SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.18 número1Processo da escolha conjugal sob a perspectiva da psicanálise vincular índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Pensando familias

versión impresa ISSN 1679-494X

Pensando fam. vol.18 no.1 Porto Alegre jun. 2014

 

EDITORIAL

 

 

Helena Centeno Hintz*

 

 

A Terapia de Família vem, ao longo dos anos, assessorando-se em pesquisas sobre o comportamento humano, com a finalidade de aprimorar suas práticas. A integração da estrutura biológica do indivíduo com seu ambiente físico e social são objetos de estudos, conduzindo a maior entendimento de seu comportamento. As relações familiares e sociais nos primeiros anos de vida de uma criança podem afetar sua base biológica, assim como o estresse também pode ter um efeito duradouro sobre a saúde física e mental de um indivíduo. As práticas dos terapeutas familiares estão incorporando conhecimentos da neurociência, de investigações e intervenções precoces, a fim de aprimorar a eficácia dos resultados de saúde mental para seus clientes.

Nesta edição encontramos trabalhos sobre vários temas que nos remetem a pensar sobre a terapia de casal ou de família em diferentes possibilidades de atuação.

Thiago de Almeida em seu artigo discorre sobre a escolha do(a) parceiro(a) para um relacionamento amoroso e afirma ser esta uma das decisões mais importantes que fazemos na vida. O autor apresenta várias ideias e conceitos referentes à formação do vínculo conjugal sob a ótica de René Kaës quanto à constituição do sujeito psíquico e da psicoterapia vincular no que diz respeito à escolha de parceiros amorosos.

A infidelidade constatada nos relacionamentos amorosos sempre causa impacto e sofrimento às pessoas envolvidas. Os autores Crístofer B. da Costa e Cláudia M. B. Cenci pretendem, em sua investigação, entender a percepção e os sentimentos que os homens infiéis têm sobre sua relação e os motivos para trair. A traição encerra um conteúdo complexo, mas os autores apresentam resultados que mostram que a infidelidade envolve questões tanto individuais como conjugais. Os autores apresentam resultados que mostram ser a infidelidade envolvida por questões tanto individuais como conjugais, encerrando um conteúdo bastante complexo com questões do passado e da vida conjugal atual.

Cláudia M. B. Cenci, Juliana F. Teixeira e Luiz R. F. de Oliveira apresentam uma pesquisa sobre lealdades invisíveis constatadas nas relações familiares de dois adolescentes que cumprem medida socioeducativa em um CASE. Os autores apresentam fatores que influenciam o uso de violência pelos adolescentes, apontando resultados que demostram ser a família o elemento estruturante na constituição do sujeito, portanto, estando presentes as lealdades invisíveis transmitidas transgeracionalmente.

Márcia E. Jager e Ana C. G. Dias apresentam um tema sobre o envolvimento paterno de adolescentes com as práticas de cuidados de bebê sob a perspectiva da teoria bioecológica do desenvolvimento humano. As autoras através de uma revisão narrativa da literatura apontam a necessidade de se saber mais sobre pais adolescentes, a fim de conhecer quais são suas características e seus padrões individuais e familiares, seus projetos de vida, seus relacionamentos sociais nos diversos contextos em que vivem.

Silvia M. O. Gradvohl, Maria J. D. Osis e Maria Y. Makuch apresentam em seu artigo reflexões sobre a maternidade e maternagem desde a Idade Média até a atualidade nas sociedades ocidentais. Com o avanço das tecnologias que ampliaram as possibilidades de reprodução e a construção de novas estruturas familiares surgiram questionamentos sobre os vínculos biológicos e papéis de gênero no que se refere aos cuidados de um filho. As autoras propõem novas reflexões que permitem a discussão das mudanças ocorridas sobre a maternidade e maternagem na atualidade.

Veronica A. Pereira, Taís Chiodelli, Olga M. P. R. Rodrigues, Carl S. O. e Silva e Vanessa F. Mendes apresentam os resultados de um estudo sobre fatores de risco que possam contribuir para o desenvolvimento do bebê, junto com variáveis maternas e sociodemográficas. Os resultados do estudo apontam para várias correlações positivas e negativas, o que comprova a relevância e necessidades de orientação e possível acompanhamento de mães após o nascimento do bebê.

Mariana G. de Matos e Andrea S. Magalhães discutem sobre a expectativa de adultos jovens se tornarem pai e mãe no mundo atual através da realização de uma pesquisa. Concluíram que há uma idealização nestes jovens sobre o momento para se tornarem pais, tornando-se evidente uma separação entre as demandas sociais e as limitações biológicas frente à procriação.

Rogério Isotton e Denise Falcke abordam em seu trabalho a diversidade das configurações familiares, focando sobre as famílias pós-divórcio onde há um genitor e filhos. O objetivo é explorar a nomenclatura diversificada existente para descrever esta configuração familiar e sua dinâmica. Os autores referem a existência de vários fatores decorrentes de uma separação que influenciam a reorganização familiar e concluem que levantar as características destas famílias contribui fundamentalmente na compreensão de sua dinâmica de funcionamento.

O enlutamento dos pais é doloroso e carregado de muito sofrimento. Todo o movimento realizado para minorar esta dor e contribuir para o processo de luto é relevante e deve ser divulgado para que mais pessoas possam se beneficiar quando passarem por situações semelhantes. É disto que nos falam as autoras, Alzira da P. C. Davel e Daniela R. e Silva, quando apresentam suas reflexões sobre um grupo de suporte ao luto - API-ES (Apoio a Perdas Irreparáveis).

Camila C. F. M. e Silva e Mariele R. Correa mostram a importância da valorização e transmissão simbólicas. Utilizam a literatura infantil para, através dela, compreender as relações intergeracionais entre avó e netos na contemporaneidade. A análise das obras é realizada sob o referencial psicanalítico, com reflexões sobre os vínculos entre as gerações. Os escritores selecionados são Ziraldo e Cora Coralina.

Encerrando esta edição, a complexidade emocional existentes nas relações intergeracionais e sua relação com a saúde mental dos idosos é trazida pelas autoras Dóris F. Rabelo e Anita L. Neri. A revisão de literatura realizada é dividida em duas partes, onde, por um lado, analisam os mecanismos psicológicos que regulam as relações sociais, as emoções, o suporte emocional e o funcionamento familiar e, por outro, focalizam as relações dos idosos com seus descendentes.

 

 

* Helena Centeno Hintz.