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Mental

Print version ISSN 1679-4427On-line version ISSN 1984-980X

Mental vol.2 no.2 Barbacena June 2004

 

EDITORIAL

 

Este número da revista Mental homenageia o movimento modernista. Traz na capa foto do painel As Fiandeiras, de Candido Portinari, que está na cidade mineira de Cataguases. No centenário de seu nascimento, lembramos que a obra de Portinari é testemunho e retrato da alma do povo e da vida brasileira, nos oferecendo preciosas indicações sobre a cultura, o drama e as esperanças de nossa gente.

Cataguases está visceralmente associada aos primórdios do modernismo. Cabe recordar que um dos primeiros longa-metragens nacionais foi exibido em 1926 naquela cidade, autoria de Humberto Mauro e Pedro Comello. Outro fato relevante foi a criação da revista Verde. Fundamental para a divulgação e o reconhecimento do movimento modernista, foi editada, com interrupções, entre 1927 e 1929, merecendo referências das maiores autoridades da história da literatura brasileira.

Interessa-nos especialmente dois aspectos considerados essenciais pelos modernistas: a liberdade de expressão e a busca de uma identidade nacional.

A revista Mental tem acentuada preocupação com os processos de subjetivação relacionados com o campo da saúde mental. As análises do universo simbólico no qual estamos inseridos tornam-se de extrema importância.

Esse periódico almeja tornar-se um espaço privilegiado para a interlocução. Divulgando ensaios, frutos de reflexão e pesquisa, pretende se consolidar como um solo fértil para o exame de problemas que raramente seriam tratados em outras conjunturas. A Psicologia tem se voltado cada vez mais para temas polêmicos e urgentes do cenário sócio-cultural contemporâneo.

No que concerne à Mental, um rápido olhar pelo sumário desta edição nos revela um panorama dessa preocupação com os temas urgentes de nossa realidade: abrimos nossa publicação com o comentário sobre os 25 anos da implantação da Lei 180 na Itália, que influenciou decisivamente a reforma psiquiátrica brasileira. Outro artigo, gentilmente cedido para a Mental pelo Prof. Delacampagne, aborda a contestação antipsiquiátrica e seus desdobramentos atuais. A crise da identidade na pós-modernidade, a intervenção com adolescentes infratores, a formação do psicólogo educacional, o acompanhamento terapêutico na clínica das psicoses, e a evolução do conceito de cura na obra de Freud completam esse segundo número da revista, que traz aos nossos leitores um cenário de experiências inovadoras que convergem para articulações entre teoria e prática.

Os ensaios revelam a ampliação dos horizontes do exercício da Psicologia e, a exemplo dos modernistas, fundam-se em marcada preocupação com a realidade nacional. Assim, temos questões relevantes de nosso cotidiano sócio-cultural ganhando visibilidade e abordagem em novas perspectivas epistemológicas e clínicas. A universidade, dessa forma, constitui-se numa morada que — por meio da livre expressão, imprescindível para sua sobrevivência —, propicia a produção de conhecimentos necessários à nossa sociedade.

 

Fuad Kyrillos Neto
Editor responsável

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