003, p. 371).

Para Winnicott:

é através da apercepção criativa, mais do que qualquer outra coisa, que o indivíduo sente que a vida é digna de ser vivida. (…) a submissão traz consigo um sentimento de inutilidade e está associada à idéia de que nada importa e de que não vale a pena viver a vida. Muitos indivíduos experimentaram suficientemente o viver criativo para, reconhecer, de maneira tantalizante, a forma não criativa pela qual estão vivendo, como se estivessem presos à criatividade de outrem, ou de uma máquina". (Winnicott 1971a/1975, p. 65)

Portanto, a criatividade relaciona–se com a abordagem do indivíduo à realidade externa. O impulso criativo não é de exclusividade de um artista. é algo que pode tomar forma e que o mundo pode ser testemunha. A criatividade aos olhos de Winnicott se faz presente quando qualquer pessoa se inclina de maneira saudável para algo ou realiza deliberadamente alguma coisa.

Em seu texto denominado A criatividade e suas origens, Winnicott é enfático:

em minha opinião, contudo, o importante trabalho de Klein não chega ao tema da criatividade em si e, portanto, poderia facilmente obscurecer ainda mais o tema principal. Necessitamos do seu trabalho, contudo, sobre a posição central do sentimento de culpa. Subjacente a este, temos o conceito básico de Freud quanto à ambivalência como aspecto de maturidade individual. (Winnicott 1971a/1975, p. 101)

Apesar das contribuições de Freud e de Klein, Winnicott amplia o seu entendimento desses conceitos.

A esse respeito Pelento afirma que não haveria prioridade do pulsional e suas vicissitudes sobre a criatividade. Para ela, só é viável discutir a criatividade quando articulada ao cuidado materno, pois tal cuidado possibilita a conquista dos três espaços definidos por Winnicott. Concordo plenamente com a autora. Considerei oportuno o destaque dessa idéia uma vez que isso indica o posicionamento clínico e teórico de Winnicott. Na minha opinião, tais informações fundamentam o manejo da clínica, pois, se nos basear–nos na idéia de que a sexualidade não está presente desde o início (para crítica cruel dos freudianos); de que é preciso primeiramente um ser, antes do fazer; e na a idéia de constituição dos três espaços postulados pelo autor, exigir–se–á uma clínica com um setting adequado a essa idéia de constituição de pessoa.

Segundo Naffah,

para alguém que assume a experiência como ponto de passagem necessário à constituição de qualquer realidade psíquica, não tem sentido falar em sexualidade como uma entidade em si própria, pois ela só será, de fato, sexualidade, no sentido real do termo, quando se constituir enquanto tal na zona de experiência. A sexualidade inferida pelo observador externo, ao ver o bebê sugar o dedo na ausência da mãe, para Winnicott não tem valor, é pura especulação teórica, se o bebê não a experienciar enquanto tal . (Naffah Neto 2005).

De acordo com Winnicott "é o self que tem que preceder o uso do instinto". (Winnicott 1971a/1975, p. 137). Ele recorre a uma metáfora para ilustrar o que deseja afirmar: "o cavaleiro dirige o cavalo, e não se deixa levar". Para Winnicott, não é a satisfação do instinto que faz com que o bebê comece a ser e a sentir que a vida é real ou vale a pena ser vivida. Assim, as gratificações instintuais devem estar baseadas no domínio da experiência do bebê, senão será vivido como algo externo a si.

Com base nessa perspectiva, o brincar não é visto apenas como descarga de fantasias masturbatórias. A propósito, Winnicott postula: "é sobejamente conhecido que, quando a angústia é grande, a sensualidade torna–se compulsiva e a brincadeira torna–se impossível" (Winnicott 1942b/1982, p.164). Como contraponto à idéia de reduzir o brincar a atividade sublimatória é possível afirmar que no brincar a criatividade é exercida.

No seu entendimento, Winnicott postula que Freud utilizou o termo sublimação a fim de mostrar como a experiência cultural pode ser significativa. Então, qual seria a contribuição de Winnicott para se discutir a cultura?

 

III. O brincar na cultura

Há uma evolução direta dos fenômenos transicionais para o brincar, do brincar para o brincar compartilhado, e deste para as experiências culturais (Winnicott 1971a/1975, p.76.).

Winnicott percebe a experiência cultural como algo mais amplo do que os fenômenos transicionais e o brincar (apesar desses constituírem o seu fundamento). Para ele, a cultura nos remete a uma tradição herdada, remissão essa que ele nomeou "fundo comum da humanidade". A relação, portanto, é de troca. De um lado, as pessoas podem contribuir; de outro, elas podem desfrutar. Entretanto, essa relação só pode acontecer se tivermos um lugar para guardar o que foi encontrado. Esse lugar, sem dúvida, é o espaço potencial – lugar sagrado para o indivíduo, porque é onde se experimenta o viver criativo. Winnicott valoriza a experiência cultural, pois, em sua visão, ela vincula o passado, o presente e o futuro, ocupando, portanto, um espaço e um tempo. Assim, para Winnicott o paradoxo originalidade e aceitação da tradição, própria da cultura, é um exemplo da ação recíproca entre separação e união.

Masud Khan no prefácio do livro intitulado Textos Selecionados: da pediatria à psicanálise, afirma que o conceito de transicionalidade, postulado por Winnicott, prestou contribuição ao pensamento psicanalítico ao reavaliar o papel da cultura, ou seja, tirando–a do lugar tipicamente tido como o de causa de descontentamento e colocando–a como algo positivo e construtivo da experiência humana. Segundo Khan, Winnicott, no final de vida, preocupou–se com a questão cultural e a utilização de símbolos como facilitadores para o ser humano, ou seja, para o desafio de encontrar–se e de realizar–se. Para exemplificar essa perspectiva, Khan destaca as colagens cubistas, mais especificamente as de Braque e Picasso, pois elas possuem a qualidade do objeto transicional, "no sentido de que assimilam o que é dado ao que é criado, o imaginado ao concretamente encontrado num espaço – o da tela – e nele dão–lhe nova unidade e realidade" (op. cit. p.19).

Assim, para Winnicott, ao denominar–se o homem fala–se simultaneamente na soma de suas experiências culturais. O que a psicanálise, na perspectiva winnicottiana, poderia revelar quando uma pessoa não consegue utilizar–se da cultura?

 

IV. O brincar na psicanálise

Minha descrição equivale a um pedido a todo terapeuta para que permita a manifestação da capacidade que o paciente tem de brincar, isto é, de ser criativo no trabalho analítico (Winnicott 1971a/1975,p.83).

Não poderia deixar de iniciar esse tópico com a conhecida definição de Winnicott da psicoterapia se efetuar na sobreposição de duas áreas de brincar, a saber: a do analisando e do analista. Nesse sentido, a psicoterapia baseia–se em duas pessoas que brincam juntas. Caso o analisando não seja capaz de brincar, então a tarefa do analista consiste em ajudá–lo a passar para um estado emocional que possibilite o brincar.

Com base no pensamento de Winnicott é possível depreender a idéia de que a experiência6 é fundamental para o ser humano. Segundo Safra, "Cada nova experiência muda a posição da pessoa no mundo, na relação com os outros. Ou seja, a cada gesto há um reposicionamento do horizonte existencial da pessoa" (Safra 2005a, p.23). Desse modo, a experiência de análise torna–se uma nova oportunidade de amadurecimento emocional do indivíduo. Relato a seguir fragmento do registro da análise de Margareth Little com Winnicott, pois considerei um rico material ilustrativo.

Em seu livro traduzido por "Ansiedades psicóticas e prevenção: registro pessoal de uma análise com Winnicott", Margareth Little (1982), médica, analista, membro da sociedade de psicanálise, afirma que iniciou o seu tratamento com Winnicott aos 48 anos de idade, tendo passado anteriormente por dois outros atendimentos – com Dr X. (junguiano) e Ella Sharpe.

Segundo ela, o contato com Winnicott antes de sua análise pessoal havia sido apenas superficial. Ela comenta que certo dia, na British Psycho–Analytical Society , em um encontro científico, numa noite barulhenta devido aos bombardeios aéreos, ela se lembra da cena de Winnicott ter se levantado e em tom simples ter dito "Gostaria de salientar que está havendo um bombardeio aéreo", após essa intervenção ele apenas sentou–se. Em seu relato Little afirma que o encontro prosseguiu sem qualquer alteração. Penso que essa passagem demonstra uma faceta de Winnicott: a de levar em consideração experiências reais.

A sua principal crítica ao atendimento com Ella Sharpe fundamenta–se na insistência da analista em denominar o seu conflito de ordem da sexualidade infantil. Para Little, suas questões se referiam a existência e a identidade, ou seja, questões anteriores à sexualidade. Tais questionamentos só foram tomados para análise no atendimento com Winnicott.

Little destaca alguns princípios fundamentais de seu encontro com Winnicott:

– o reconhecimento da importância não só do próprio ser humano individual, mas também do seu ambiente mais inicial;

– a empatia (a compreensão da comunicação não verbal e da linguagem do corpo);

– a experiência de mutualidade;

– a consistência sem severidade;

– a permissão para a regressão para a "dependência";

– o holding;

– o brincar.

Sobre o holding – ao contrário da opinião de leitores apressados do pensamento de Winncott – ela o descreve como sendo compassivo, mas sempre firme. Significando em alguns momentos da análise a intervenção, e até mesmo, a contenção física a fim de impedir a ação e zelar pela sua integridade. O Holding é um aspecto tão valorizado no setting winnicottiano que em período de férias ou para que Winnicott pudesse descansar, ele entregava temporariamente a paciente – em estado de dependência – aos cuidados de outra pessoa ou instituição, apesar de manter sempre o contato.

Outro ponto interessante de seu relato refere–se ao ritmo. O ritmo, aspecto fundamental do amadurecimento emocional humano, era respeitado por Winnicott durante a análise, pois ele procurava de início se adaptar ao ritmo do paciente. Assim, Little afirma: "D. W. me deixou seguir meu próprio ritmo, adaptando–se a ele (…) Permitiu que eu fosse eu mesma, vivesse um ritmo próprio, enquanto anteriormente havia sido alternadamente impulsionada e contida, de modo que nem o ritmo, nem as condições eram meus" (Little 1992, p.49)." O ritmo é um aspecto significativo do desenvolvimento emocional e, para isso, deve estar registrado na área de experiência da pessoa.

A propósito, Mello Filho (2001) postula que a situação terapêutica confere um ritmo, pois há no setting o início, o desenvolvimento e o término. Tal empreendimento permite ao analisando se encontrar com os mesmos objetos a cada sessão. Para esse autor, o ritmo – na perspectiva winnicottiana – relaciona–se diretamente com os fenômenos transicionais. Assim, a transicionalidade caracteriza–se pelo ritmo de vaivém entre a criança e a mãe, entre o analista e o analisando, o que abrange tanto o ritmo biológico de cada um como os vários ritmos originados na singularidade das relações interpessoais.

Em relação às interpretações, Little as descreve como sendo, em muitas vezes, experimentações ou especulações, detectadas por ela em expressões, tais como: "Eu acho que; talvez; será que; ou parece que". Noutro trecho, após contar–lhe sobre detalhes de sua relação com a mãe na infância, Winnicott disse 'Eu realmente odeio a sua mãe'. (Little 1992, p.49). Parece que a interpretação winnicottiana tem a qualidade da ilusão. Ou seja, o paciente acaba por criar o que já estava ali para ser encontrado.

Little descreve que se sentia tratada de modo especial por Winnicottt, quase como uma criança. Isso era evidenciado em suas atitudes – de sempre abrir a porta para ela e de todas as sessões terminarem com café e biscoitos. Segundo ela, Winnicott favorecia um clima confortável. No período de regressão para a dependência, na qual ela teve que ficar hospitalizada, Winnicott lhe ligava e até envia–lhe postais. Dessa experiência, ela afirma:

no começo, quando D. W. me deixou, me senti protegida, mas depois de alguns dias, infeliz e abandonada. Fiquei confusa e ligeiramente desorientada. (Escrevi notas em todos os dias daquelas cinco semanas, que ainda tenho). Durante dez dias fiquei em meu quarto, chorosa e com medo. Mas, para a minha surpresa, comecei a escrever poesia. (Little 1992, p. 60).

Desde a quebra de lilases brancos, numa das primeiras sessões até um "pouco de conversa fiada, informação e discussão séria sobre a análise" houve mudança significativa no amadurecimento emocional de Little. Segundo ela, as brincadeiras no contexto analítico as fortaleciam–na fisicamente. Em suas palavras: 'O importante era ser humano, e a brincadeira era uma parte essencial da vida humana em qualquer idade' (op. cit, p.64) . Volto, então, a afirmação de Winnicott: "Hoje, desejo dizer: Após ser – fazer e deixar–se fazer. Mas, ser antes de tudo" (Winnicott 1971a/1975, p. 75). Após ter conquistado a integração do ser, Little conseguiu brincar espontaneamente.

Outeiral (2001) tece comentários do registro da análise de Little e do manejo clínico de Winnicott:

e evidente o estado primitivo da mente, o sentimento de não–integração, as ansiedades primitivas, a transferência psicótica, o medo do colapso, e a maneira com que o setting foi organizado, possibilitando, especialmente, um retorno (organizado) ao estágio de dependência absoluta. (Outeiral 2001,p. 97)

Em estados de mentes primitivos o novo ambiente – o da análise, pode favorecer uma outra possibilidade de vivência fundamental na constituição da pessoa. Para Winnicott, (…) "porque o paciente não experimentou tal consistência no cuidado materno na infância, e se tiver de utilizar essa consistência terá que encontrá–la pela primeira vez no comportamento do analista" (Winnicott, 1960c/1983, p. 39). Assim, o manejo adequado do setting passa a ser essencial. No caso de Little, o setting, como espaço–limite (sessões mais longas; atendimento residencial, hospitalização) permitiu o descongelamento da situação de fracasso inicial. Houve progresso no uso do espaço potencial. No seu atendimento, criou–se o espaço para ser e para fazer, modificando–se o seu viver.

A adequação do setting às necessidades da pessoa, em especial nos casos de estado de mentes primitivas, nos remete a afirmação de Winnicott "Faço análise porque é do que o paciente necessita, senão, então faço alguma outra coisa" (Winnicott, 1942b/1982, p. 152). Assim, penso que a contribuição original da clínica winnicottiana reside no atendimento a estados de mentes primitivos e de crianças.

Outro exemplo da clínica7 de Winnicott se expressa no livro intitulado The Piggle8: Nas palavras de Winnicott:

não é possível para uma criança dessa idade extrair significado de um jogo, a menos que, antes de tudo haja brinquedo e diversão. Como princípio, o analista sempre permite que se introduza a diversão antes de se usar o conteúdo do jogo para interpretações. (Winnicott 1977/1987, p.153).

Com base nessa citação, é possível verificar que novamente Winnicott destaca o valor da espontaneidade e da diversão na análise como algo anterior ao uso da interpretação da brincadeira que surge na relação. A compreensão do brincar passa de algo usado na análise ao entendimento da análise como brincar.

Nesse mesmo livro, na nona consulta, há um trecho interessante da carta da mãe de Piggle enunciando os resultados do atendimento da filha com Winnicott: "Mas ela também brinca agora com mais criatividade e com maior freqüência do que antes" (Winnicott, 1977/1987, p. 111). Desse modo, encerro esse item reafirmando a minha idéia de que o brincar é sinal de saúde e uma demonstração de que um significativo percurso foi alcançado na existência da pessoa.

Para Mello Filho (2001) Winnicott compreende o brincar não somente lúdico. Suas contribuição à psicanálise se deve também na afirmação de um brincar inerente ao tratamento, pois, a análise depende de um estado de relaxamento semelhantemente ao brincar, tendo assim, desde um envolvimento excitado, como prazeroso. Nesse sentido, certas atitudes, no contexto analítico, tais como, o modo de falar, as inflexões na voz e o uso do humor; denotam outra dimensão: a de fenômenos transicionais. Desse modo, entre analista e analisando constrói–se uma ritmicidade singular, própria da relação, o que pode ser chamado de mutualidade.

 

VI. Palavras Finais

Segundo Safra, (em aula proferida9), há três princípios fundamentais no pensamento de Winnicott: O primeiro refere–se à idéia de que o homem é um ser criativo e em potencialidade. O segundo diz respeito ao paradoxo que compõe a existência humana e que leva a uma impossibilidade da apreensão total do ser humano. Finalmente, o terceiro é a ilusão como elemento da constituição realidade. Dessa forma, é possível enunciar sentidos da realidade: a realidade subjetiva, o uso do espaço potencial e a realidade compartilhada. Nessa perspectiva, o brincar preserva certas características essenciais do humano: a criatividade e a potencialidade, o paradoxo e o fenômeno de ilusão.

O brincar contribui para a integração da personalidade. Uma criança com grande cisão na personalidade não pode brincar. Ao brincar, a criança pode mostrar uma parte tanto do seu interior como da sua percepção da realidade. A clínica pode favorecer a expansão do brincar em casos em que a pessoa não consegue utilizar a sua área de brincar. Em outros âmbitos, como o da cultura, aspectos discutidos nesse texto também são revelados.

Peanuts, de Schulz tratam do tema da transicionalidade1. Na figura 1, denominada por mim de Linus, o cobertor e o dedo na boca ilustra o tema dos objetos transicionais. Na figura citada articula–se a estimulação muscular; representada pelo dedo na boca; com o apreço de Linus pelo cobertor. A imagem estimula a pensar num estágio ainda inicial do uso do objeto transicional.

A figura subseqüente é fragmento de uma estória na qual Linus é convidado pela professora, na escola, a entregar–lhe o cobertor. A imagem em destaque demonstra o seu arrependimento em ter aceitado a proposta. Essa situação vem a recordar a idéia de Winnicott de que o objeto é descatexizado pelo bebê, assim é infrutífera e, talvez, até mesmo prejudicial, a decisão externa de separar a criança de seus objetos transicionais.

Na próxima figura, intitulada Linus e o pôster, confirma–se a idéia de que Linus não estava pronto para abandonar o seu cobertor. Em diálogo anterior, Charlie Brown diz ter feito um pôster seu, em tamanho real, a fim de presentear seus pais. Linus não aprovou essa atitude, pois, para ele, corre–se o risco de que com o presente os pais possam esquecer dos filhos. Assim a confiança nos pais e o uso do repertório simbólico parecem não estar bem estabelecidos. O objeto transicional marca a passagem de um estado fusional com a realidade subjetiva para a realidade compartilhada.

Figura 1: Linus, o cobertor e o dedo na boca

Figura 2: Linus sem o cobertor

Figura 3: Linus e o poster

Ainda sobre o tema dos objetos transicionais destaquei a Figura 4: Calvin e Haroldo – de Bill Waterson, pela ilustração da vitalidade que o objeto transicional deve parecer ter ao bebê. Para Calvin, Haroldo não é um simples tigre de pelúcia. Na sua visão é um tigre vivo; sendo tomado como o seu companheiro de aventuras, o seu cúmplice – de acordo com a figura 5 – companheiros. Com base em Winnicott, posso dizer que o bebê sabe que esse objeto não é sua alucinação ou um sonho e também sabe que não é mais um objeto da realidade. Esse é um objeto transicional. Para ser transicional, o objeto deve conservar outras características, conforme indexei em páginas anteriores. Essa figura parece demonstrar outro estágio do uso do objeto transicional. Calvin consegue uma relação lúdica com Haroldo.

Figura 4: Calvin e Haroldo

Figura 5: Companheiros

Figura 6: seqüência Calvin

Em Calvin, na Figura 6: seqüência Calvin – há, também, a possibilidade de figurar o fenômeno ilusão/desilusão, algo tão importante para o desenvolvimento emocional humano. Primeiramente, num estágio em que se sente Deus, Calvin exige a neve, imediatamente, demonstrando o seu controle onipotente. Posteriormente, Calvin se frustra, pois, a realidade não correspondeu às suas ordens. Ele, numa atitude absolutamente ativa indaga: "Você quer que eu vire ateu?" Nesse ponto, Calvin remete a um fator essencial da existência humana: a fé. Se a fé é imprescindível; a frustração é inevitável.

Na próxima seqüência, Calvin explicita o que Winnicott denominou de criatividade. Mesmo que a realidade convoque para uma determinada atitude, nesse caso, o de abrir o guarda–chuva para proteger–se, Calvin surpreende o ambiente ao interpretar criativamente a realidade e lhe atribuir um significado próprio. Ele aproveitou a chuva para brincar.

Figura 6: Calvin e o guarda–chuva

Essa figura de Picasso vem a realizar uma dupla função. A primeira é a de ilustrar o brincar compartilhado entre duas crianças e simultaneamente a capacidade de ficar só, pois me parece que Claude não interferia no brincar. A segunda relaciona–se ao próprio uso que eu fiz dessa figura: acrescentei–lhe um significado, de forma análoga ao fenômeno de ilusão. Isso exemplifica uma função do fundo comum da humanidade: ser usado.

Figura 7: Picasso

A presente discussão destacou o brincar na perspectiva winnicottiana em três aspectos principais: o constitutivo, cultural e clínico. Destaco como característica transversal a tais aspectos a mutualidade. Pois, é nesse interjogo que nos encontramos, seja na vida, na arte, na análise.

 

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Endereço de correnspondência
E–mail: mcampos22@yahoo.com.br

Date Posted: June 19th 2006

 

 

1Doutoranda em Psicologia Clínica (Práticas Clínicas) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP.
2Sendo o primeiro espaço o da realidade subjetiva (interna) e o segundo o da realidade compartilhada (externa).
3Grifo meu.
4Se a falha ambiental for demasiadamente intensa e surpreender o bebê então uma das seqüelas pode ser a formação de um falso self. Ver Distorções em termos de verdadeiro e falso self.
5Falha na constituição do objeto transicional.
6Conforme Naffah em aula proferida na pós–graduação na PUC/SP.
7A idéia do brincar na clínica encontra–se também nos texto O jogo de espátula e Jogo de Rabiscos.
8Há três livros sobre relato clínico de Winnicott: 1) Holding e Interpretação; 2) Consulta terapêuticas em psiquiatria infantil e, 3) The Piggle.
9Aula ministrada para o concurso de Professor Titular na USP, em 23 de dezembro de 2004.

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