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Mental

Print version ISSN 1679-4427On-line version ISSN 1984-980X

Mental vol.6 no.11 Barbacena Dec. 2008

 

RESENHA

 

A favela escrita de Carolina Maria de Jesus

 

 

Sandra Azerêdo

 

 

CASTRO, Eliana de Moura; MACHADO, Marília Novais da Mata. Muito bem, Carolina! Biografia de Carolina Maria de Jesus. Belo Horizonte: Editora C/Arte, 2007. 136 p.

Na pequena introdução da biografia de Carolina, Eliana de Moura Castro e Marília Novais da Mata Machado sugerem que a escreveram com o objetivo de desvendar os “mistérios” que cercam sua vida e, mais especificamente, de responder a perguntas relativas ao sucesso de seu livro Quarto de despejo, “editado oito vezes, em tiragens de 10 mil exemplares cada”, procurando saber também “por que Carolina tinha uma necessidade tão premente de escrever”. Parece que o que intrigou as autoras foi sobretudo essa escrita de uma mulher favelada. E negra. Escrita que, como elas relatam, teve muito sucesso, mas um sucesso muito breve – “no ano seguinte, ela já era carta fora do baralho” (p. 11). Para elas, é parte do mistério também Carolina ter sido “mais bem aceita” no exterior, especialmente nos Estados Unidos. O livro busca entender como “essa mulher negra, favelada, pobre e semi-analfabeta” (45), que catava papel nas ruas, escreveu um livro publicado em 14 países, sendo as primeiras traduções “curiosamente ... a dinamarquesa e a holandesa”.

Nessa busca de entender a escrita de Carolina, o livro se divide em nove capítulos, uma parte deles refaz seu percurso, desde a infância em Sacramento, interior de Minas Gerais, onde ela nasceu; passando por São Paulo, onde trabalhou como empregada doméstica; depois a favela do Canindé, às margens do Tietê, onde viveu grande parte de sua vida adulta e onde conheceu o repórter Audálio Dantas, que publicou Quarto de despejo; e, finalmente, o sítio em Parelheiros, interior de São Paulo, onde Carolina morreu, em 1977, aos 62 anos. Uma segunda parte dos capítulos se refere especificamente à escrita de Carolina: “Carolina e Audálio”; “o sucesso de Carolina”; “Carolina maldita”; “a obra de Carolina”; e “Carolina redescoberta”, que é o capítulo final.

As autoras fizeram um excelente trabalho de pesquisa, entrevistando uma série de pessoas que tiveram contato com Carolina, visitando lugares pelos quais ela passou, buscando documentos, inclusive fotos e manuscritos, produzindo assim um registro sociohistórico não apenas do Brasil da época de Carolina, mas do Brasil de hoje, onde a desigualdade permanece como uma questão urgente. Trata-se, pois, de um trabalho que deve ser lido, sobretudo porque, como indica o professor Jacyntho Lins Brandão, que apre¬senta o livro, “faltam trabalhos sobre a biografada” e o livro contém importan¬tes informações sobre Carolina. Além disso, a abordagem que as autoras fazem do trabalho de Carolina é de grande interesse, especialmente para a área de ciências humanas.

Essa abordagem, embora atenta ao contexto, privilegia os aspectos psico¬lógicos, e a análise da escrita de Carolina busca entender sua motivação para escrever em vez de considerar como a própria escrita funciona como um dado histórico, possibilitando o entendimento de seu contexto. No livro de Eliana e Marília, o contexto aparece mais como uma espécie de cenário que a personagem apenas registra em sua escrita. Isso fica especialmente claro na seguinte passagem da biografia:

A amargura do seu discurso, o pessimismo em relação ao futuro, as incertezas sobre a própria sobrevivência aparecem ao lado de uma apreciação lírica da paisagem, do céu azul, da noite estrelada. Sua capacidade de apreciar a beleza a impulsiona em direção à vida e à salvação. Brinca com suas próprias extravagâncias: “O céu já está salpicado de estrelas. Eu que sou exótica gostaria de recortar um pedaço do céu para fazer um vestido” (2007, p. 109).

Numa abordagem diferente, que considera o corpo como um artefato da escrita de Carolina, Gizelda Melo lê essa frase como uma forma de superação do corpo subjugado das mulheres da senzala, que, como escreve Gilberto Freire, servia para proporcionar aos jovens da casa grande “as primeiras sensações de ser homem”1. Trata-se de um corpo que não é mero organismo, servindo de suporte a um sujeito psicológico pronto e acabado, mas um corpo que ultrapassa fronteiras no sentido de recriar formas de resistência à dominação.

Nessa biografia, no lugar do entendimento da escrita de Carolina fica apenas “a certeza de que Carolina Maria de Jesus foi uma pessoa corajosa, independente e sobretudo fascinante”, como as autoras afirmam já na primeira página (11). Na última página do livro retornam à certeza: “de que ela será lembrada sempre mais, e a razão disso é que ela encanta e fascina seus leitores” (128), certeza que é “comprovada” pelas mensagens de adolescentes de uma pequena cidade do Kansas, no interior dos Estados Unidos, com as quais as autoras finalizam o livro: “‘Essa mulher Carolina Maria de Jesus foi sensacional’; ‘que pessoa forte e inteligente a Carolina Maria de Jesus foi’; ‘que sorte termos encontrado para nosso trabalho um assunto tão maravilhoso’” (128).

Nessa abordagem, ocorre uma cisão entre a escrita e o sujeito, que passa a ser o foco do estudo, se tornando “fascinante”, termo que pode ser entendido como se referindo a alguém inatingível, distante, do outro lado do rio (lembran¬do a belíssima cena do filme de Walter Salles sobre Che Guevara), que separa duas classes sociais distintas. Em outras palavras, o “fascinante” pode ser lido como o abjeto, que Judith Butler considera como relacionando-se “a todo tipo de corpos cujas vidas não são consideradas ‘vidas’ e cuja materiali¬dade é entendida como não ‘importante’”.2

Essa separação de classe social aparece no próprio título que Eliana e Marília escolheram para sua biografia: “Muito bem, Carolina!” Na escolha do título, como indicam as duas citações que servem de epígrafe ao livro, elas se colocaram, por um lado, no lugar daquele “público imaginário” (109), de “uma classe social da qual [Carolina] não faz parte” (107), pessoas de uma classe privilegiada, que compram livros, para quem, segundo elas, Carolina “fala diretamente ... pedindo aprovação” (109),

...Eu prefiro empregar o meu dinheiro em livros do que no álcool. Se você achar que eu estou agindo acertadamente, peço-te para dizer:

- Muito bem, Carolina!

Por outro lado, colocaram-se também no lugar do abjeto, cuja escrita é rejeitada por essas mesmas pessoas, que são as que não passam fome:

Quem não conhece a fome há de dizer: “Quem escreve isto é louco”. Mas quem passa fome há de dizer:

- Muito bem, Carolina!

Ao tentarem ocupar simultaneamente lugares de privilégio e de abjeção, que se constituem mutuamente através da separação, Eliana e Marília podem estar expressando o conflito e o incômodo que o encontro com a diferença produz. Talvez nesse aparente paradoxo esteja o maior interesse em ler o livro que escreveram sobre Carolina.

Em sua apresentação das primeiras edições de Quarto de Despejo, Audálio Dantas conta uma história sobre essa tensa relação com a diferença que tem a ver com nossa dificuldade de entender a favela, esse lugar onde despejamos nossos próprios detritos, produzindo os favelados, de modo a nos constituirmos como pessoas “de bem”, não mais nos reconhecendo nesse exterior constitu¬tivo, passando a olhá-lo com repugnância.

Ou não quer entender verdade verdadeira. Se a gente entendesse, a favela não estava plantada lá na beira do Tietê. Já que está, o melhor é a gente fechar os olhos e tampar os ouvidos. Convém.

São eles que entendem – os que moram lá e se degradam lá, na fome, na lama, no lixo, na cama. Tem menino barrigudo que entende mais do que a gente. Tem. Até cachorro magro entende mais. Só que eles não dizem nada. (...) Carolina Maria de Jesus é quem diz e escreve3.

Quarenta e cinco anos depois, em entrevista com as autoras, Dantas critica essa apresentação como tendo sido “muito emocional”. Mas ainda reafirma a importância da escrita de Carolina sobre sua experiência da favela. Segundo elas, Dantas ainda considera que “o seu principal trabalho jornalístico foi o lançamento do livro Quarto de despejo”. E completa que “o importante é o texto dela. Eu faço a introdução e o restante é o texto dela. É o diário dela. Aí é que está a importância do trabalho” (2007, p. 52, grifos meus). Imagino que quando critica sua própria escrita, Dantas esteja se referindo à ansiedade provocada pelo encontro com o abjeto, que o tornou “muito emocional”. E quando, depois de todos esses anos, continua valorizando a escrita de Carolina sobre sua experiência de abjeção, Dantas talvez esteja mostrando que o abjeto não é mudo, que usa sim as palavras, que estão sempre disponíveis para todo mundo, e que seu texto importa sim – tanto ou mais do que o próprio sujeito.

Sem dúvida, em sua busca de entender essa figura complexa que foi Carolina Maria de Jesus, uma favelada negra que escrevia, Eliana e Marília foram corajosas, enfrentando o desafio de ultrapassar fronteiras que nos separam do abjeto, abrindo assim mais um caminho para quem está lutando contra a desigualdade em nosso país. Porém, ao se restringirem aos aspectos psicológicos, as autoras muitas vezes analisam a relação entre Carolina e Dantas em termos puramente motivacionais e racionais:

Talvez por ser repórter comprometido com as questões sociais, Dantas viu na autora o desejo de denunciar e protestar contra a miséria em que vivia, tornando-se porta-voz dos favelados.

Entretanto, as razões de Carolina não eram bem essas. Ela já vinha gritando e ameaçando há anos, como forma de estar no mundo. Escrevia, entre outros motivos, para suportar o cotidiano que a tornava “nervosa”, especialmente quando a fome aumenta¬va... Escrevendo, afastava os problemas...

Além disso, Carolina vislumbrava o fim de suas agruras num possí¬vel sucesso literário e pessoal: “Se estou escrevendo é porque tenho pretensões: quero comprar uma casinha” (2007, p. 58, grifos meus).

Percebe-se na biografia a preocupação em explicar essa necessidade de escrever como um caminho para “o sucesso”:

No registro puramente psicológico, escrever era para Carolina uma fonte de prazer, da ordem da sublimação. Canalizando sua energia para essa atividade tão criativa e valorizada socialmente, estruturava-se psiquicamente, reelaborava a experiência traumática e talvez a superasse (...).

Escrever e publicar um livro lhe daria ainda a glória e o dinheiro para sair da favela. Carolina buscava o reconhecimento e aspirava ao sucesso (2007, p. 108, grifos meus).

No capítulo sobre “o sucesso de Carolina”, as autoras escrevem sobre os conflitos de Carolina com a mídia:

Mas Carolina precisa da mídia para continuar na ribalta e, a partir de certo momento, força a mão para que isso ocorra. Mas a novidade, como tudo mais, passa, deixando um gosto amargo para quem já foi estrela. É patente a má vontade da mídia, que trata de forma preconceituosa a tentativa patética de Carolina de permanecer em evidência (2007, p. 76, grifos meus).

É essa atenção ao “registro puramente psicológico” que também leva as autoras a interpretarem o período de 10 anos em que Carolina, tendo saído de Sacramento, não encontra um lugar e perambula de casa em casa, traba¬lhando como doméstica, com problemas de saúde, sendo explorada pelos patrões, como um “período de deambulação compulsiva” (2007, p.i20), em que Carolina “prossegue na sofreguidão deambulatória” (22).

A capa do livro reproduz um manuscrito do livro póstumo de Carolina, Diário de Bibita. Um outro manuscrito desse mesmo livro ilustra também a capa do livro, Brasileiras: voix, écrits du Brésil (Paris: des femmes, 1977), organizado por Maryvonne Lapouge e Clélia Pisa, respectivamente uma francesa e uma brasileira vivendo há 25 anos na França, que em 1975 entre¬vistaram algumas mulheres brasileiras, entre elas Carolina. Além da inspiração para a capa, esse livro parece servir como importante referência para as autoras em sua biografia de Carolina. Todas as mulheres entrevistadas – com exceção de Carolina e uma boia-fria – pertenciam aos estratos privilegiados da população, sendo todas brancas, com exceção de Carolina. Lapouge e Pisa justificam a busca dessas mulheres – quase todas “em análise” (1977, p.i13) – pelo tempo e meios limitados, que as fizeram “ir direto àquelas que dispunham da palavra” (1977, p. 9. grifos meus). Por outro lado, mesmo tendo levado quase um mês para “recuperar os passos” de Carolina, insistiram em vê-la, pois as “lacunas e incoerências” de sua entrevista poderiam indicar “as experiências ocultadas que [as autoras] não puderam registrar e que são o cotidiano da maioria da população brasileira” (1977, p. 167). Em Brasileiras, Carolina não aparece entre as “Escritoras”. Nem entre as de São Paulo (Lygia Fagundes Telles, Zulmira Ribeiro Tavares, Julieta Godoy Ladeira e Hilda Hilst), nem entre as dos Rio (Maria Alice Barroso, Clarice Lispector e Nélida Piñon). Em troca, ela fica como a única representante de “A Favela”. Ironicamente, no final de sua vida, ao ser entrevistada por duas mulheres feministas, que queriam ouvir as vozes das brasileiras, a letra redonda de Carolina na capa do livro que elas produziram é o que resta da escritora, que neste livro volta a seu lugar na favela. Ainda que, como relatam Eliana e Marília, desse encontro tenha resultado a publicação do livro de Carolina Diário de Bibita, cujo manuscrito ela havia dado às autoras, que o editaram e publicaram em 1982 na França (somente em 1986 o livro foi traduzido e publicado no Brasil), é sintomático que Carolina não ocupe um lugar entre as escritoras em Brasileiras, confirmando sua imagem como alguém que, segundo Lapouge e Pisa, não “dispõe da palavra”.

Uma biografia é a (re)construção de uma personagem num determinado tempo e espaço. Em sua biografia de Carolina, Eliana e Marília a constroem como uma “figura fragmentada [que] nunca chegou a formar um todo consis¬tente” (27), “uma personagem instável”, com “contradições e incoerências” (46), que

nunca se conformou com a vida na favela, nunca se identificou com os outros favelados, cuja indolência e conformismo criticava. Percebia-se como culturalmente mais bem aquinhoada que os vizinhos, mas só pela escrita podia se afirmar como tal. Era cheia de contradições, em todos os níveis – social, cultural, psicológico. Mulher negra, tinha preconceito contra negros. E contra nordesti¬nos. Identificava-se mais com a classe dominante. Nutria ideais de moralidade e exigências de comportamento, se não incompatí¬veis, pelo menos em desacordo com a vida da favela. Sua visão de mundo era basicamente conservadora. (...) Sair da favela é o sonho de Carolina, ir morar numa casa de alvenaria, libertar os filhos e a si mesma da opressão e da miséria. Sair do chiqueiro, sair do inferno (2007, p. 46, grifos meus).

Segundo as autoras, para Carolina, “é muito claro o efeito nefasto da favela sobre quem quer que vá aí morar” (39). Carolina “não se misturava com os vizinhos” (38). Era hostil à “vida livre de algumas mulheres” e “condenava a bebida sem apelação” (40). “Seus andrajos, sua cor, seu suor lhe causavam constrangimento, sob o olhar do outro. Olhar de desprezo, que Carolina custava a suportar” (41).

Como observa Clarice Lispector em A hora da estrela, não é fácil mesmo suportar o olhar do outro. Assim, finalizo essa resenha, recorrendo a fragmentos de Quarto de despejo para nos lembrarmos como Carolina, essa inapropriada outra ou mesma4, suportava esse olhar.

Sobre o preconceito contra negros:

“Eu escrevia peças e apresentava aos diretores de circos. Eles respon¬dia-me: É pena você ser preta. Esquecendo eles que eu adoro a minha pele negra, e o meu cabelo rústico. ... Se é que existe reencarnações, eu quero voltar sempre preta” (65).

“...Enfim, o mundo é como o branco quer. Eu não sou branca, não tenho nada com estas desorganizações” (70).

Sobre o olhar do outro: “... Os visinhos de alvenaria olha os favelados com repugnância. Percebo seus olhares de ódio porque eles não quer a favela aqui. Que a favela deturpou o bairro. Que tem nojo da pobresa. Esquecem eles que na morte todos ficam pobres” (56).

“... o senhor que penetrou no elevador olhou-me com repugnância. Já estou familiarisada com estes olhares. Não entristeço” (108).

“... Ela me olhava e olhava ele. Ele com seus sapatos reluzentes. E eu suja parecendo um marginal de rua. Ela ficou horrorizada porque eu durmo com ele. Ela me olhou com repugnância quando eu disse que ele vai me dar uma máquina de costura e um radio. ... Dormi com ele. E a noite foi deliciosa” (161).

Sobre cheiro e sujeira: “...Não fiquei revoltada com a observação do homem desconhecido referindo-se a minha sujeira. Creio que devo andar com um cartas nas costas: Se estou suja é porque não tenho sabão” (97).

“... Pensei nas palavras da mulher do Policarpo que disse que quando passa perto de mim eu estou fedendo bacalhau. Disse-lhe que eu trabalho muito, que havia carregado mais de 100 quilos de papel. E estava fazendo calor. E o corpo humano não presta. Quem trabalha como eu tem que feder!” (131).

Sobre a favela: “... O senhor Dario ficou horrorizado com a primitivi¬dade em que eu vivo. Ele olhava tudo com assombro. Mas ele deve aprender que a favela é o quarto de despejo de São Paulo. E que eu sou uma despejada” (141).

“Percebo que todas as pessoas que residem na favela, não aprecia o lugar” (90).

“O que se nota é que ninguém gosta da favela, mas precisa dela. Eu olhava o pavor estampado nos rostos dos favelados” (180).

“... Há decência na favela” (74).

“... Quando alguém nos insulta é só falar que é da favela e pronto. Nos deixa em paz. Percebi que nós da favela somos temido” (83).

“... A mulher que suicidou-se não tinha alma de favelado, que quando tem fome recorre ao lixo, cata verduras nas feiras, pedem esmola e assim vão vivendo (...) Pobre mulher! Quem sabe se de há muito ela vem pensando em eliminar-se, porque as mães têm muito dó dos filhos. Mas é uma vergonha para uma nação. Uma pessoa matar-se porque passa fome” (63).

 

Belo Horizonte, outubro de 2008.

 

 

Artigo recebido em: 23/10/2008
Aprovado para publicação em: 18/11/2008

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