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Winnicott e-prints

versão On-line ISSN 1679-432X

Winnicott e-prints vol.2 no.1 São Paulo  2007

 

ARTIGOS

 

Do objeto ao espaço e a natureza desta transição1

 

From the objesct to the space and the natura of this transition

 

 

Lesley Caldwell*

Sociedade Britânica de Psicanálise(BPA)
Associação Psicanalítica Internacional(IPA)

Endereço de correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo examina as duas versões do artigo de D. W. Winnicott sobre os objetos e os fenômenos transicionais e compara o de 1951 com outros artigos do mesmo período para perguntar pela significativa mudança anunciada por Winnicott e sua abordagem. O estudo segue discutindo o extensivo uso das idéias de Winnicott num campo de diferentes disciplinas e condições clínicas e analisa a cuidadosa releitura de Winnicott, ele mesmo, e sua contribuição fundamental.

Palavras Chaves: Winnicott, Objeto transicional, Ilusão, Posse, Experiência, área intermediária.


ABSTRACT

This paper examines the two versions of DWW's paper on transitional objects and transitional phenomena and compares the 1951 paper with other papers of the period to argue for the significant shift heralded by Winnicott and his approach.  The paper goes on to discuss the extensive use of Winnicott's ideas in a range of different  disciplines and clinical conditions  and argues for  a careful rereading of Winnicott himself and his fundamental contribution.

Key–Words: Winnicott, Transitional objects, Transitional phenomena, Ilusion, Possession.


 

 

1. Introdução

A área englobada pelos objetos e fenêmenos transicionais, aquela pela qual Winnicott talvez seja melhor conhecido, é frequentemente reivindicada como sendo sua contribuição mais significativa (Turner, 2002; Green 1984/1999, Rycroft,1972). A idéia do objeto transicional e do fenêmeno transicional foi introduzida por D. W. Winnicott em um trabalho apresentado em 1951, publicado originalmente no IJPA em 1953, e republicado numa versão ligeiramente revista em 1971, como primeiro capítulo de O brincar e a realidade. O artigo publicado em 1953 não foi o mesmo que o apresentado em 1951. Tinha sido submetido a uma revisão considerável e fora pretendido para um Festschrift para Klein (Rodman 2003, p. 164–6). Esse texto permaneceu importante em dois aspectos distintos, embora relacionados: a idéia de uma área intermediária entre o externo e o interno como fundamental para o desenvolvimento humano, e a extensão do significado desse estágio infantil, que Winnicott atribui, de maneira imprecisa, aos 4–12 meses, para a área da arte, da cultura e da religião.

O principal interesse do artigo é preparar o tema do desenvolvimento infantil, com foco no bebê e seu desenvolvimento, sendo que as implicações disto para o setting analítico foram sempre a maior preocupação de Winnicott. A expansão para um terreno mais amplo é referida quase de passagem, mas foi, subsequentemente, tema de discussões do trabalho artístico, do artista e da experiência cultural. O que tem sido construído sobre as idéias básicas de Winnicott tem oferecido importantes alternativas nas abordagens psicanalíticas da arte.

A maior parte da primeira metade do artigo, que gerou o primeiro capítulo de O brincar e a realidade (1971a/1975), é quase idêntica à versão anterior. A segunda metade contém o acréscimo mais óbvio, uma seção intitulada "Uma Aplicação da Teoria" que engloba dois exemplos clínicos (um já publicado). Apesar de ser este o único acréscimo maior, não o discutirei, aqui, em nenhum detalhe. Já que a maior parte da versão de 1971 é a mesma, modificações menos evidentes são facilmente negligenciadas. Algumas delas podem ser significativas, outras não; algumas estão relacionadas a escolhas editoriais menores — palavras diferentes, reorganização de frases, adição de cabeçalhos, omissão de referências (que é sempre uma questão interessante, e se foram, de fato, de autoria do editor, de Kahn ou do autor). Como todos os pensadores, as idéias de Winnicott se desenvolveram ao longo do tempo e existem ganhos em compreender como aquele desenvolvimento ocorreu. Ao estudar Freud, Winnicott disse que era "afeito às suas notas de rodapé" como indicadores do lugar por onde a sua mente começava a se mover de maneira nem sempre totalmente consciente (cf. 1989a/1994). Talvez isto ofereça uma pista para o modo como a própria mente de Winnicott funciona; e proporcione algum apoio para este meu projeto, o qual, do contrário, poderia ser compreendido como evidência de um foco indevido sobre um detalhe sem importância.

Primeiramente, o meu trabalho se ocupa em identificar estas mudanças cuja procedência é incerta, e depois sugerir que as duas versões, aparentemente o mesmo artigo, o mesmo argumento, podem, no entanto, dentro de uma estrutura comum, registrar uma mudança no pensamento de Winnicott, que culmina no O brincar e a realidade (1971a/1975).

Em sua introdução, Winnicott afirma que é o livro em si que constitui o verdadeiro desenvolvimento do trabalho original, e ele registra a sua convicção de que "a experiência cultural não encontrou seu verdadeiro lugar na teoria utilizada por pelos analistas em seu trabalho e em seu pensar" (1971a/1975, p. 9). Esta afirmativa vincula firmemente as duas áreas, "experiência cultural" e "trabalho e pensamento analíticos", mas também designa uma importância à "experiência cultural" em si.

A leitura atenta do trabalho em suas duas versões revela, quase de passagem, aspectos do desenvolvimento do pensamento de Winnicott e, ao menos potencialmente, uma interação subentendida e um diálogo com os colegas. As diferenças, aparentemente menores, entre aquilo que foi omitido e o que foi acrescentado, também parecem, sob exame mais detalhado, de maior interesse para uma compreensão da história da psicanálise e dos diferentes climas intelectuais e psicanalíticos dos anos cinqüenta e do final dos anos sessenta, além da ansiedade e preocupação de Winnicott com relação ao seu lugar, também contribuindo para algumas das omissões e acréscimos. A tentativa de aproximação com Klein desaparece em 19712, mas Winnicott podia também supor que seus leitores estariam familiarizados com o termo e seu sentido geral, enquanto que, em 1951/53, sabia que eles não estavam.3

A maior parte das mudanças da segunda versão relaciona–se com a omissão das notas de rodapé contidas no trabalho de 1951, mas existe também um rodapé que foi acrescentado à última versão, na seção sobre "Ilusão". Eu indico o interesse no espaço transicional como especialmente propiciador de idéias futuras, assim como a mudança do uso de "ilusão" na primeira versão, para "paradoxo" na segunda. Tomados juntos, registram uma real mudança de ênfase, dentro de uma discussão que se mantém, no entanto, consistente ao longo do tempo. Bonaminio (2007) tem sugerido que esta alteração pode ter se derivado da preocupação crescente de Winnicott com a situação clínica, e seu interesse decrescente no desenvolvimento em si mesmo4. Voltarei a isto logo adiante.

 

2. Comparando as duas versões

Na primeira parte deste trabalho, descrevo os tipos de mudanças e dou alguns exemplos destas. As variações nas duas versões incluem:

 

1. Palavras ou frases acrescentadas ou omitidas

2. Referências ou notas de rodapé acrescentadas ou omitidas

3. Passagens substanciais acrescentadas ou omitidas

O acréscimo de palavras ou frases parecem ser no interesse de maior clareza. Por exemplo, na versão de 1971, no final do primeiro parágrafo da seção Inadequação do Enunciado Costumeiro da Natureza Humana, a frase diz: "De todo indivíduo que chegou ao estádio de ser uma unidade... pode–se dizer que existe uma realidade interna para esse indivíduo, um mundo interno que pode ser rico ou pobre, estar em paz ou em guerra." A isto acrescenta: "Isso ajuda; mas é suficiente?" (Winnicott 1971a/1975, p.15).

O exemplo de uma omissão é de outra ordem. Por exemplo, a retirada da passagem clínica que aparece após a discussão dos diferentes significados de "símbolo"5, para os católicos romanos e os ingleses no trabalho anterior, onde se lê:

Uma paciente esquizóide perguntou–me, após o Natal, se eu havia gostado de comê–la durante a festa. E então quis saber se eu realmente a havia comido, ou apenas na fantasia. Eu sabia que ela não poderia ficar satisfeita com qualquer uma das alternativas. Sua cisão precisava das duas respostas (Winnicott 1953c[1951]/2000, p.322).

Neste caso, e em outra omissão de um rodapé especulativo: "Aqui poderia estar a explicação para a expressão "wool gathering", cujo sentido seria: habitar a área transicional ou intermediária" (idem, p.319), acrescentada como rodapé para a frase: "O bebê começa desde os primeiros meses a arrancar e coletar lã, e usá–la para fazer as carícias" (ibidem)6, aparece um Winnicott clínico no seu próprio texto, ocupado com suas próprias associações no que se refere às suas observações de bebês e ao material dos pacientes. Tais exemplos são certamente acessórios ao argumento principal, e a evidência dos apartes clínicos e das associações devem ser considerados sem importância, ou em detrimento de Winnicott, o teórico, mas, seja qual for a razão para eles, parece–me que algo se perde de uma particular mente clínica em funcionamento.

Quando se trata de referências ou notas de rodapé acrescentadas ou omitidas, as coisas ficam mais complexas.

A primeira nota de rodapé omitida na versão de 1971 aparece na primeira página da versão de 1953c[1951]/2000 (p.316). é um rodapé ao subtítulo do artigo, A Primeira Posse.7 No original, lê–se:

Devo assinalar que a palavra utilizada aqui é posse e não objeto. Na versão datilografada, distribuída aos membros da Sociedade, usei, realmente, a palavra"‘objeto" (em vez de posse) num determinado lugar, por engano, o que levou a uma certa confusão. Já foi apontado que o primeiro objeto não–eu é considerado geralmente como sendo o seio. Chamo a atenção do leitor para o uso do termo "transicional" por Fairbairn em diversas passagens (1941/1952).

Baseando–se na ortodoxia prevalente, relativa ao uso do [termo] "objeto", Winnicott optou pelo uso mais neutro de [do termo] "posse", embora ainda mantivesse a frase adjetiva, "objeto transicional". Mas uma "posse", quando empregada em relação a um bebê muito novo, também indica algumas premissas acerca do desejo desse bebê e da organização desse seu desejo. O que está incluído no possuir alguma coisa, e o que isto transmite das idéias de Winnicott sobre um bebê, e a partir de quando um bebê começa a cogitar, mesmo que da forma mais básica, a idéia de possuir algo, é uma base importante para seu modelo de desenvolvimento.

Essa distinção entre "posse" e "objeto" é mantida em ambas as versões, e a diferença entre um objeto interno e uma "posse" está mais elaborada, adiante, no corpo do trabalho, na seção sobre Klein.8 Para Winnicott, a primeira posse não–eu depende do desenvolvimento de uma consciência (awareness) que, na proposição de Klein de uma percepção rudimentar do seio como separado desde o início, não depende. Esta é uma divergência fundamental nos significados psicológicos a serem atribuídos aos processos do desenvolvimento. Sua omissão tardia [na versão de 1971] pode indicar uma mudança na atitude de Winnicott, bem mais confiante de como tais diferenças (especialmente em relação a Klein) devam ser encaradas, e registra sua comparativa falta de importância, ao final dos anos sessenta.

As qualificações/clarificações desse rodapé de página, no tocante ao "objeto/posse" assim como à "transição", parecem demonstrar uma preocupação com a localização da sua perspectiva na continuidade da tradição psicanalítica, embora, no caso do primeiro "objeto/possessão", o reconhecimento da tradição seja apenas para se afastar dela. é mantida a diferença entre objeto interno, como conceito mental do modo descrito por Klein, e em geral aceito, e a escolha de Winnicott da palavra "posse", ao lado de seu uso contínuo de "objeto transicional". O que ambos os seus usos enfatizam não é a externalidade da existência do objeto real, por exemplo, o ursinho de pelúcia, e sim a importância dos processos internos requeridos para se chegar à capacidade de usar um objeto externo e separado. é a prévia internalização do objeto suficientemente bom, a mãe, que fará o bebê se movimentar em direção a um interesse num objeto além de si e de sua mãe, ambos tanto factíveis quanto necessários. Somente se a mãe for suficientemente boa é que o objeto transicional poderá ser usado com sucesso; sua existência (ou sua existência saudável) depende da relação com a mãe. As variações daquilo que pode ser usado e do que podem significar, a relação entre objeto interno e objeto externo, os usos saudáveis e patológicos dos objetos, tudo isso deve fornecer importantes informações clínicas. Muitas destas diferenças estão organizadas em torno de um diferente espaço mental/envolvimento que a criança atribui ao objeto transicional: se é um calmante ou um confortador, se é um fetiche, se é a própria mãe ou uma parte da criança, como se relaciona ao toque, ao sugar, ao fazer sons. Os insights a partir de tais contribuições poderão, então, ser traduzidos para a situação analítica e ali utilizados. Igualmente, as informações sobre esses processos primitivos também serão obtidos ali.

A citada referência a Fairbairn9, diz respeito à expansão de Abraham do modelo de Freud, através da divisão da fase oral e pelo acréscimo de um estágio de dependência madura.

...entre esses dois estágios, está o estágio de transição, caracterizado por uma tendência crescente a abandonar a atitude de dependência infantil e uma tendência crescente a adotar a atitude de dependência madura. Este estágio de transição corresponde a três das fases de Abraham, duas fases anais e a fase genital precoce (fálica). (Fairbairn,1941/1952; republicado 1990)

Ou novamente: "até onde o estágio transicional se ocupa do abandono da dependência infantil, percebe–se, agora, ser inevitável que a rejeição do objeto desempenhará uma parte importante" (ibidem). Novamente, uma referência ao uso por outro analista, d[o termo] "transição", proporciona um contexto histórico e talvez a validação para o uso do próprio Winnicott, localizando–o a partir de Abraham. A carta para Strachey de 1 de maio de 1951 (1987b[1951]/1990, p. 21), sugere que as preocupações de Winnicott são com a teoria psicanalítica, e que na atmosfera dos anos cinqüenta iniciais, e no afastamento de Winnicott das posições de Klein, um apelo à continuidade histórica pode ter sido necessário, pessoal e intelectualmente, de um modo que não seria mais, vinte anos depois. Numa carta a Money–Kyrle, datada de 27 de novembro de 1952, Winnicott diz: "a palavra ‘intermediária' é certamente útil, mas a palavra ‘transição' subentende movimento e não devo perdê–la de vista, caso contrário encontraremos algum tipo de fenêmeno estático sendo associado ao meu nome" (1987b [1952]/1990, p.37). é esta ênfase sobre processo e movimento que encapsula a inovação e a importância permanente do trabalho sobre o objeto transicional e o fenêmeno transicional.

Referências e rodapés de página geralmente significam decisões bibliográficas, mas pode ser de interesse o fato de que quase todas as referências omitidas estejam relacionadas à literatura sobre a criança. Por exemplo, nos rodapés e referências omitidos da seção, O Desenvolvimento de um Padrão Pessoal, na versão de 1953c, o primeiro, em resposta a seu ponto de vista, "de algum modo o pedaço de pano é segurado e chupado...", se refere ao filme de Robertson, Uma criança de dois anos vai ao hospital (Winnicott 1953c[1951]/2000, p.319). Depois, haverá a associação ao recolhimento de lã (referido previamente). As referências a Freud (1905/1969) e a Hoffer (1949) em "Integração mão boca", a Scott (1955), "Uma nota sobre a tagarelice", e a Illingworth (1951), "Sobre as perturbações do sono", serão todas omitidas.

Na comparação entre dois irmãos e os usos respectivos que ambos faziam do objeto transicional, a versão de 1953 contém o rodapé: "a mãe havia ‘aprendido de sua experiência com o primeiro filho que era uma boa idéia dar uma mamadeira enquanto amamentava ao seio', ou seja, admitir que houvesse um valor positivo para os substitutos maternos e, dessa maneira, ela conseguiu um desmame mais fácil que com X" (idem, p. 323). No final dessa seção, uma referência ao artigo de 1954 de Stevenson, "A primeira possessão valiosa" é omitida. Tomadas juntas, estas omissões sutilmente reorganizam Winnicott, o especialista em mães e crianças, possivelmente no que interessa a Winnicott, o pensador analítico.

Uma decisão posterior interessante poderia ser mostrada pela omissão de metade da nota de rodapé sobre a técnica de maternagem, que acrescenta um brilho à afirmação "um fenêmeno subjetivo que chamamos de seio da mãe se desenvolve no bebê" (1953c[1951]/2000, p.327). A nota de rodapé original afirma: "Nisto eu incluo toda a técnica da maternagem. Quando se diz que o primeiro objeto é o seio da mãe, a palavra ‘seio' é usada, a meu ver, para representar tanto a técnica de maternagem quanto a carne propriamente dita. A mãe pode ser suficientemente boa (do meu ponto de vista) mesmo quando usa a mamadeira" (idem). A segunda versão (1971a/1975, p.26) termina aqui. A primeira prossegue: "Se mantivermos em mente este sentido amplo da palavra ‘seio', nele incluindo toda a técnica materna, surgirá uma ponte entre o modo como Melanie Klein descreve a história inicial do bebê e o modo como o faz Anna Freud. A única diferença mantida se refere às datas, que na verdade não é uma diferença importante, e que automaticamente desaparecerá com o tempo" (1953c[1951]/2000, p. 327).

Esta reivindicação, em 1953, de um elo entre Klein e Anna Freud no que se refere à história primitiva, parece ser uma tentativa, da parte de Winnicott, de sugerir conexões e construir pontes e encontrar um terreno comum, uma perseverança que também aparece na carta a Rosenfeld do mesmo período (1987b [1953]1990), em que Winnicott insiste que Anna Freud, "sabe que há mais nisso []no cuidado com o bebê[] que uma série de técnicas" (idem, p.40).

Na seção Ilusão–Desilusão, duas notas de rodapé foram omitidas em 1971. Na primeira versão (1953c[1951]/2000, p. 326), Winnicott diz: "Não existe qualquer possibilidade de que um bebê progrida do princípio de prazer para o princípio de realidade, ou para e além da identificação primária (ver Freud,1923) [aqui há um apontamento para uma nota de rodapé 1. Ver também Freud (1921)], a menos que exista uma mãe suficientemente boa (nota de rodapé 2)". Esta segunda nota de rodapé, que é importante para o que de fato conta para Winnicott, diz:

Um dos efeitos — na verdade o principal —, da falha da mãe a esse respeito, no início da vida do bebê, é analisado com muita clareza (do meu ponto de vista) por Marion Milner (1952). Ela mostra que, em conseqüência da falha da mãe, ocorre um desenvolvimento prematuro do ego com a distinção precoce de um objeto mau com relação a um bom. O período de ilusão (ou minha fase transicional) é perturbado. Na análise, ou em várias atividades da vida cotidiana, o indivíduo estará sempre em busca do valioso lugar de descanso proporcionado pela ilusão. Sob este aspecto, a ilusão tem um valor positivo. Ver também Freud (1950) (idem).10

Esta [última] frase é repetida no Resumo do artigo original (1953c[1951]/2000, p. 331), enquanto que em 1971, "ilusão" foi modificada para "paradoxo" (1971a/1975, p.29).

No item Descrição Clínica de um Objeto Transicional, uma nota de rodapé referida ao trabalho de Wulff (1946), "Fetichismo e escolha objetal na primeira infância", é omitida, assim como sua discussão posterior no final do trabalho na seção Ilusão e o Valor da Ilusão. Estas referências contêm uma diferenciação importante, da posição de Winnicott em relação à de Wulff, e são muito relevantes para a subseqüente e ampla disseminação da idéia dos Objetos Transicionais. A nota de rodapé diz:

Wulff está claramente discutindo esse mesmo fenêmeno, mas ele o chama de "objeto fetiche". Não está claro para mim que esse termo esteja correto, e discuto isso mais adiante. Na verdade, eu não tinha conhecimento do artigo de Wulff antes de escrever o meu, mas me senti apoiado e tive muito prazer em descobrir que o tema já havia sido considerado importante de ser discutido por outro colega. Ver também Abraham (1916) e Lindner(1879)." (Winnicott, 1953c[1951]/2000, p. 322).

A discussão no texto retorna a objetos fetiche e ao que, para Winnicott, poderia ser perdido pelo uso de "fetiche" para descrever o que ele insistia fosse entendido como fenêmenos infantis normais. Ele vê Wulff partindo da "psicopatologia do fetiche" e da teoria comum das perversões sexuais. O relato de Wulff estaria relacionado com a ilusão de um falo materno, enquanto que a insistência de Winnicott sobre a universalidade da ilusão permite a inclusão da ilusão de um falo materno como normal e não patológica. Winnicott sugere que esta normalidade pode ser atestada se nos concentrarmos, não no "objeto", mas na "ilusão", que "é [um fenêmeno]universal no campo da experiência" (ibidem,p. 330). Ele acrescenta, "Prosseguindo nessa direção, podemos admitir que o objeto transicional seja potencialmente um falo materno, mas que originalmente é o seio, ou seja, aquilo que é criado pelo bebê ao mesmo tempo que é dado pelo ambiente" (idem) Ainda que isto possa ser usado para se compreender o fetichismo, a adição e o roubo, não necessariamente os acarreta. Isto restaura o Objeto transicional à arena dos fenêmenos infantis normais. Na versão de 1971, a ‘normalidade' (e universalidade) do objeto transicional e dos fenêmenos transicionais são dados como aceitos, mas na versão de 1953, ainda precisaram ser argumentados.

Se a capacidade de ter um objeto transicional de um modo que não se torne um fetiche depende de um estado de coisas prévio, entre mãe e bebê, um objeto transicional não é apenas, nem primariamente, um substituto, é também o que esta substituição acarreta e torna possível, através da relação entre a mãe suficientemente boa e o bebê, que é fundamental.

Ambas as versões de seu artigo demonstram sua insistência na importância da área intermediária da experiência, a reinvindicação de se saber quais são suas características e como o bebê se torna capaz de participar de tal área e a extensão de sua relevância contínua para o ser humano ao longo da vida. As qualidades especiais do relacionamento se refere ao que o bebê quer, ao que podemos inferir que ele esteja esperando, e que parte desempenham os pais por aceitarem o controle que a criança exerce sobre essa posse cujo destino é se tornar sem importância. Isso se amplia no campo mais abrangente da vida adulta, arte, cultura, religião, que não está realmente desenvolvido em nenhuma versão.

Numa reafirmação de sua posição na carta para Money–Kyrle citada acima, ele diz que

além da capacidade para relacionamentos interpessoais e da elaboração da fantasia a elas relativas, além do mundo pessoal interno da realidade psíquica, existe uma terceira coisa, igualmente importante, que é a experiência. A experiência é um trafegar constante na ilusão, uma procura repetida da interação entre a criatividade e aquilo que o mundo tem a oferecer. A experiência é uma conquista da maturidade do ego, à qual o ambiente fornece um ingrediente essencial. Não é, de modo algum, alcançada sempre (1987b[1952]/1990, pp.37–38).

A última modificação substancial é a retirada da descrição da psicopatologia com referência ao fenêmeno transicional, que abrangia o último parágrafo do primeiro resumo (1953c[1951]/2000, p. 331), e a introdução, em 1971, de uma frase inteiramente nova, sobre a "idéia adicional" de "paradoxo", uma palavra que não aparece na versão de 1953, e tampouco se encontra incluída no índice de Obras Completas de 1955.11

Enquanto a primeira versão contém a frase, "um valor positivo da ilusão pode então ser afirmado" (1953c[1951]/2000, p. 331), a segunda versão diz: "O que emerge destas considerações é a idéia expressa adiante de que a aceitação do paradoxo pode ter um valor positivo. A resolução do paradoxo leva a uma organização defensiva, que, no adulto, pode ser encontrada como organização do verdadeiro e falso self." (1971a/1975, p. 30) Permanece a referência ao trabalho de Winnicott de 1960 sobre este assunto.

Em seu artigo de 2002, no IJPA, John Turner aponta para o decrescente recurso à ilusão no trabalho de Winnicott, e a preocupação crescente com o brincar e tudo o que o brincar pode acomodar. Este aparente desaparecimento não se deve ao fato de a "ilusão" ter–se tornado menos importante, e sim à sua própria importância, especialmente na medida em que aquilo que concerne à realidade psíquica, de acordo com Turner, é aquilo que torna seu uso inapropriado. "A ilusão", ele acrescenta, "fica oculta atrás do brincar que ela permitiu". Penso que Turner chega perto de sugerir que, no clima psicanalítico dos anos cinqüenta, a palavra e suas associações, inclusive as de Freud em "O Futuro de uma Ilusão", tornaram–se um obstáculo para a importância das idéias de Winnicott serem claramente comunicadas.

Uma leitura atenta das duas versões poderia confirmar a leitura de Turner e promoveria maior investigação de como a mudança de "ilusão" para "paradoxo" e "brincar" pode ser compreendida, não apenas como a ampliação da área da psicanálise, e suas ligações com a arte e cultura, mas ainda como uma extensão do âmbito do que acontece dentro do consultório, e de qual é a base do trabalho analítico. O "brincar" oferece grandes possibilidades, teoricamente e para o trabalho no consultório, e também evita a associação de "ilusão" com "desilusão", assim como de narcisismo com onipotência infantil.

Winnicott descreve a mudança que ocorre do uso que o bebê faz do próprio polegar para o uso posterior de alguma coisa além de si, e ele considera de grande interesse o modo como essa passagem acontece. A alteração de um para o outro pode ser uma questão dos processos do desenvolvimento, as articulações entre motilidade e o alcance agressivo, e o início de uma percepção (awareness) do ambiente como separado e objetivo. Estes são aspectos familiares do seu modelo, mas, aqui, eles criam ou abrem um espaço cujas características também são de interesse. O espaço que existe entre uma coisa e outra, uma área intermediária, que pode ser designada como espacial, precisa emergir, já que Winnicott propõe que, no início, não existe espaço entre o polegar e a boca para o bebê. No entanto, entre a boca e o objeto transicional, ou primeira possessão, um espaço foi aberto. Isto é claramente não apenas uma referência ao polegar como fixado ao bebê. Ele usa a palavra "entre" várias vezes para transmitir o senso de que algo mais acontece para a criança, dentro daquele intervalo de tempo que é vivido entre a "incapacidade" e a "crescente capacidade de reconhecer e aceitar a realidade". é isto que ele relaciona à "ilusão", e isto é fundamental para o seu relato de como o bebê chega ter um sentido de self através de um processo que não ocorre, primariamente, em termos de relações objetais, mas sim do que ele chama de "experiências funcionais", e dos processos através dos quais essas experiências chegam a ganhar um sentido (pode–se supor).

Na segunda edição de A Linguagem de Winnicott, Abram (2000) identifica o primeiro uso explícito de "ilusão" em "Os padrões deles e os seus" (1945f[1944]/1982), originalmente transmitido pelo rádio como palestra.

Não podendo estar inteiramente à disposição do bebê, a mãe dá o seio em intervalos regulares, que é o mais próximo possível do ideal e, assim, frequentemente é bem sucedida no fornecimento de um curto período de ilusão para o bebê, no qual não precisa, ainda, reconhecer que o seio sonhado não satisfaz, por mais lindo que o sonho seja. Ele não engorda com um seio sonhado ("Os padrões e os seus", 1944 citado em Abram, 2007). 12

A primeira referência ao termo havia aparecido previamente, em 1931, numa nota de rodapé. Uma nota de rodapé — deve ser enfatizado — que aparece no negativo, no trabalho, "A Clínica Reumática": "[...] pois o corpo, na melhor das hipóteses, é um conjunto de dores...Este é o choro típico do desiludido" (citado em Abram, 2007).13 Poderíamos ler esta afirmativa inicial em conjunção com a ligação que Winnicott faz entre a desilusão e o desmame, tanto nesse trabalho quanto em "Psicoses e cuidados maternos" (1953a [1952]/2000, p.305), em que ele diz que "imediatamente atrás do desmame encontraremos o tema mais amplo da desilusão. O desmame implica numa amamentação bem–sucedida, e a desilusão implica no fornecimento bem–sucedido de espaço para a ilusão" (idem, p. 307).

Turner localiza a importância da ilusão para Winnicott e a mudança do termo na história da língua, e também a ligação de Winnicott e Milner com a tradição inglesa do romantismo. Ele enfatiza a diferença entre Milner, em seu artigo de 1952, "Aspectos do simbolismo na compreensão do não–self", revisado em 1955 como "O papel da ilusão na formação dos símbolos" (Milner, 1987) e o avanço de Winnicott nesse tema. Turner diz: "para Milner, a questão é o problema clássico de dois diferentes modos de pensar. Eu não quero negar a utilidade nem a verdade da tipologia de Milner, mas quero perguntar se a diferença é a única relação que podemos imaginar entre seus dois modos de pensar e ver". (2002)

Para Turner, a ênfase de Winnicott no espaço intermediário, belamente descrito como "uma área onde o self pode se misturar com as coisas do mundo" (2002), escapa do dualismo do relato de Milner, e Turner propõe Wordsworth como antecessor de Winnicott da coexistência destes modos de pensar (2002). "A ilusão no seu trabalho", alega Turner,

não constitui uma alienação da mente em relação à realidade; ao contrário, é a ponte entre elas, corroborando o sentido do poder criativo a partir do holding dado pelo ambiente. é a ilusão que cria o seio e depois o objeto transicional; gradualmente através da desilusão e da diminuição de intensidade isso se expande para o brincar da criança pequena... uma atividade intermediária do brincar como uma combinação inseparável de fantasia e de trabalho real, feita no mundo real, em tempo e espaço reais (.....)14

No volume Winnicott e o Paradoxo15, os pensadores franceses entrevistados sugeriram que, enquanto o objeto transicional, em si, era limitante e havia levado a todo tipo de excessos, o espaço transicional tem se provado um terreno muito mais fértil para uma elaboração. A ênfase, compartilhada de diferentes maneiras, está na necessidade de que algo mais esteja contido na idéia de "potencial" (e suas ligações com o brincar). Diatkine (1984/1999) diz:

Infelizmente, novas idéias marcantes são precocemente concretizadas por aqueles que não possuem seu gênio inventivo. Isto aconteceu no caso dos objetos ou espaços transicionais. Winnicott lançou, de modo impressionante, além daquilo que era dramaticamente interno ou externo, a idéia de um campo de catexias e atividades para as quais a questão [entre interno e externo] não se levanta. Hoje em dia, estes conceitos se tornaram uma espécie de valise para as mentes menos originais.

Pontalis (1984/1999), por exemplo, sugere que a mudança da primeira para a segunda versão foi a ênfase maior no espaço como oposto ao objeto, e isto produz a sua reiterada afirmação de que a atividade mental é significativa se não for apenas mental. Widlocher (1984/1999) fala da comunicação como não apenas comunicação de informação. Green (1984/1999) sintetiza:

Se o indivíduo aborda esta questão a partir do lado da fronteira entre o dentro e o fora, da área intermediária como área de interseção entre o fora e o dentro, na qual os problemas de influência, intrusão, separação, abandono, entram no jogo, nos limites das possibilidades do sujeito, pode–se compreender a importância do pensamento de Winnicott sem se prender ao aspecto anedótico do objeto transicional que, evidentemente, é algo com valor próprio, mas acima de tudo, tem um interesse na medida em que se refere ao espaço do qual faz parte e ao tempo em que começa a funcionar.

O brincar habita esta "zona intermediária", este espaço transicional, que é tão significativo nos processos do desenvolvimento através dos quais a criança começa a se relacionar, psicologicamente e somaticamente, com objetos no mundo externo. Mas igualmente significativa é sua importância na indicação dos processos do desenvolvimento que têm precedido os movimentos da criança na direção desse espaço: para se chegar à capacidade de habitar esta área intermediária/transicional e, depois, brincar, estão envolvidos os processos de ilusão e desilusão, que para Winnicott formam a base da relação mãe/bebê. Esta "terceira área" tem uma instrumentalidade ao mesmo tempo estrutural e desenvolvimental por permear todos os tipos de experiência cultural adulta. A experiência cultural, ele sugere, está localizada no "espaço potencial entre o indivíduo e o ambiente", um espaço de "experiências maximamente intensas" (...).

Em seu trabalho sobre o brincar, John Huizinga (1962) defende a inclusão do homo ludens às formulações descritivas homo sapiens e homo fabro, uma reivindicação pelo lugar fundamental do brincar na espécie humana. Huizinga (1962) descreve o brincar como uma atividade voluntária executada dentro de certos limites prefixados de tempo e espaço, contido por regras livremente aceitas, tendo uma finalidade em si mesmo, e acompanhado por um sentimento de tensão, alegria e a consciência de ser diferente da vida cotidiana. ("O brincar é sempre excitante; é excitante não devido ao fundo instintivo, mas pela precariedade que lhe é inerente". [cf. Winnicott 1971a/1975, p.71]). Huizinga (1962) vê o brincar como fundamental. é um tesouro retido na memória, que pode ser repetido a qualquer momento. Esta faculdade de poder ser repetido é uma de suas qualidades mais essenciais. Brincar é um fenêmeno cultural, mas é também uma nova criação da mente à qual podemos voltar e, de fato, voltamos.

Isso ecoa os pensamentos de Winnicott sobre o brincar, conforme eles aparecem em "O brincar: uma exposição teórica" e "O brincar: a atividade criativa e a busca do Eu (self)", capítulos três e quatro de O Brincar e a Realidade (1971a/1975). Ele também enfatiza o brincar como voluntário, primário, e relacionado a uma condição particular da mente. Seu relato liga o mundo da experiência infantil com o mundo da arte e cultura, fazendo com que as formas mais tardias dependam e se desenvolvam a partir das mais primitivas. O brincar e a experiência cultural podem receber uma localização, que é tanto na mente quanto fora dela, uma localização associada com a área intermediária da experiência (mas onde a experiência ocorre), que não pertence nem ao mundo externo da realidade nem ao mundo interno da pessoa, mas participa de ambos. Esta área intermediária da experiência é onde o brincar acontece e a possibilidade de sua existência "ali", a possibilidade de alguém ser capaz de brincar ali (e, portanto, em outras partes) se desenvolve a partir do espaço potencial entre a criança e sua mãe, o qual surge, "quando a experiência já produziu na criança um alto grau de confiança na mãe que não falhará em estar ali se for subitamente requisitada." Os processos que se iniciam naquele espaço, um espaço criado na base da experiência, inicialmente, o espaço da ilusão, tornam possível para uma pessoa viver criativamente, participando e se tornando uma arena livremente demarcada pelo termo "cultura", e engajando–se na psicanálise, "que é uma forma altamente especializada de brincar, a serviço da comunicação consigo mesmo e com os outros."

Ao utilizar a palavra "cultura", estou pensando na tradição herdada, e em algo que pertence ao lugar comum da humanidade, para o qual indivíduos e grupos podem contribuir, e do qual todos nós podemos fruir, se tivermos um lugar para guardar o que encontramos (1967b, p. 138).

Esta noção de ter um lugar para colocar o que encontramos, engloba, parece–me, duas áreas distintas, embora relacionadas. Uma seria um tipo particular de experiência interna e disposição, e a outra seria o conhecimento do produto cultural e a condição de usá–lo. Conhecer e experimentar alguma coisa também depende de conhecer o campo. Conhecer o campo também quer dizer conhecer o modo de fazer uso daquele campo. A arte, como fenêmeno do intermediário, pode proporcionar algo fundamental através da sua aproximação do externo e do interno, mas sua disponibilidade para tal uso depende de haver algum lugar dentro de nós para "colocar" a experiência. Conhecimento e familiaridade são aspectos de ter um lugar (um lugar interno) para ambos, o artista e o espectador, colocarem o objeto simbólico, que está imbuído com a criatividade de um ou vários participantes, enquanto, simultaneamente, tem a capacidade de engajar o outro, isto é, de evocar a capacidade do outro de se envolver, usando a capacidade para seus próprios propósitos internos.

Esta capacidade não é apenas a condição de ser capaz de usar e desfrutar do mundo da arte e do mundo comum e seus prazeres, mas é também a condição de ser capaz de entregar–se, em profundidade, ao processo de análise. Alguns de nossos pacientes e alguns de Winnicott mostram–nos as restrições e os empobrecimentos resultantes de patologias que se originam de problemas nesses processos muito primitivos. Talvez seja bem mais difícil registrar o impacto, no consultório, dos processos comuns de cuidados infantis que levam à saúde normal, o que quer dizer, à elaboração de uma teoria das condições primitivas que produzem a saúde, o indivíduo saudável e o lugar da arte e da experiência intermediária facilitando uma continuidade de encontro com o self, que é distintivo do trabalho de Winnicott nesta área.

 

Referências

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Winnicott, D. W. (2000). Textos selecionados — da pediatria à psicanálise. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1958; respeitando–se a classificação de Huljmand, temos 1958a. Título original: Collected Papers — Through Pediatrics to Psycho– Analysis)

 

 

Endereço de correspondência
E–mail: lesley@pyrland.demon.co.uk

Recebido em julho de 2007
Aceito em Agosto de 2007

 

 

* Lesley Caldwell faz parte da Sociedade Britânica de Psicanálise (BPA), da Associação Psicanalítica Internacional (IPA) e é psicanalista clínica particular. é também editora da Winnicott Trust e das séries monográficas de estudos winnicottianos da Fundação Squiggle. Com Angela Joyce, ela está escrevendo um livro sobre Winnicott para uma coleção de estudos psicanalíticos da New Library. Sua mais recente publicação foi Sexo e sexualidade numa perspectiva winnicottiana (2005) e Winnicott e a tradição psicanalítica, a ser publicado no começo de 2007.
**Tradução de Katia Gomes/Revisão técnica: Elsa Oliveira Dias e Ariadne Rezende Engelberg de Moraes
1 Nota dos revisores da tradução: Na medida do possível, tentou–se localizar as páginas das citações feitas pela autora nas edições brasileiras dos livros de Winnicott. Algumas referências feitas pela autora que constam no corpo do texto, logo após a citação, em especial de outros autores que não Winnicott, foram transformadas em notas de rodapé e nem sempre foi possível achar os equivalentes das páginas nas traduções brasileiras. Foi assinalada a autoria das notas de rodapé que são, não da autora, mas do tradutor ou dos revisores.
2 Cf. Aguayo 2002, para uma discussão disto no período que precedeu o trabalho em discussão aqui.
3 Reeves 2007,comunicação pessoal.
4Comunicação pessoal, 2007. Para informações posteriores sobre o assunto, ver Fulgencio, 2007.
5 O que estava em pauta na passagem clínica relatada por Winnicott era o significado da hóstia, se se tratava de fato de comer o corpo de Cristo ou se se tratava de um símbolo. Cf. 1958a, p. 322 (nota do tradutor).
6 O tradutor de Da pediatria à psicanálise (1958a), Davy Bogomoletz, acrescenta um esclarecimento à nota de rodapé de Winnicott, citada por Caldwell, dizendo que a expressão "wool gathering" significa, literalmente, juntar lã, no sentido de devanear (nota do tradutor).
7 Na verdade, o título é: Um estudo da primeira posse Não–eu.
8 O título do item em português é "Relação com o objeto interno (Klein)", 1971a, p. 24.
9 Cf. 1958a, p. 316, nota 2.
10 Os itálicos, nesta citação de Winnicott, são da autora deste artigo, Lesley Caldwell.
11 Reeves, comunicação pessoal, 2007 (nota da autora)
12 Esta passagem de Winnicott está em 1945f[1944], p.138 (nota do tradutor).
13 Não há referência a esse texto de Winnicott nas edições brasileiras e não foi possível encontrar a referência, mencionada pela autora, na tradução do livro de Jan Abram.
14 A autora não fornece, com relação a esta citação de Turner, referência bibliográfica precisa.
15 Clancier & Kalmanovich, 1984.

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