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Mental

Print version ISSN 1679-4427

Mental vol.8 no.14 Barbacena  2010

 

ARTIGOS

 

Relacionando mito-sonho-inconsciente: um estudo psicanalítico

 

Relating myth-dream-unconscious: a psychoanalytic study

 

 

Antonios Terzis* ; Maria Aparecida Orlandi**

PUC-Campinas

 

 


RESUMO

O presente trabalho foi desenvolvido a partir dos mitos gregos clássicos, sob o duplo registro de sua elaboração interna: aquela das manifestações inconscientes e de sua estrutura como narrativa manifesta. O objetivo foi testar as possibilidades que os mecanismos de criação do mito trazem para a compreensão da prática cotidiana da Psicanálise na interpretação do registro do inconsciente. Aplicamos o método proposto por Mathieu (1967), em seu ensaio de interpretação psicanalítica do mito, que pode ser aplicado a todo texto terminado e fechado, análogo ao relato mítico. Considerou-se que o mito, ao atualizar questões inerentes a um passado, configura-se como pistas para entender o significado da história psíquica do homem.

Palavras-chave: Mito, sonho, Inconsciente, Interpretação, Psicanálise


ABSTRACT

The present work was set up from the Greek classic myths, under the double register of his internal work out – that one from the unconscious demonstrations and of his structure while obvious narrative -. The objective was to test the possibilities that myth creation mechanisms brings to daily's Psychoanalysis practice comprehension in the interpretation of the unconscious register. We apply the proposition in Mathieu's method which can be applied to all finished and closed text, analogous to the mythical speech. It was considered that the myth updates questions inherent in a past what this shapes like traces getting the meaning of the psychological men's history.

Keywords: Myth, Unconscious, Interpretation, Psychoanalysis


 

 

1 INTRODUÇÃO

Refletir sobre a importância do mito e do sonho na prática cotidiana da Psicanálise, partindo do significado que Freud emprestou nas relações entre o mito e a transferência, remete à própria dinâmica do significado inserido na palavra mito, do grego mithevo, que por sua vez significa 'crio uma história imaginária'. Uma ideia bem grega de que o invisível deveria ser compreendido através do visível. E como diz Mohacsy (2001), a "mitologia pode ser parcialmente definida em uma dada cultura e, dentro de uma moldura de referência com o propósito de integração da psique" (p. 650), pois certos conflitos no homem são arquetípicos.

Na abertura de seu artigo Petite incursion dans La mythollogie grecque, Muller (1957) escreveu que "O mito tem algo em comum com o sonho já que ele exprime alegoricamente e, às vezes esteticamente, sobre uma idéia, uma verdade, um fato histórico com o autêntico e profundo significado para além do observador superficial" (p. 74). Eventualmente se poderia apelar para ele à procura de satisfação científica ou filosófica, ao contrário de uma ignorante procura pela verdade nas palavras, pois elas não são dotadas de evidência matemática. Os gregos intuíram este conceito e, à sua maneira, trataram de criar seu modo de ver algo além das palavras.

No cotidiano da Grécia antiga a satisfação era encontrada no contato com os eventos do dia-a-dia: o escultor que observava nos jogos a beleza dos atletas e achava que não poderia imaginar algo mais belo para suas esculturas, refletia então no seu Apolo aqueles corpos jovens e fortes. Os artistas e poetas ressaltavam na sua produção as virtudes, a força e a velocidade dos quais o homem era capaz. Para os gregos, a arte e o pensamento humano não advinham de sua imaginação, mas do ser humano livre do temor paralisante de um deus desconhecido, pois eles transpunham as estórias fantásticas dos mitos para o cotidiano racional (HAMILTON, 1992).

A mitologia grega revela, assim, que foram os gregos primitivos, já que eles dependiam de sua mitologia para a realização de sua arte, literatura, religião e educação, que moldaram os deuses à sua imagem, humanizando-os, fazendo do céu um local familiar e da mitologia uma espécie de ciência primitiva, fruto da primeira tentativa do homem no sentido de interpretar tudo o que o rodeava (REBEIRO, 1984).

O mito é uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser abordada e interpretada através de perspectivas múltiplas e complementares.

Há em alguns autores (CAMPBELL, 1959; ELIADE, 1986) uma tentativa de definir o mito ou procurar uma caracterização que seja aceitável por um público erudito, reconhecendo sua complexidade e a dificuldade de conferir-lhe uma definição universal. Para eles, o mito conta uma história sagrada e relata acontecimentos que ocorreram no tempo primordial – o tempo do 'princípio', em que os personagens do mito são entes sobrenaturais responsáveis pela criação do sagrado ou do sobrenatural do mundo. Implícita nesta definição está a criação do homem como um ser mortal, sexuado e cultural. Mito que para Terzis (2007) é um fenômeno da cultura humana e, portanto, está presente em todas as sociedades espalhadas pelo mundo: arcaicas, primitivas, tradicionais, além daqueles cuja presença na história foi muito importante. "Todas as pessoas fantasiam; fantasia é parte da natureza humana", diz Arlow (2001; p. 651).

Hoje a Psicanálise, Filosofia, Sociologia, História das Religiões, Etnologia e Psicologia tratam a ideia do mito como um fio condutor do pensamento que tenta dar respostas às exigências da vida coletiva, o que permitiria também aos indivíduos, no seio de uma determinada sociedade, ajustar suas reações uns aos outros, submeter-se às mesmas normas e respeitar as hierarquias (SPERBER, 1985).

Vários autores propõem pensar essa analogia entre a produção literária e a produção onírica como sendo construções e representações das questões vitais do homem. Segundo eles, tanto a criação literária quanto o sonho são formas de passagem entre o processo primário e o processo secundário, e as estreitas ligações entre a literatura e o sonho evidenciam-se quando pensamos que ambos estão regidos pelo princípio do prazer e são constituídos por meio de um jogo de símbolos em que só conheceremos o sonho pelo seu texto, narrado pelo sonhador (ANDRADRE, 1987/1988; REY, 1994; SCHILLING, 1997; FERREIRA 1989; DONNAMARIA, 2008; CARVALHO, 2008; MORRETO, 2008).

Os mitos utilizados por Freud (1924) seriam recursos epistemológicos similares aos utilizados pela filosofia grega, sobretudo por Platão, sendo possível assim continuar ao longo da história e do tempo a permanência daquele conhecimento. Freud recorre à mitologia e à literatura para formular, a partir delas, algumas teorias: de Édipo (1905), de Narciso (1914) e O Totem e Tabu (1913), que remete ao mito do totem, o espírito de um clã tribal que tinha a finalidade de impedir a relação sexual e o incesto entre os membros do mesmo clã. Do campo da Psicanálise, o mito é apropriado por outros campos como: imagens gráficas, fotografia, pintura, grupos, obras culturais escritas e publicidade (KNIJNIK, 2003; SLAVUTZKY, 2003; BERENSTEIN, 1976, KÄES, 1977; TÉRZIS, 2005).

Na narrativa mítica a questão metodológica é semelhante à da interpretação do sonho. Para aproximar os dois campos em questão, de modo a seguir a mesma linha de análise da investigação psicanalítica, neste tipo de material os pressupostos hermenêuticos da interpretação são levados em consideração, mais especificamente A Interpretação dos Sonhos (1900) (cuja questão básica é a interpretação), os quais permitem a apreensão de uma verdadeira justificação da riqueza de observação e experiências contidas na narrativa mítica, à semelhança de outros textos. Segundo Schleimacher (1999) e Ricoeur (1986), deve-se empreender a reconstrução do sentido original do texto (estória), com a finalidade de fundamentar o procedimento da interpretação. Para o último autor, há uma afinidade entre a interpretação da narrativa do mito e a interpretação do sonho. Na narrativa do mito não se busca a veracidade factual; são temas articulados em uma estrutura temática, portanto uma narrativa fechada que se assemelha às questões postas para a interpretação dos sonhos na situação de cura.

A investigação psicanalítica desse tipo de material é diferente da escuta psicanalítica que pressupõe a análise dos significantes e da transferência. Ao examinar obras culturais escritas e filmadas o analista só pode relacionar-se com um material constituído fora de toda relação com ele.

Neste artigo os objetivos foram aplicar como parâmetro de análise do mito a Interpretação dos Sonhos (1900) e Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905), da teoria freudiana; descrever a estrutura e o funcionamento do sonho, comparando o seu mecanismo com o dos mitos; e compreender o mecanismo de criação do mito e do sonho, relacionando o funcionamento de ambos.

Para esta reflexão foi utilizado o método proposto por Mathieu (1967), em seu ensaio de interpretação psicanalítica do mito, que pode ser aplicado a todo texto terminado e fechado, análogo ao relato mítico. A estrutura do relato é construída a partir de um número definido de temas que articulam os símbolos que determinam sua temática. O problema metodológico da interpretação psicanalítica do relato é comparável ao da interpretação dos sonhos na situação de cura analítica. O autor afirma que o sistema temático de um ciclo de mitos abre o caminho para a interpretação psicanalítica, assim como as associações abrem caminhos para a interpretação dos sonhos.

O método proposto por Mathieu (1967) apresenta os quatro pontos e contrapontos que balizam também esta reflexão:

1. Interpretar o mito com base nos símbolos veiculados pela narrativa, de modo semelhante àqueles que ocorrem nos símbolos do sonho, levando em consideração duas objeções enfrentadas por esta proposição: a primeira de que no sonho não há significações estabelecidas para o símbolo e a segunda que ressalta o determinismo cultural ou histórico que o símbolo poderia sugerir.

2. Interpretar o mito levando em consideração que a narrativa traduz certos acontecimentos históricos (se fala em deusas, provavelmente refere-se a uma fase matriarcal da cultura), o que não quer dizer que o símbolo originou-se aí neste período, apenas tem a intenção de dar-lhe um sentido sem interferir na estruturação interna do mito.

3. Considerar o mito sob o ângulo de sua estrutura interna em detrimento da roupagem lógica de sua apresentação, sem perder de vista que o estruturalismo tende a se satisfazer, negligenciando o registro de desejos inconscientes.

4. Considerar que os arranjos dos elementos ou temas dentro de uma narrativa servem ao mito, assim como o inconsciente no sonho à manifestação de desejos reprimidos em busca da satisfação destes desejos.

Quando o registro da disposição estrutural é considerado, entende-se que o conjunto de temas que semeiam o declínio de um relato em um ciclo de mitos é recorrente e que o caráter de recorrência só pode garantir que a presença de um tema exerça uma função particular e está ligada a outros por laços estruturais. O sistema temático então elimina a dificuldade no propósito de comparar o mito ao sonho, isto é, que o mito não é acompanhado de associações.

Reconhecer a localização de aparição de um tema dentro de uma narrativa e situá-la em relação a outros temas deveria tornar possível o acesso a outro registro no seu processo de elaboração. O sistema temático de um ciclo de mito é que abre o caminho para a interpretação, do mesmo modo que as associações abrem caminho para a interpretação do sonho. Além disso, a diversidade das narrativas, como a repetição de alguns temas que contenham um segredo entre as personagens, termina sempre por revelar a presença de um ferimento físico ou moral; algo ou alguém que se volta sempre contra o outro, a presença de um dom simbólico ou real, etc., o que aponta para as possibilidades deste método.

 

2 CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DOS MITOS

O primeiro critério para a escolha dos mitos aqui estudados leva em conta o fato de serem livros que tratam as representações de grupo, como: modelos de estrutura hierárquica de grupo (líder e seus subordinados); uma missão a cumprir; características do herói no meio de seu povo (grupo); mitos que oferecem estruturas de casal para pensar psicanaliticamente sobre as representações do vínculo matrimonial; mitos que oferecem projeto vital compartilhado (compartilhamento de um espaço/tempo vincular e relação diária num lugar simbólico do vínculo); mitos que falam das relações sexuais matrimoniais; e relações proibidas e desvios sexuais.

O segundo critério considera que esses mitos foram utilizados e estudados por um grande número de pessoas. Valorizar o sucesso do mito na consideração do público é consoante com o critério que Freud (1924) usou para explicar o êxito da história de 'Édipo Rei', de Sófocles, que, segundo ele, faz com que os leitores identifiquem-se com a tragédia de Édipo, pois inconscientemente sentem impulsos para praticar os mesmos atos de Édipo.

Como terceiro critério, os textos dos mitos foram lidos em duas versões: no idioma original, pelo autor do artigo, Terzis, e no texto traduzido por Civita (1973).

O quarto critério é importante para compreensão de dados sobre a vida íntima da sociedade grega antiga, bem como de suas representações socioculturais, através de uma leitura sem preconceitos dos mitos.

O quinto critério refere-se à relevância na viabilização desta reflexão, como: Prometeu Acorrentado; o mito de Atamas; de Néfele e de seus filhos; Frixo e Helen; o mito de Filaco e seu filho Ificio; o mito de Édipo e seu destino traçado antes mesmo de seu nascimento.

 

3 A ESTRUTURA DE FUNCIONAMENTO DO MITO E A INTERPRETAÇÃO

De acordo com a teoria freudiana, os mitos na sua criação e formação revelam desejos e pensamentos reprimidos compatíveis com a psique humana, pois mitos nascem do material extraído do inconsciente coletivo do grupo. Esta constatação, muito geral da escola freudiana, não assegura, como esperado, uma aplicação uniforme da teoria. As ideias e os desejos podem ser reprimidos no inconsciente, levantando questões de complexidade tal que ficam fora do alcance da interpretação.

Para compreensão do mecanismo de criação do mito, de acordo com Freud, faz-se necessária a mobilização de teorias formuladas já nas suas primeiras obras: Interpretação dos Sonhos (1900) e Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905). Na primeira delas, descreve-se o funcionamento dos sonhos e compara-se o seu mecanismo com o dos mitos, enquanto na segunda são arrolados e descritos aqueles fenômenos psíquicos que criam ideias e desejos, os quais, em razão da sua ameaça, são reprimidos no inconsciente para constituírem o material a partir do qual são forjados os mitos. Para ele, o mecanismo da criação e do funcionamento do sonho é a chave para compreensão dos mecanismos correspondentes no mito. Cada sonho é constituído, quando o analisamos, de conteúdo manifesto e do latente (oculto). O conteúdo manifesto é aquele que nos lembra uma breve estória, que pode ser lógica ou absurda. O oculto é o conjunto das ideias que se associam entre si e se metamorfoseiam no conteúdo aparente. Freud designa o processo de metamorfose do conteúdo oculto no conteúdo aparente pelo nome de elaboração do sonho, que de certo modo é uma tradução de uma língua para outra e ocorre no momento em que as ideias passam do território do inconsciente para o da parte consciente da mente, atravessando igualmente por um estágio pré-consciente. Na duração desta passagem, as ideias são submetidas a modificações indispensáveis, que devido ao processo de dissimulação possibilita a expressão de ideias reprimidas e permite ao sonhador desfrutar o seu sono tranquilamente, enquanto é aliviado da carga dos pensamentos proibidos ou perigosos à sua saúde psíquica (FREUD1900). Saúde esta que para Caldwell (1989) é assegurada pelos sonhos, como demonstram estudos clínicos em indivíduos impedidos sistematicamente de sonhar, comprovando-se que eles desenvolvem sintomas psicopatológicos ao longo do dia.

Por toda sua obra, Freud reafirma o ponto de vista segundo o qual o material dos sonhos reaparece igualmente nos mitos, nas lendas e nas crendices populares, bem como nas anedotas da vida cotidiana (FREUD, 1900; ABRAHAM, 1913). De modo semelhante aos sonhos, o funcionamento básico dos mitos reside na representação consciente dos medos e desejos inconscientes em nível social e coletivo. Assim, em vez do indivíduo que sonha para aliviar-se da tensão dos pensamentos perigosos, temos os membros de toda uma comunidade tentando reconciliar ilusões e situações inconscientes que se ligam a ações proibidas como o incesto, o homicídio, a hostilidade entre irmãos, etc. Assim como nos sonhos a censura jamais é suprimida completamente, ela aparece de forma dissimulada também nos mitos para escapar de um reconhecimento através do consciente (CALDWELL, 1989).

Nos mitos o processo de dissimulação acontece quando uma simples ilusão inconsciente, que contém um medo ou um desejo reprimido, metamorfoseia-se em uma explicação prolixa e complexa. Isto pode ser obtido por meio de diferentes mecanismos psíquicos, como a concentração de uma ideia (quando várias ideias do nível oculto são representadas por apenas uma ideia no nível aparente) e transposição de uma emoção (quando as emoções que acompanham uma ideia são expressas através de outra aparentemente dessemelhante) na forma de simbolismo, dissociação e projeção (FREUD, 1900). Um exemplo é a impotência de Íficio, relatado a seguir:

1. Eis o mito tal como ele se encontra na Biblioteca de Apolodoro: ... Lílaco ficou maravilhado, e, quando soube que ele era um adivinho excelente, libertou-o e pediu-lhe que lhe dissesse como seu filho Íficio poderia ter filhos. Melampo prometeu dizer-lho com a condição de que recebesse as vacas em troca. E, após sacrificar dois touros, retalhou-os em pedaços e chamou os pássaros mânticos. Logo que um abutre apresentou-se, Melampo ficou sabendo por intermédio desse que, certa vez, quando Fílaco estava castrando carneiros, esse depôs a faca, ainda ensangüentada, ao lado do Íficio, e visto que o menino amedrontou-se e pôs-se a correr, Fílaco cravou a faca num carvalho sagrado, cuja casca, crescendo ao seu redor, ocultou-a. Disse-lhe então o abutre que, se a faca fosse encontrada e ele raspasse a ferrugem e desse-a para Íficio bebê-la por dez dias, ele geraria um filho. Logo que soube desses fatos por meio do abutre, Melampo encontrou a faca e, tendo raspado a ferrugem, deu-a para que Íficio bebesse-a por dez dias, e assim ele teve um filho, Podarces (tradução direta do grego antigo por Cabral e Terzis, 2007).

A presença de um símbolo no mito, com a carga emocional que o acompanha, sugere também a sua interpretação. Assim, a impotência de Íficio, filho do rei de Fílaco, curou-se apenas quando foram decodificados os símbolos de um episódio da vida infantil do jovem príncipe. Quando ele era pequeno seu pai o aterrorizou com um punhal ensanguentado e o cravou em seguida no tronco de uma árvore. O punhal, símbolo fálico, cravado no que se considera a representação do órgão genital feminino, remete a uma experiência traumática de natureza sexual que Íficio havia tido quando criança. O mecanismo ocorre quando dissociamos uma ideia em duas ideias contrárias com relação ao seu conteúdo: o afirmativo e o negativo.

Em outro exemplo podemos dissociar a figura da mãe na forma de boa mãe e na da madrasta perversa. O mito de Atamas, de Néfele e de seus filhos, Frixo e Helen, é descrito a seguir:

2. Eis a versão como se encontra na Biblioteca Apolodoro: Dentre os filhos de Éolo, Atamas, que reinou sobre a Beócia, casou-se com Néfele, que lhe gerou um filho, Frixo, e uma filha, Helen. Casou-se novamente com Ino, da qual nasceram Learco e Melicertes. Ino, tendo tramado contra os filhos de Néfele, convenceu as mulheres a tostarem o trigo. E elas, pegando-o às ocultas dos homens, assim o fizerem. Mas a terra, tendo recebido trigo tostado, não vingou suas colheitas anuais. Por esse motivo, Atamas enviou uma comitiva a Delfos para saber como poderiam escapar da esterilidade. Ino persuadiu os enviados a dizerem que o oráculo havia lhes respondido que a esterilidade cessaria se Frixo fosse imolado em sacrifício a Zeus. Assim que Atamas ouviu isso, foi constrangido pelos habitantes do país e levou Frixo ao altar. Néfele, porém, arrebatou-o pelo alto, juntamente com sua irmã Helen, e deu-lhes o carneiro do velo de ouro, o qual ela havia recebido de Hermes, pelo o qual eles foram transportados através do céu e atravessaram a terra e o mar (tradução direta do grego antigo por Cabral e Terzis, 2007).

Atamas desposara, em primeiras núpcias, Néfele, que lhe dera um filho, Frixo, e uma filha, Helen. Depois ele repudiou Néfele e se casou com Ino, filha de Cadmo. Deste segundo casamento nasceram dois filhos Learco e Melicertes. Ino, odiando os descendentes de Néfele, exortou Atamas a sacrificar Frixo e Helen. Quando ambos estavam prestes a serem imolados, Néfele deu a seus filhos um carneiro com um velo de ouro, presente de Hermes, que arrebatou pelos ares os dois jovens, livrando-os do perigo (Apolodoro, Biblioteca, 1.9.1). Deste modo, todas as boas feições da mãe 'dissociada' concentram-se na pessoa da mãe 'real' Néfele, enquanto o caráter de Ino reflete as feições ameaçadoras da mãe que muitas vezes é odiada. Na essência, no entanto, cada figura maternal é uma junção das duas feições (CALDWELL, 1989).

Por fim, o modo mais evidente pelo qual a categoria psicológica da projeção se expressa é na presença dos oráculos em todo o espectro do mundo grego antigo, indicando que atribuímos a causas externas – a vontade venerável de um deus – aquilo que não ousamos aceitar como nossas próprias ideias e desejos pessoais. É desta maneira que Édipo 'fica sabendo' que matará seu pai e se casará com sua mãe, enquanto na essência a resposta do oráculo não reflete nada mais do que os seus desejos profundos.

Os mitos contêm, de acordo com teóricos pós-freudianos, ideias reprimidas, desejos e medos que se mostram na superfície de uma forma dissimulada ou distorcida no fluxo de uma longa narrativa. As ideias que estão mais sujeitas ao processo de repressão (e, por extensão, as ideias que predominam nos mitos e nos sonhos) são tipicamente as ideias da fase infantil e principalmente aquelas que se vinculam aos pensamentos e comportamentos proibidos e perigosos – capazes de provocar angústia e culpa – e que são provenientes, sobretudo, da esfera da vida sexual dos pais. Isto não significa que o problema mais importante da criança é de natureza erótica, e sim que este tem mais probabilidade de estar sujeito ao processo de repressão. A diferença entre os sexos adquire uma importância cada vez maior na vida das crianças, bem como o comportamento sexual dos pais, especialmente uma atividade que gera tanto descendentes quanto satisfação, da qual elas próprias estão excluídas. O funcionamento do processo de repressão de desejos proibidos, responsável pela saúde psíquica dos indivíduos, e sua livre inclusão na sociedade são muito importantes (CALDWELL, 1989). Ele constata, com razão, que a diferença entre os seres humanos e outros seres vivos provavelmente não reside no fato de serem os primeiros dotados de fala (de serem racionais), mas no fato de seu mundo psíquico e intelectual ser suscetível àquele processo.

As ilusões sexuais combinam-se com outras derivadas a ponto de criar na criança o Complexo de Édipo, fase na qual ela exige a atenção e o amor exclusivo do progenitor do sexo contrário ao seu, enfrentando o progenitor do mesmo sexo como adversário ou inimigo e que deve ser substituído (FREUD, 1900; CALDWELL, 1989). Situações edipianas não são encontradas apenas no mito de Édipo, mas igualmente em todos os mitos heroicos. Em toda parte existe uma relação triangular entre um herói, o objeto proibido de seu desejo e uma figura que lhe impede de se aproximar desse objeto (GREEN, 1984/1989). Habitualmente as personagens que tomam parte na trama são: o filho, a mãe e o pai (como no mito de Édipo), em uma relação triangular que pode estar ausente ou alterada. Por exemplo, em vez de alguém querer se unir à própria mãe pode desejar a sua irmã ou outra mulher com a qual não possui laços de parentesco, mas que apresenta semelhanças com sua mãe. Nos mitos, como na vida, aquilo que tem importância não é a identidade particular das personagens que participam da ação, mas antes a persistência de uma determinada estrutura e função (CALDWELL, 1989; TERZIS, 2007).

Na análise a seguir, dois campos são examinados em correlação: o funcionamento dos sonhos e a expressão do Complexo de Édipo. Devereux (1976), que tem mostrado uma extensa e fecunda trajetória na aplicação de teorias freudianas sobre o mito e a literatura clássica, dedica uma monografia à interpretação dos sonhos na tragédia grega, Os Sonhos na Tragédia Grega: um estudo étno-psicanalitico, na qual os sonhos são examinados não como elemento que impele ou subverte a trama da tragédia, mas como campo no qual os desejos inconscientes se expressam, se comunicam e se ligam a fenômenos psíquicos. Estes fenômenos, diz ele, estão relacionados principalmente com o despertar da sexualidade e com situações edipianas obscuras. De modo significativo, faremos menção ao sonho que Ino narra a Prometeu, o Titã acorrentado, durante a sua atormentada perambulação pelo mundo, após ter sido metamorfoseada em uma novilha (Ésquilo, Prometeu Acorrentado, 645-655 a.C.).

O sonho descreve como as visões noturnas visitam com frequência a heroína e lhe fala de modo doce e sedutor [(....) Aeí gàr ópseis énnykhoi poleúmenai/ es parthenônas toùs emoùs paregóroun/ leíoisi mýthois - "volteando sempre visões noturnas/ junto ao virgíneo leito me exortavam/ com doces falas" (Tradução de Ramiz Galvão, Prometeu Acorrentado, 645-647 a.C.), exortando-a a abandonar a sua condição de virgem, que manteve por muito tempo, e a entregar-se ao desejo de Zeus na planície de Lerna, local onde eram apascentados os rebanhos de seu pai. Isso 'aliviará' Zeus de seu desejo (o texto é detalhado e por isso revelador: hos na to Dion ónna lopheése póthou "e o ardor dos divinos olhos desaltera" (Tradução de Ramiz Galvão, Prometeu Acorrentados, 644 a.C.). O sonho tem um conteúdo aparente, a conservação da virgindade por longo tempo – em um mundo onde habitualmente as meninas se casavam muito cedo – mostrando uma persistência edipiana. No desejo de Zeus também se manifesta de maneira nítida (na ação de aliviar o 'ardor dos olhos' de Zeus) uma evocação ao falo divino e ao ato sexual, em que mulheres mortais se unem aos deuses no tempo suficiente para que ocorra a satisfação momentânea do companheiro divino. O desejo já se manifestou, o local da cópula já está definido, a única coisa que falta é a decisão da donzela em se entregar [si d´ô pai, me polaktíseis lékhos/to Zenós "tu, donzela, não desdenhes o leito de Zeus", Prometeu Acorrentado, 651-652 a.C.]. Em uma segunda leitura, no entanto, são também revelados outros elementos que constituem o conteúdo oculto do sonho. A voz sedutora das visões noturnas de Ino é a sua própria voz, que pondo de lado as proibições sociais incita-a ao ato sexual , sobretudo o edipiano, apesar da incitação dissimular-se – de acordo com o mecanismo dos sonhos – em submissão à vontade do Deus supremo. Como se constata o caráter edipiano do desejo? A figura do pai deve 'revestir-se' de outro caráter, para que seja posta de lado a censura, que nunca é completamente suprimida, nem mesmo nos sonhos, e seja permitida a sua reaparição na parte consciente da mente.

É lugar comum, segundo a concepção freudiana, que os deuses são concebidos de acordo com a imagem dos pais das crianças. Deste modo é fácil entender Zeus-pai como o pai natural. Há também o interessante detalhe de que Ínaco, como deus-rio que ao ser representado com um par de chifres assemelha-se a Zeus, assume a forma de touro para se unir à novilha-Ino (Esquilo, Suplicantes, p. 301). Por fim, o local da cópula – uma planície, que é comumente um local onde ocorrem os encontros amorosos na literatura grega antiga – são os campos de pastagem do pai Ínaco, nos quais se apascenta apenas gado bovino, uma referência indireta e uma confusão intencional entre o rebanho e a forma que os futuros amantes irão assumir (DEVEREAUX, 1976). Ino, após ter tido as visões, em vez de reagir de outra maneira revela a seu pai as perturbações noturnas. Frequentemente, as heroínas que se encontram em semelhante dilema vão voluntariamente ao local do encontro ou são raptadas contra a vontade, e ambas as ações são praticadas às ocultas de seus pais. A revelação de Ino é uma confissão dos desejos edipianos. A ação do pai foi a de sondar a vontade dos deuses mediante a consulta a vários oráculos, os quais a princípio eram incompreensíveis. Quando por fim tornou-se manifesta a vontade divina, o pai expulsou a filha, acatando as ordens explícitas do sonho. A filha banida não pode fazer nada além de se refugiar na região semisselvagem de Lerna e ficar exposta aos 'olhos' de Zeus. Em essência, Ínaco pune sua filha como se ela lhe tivesse confessado os seus desejos abertamente, e ele, após ter hesitado, avaliando os seus próprios desejos, decidiu por rejeitá-los.

Observamos que a Psicanálise concede uma ênfase especial aos desejos infantis reprimidos e às ilusões que derivam das atividades sexuais dos pais, da qual as crianças são excluídas, apesar de serem os produtos visíveis desta atividade. Por conseguinte, a maioria das ações míticas se circunscreve a um número relativamente pequeno de fenômenos.

Os mitos são os produtos oníricos da idade infantil da humanidade (ABRAHAM, 1913). Contudo, eles não refletem apenas os medos e as angústias infantis que concernem, sobretudo, à sexualidade dos pais, mas funcionam indubitavelmente em vários níveis, um dos quais pode ser o psicológico. De fato, os mitos podem constituir-se no caminho seguro por onde são canalizadas as tensões perigosas para a comunidade, ou ainda a narrativa mítica pode constituir um campo apropriado à identificação de situações e personagens que refletem nossos desejos mais recônditos, os quais se realizam em nossos sonhos e fantasias, impossíveis na nossa vida cotidiana.

Paralelamente à complexidade e à múltipla função dos mitos, deve-se reconhecer que dentre os mitos gregos alguns têm um interesse especial para a interpretação freudiana, como o de Hipólito, de Medeia das Bacantes, das Suplicantes e os mitos hesiódicos de sucessão.

A investigação freudiana do mito, no entanto, não deve parar por aí. O reconhecimento das possibilidades do método, em conexão com os ensinamentos estruturais, que aceitam igualmente a crítica aos seus princípios, também pode ser aplicado a uma análise dotada de rica imaginação, como atesta o artigo de Segal (1978) intitulado: 'Penteu e Hipólito no divã da psicanálise e na trama da análise estrutural'; onde se constata que estes métodos são mutuamente complementares e muitas vezes preenchem suas lacunas com uma síntese bem sucedida.

É evidente que muitos dos ensinamentos da teoria freudiana foram incorporados à investigação contemporânea. A referência ao inconsciente como local de armazenamento dos desejos reprimidos, sob determinadas condições, reafirma na produção de sonhos, mitos e obras de arte a existência do Complexo de Édipo, que deriva da sexualidade dos pais. A relação anfibológica das crianças com a mãe e com o pai é um apelo da fantasia familiar conhecido por todos.

A luta da alma humana com os desejos socialmente condenáveis é igualmente algo que todos nós já constatamos em nosso interior. As emoções perigosas são reprimidas, mas continuam a viver somente para encontrar os modos de satisfação que a vida real lhes negou.

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo concluímos que a estrutura temática do mito abre caminho para a interpretação do registro do inconsciente, assim como as associações abrem caminhos para a interpretação do sonho.

Constatamos que na estrutura do mito há uma retomada da situação triangular – verdadeira compulsão pela repetição –, o que faz cada vez surgir um significante em função de um segredo ou de sua revelação. Este significante exerce um poder cativante sobre as personagens. Além disso, as variações de uma narrativa para outra adquirem toda sua significação, ao compreendê-las como possibilidades ofertadas pela estrutura temática que é, na verdade, a estrutura edipiana.

Consideramos os mitos expressões codificadas do inconsciente, porém, ao contrário dos sonhos, os mitos são partilhados em público. Se puderem ser compreendidos, teremos acesso à mente humana, o que seria a chave para a saúde mental, configurando-se como pistas para a nossa própria história psíquica.

Finalizando, ressaltamos a importância do mito percebido como acontecimento inerente a um tempo passado, mas que se mantém sempre presente. Portanto, consideramos valioso o trabalho de investigar os acontecimentos atuais no âmbito dos mitos. Defrontamo-nos com um momento que inevitavelmente aponta para a necessidade de recordação e reavaliação do passado, reavaliação esta que deve se pautar por um processo contínuo. Antes de nos prepararmos para o futuro, devemos compreender as influências do passado em nossa situação atual.

 

 

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Artigo recebido em: 19/7/2010
Aprovado para publicação em: 23/8/2010

 

 

* Psicólogo, Doutor em Psicologia Clínica (USP), Professor titular da Pós-Graduação em Psicologia da PUC-Campinas. Endereço: Rua Mogi-Guaçu, 569- Chácara da Barra – Campinas, SP. Telefone: (19) 3252-7521/32532599. www.cefas.com.br
** Psicanalista, Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento. Doutoranda em Psicologia na PUC-Campinas. Endereço para correspondência: Al. Paineiras 1.140 – CEP 13101-775 Campinas – SP. E-mail: cidaber@uol.com.br e maria.abo@puccampinas.edu.br. Telefone: (19) 3251.4847.

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