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Mental

versión impresa ISSN 1679-4427versión On-line ISSN 1984-980X

Mental v.6 n.10 Barbacena jun. 2008

 

ARTIGOS

 

O processo de amamentação e suas implicações para a mãe e seu bebê

 

Breastfeeding and its implications for the mother and child

 

 

Paulo José da Costa1 ; Bárbara Moreira do Espírito Santo Locatelli 2

Universidade Estadual de Maringá

 

 


RESUMO

Nosso objetivo foi discutir as implicações da amamentação, considerando os diversos fatores que a tornam um fenômeno multidimensional, cujos efeitos têm conseqüências significativas para a mulher/mãe e seu bebê, particularmente no desenvolvimento emocional e na saúde mental da dupla. Além dos elementos encontrados na literatura, utilizamos uma vinheta clínica que, além de ilustrativa, contribui para a discussão por destacar os aspectos que confluem para uma situação complexa, com capacidade de interferência na freqüência e na duração da amamentação. Destaca-se o risco de reduzir o fenômeno a alguns de seus determinantes, sendo fundamental a compreensão ampla e profunda para se ter condições favoráveis de pensar ações mais efetivas no campo da intervenção, levando em conta também a singularidade da pessoa.

Palavras-chave: Amamentação, Função materna, Mulher/mãe, Maternidade, Relação mãe-bebê.


ABSTRACT

The aim of this work is to discuss the implications of breastfeeding considering the various factors that is make a multidimensional phenomenon, with significant effects on mother and child, particularly on their emotional development and mental health. Apart from the elements found in the literature, a clinical vignette was used, that, besides being illustrative, contributes to the discussion by highlighting aspects converging to a complex situation, capable of interfering in the frequency and duration of breastfeeding. The risk of reducing this phenomenon to some of its determiners is emphasized and a deep undertanding of this issue is fundamental to allow more effective interventive actions, also taking into account the individual.

Keywords: Breastfeeding, Maternal function, Woman/mother, Maternity, Mother-child relationship.


 

 

INTRODUÇÃO

O propósito do presente trabalho foi discutir as implicações da amamentação, considerando os múltiplos fatores que a tornam um fenômeno multidimensional, configurando-se em um processo cujos efeitos têm conseqüências significativas para a mulher/mãe e seu bebê, particularmente no desenvolvimento emocional e na saúde mental da dupla.

Para tanto, recorremos à literatura, resgatando os diversos elementos que configuram esse fenômeno, destacando os aspectos que indicam a importância da amamentação nas suas múltiplas perspectivas, bem como utilizamos uma vinheta clínica que, além de ilustrativa, contribuiu para a discussão acerca da complexidade inerente a todo esse processo.

 

A IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO

O Ministério da Saúde do Brasil (MS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em consonância com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), enfatizam a importância do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida do bebê, e sua complementação, a partir de então, com outros alimentos e sua manutenção pelo menos até o segundo ano de vida (BRASIL, 2002; OPAS, 2003), sendo este considerado o método de alimentação por excelência para o bebê, por sua contribuição eficiente para a saúde da criança (GAMBURGO et al., 2002; REZENDE et al., 2002; OPAS, 2003; VANNUCHI et al., 2004; VASCONCELOS et al., 2006).

Esta ênfase na amamentação baseia-se em inúmeros estudos que indicam os benefícios do leite materno para o bebê, considerando-o o alimento ideal, por suas vantagens nutricionais. Ele propicia um crescimento saudável, favorece a redução da mortalidade infantil e exerce papel importante no funcionamento imunológico contra infecções e outras doenças comuns na infância, sendo fator prioritário para a promoção e a proteção da saúde infantil (SILVA, 1994; ALMEIDA e GOMES, 1998; BAYONA, 1999; COTRIM et al., 2002; ESCOBAR et al., 2002; OPAS, 2003; CARRASCOZA et al., 2005; SANTOS et al., 2005; SPYRIDES et al., 2005).

Na literatura também são indicados como benefícios relacionados à amamentação: a economia gerada pela redução de custos com alimentação (RAMOS e ALMEIDA, 2003; CARRASCOZA et al., 2005; VASCONCELOS et al., 2006); as importantes implicações também para a saúde materna, favorecendo a recuperação pós-parto, a involução uterina e a diminuição do sangramento; a redução na probabilidade de incidência de câncer de mama; e o maior espaçamento entre as gestações (ALMEIDA e GOMES, 1998; BITTENCOURT et al., 2001; COTRIM et al., 2002; OPAS, 2003; CARRAZCOZA et al., 2005)

Há também registros de que a amamentação, ou aleitamento materno natural, propicia vantagens do ponto de vista odontológico e fonoaudiológico, por favorecer as habilidades motoras orais do bebê, que possibilitam efeitos importantes à adequação do crescimento e desenvolvimento craniofacial e dos órgãos fonoarticulatórios, servindo de base para a prevenção de problemas nessas áreas (REBÊLO e GRINFELD, 1995; CATTONI et al., 1998; LEITE et al., 1999; FORTE et al., 2000; COTRIM et al., 2002; GAMBURGO et al., 2002; BAYARDO et al., 2003; NEIVA et al., 2003; NASCIMENTO e ISSLER, 2003; COSTA JÚNIOR e MORAES, 2005; OLIVEIRA et al., 2006).

Além das vantagens de cunho biológico, nutricional e econômico da amamentação destacadas anteriormente, existem alguns estudos que se referem à contribuição do aleitamento materno para o desenvolvimento global e saudável do bebê (ALMEIDA e GOMES, 1998; SANDRE-PEREIRA et al., 2000; COTRIM et al., 2002; ESCOBAR et al., 2002; OPAS, 2003) e para o adequado desenvolvimento psicomotor, cognitivo e afetivo da criança (ESCOBAR et al., 2002; ICHISATO e SHIMO, 2002; BAYARDO et al., 2003; OPAS, 2003; ARAÚJO et al., 2004; CARRASCOZA et al., 2005; CARRASCOZA et al., 2005). Esta contribuição se dá, sobretudo, pela via dos processos complexos inerentes à amamentação, os quais, por sua vez, favorecem o fortalecimento da relação afetiva entre a mãe e seu filho, estimulando e reforçando o vínculo mãe-bebê (KUMMER et al., 2000; SANDRE-PEREIRA et al., 2000; ESCOBAR et al., 2002; GAMBURGO et al., 2002; SANTOS et al., 2005; VASCONCELOS et al., 2006).

Tendo em vista essa perspectiva da importância da amamentação para o desenvolvimento, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento emocional, recorremos às proposições de Donald Wood Winnicott como subsídio à presente discussão.

 

ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES WINNICOTTIANAS

Segundo Winnicott (1994), a amamentação pode se constituir em uma vivência significativa tanto para a mãe quanto para o seu bebê, tendo-se em vista que o contato do seio materno com a boca da criança favorece uma experiência de intimidade e união, propiciando assim satisfação, prazer e sensação de completude para a dupla envolvida. Contudo esta vivência somente se torna possível quando, efetivamente, a mãe possui o desejo real e a disponibilidade interna para amamentar (WINNICOTT, 1982, 1994).

Mesmo considerando que a mãe tem inúmeras outras possibilidades para estabelecer um contato íntimo com seu bebê, para Winnicott (1994) a amamentação, quando bem-sucedida, favorece o estabelecimento de um vínculo muito especial.

Ao nascer, o bebê ainda não está constituído psiquicamente, o que requer que o ambiente – de modo preferencial a mãe – apresente condições suficientes de continência que lhe proporcionem a experiência de plenitude e de “sustentação”, a qual Winnicott (1983) denominou de holding, em vista de a criança se encontrar, no início da vida, em um estágio de dependência absoluta, em que demanda um vínculo fusional com a figura materna. À medida que se estabelece tal condição, progressivamente o bebê se desenvolve para o que o autor chama de dependência relativa, na qual ele precisa diminuir gradativamente o vínculo fusional, para se libertar da necessidade da presença contínua da mãe e atingir o estágio de independência, no qual se percebe, então, como um ser separado da mãe, diferenciando algo interior a si mesmo de algo que lhe é exterior.

A partir dessas considerações é possível perceber o quanto a amamentação contribui para o desenvolvimento do bebê, desde o estágio de dependência absoluta, por incrementar o caráter fusional do vínculo, em que a díade mãe-bebê se configura numa unidade (WINNICOTT, 1983, 1990, 1994), até o estágio da independência, que se consolida progressivamente, favorecido pelo afastamento gradativo da mãe, afastamento que inclusive se inicia pela maior regulação das mamadas, pelas frustrações e falhas maternas, que são inerentes e necessárias para que o bebê amplie seu potencial, tornando-se um sujeito que se comporte mais ativamente e consolide seu desenvolvimento (WINNICOTT, 2000).

Para Winnicott (1983), a passagem por esses estágios e, especialmente, a qualidade das experiências que lhes são inerentes têm importância inequívoca para o desenvolvimento emocional saudável do bebê. Vale ressaltar que, de acordo com o autor, o ambiente suficientemente bom (no início representado pela mãe) e o potencial herdado constitucionalmente são dois aspectos fundamentais e correlacionados no processo de desenvolvimento. Entretanto, o segundo é dependente do primeiro, sendo este um facilitador, ou não, do potencial herdado (WINNICOTT, 1983, 1990).

Para que se estabeleça um vínculo adequado entre a mãe e seu bebê são necessárias certas condições, destacando-se inicialmente uma especial sensibilidade materna, que Winnicott (2000) chamou de “preocupação materna primária”, que seria um estado psíquico da mãe, de extrema sensibilidade, que permite a ela intensa identificação com seu filhinho e disposição interna para suprir-lhe as necessidades e os cuidados fundamentais. Geralmente esse estado especial se apossa da mãe no período final da gestação e permanece nela durante as primeiras semanas depois do parto, dissipando-se gradativamente.

É esse estado de “adaptação plena” da mãe ao seu bebê que permite a existência de um ambiente suficientemente bom para o lactente, tão necessário ao recém-nascido no estágio de dependência absoluta. Esse ambiente promove também as condições para a passagem ao estágio da dependência relativa, culminando posteriormente na independência, imprescindível ao pleno desenvolvimento. Todavia, de acordo com Winnicott (2000), tal estado de extrema sensibilidade também pode ser alcançado por outras pessoas que se envolvam com o bebê a ponto de se identificarem com as necessidades dele.

Devido à fragilidade inicial do bebê, na confluência do ambiente suficientemente bom (inicialmente representado pela mãe) e do potencial herdado, ele necessita que a realidade externa lhe seja apresentada aos poucos. As condições favoráveis da mãe é que permitem respeitar os progressivos descobrimentos por parte do bebê, sem que a realidade lhe seja imposta antes do momento para o qual esteja preparado, para que possa descobrir o mundo por si mesmo, de acordo com suas condições desenvolvimentais (WINNICOTT, 1983, 2000).

Considerando os aspectos mencionados, a amamentação, quando bem-sucedida, pode ser concebida como um elemento que facilita a função materna de se colocar em sintonia com o bebê, atendendo às suas necessidades primordiais e contribuindo para que ele desenvolva a capacidade de estabelecimento de relações objetais; capacidade que se ampliará do objeto materno para o mundo exterior, norteando, inclusive, seus futuros relacionamentos.

Evidentemente, o ato de amamentar não pode se constituir exclusivamente como garantia de vínculo adequado entre a mãe e seu bebê; contudo é possível conceber a amamentação como sendo de importância fundamental para o estabelecimento desse vínculo, considerando-se a multiplicidade de vivências sensoriais que são inerentes ao bebê, a que se somam os significados e as representações psíquicas correlacionadas (MONTEIRO, 2003). A própria sensorialidade do contato físico na amamentação aumenta a possibilidade de se estabelecerem oportunidades de conhecimento mútuo e intimidade entre os membros da dupla (ALFAYA e SCHERMANN, 2005).

Embora tenha enfatizado tanto a importância da amamentação, Winnicott (1994) pondera que o sentimento de obrigação de amamentar, o convencimento ou a imposição dessa prática às mães podem trazer mais prejuízos do que benefícios, em função de se organizar um espaço de conflito e ansiedade, principalmente para aquelas mães que se sintam impossibilitadas de amamentar, por inúmeras razões internas e, ou, externas, conscientes ou não. Nestes casos, isso poderia funcionar como um dos elementos que contribuiriam pa-ra dificultar a prática da amamentação prazerosa, gerando condições desfavoráveis ao estabelecimento do tipo de vínculo necessário entre a mãe e o seu bebê.

 

VINHETA CLÍNICA

Os pais de um menino de 7 anos, que chamaremos pelo nome fictício de João, procuraram atendimento psicológico para seu filho, apresentando como queixa o fato de ele ser hiperativo, motivo pelo qual, por indicação de um profissional da área médica que o acompanhava, passara a fazer uso de medicação. Segundo a mãe, João sempre fora uma criança muito agitada e desatenta, que não conseguia ficar um minuto quieto. Essa situação o prejudicava na escola, pois não conseguia parar e realizar as atividades escolares, além de não conseguir prestar atenção. Esse menino era o segundo dos três filhos do casal.

Não obstante, nosso foco neste estudo não é propriamente João, mas particularmente sua mãe, que, acompanhada de seu marido, fala desse filho, de sua amamentação e de seu desmane, durante as entrevistas iniciais. Portanto, tendo em vista o propósito do presente estudo e o espaço limitado, não discutiremos o caso da criança, pois a situação de João não se resume no que aqui é apresentado, existindo inúmeros outros fatores que influenciam o seu quadro clínico. Apenas fizemos um recorte, ressaltando os aspectos relacionados à amamentação, centrando-nos na mãe.

De acordo com os pais, a concepção desse segundo filho não foi planejada, e com a confirmação da gravidez ficaram “desesperados”, pois o filho mais velho tinha apenas 8 meses de vida. Enfaticamente afirmaram que não esperavam ter outra criança naquele momento, e levaram “um susto” quando descobriram a gravidez. Contudo, acrescentaram que, passado o impacto inicial, ficaram muito felizes com a vinda do novo bebê, que este nunca foi rejeitado e que não ficaram tristes quando descobriram o seu sexo. Entretanto, quando João nasceu, o pai e a avó levaram “um susto” com sua aparência física, particularmente com certas características do cabelo, por ser muito diferente do irmão mais velho.

O pai acrescentou que possuía uma teoria sobre o motivo pelo qual João era tão agitado. De acordo com seu entendimento, João, de certa forma, fora um intruso na família, já que as gravidezes dos outros filhos do casal haviam sido planejadas, e a dele não. Imediatamente após o pai expressar sua opinião, a mãe rapidamente interviu, demonstrando certa apreensão, discordando do marido e dizendo acreditar que o filho sempre foi muito amado e nunca foi rejeitado por não ter sido planejado. O pai manifestou sua concordância de que o filho sempre fora muito amado, mas reafirmava sua hipótese.

O casal comentou ainda que João, desde que nasceu, era um bebê que chorava muito e se agitava, requisitando, na compreensão deles, permanecer no colo dos pais o tempo todo, dando muito trabalho principalmente para a mãe. Nos momentos em que o menino chorava, os pais faziam de tudo para acalmá-lo, chegando a permanecer a noite inteira com ele no colo. Em função disso, a mãe se sentia muito angustiada e um pouco agitada, sem saber mais o que fazer. Foi quando ela percebeu a necessidade de solicitar às suas irmãs, tias de João, que a ajudassem a cuidar dele.

A mãe afirmava acreditar que o constante choro do filho e sua agitação haviam-na deixado “muito nervosa”, e isso, na opinião dela, fez com que o leite materno secasse definitivamente, tendo João sido amamentado por aproximadamente quatro meses. Após esse período ele não apresentara nenhuma dificuldade em aceitar outras formas de alimento.

 

DISCUSSÃO

Obviamente, nesta discussão levantaremos alguns pontos que julgamos relevantes para a presente reflexão, sem, contudo, desconsiderar que outras possibilidades também sejam significativas, mas que aqui não serão abordadas, em vista do recorte adotado para o objetivo que nos propusemos. Desse modo, os aspectos que serão abordados são conjecturas que têm sua origem no exercício do pensamento clínico, com uma função muito mais ilustrativa do que conclusiva.

Centrando-nos na mãe de João, é possível pensar que o desmane por volta dos quatro meses tenha resultado de uma confluência de fatores. O constante choro e agitação do bebê, as noites mal-dormidas que passou com ele no colo, por exemplo, são indicadores de vivências estressantes, que geraram cansaço e propiciaram um esgotamento físico. Este esgotamento também se expressou de modo concreto com a diminuição drástica do leite materno, que “secou”. Entretanto, há indícios de vivências intrapsíquicas que contribuíram para esse desfecho, tendo-se em vista que, na opinião da mãe, o fato de ficar “muito nervosa” contribuiu para o desmane.

O fato de ficar “muito nervosa”, principalmente se tomarmos o conjunto do discurso da mãe, indica a vivência de tensões psíquicas crescentes, que se expressaram em níveis insuportáveis de ansiedade, angústia, sentimentos ambivalentes e de culpa, culminando provavelmente no sentimento materno de não se sentir capaz de cuidar, nem com condições suficientes para nutrir o seu bebê.

O esgotamento físico e psíquico vivenciado pela mãe parece se iniciar com a descoberta da gravidez, quando os pais ficaram “desesperados”, levaram “um susto”. Embora tenham afirmado que, passado o impacto inicial, sentiram-se felizes com o novo bebê, que nunca o rejeitaram e sempre o amaram, as marcas das experiências iniciais parece que se fizeram presentes com maior sobrecarga para a mãe. Talvez a insistência em afirmar os elementos positivos em relação à gravidez de João não seja somente uma maneira de evidenciar que se modificaram seus sentimentos, suas percepções quanto ao filho, mas também a tentativa de lidar com as marcas psíquicas deixadas, particularmente na mãe, pelas experiências “negativas” iniciais, como que tentando apagá-las.

Ademais, além das intensas vivências emocionais durante a gravidez, com o nascimento do bebê há um novo “susto” por parte do pai e da avó quanto à aparência física de João, diferente do irmão mais velho. Esse “susto”, que em princípio não foi da mãe, provavelmente teve repercussões no psiquismo materno, tendo-se em vista que ele supõe, mesmo que de modo disfarçado, a existência de certa desconfiança que recai sobre ela.

Se considerarmos que a gravidez e o parto são eventos muito significativos na vida de uma mulher, por si só mobilizadores de profundas vivências psíquicas na mãe e responsáveis por toda uma reestruturação no psiquismo materno em função das novas condições, acrescentando-se a isso o clima emocional que envolveu a gravidez de João, acreditamos ter evidências de que a mãe se encontrava muito fragilizada quando o bebê nasceu. Esse encontro inicial da dupla parece ter ocorrido em condições desfavoráveis.

Por outro lado, o bebê, dadas as circunstâncias, supostamente não encontrou um ambiente suficientemente bom que pudesse ter facilitado a confluência com o seu potencial herdado, propiciando um estado de grande tensão e ansiedade contínua, sem conseguir encontrar uma condição de acolhimento para as suas angústias de aniquilamento. A agitação, o choro constante, as dificuldades em relação ao sono, parecem expressar essas vivências precoces, com implicações significativas na vida do menino.

Não se trata de estabelecer relações de causa e efeito, mas de tentar entender a complexidade das condições em que ocorreu o encontro entre João e sua mãe. De um lado, uma mãe sobrecarregada de situações conflituosas, tanto na realidade externa quanto na intrapsíquica; de outro, um bebê que não encontra condições que lhe sejam favoráveis, em termos de um ambiente suficientemente bom, sem uma figura materna que lhe possibilite a sustentação para sua frágil constituição psíquica emergente. Portanto, não se estabeleceu um estado de adaptação plena, que criasse as condições de uma vivência adequada da dependência absoluta, tão necessária para a consolidação tanto do exercício suficientemente bom da função materna quanto do vínculo de João com sua mãe, o que favorecesse outra expressão relacional.

A amamentação, nesse caso, parece ter sido mais uma fonte de tensão para a dupla do que uma contribuição ao estreitamento dos laços afetivos que permitissem a construção de uma experiência emocional positiva, culminando, inclusive, com o desmame precoce.

Aliás, o desmame, como conseqüência do leite que “secou”, parece concretizar as dificuldades intrapsíquicas vivenciadas por essa mãe, como expressão de seus sentimentos, entre outros, relacionados a se sentir incapaz de dar conta das necessidades de seu bebê. Nessa configuração, o fato de ter solicitado ajuda às suas irmãs, tias de João, para que cuidassem dele, remete a um duplo pedido de auxílio: para si e para o seu bebê. Por essa perspectiva, a mãe provavelmente não se sentia assistida em suas dúvidas, dificuldades e angústias, tanto por parte do contexto externo, que não lhe proporcionava condições objetivas, quanto de suas particularidades subjetivas.

A partir das contribuições de Winnicott (1982, 1983, 1990, 1994, 2000), anteriormente apresentadas, podemos presumir que, além dos aspectos materiais e contextuais da realidade objetiva que cercam a dupla mãe-bebê, também os fenômenos intrapsíquicos influenciam de modo significativo tanto o desempenho da função materna quanto o processo de amamentar propriamente dito, até porque, dependendo da configuração que se estabeleça no psiquismo materno, fenômenos intrapsíquicos podem dificultar e, inclusive, impedir o adequado exercício da função materna e da amamentação, embora a mãe o possa desejar e se esforçar conscientemente para isso. Portanto, no que se refere à amamentação, a percepção consciente do desejo e da importância de amamentar, embora seja um dos fatores essenciais para que isso aconteça, nem sempre consegue ser suficiente para a sua concretização de modo eficaz e prazeroso para a mãe e seu bebê. Por isto é que os mecanismos fisiológicos relacionados à amamentação são profundamente influenciados pelo estado emocional da mãe, o que reforça a importância dos processos psíquicos inconscientes para que esta experiência possa ser favorecida (MONTEIRO, 2003).

Sendo assim, é possível conjeturar que não podemos generalizar a capacidade e disponibilidade para amamentar, sem levar em consideração inúmeros fatores, desde aqueles contextuais até os aspectos intrapsíquicos da mãe, pois, nessas condições, a mulher precisa vivenciar a possibilidade de se sentir assistida em suas dúvidas, dificuldades e angústias, tanto pela perspectiva das circunstâncias objetivas do contexto em si quanto de seus estados subjetivos particulares (FALEIROS et al.., 2006).

Nesse entrecruzamento de múltiplos fatores inerentes à amamentação, mesmo quando há genuína disponibilidade e desejo da mãe em amamentar, freqüentemente podem se manifestar sentimentos ambíguos e contraditórios (ALMEIDA e GOMES, 1988), em função de essa experiência, por inúmeras razões, se apresentar como dolorosa do ponto de vista físico e psicológico (REZENDE et al.., 2002).

Se nas condições mais favoráveis essas manifestações podem se expressar, naquelas em que a mãe, em relação à gravidez, enfrenta dificuldades em investir afetivamente no seu bebê, por razões muitas vezes não compreendidas por ela, essas expressões ganham contornos ainda maiores, amplificando o incômodo físico e psíquico, com intensificação do sofrimento, que se associa à vivência de intensa frustração e culpa (SANDRES-PEREIRA et al., 2000; SALES et al., 2006).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando as propriedades e os benefícios do leite materno, é inegável a importância do aleitamento, sendo necessário desenvolver ações para implementar as condições favoráveis à amamentação. Entretanto, essa prática se configura a partir não somente de determinantes biológicos, mas também da confluência de aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais e psíquicos (ALMEIDA e NOVAK, 2004). Esta abordagem concebe a amamentação como um fenômeno multidimensional, resultante da interação entre tantos fatores que confluem para uma situação complexa, com capacidade de interferência tanto na freqüência quanto na duração dessa prática (NAKANO, 2003; VASCONCELOS et al., 2006). Portanto, é compreensível a ênfase no incentivo à amamentação, de modo a contribuir para o estímulo e a promoção do aleitamento materno (ALFAYA e SCHERMANN, 2005).

Para isso, é fundamental que a mulher-mãe tenha acesso facilitado a serviços de saúde de qualidade e às informações necessárias para suprir os possíveis desconhecimentos existentes acerca do processo de amamentar (ESCOBAR et al., 2002; VASCONCELOS et al., 2006). Contudo, sabe-se que o acesso às informações e ao conhecimento sobre as propriedades do leite materno, seus benefícios e sua importância não é suficiente para promover, na mãe, uma atitude favorável e uma prática adequada (SANDRE-PEREIRA et al., 2000; REZENDE et al., 2002).

Finalmente, embora as informações e o conhecimento desses aspectos obtidos junto às equipes de saúde e campanhas informativas sejam importantes (e cumpram sua função positivamente em muitas mulheres), não é possível generalizar isso para a maioria das mães, sem correr o risco de reduzir o fenômeno a somente alguns de seus determinantes. É fundamental não perder de vista também os fatores contextuais nos quais a mãe esteja inserida, bem como seus aspectos intrapsíquicos, para que se possa ter condições mais favoráveis de pensar ações no campo da intervenção que sejam mais efetivas, por levarem em conta a singularidade de cada pessoa.

 

 

REFERÊNCIAS

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Artigo recebido em: 21/4/08
Aprovado para publicação em: 27/5/08

 

 

1 Professor Assistente do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC Campinas, Doutorando em Psicologia Clínica no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo com bolsa Capes, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Desenvolvimento Humano – DPI/UEM. Tel.: (44) 30317007 / (44) 30318273. Emails: pjcosta@uem.br / pjcosta@wnet.com.br
2 Psicóloga, ex-aluna do Curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá - UEM

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