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Pensando familias

Print version ISSN 1679-494X

Pensando fam. vol.18 no.1 Porto Alegre June 2014

 

ARTIGOS

 

Trocas simbólicas entre gerações: avós, netos e a literatura infantil

 

Symbolic exchanges between generations: grandparents, grandchildren and children's literature

 

 

Camila Cuencas Funari Mendes e Silva1, I; Mariele Rodrigues Correa2, II

I Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Assis (SP)
II Departamento de Psicologia Evolutiva, Social e Escolar da FCL-UNESP, campus de Assis (SP)

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho tem como objetivo a compreensão das relações intergeracionais entre avós e netos na sociedade contemporânea. Para tanto, analisamos duas obras da Literatura Infantil como uma das formas de manifestação da importância das trocas simbólicas entre gerações. Selecionamos Menina Nina: duas razões para não chorar, de Ziraldo (2002) e A menina, o cofrinho e a vovó, de Cora Coralina (2009). Adotamos a leitura psicanalítica como referencial para análise, uma vez que ela prima pela construção psíquica do indivíduo, sua concepção inconsciente e sua interação com o meio sociocultural, o que possibilita explorar e refletir sobre os vínculos entre gerações, servindo assim, como método de pesquisa e interpretação das relações no contexto familiar. Confirmamos nossa hipótese com os escritores-avós, aqui representados por Ziraldo e Cora Coralina, que produziram obras que enaltecem a experiência com seus netos. Desse modo, avós, netos e leitores são personagens ativos na valorização e transmissão simbólicas.

Palavras-chave: Avós e netos, Relações intergeracionais, Família, Literatura infantil.


ABSTRACT

This work aims at understanding the intergenerational relationships between grandparents and grandchildren in contemporary society. To this end, we analyze two works of Children's Literature as a form of manifestation of the importance of symbolic exchanges between generations. Selected Menina Nina: duas razões para não chorar, Ziraldo (2002) and A menina, o cofrinho e a vovó by Cora Coralina (2009). We adopt a psychoanalytic reading as a reference for analysis, since it excels in psychic construction of the individual, his unconscious design and its interaction with the socio-cultural environment , which allows to explore and reflect on the links between generations , thus serving as a research method and interpretation of relationships within the family . We confirm our hypothesis with writers - grandparents, here represented by Ziraldo and Cora Coralina, which produced works that highlight the experience with their grandchildren. Thus, grandparents, grandchildren and readers are active in recovery and symbolic transmission characters.

Keywords: Grandparents and grandchildren, Intergenerational relationships, Family, Children's literature.


 

 

Introdução

Este artigo tem como objetivo o estudo das relações intergeracionais entre avós e netos na sociedade contemporânea e no contexto familiar, através da análise de obras literárias infantis. Os estudos sobre os avós por meio da transmissão de seus legados psíquicos que passam de geração em geração são de fundamental importância para a compreensão das mudanças familiares e a configuração de sua dinâmica na atualidade.

Os avós estão relacionados nas pesquisas demográficas brasileiras, em sua maioria como idosos, e nos apresentam um prefácio sobre o envelhecimento da população e também sobre as mudanças familiares no contemporâneo. Segundo Vitale (2010), as principais transformações familiares são constituídas por famílias monoparentais e por famílias cangurus (poderíamos acrescentar, também, as famílias homoafetivas), as quais são compostas por três gerações ou mais, convivendo na mesma residência.

No caso da maior presença dos idosos avós no ambiente familiar, essa tendência acompanha o processo de envelhecimento da população. Uma das principais características desse fenômeno, no Brasil (que acompanha o movimento mundial), gira em torno do eixo socioeconômico, que, por sua vez, conduz à possibilidade de um prolongamento da vida e um maior convívio entre diferentes gerações. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2012, o Brasil contava com 12,6% de sua população total de idosos, com uma quantidade estimada em 24,85 milhões de pessoas.

Pesquisas (Berquó, 1999; Veras, 2001; Minayo, 2011) realizadas em diferentes campos – Medicina, Antropologia, Psicologia, Sociologia, entre outros – apontam que os principais protagonistas do saudável envelhecimento da população são as inovações tecnológicas e científicas, com destaque para a indústria farmacêutica e as ciências da saúde, as quais contribuíram para uma maior longevidade humana. Dentre as diversas questões e avanços trazidos pelo aumento da expectativa de vida, destacamos o maior convívio entre gerações no cotidiano das famílias brasileiras e mudanças nos papéis familiares, aonde, segundo Camarano (1999), os avós são provedores de seus netos, com responsabilidades tanto por sua educação como pelo seu sustento.

Os avós compõem, portanto, um importante eixo de investigação do contexto familiar, justificando a necessidade de pesquisas que enfoquem o tema, pois [...] “os avós, os grandes esquecidos da sociedade, são as novas figuras familiares do nosso tempo” (Attias-Donfut; Segalen, 1998).

Os avós, os netos e a literatura infantil

A relação entre avós e netos possui peculiaridades de acordo com a estrutura familiar e sua dinâmica, condições geográficas, idade, gênero, estado civil, características individuais, local de origem da família (rural ou urbano), ligação dos pais com os avós, aspectos sociais, econômicos e culturais e outros (Dias & Silva, 1999). Os avós são responsáveis pela transmissão da cultura e da tradição familiar, por transmitir heranças simbólicas, além de influenciar diretamente no desenvolvimento intelectual e na formação psíquica de seus netos (Barros, 1987; Araújo & Dias, 2010; Oliveira, 1999).

Ao concebermos a relação entre avós e netos enquanto algo que ultrapassa os limites biológicos, com a transmissão simbólica familiar e o estabelecimento na contemporaneidade do exercício de novas funções, os avós nos permitem refletir e questionar sobre a concepção do envelhecimento e memória familiar. Para Barros (1987), os avós são sinônimos de memória, são imprescindíveis na formação da identidade familiar e também de seus componentes, influenciando, nesse caso, de forma individual. A autora considera os avós como mediadores fundamentais na manutenção da identidade familiar, um elo vivo que conecta os “antepassados” com seus “descendentes”:

A transmissão de bens simbólicos às gerações seguintes situa a família como o lugar dessa passagem, fazendo de cada descendente o alvo e ao mesmo tempo o veículo da preservação dos valores familiares. Em torno dessa ideia de transmissão de valores está presente a noção de um tempo que se repete, de um tempo cíclico. Para essas pessoas, preocupadas em marcar seu lugar social e sua identidade pela inserção na grande família, o tempo do ciclo dessa grande família é a referência temporal. (Barros, 1987, p. 36)

Os avós são, neste momento, compositores de um novo papel social e representantes de um “novo” envelhecimento, possuindo papéis ativos na composição familiar (Mainetti & Wanderbroocke, 2013). A relação estabelecida entre avós e netos, além do afeto, transmite para a infância uma herança cultural, de maneira simbólica, essencial para a formação da subjetividade da criança, de sua família e de toda a sociedade.

Objetivando afirmar a importância do papel dos avós no contexto familiar especialmente na relação intergeracional com os netos, utilizamos a literatura infantil como parceira para refletir sobre a construção do universo simbólico e a apropriação das heranças transmitidas e ressignificadas por avós e seus netos. Em acréscimo, a literatura é uma forma de adultos e crianças adentrarem no mundo artístico e cultural. A cultura, assim como a concebemos, é primordial na constituição do indivíduo, de sorte que a literatura é um meio importante de difusão dos valores culturais que regem uma sociedade e/ou uma civilização, atingindo facilmente com seu caráter maravilhoso a infância, constituindo-se um componente de formação de consciência cultural que permitirá um desenvolvimento integral.

Dessa maneira, destacamos a importância do acesso da infância à literatura infantil. Através da leitura de uma história ou de ouvir uma história contada, a criança ganha recursos para formar uma conscientização sobre si mesma, resolvendo dúvidas, enfrentando medos e construindo um modo de participação e atuação em seu meio, pois a história não acaba quando chega ao fim: a criança carrega consigo elementos da história, em sua subjetividade.

Infância e velhice tornam-se expoentes de socialização, com a arte literária. Saboreando cada palavra e imagem de um livro destinado ao público infantil, apresentamos duas obras que focalizam os netos e suas avós: em primeiro lugar, o livro Menina Nina: duas razões para não chorar, de Ziraldo (2002); em segundo, A menina, o cofrinho e a vovó, de Cora Coralina (2009). Para nos acompanhar nessa jornada, diante de tantas possibilidades, buscamos a Psicanálise como teoria científica, por conter em seu entorno a dimensão metafórica (ou simbólica) entre gerações como elementos passíveis de interpretação acerca do homem e seu desenvolvimento psíquico. A psicanálise, como referencial para análise das obras selecionadas, oferece a concepção inconsciente e sua interação com o meio social e cultural, e ainda, possibilita explorar e refletir sobre os vínculos tecidos entre gerações.

Menina Nina: duas razões para não chorar

O livro de autoria de Ziraldo (2002) relata o nascimento de Nina, neta primogênita da vovó Vivi, acontecimento que foi cercado por uma imensa felicidade. Vivi era uma mulher que buscava com suas viagens, a cultura do mundo. Através da interação com a neta, ela veio a descobrir e saborear o papel de avó, que perdurou por nove anos. O relacionamento foi tão intenso quanto inesquecível, mas, com a morte de Vivi, Nina teve que se confrontar com a dor da perda. Diante de tal acontecimento doloroso e tendo em vista as características do contexto literário, o autor apresenta duas razões para Nina reaprender a viver.

Lembrando Drummond (1930, In Alguma Poesia) em seu poema “Quadrilha”, Ziraldo (2002, p. 4) começa seu livro assim: “Menina Nina amava vovó Vivi, que amava sua menina”. A sintonia da melodia dos primeiros versos da vida embala toda a história acompanhada por ilustrações que nos levam a compartilhar emoções.

A vovó Vivi ansiava pela chegada de sua neta primogênita, uma oportunidade de ser mais um elo na cadeia geracional: “No dia em que Nina nasce, vó Vivi vira mãe multiplicada por duas” (p. 6). Assim como Freud (1914) afirma que nos desenvolvemos a partir de um construto biológico o qual necessita do cuidado e do investimento de um olhar, entendemos que vovó Vivi pôde elaborar mais um papel a ela destinado, ao “ver” sua neta nascer. Com a reativação de seu próprio narcisismo infantil metabolizado e diferenciado na vida adulta, “[...] o indivíduo de fato leva uma dupla existência: uma em que persegue seus próprios fins e outra que é um elo de uma corrente” (Freud, 1914, p. 101).

Da filha para a neta, a avó encontra sua extensão narcísica. Nina é testemunha do envelhecimento de Vivi, todavia, a menina já possuía um espaço em seu psíquico. No vidro da maternidade, cristaliza-se um vínculo de mútuos investimentos. “Vovó estava feliz com a chegada de Nina – a menina que fez Vivi virar vovó” (Ziraldo, 2002, p. 4). Ainda na maternidade, Vivi descobre-se como avó: era sua neta primogênita, uma função a ser descoberta. “Vovó Vivi se encanta ao se descobrir vovó. Por mais que ela sonhasse, por mais que outras vovós lhe dissessem da alegria que era ser mãe de outra mãe, não imaginava como era bom ser assim um ser especial” (Ziraldo, 2002, p. 8).

Os limites de onde começa a subjetividade da avó e da neta são contornados pela mãe da menina, a primeira responsável por sua educação e desenvolvimento. A mãe de Nina representa, de acordo com o referencial psicanalítico, a castração simbólica como um espaço necessário que areja o vínculo.

Ao narrar sobre a descendência geracional, Ziraldo traz a imagem da avó simbolizada por uma matrioska (bonecas russas, feitas em diferentes tamanhos, estando uma acoplada dentro da outra). Esse tipo de boneca/brinquedo é interessante porque as matrioskas são ocas e possibilitam seu preenchimento com outras bonecas menores, expressando a gestação de um espaço psíquico para uma nova geração que nasce de si, mas carrega consigo todos os traços, DNAs e histórias transmitidas simbolicamente. A imagem da boneca contém quatro tamanhos, representando a vida enquanto ciclo: de menina, mulher, mãe e avó, com uma integração de experiências. O ciclo de vida expresso nesse livro não obedece a ordens sistemáticas, pois há renascimento durante toda a vida. Nas palavras do autor: “Vovó é uma matrioska – aquela boneca russa – e acha tão bom sentir-se, mais que menina, um brinquedo de menina” (Ziraldo, 2002, p. 8).

Ziraldo apresenta-nos uma avó independente e tão bonita quanto uma modelo de sua época, uma cidadã do mundo que, como viajante, procura culturas, sabores e experiências em aeroportos e hotéis pelo mundo. Este é um dado importante da constituição do papel de cada um. Vivi é a representação de uma avó que mantém sua individualidade, com seus sentimentos, desejos e sonhos próprios, mesmo que voltasse cada vez mais depressa de suas viagens para ver Nina crescer.

As mudanças na casa e nos objetos pessoais da avó eram um terreno fértil para Nina descobrir-se. “As caixas, latas, e caixinhas coloridas e bordadas, guardadas por toda a casa” (p. 18) são símbolos da rica experiência entre as duas. Em cada espaço poderiam ser guardados todos os elementos de uma vida, aqueles expressos pelo sentimento, caracterizados pelo autor como “pedaços de segredo”. A transmissão psíquica entre gerações, mais uma vez pode ser compreendida pelos objetos continentes, tanto os concretos, como caixas e latas, como os abstratos que ficam guardados na memória, como os segredos. Conforme denominou Barros (1987), os avós como guardiães da memória, em contato com a infância, desvelam uma sintonia e reciprocidade nas relações em um movimento constante de construção simbólica (Oliveira, 1999).

E o legado também aparece nas fotos de Vivi que Nina apreciava e com que sonhava, de modo a revisitar cada lugar, cada momento de Vivi registrado naquelas imagens. Nesse momento, Nina aparenta já ter nove anos, e as fotos feitas pela avó ilustram vivências de Vivi com várias idades, em diferentes países e com diferentes pessoas. A avó tinha muito a lhe contar. Assim, “Vovó Vivi dominava cada foto povoadora dos sonhos todos de Nina” (p. 20). De acordo com Justo (2008), a fotografia traz essa possibilidade de produzir narrativas e sentidos, especialmente na relação do interlocutor com suas memórias transmitidas a outrem (ainda mais no caso de um membro familiar). Revisitar fotografias, exibi-las em uma conversa familiar, e (re)contar histórias envolvem encontros e produção de novas imagens e significações para aquilo que aparece retratado. Ou seja, mais do que imagens impressas em uma folha de papel, organizadas em álbum, ou, como é mais comum nos dias atuais, imagens digitais guardadas em arquivos de computador, o que se transmite no ato de mostrar fotografias, aqui ressaltando as fotografias familiares, são histórias, legados e sonhos os quais nos habitam e nos levam a novas paisagens. A imagem ilustrada por Ziraldo tem Nina com um espelho, e seu reflexo abria-lhe as portas para sonhar e crescer.

Bettelheim (2007) aponta que o espelho é uma metáfora da busca pela identidade, um dilema a ser vivenciado por todos desde o início da infância. Em sua descrição: “Quando espia sua imagem no espelho, pergunta-se se o que vê é mesmo ela ou uma criança exatamente igual a ela situada atrás do vidro” (p. 69). O autor prossegue em seu pensamento afirmando que, em consequência da polaridade, em certezas e incertezas acerca de si, a criança é lançada a uma próxima etapa que busca uma visão de mundo. Essa etapa que procura o exterior e suas relações (período vivido por Nina) é marcada pelo período edipiano, configurado por uma gama de sentimentos ambíguos. Nina não aceita prontamente seu destino, que trazia a morte de sua avó.

E, com os desenhos de Nina, a avó acompanha seu crescimento. Construíram uma relação de trocas, em que “[...] a avó guardava seus desenhos e colecionava suas frases” (Ziraldo, 2002, p. 12). As ações da neta, narradas de maneira corriqueira, demonstram o quanto uma, estava intimamente ligada à outra. Há uma identificação positiva, tanto que Nina quer ser Vivi quando crescer: “Eu já sei o que vou ser quando crescer. Vou ser você, Vovó Vivi. Pois vi o seu retrato de primeira comunhão e pensei que era eu na festinha do colégio, no dia de São João. E, se ontem fui você, vou ser você amanhã” (p. 22).

Assim, Ziraldo termina essa primeira etapa do livro, uma vida plena, colorida, como os desenhos de Nina e as expressões exageradas da avó, a qual transbordava de felicidade, com os versos de um doce poema. Com essa integração entre ontem e hoje, ambas sonham com um futuro. E, nesse ponto, o autor traz um novo ensinamento deixado pela avó: a possibilidade de reinvenção da vida. As imagens, antes tão coloridas, escurecem. A noite cai e a lua reflete a finitude da vida através de suas fases; aqui, em especial, a lua está cheia e pequena, no sentido da completude da vida, assim como o enigma da esfinge encontrado por Édipo. As três páginas seguintes não possuem ilustrações, a linguagem é cuidadosa, mas densa. Aqui, Nina tem que se defrontar com a morte de sua avó e com a intensa dor da perda.

Como a vida segue mesmo diante da morte, o dia amanheceu e Nina pôs-se a questionar a ausência da avó, demonstrando um aspecto do luto: o desamparo. A menina, imersa pelo relacionamento com Vivi, parecia esvaziar-se com sua ausência, pois havia interiorizado inconscientemente sua avó, tanto que habitava seus desejos para o futuro. “Não era isso Vovó que estava combinado”. “Vovó, e as suas promessas [...]”. “E a nossa parceria?”. “Vovó, e os meus segredos? [...]”. “E como é que eu vou crescer sem você me ver crescer?” (Ziraldo, 2002, p. 28).

Segundo a teoria freudiana, o luto é um processo. E assim nos descreve Freud: “As exigências da realidade não são atendidas de imediato. Ao contrário, isso ocorre pouco a pouco e com grande dispêndio de tempo e energia, enquanto, em paralelo a existência psíquica do objeto perdido continua a ser sustentada.” (Freud, [1917], 2006, p. 104). A morte necessita de um tempo para seu luto, tanto que Ziraldo deixa uma página em branco. Um hiato necessário ao processo doloroso que se instala.

A reinvenção proposta pela avó começa com sua morte, quando o que ficou na memória da neta não se findou e dependerá dela para ter ou não um fim. Antecipando o futuro, pelo recurso literário da prolepse e também do uso da linguagem realista, Nina sente a ausência e a angústia de ter perdido a avó. Nesse momento em especial, a interação com o leitor abrange todas as idades. É muito provável que crianças e adultos tenham reações fundidas com a história de Nina, já que a morte nos conta sobre a vida. Ziraldo assim prossegue: “Quando a porta do seu quarto foi aberta, finalmente com força e ansiedade, lá dentro, Vovó dormia serena como viveu. Vovó dormia para sempre” (p. 27). A temática da morte, ainda que uma presença certa em nosso universo humano provoca dor e sofrimento àqueles que perdem entes queridos. De acordo com Coelho (1987), “[...] a morte passa a ser vista como a suprema metamorfose da vida, embora permaneça invisível aos olhos” (Coelho, 1987, p. 8).

A ilustração que dá continuidade à história é a de Nina chorando. De seus grandes e amendoados olhos castanhos brota uma lágrima densa. Frente à revolta de Nina, o narrador traz uma esperança, escrevendo com letras garrafais: “Mas espere Nina, espere, por que há duas razões para você não chorar” (Ziraldo, 2002, p. 33).

Ziraldo apresenta como primeira opção, o sonhar como possibilidade do fim da existência humana com a morte; a segunda, com a ideia de a avó estar vivendo em outro plano, de sorte que poderia então, ver Nina crescer. As duas possibilidades estão vinculadas ao caráter religioso e cada uma pode ser interpretada de acordo com a orientação do leitor. Mas aqui, arriscaremos algumas outras leituras possíveis.

“Dos dois jeitos desse adeus é que a gente inventa a vida”, enfatiza Ziraldo (p. 37), em seu livro. Renasce em Nina uma pulsão para o viver e para sonhar. Independente da crença que Nina escolheu para prosseguir, ela pôde levar consigo as memórias de sua avó e recontar as histórias que construíram juntas.

Ziraldo (2002) concebe uma literatura que permite um refrigério para a dor da perda e da ausência, por meio do sonhar. Segundo a interpretação de Bromberg (1998), a morte com toda sua densidade é um assunto que deve ser apresentado às crianças de acordo com a realidade vivida e com seu amadurecimento, fatores estes que influenciam o significado que cada criança pode imprimir à sua experiência. A autora pontua que a maneira com que o meio familiar conduz a educação da criança sobre a morte é decisivo para a elaboração do luto e, por consequência, para a formação de uma identidade frente ao movimento cíclico da vida, de formação e rompimentos de vínculos.

Correa (2011) nos lembra de que, na sociedade ocidental, atualmente, em muitos casos, as crianças são “poupadas” da despedida de um ente querido, havendo também uma negação do luto infantil. Nesse contexto, a obra de Ziraldo (2002) vem respeitosamente dialogar com o público infanto-juvenil. Em sua vivência e em seu livro, o autor pôde ressignifcar e homenagear uma avó através da descrição da importância dessa figura no meio familiar e na formação da identidade da neta. Nesse ensejo, Ziraldo, Nina e o leitor, cada um a sua maneira, pode representar psiquicamente um elo que não se desfaz com a despedida da vovó Vivi, porque certamente ela ocupará um lugar na memória.

Encontramos com Ziraldo, Vovó Vivi e Nina, histórias de (re)descobertas: uma mulher que se descobre avó, um bebê que descobre a vida, e um autor que descobre uma alternativa frente à experiência dolorosa da morte de sua esposa. Ziraldo escreveu este livro dois anos após o falecimento de sua companheira Vivi, e o dedicou à sua neta. Com nascimentos e renascimentos, Menina Nina descobre ainda muito cedo a dor da perda. A menina, através da continência de seu avô-escritor, pode sentir-se abraçada e escolher um caminho para continuar a viver.

Nina e Vivi são sujeitos inconscientes incompletos que simbolizam seus desejos embalados por uma dinâmica pulsional em um meio cultural que já havia sido apresentado pela interação familiar; formam uma unidade de representação de nosso funcionamento psíquico.

Em especial nessa obra, o autor reforça a importância dos avós no contexto familiar e social, por sua própria experiência, uma vez que pôde desfrutar da convivência de suas avós, descrita por ele e considerada por nós como um celeiro psíquico: “São avós que conheço muito de perto, fui muito bem servido de avó, no colo de quem dormi até quase alcançar cinquenta anos de vida” (Ziraldo, 2002, epílogo, s/p).

A menina, o cofrinho e a vovó

O livro A menina, o cofrinho e a vovó é uma história autobiográfica que Cora, aos 78 anos, escreve especialmente para sua neta Célia. No livro, uma velha avó que vivia sozinha por opção, precisava se sustentar. Decidiu se arriscar como doceira já que havia aprendido o ofício com suas tias. Trabalhou muito, dia e noite, lutou e perseverou. Porém, o sabor especial e inigualável de Cora vem com uma singela ajuda da neta Célia. Esta doa à avó suas economias para comprar uma geladeira, visando conservar seus doces. Conservados, assim, ficaram os laços afetivos e simbólicos entre duas gerações.

Nessa história, a avó e a neta não têm nomes, oferecendo aos pequenos leitores uma fenda para o exercício da imaginação e da fantasia. Cada um, de acordo com sua história de vida, poderá atribuir-lhe um nome e uma idade que lhe satisfaça. Na pequena bolsa da avó cabem muitas histórias, sonhos, segredos e riquezas, os quais podem ser protegidos em toda a extensão de seu pequeno guarda-sol. E assim, a avó-autora inicia a narração de sua história. “Era uma vez uma velha que morava sozinha numa cidade muito antiga e tinha uma casa-grande na beira de um rio, um rio atravessado de pontes e cheios de estórias” (Coralina, 2009, s/p).

Nesse início da história a narradora destaca a velhice como uma de suas principais características pessoais, porém, não com o mesmo sentido de desqualificação que comumente hoje é dado ao longevo mediante sua associação àquilo que está gasto, surrado e é tido como inútil e descartável (Peixoto, 1998; Correa, 2009). O velho, ao qual se refere a autora, nos sugere outros sentidos, mais associados à experiência, à sabedoria e outros. Tal estratégia discursiva de Cora Coralina aponta a afirmação de um modo de ser, pois essa avó demanda sua identidade e, vivendo à sua maneira, encontra na velhice e na avosidade a possibilidade (e não a restrição) de resgatar as raízes de sua história a elaboração sobre sua vida.

Através do alimento, Ana e Cora nos falam da maturação psíquica em que, mesmo com a distância, podiam trocar seus conteúdos e constituíram uma moeda de troca. A neta proporcionou um reconhecimento simbólico à avó, recolocando-a na trama edipiana e no recebimento de investimento simbólico. Com representação familiar, por meio de sua neta, a avó busca sua história e seu destino, revelando-nos as incertezas, os limites e os obstáculos que a acompanharam em toda a vida, onde o indivíduo a busca de suas origens e ressignificação de sua existência, e, de acordo com a leitura psicanalítica, estes movimentos estão baseados no complexo edípico e no Narcisismo, que operam em todo o processo de envelhecimento e velhice. Assim como o curso do rio que batia a sua porta, a vida movimentava-se.

A velha tinha filhos. Tinha netos e bisnetos e todos moravam em cidades diferentes, bonitas e movimentadas e progrediam e criavam suas famílias com amor. A velha morava longe e sozinha. Não por nada. “Queria viver simples, sua vida, sua maneira, ao seu gosto e por isso se fez longe, na terra onde nasceu e onde tinha suas raízes fortes e vivas”. (Coralina, 2009, s/p)

A avó recorre às raízes vivas da cidade e da casa onde passou sua infância e juventude, para redescobrir uma maneira de poder se sustentar. E retoma, então, uma receita de doce, herança de família que havia aprendido ainda menina, uma herança cultural que (res)significou seu presente. Essa herança iria muito além de bens materiais perecíveis e que podem se esvair pela gastura da moeda ou da ação do tempo sobre objetos, terras ou edificações. Trata-se da herança de um doce, de uma “receita” de vida que é matéria a ser trabalhada diante das amargas adversidades, as quais, às vezes, se colocam no caminho da existência. Receita simbólica que é transmitida, elaborada e “laborada”: “[...] e começou. E mexe e vira e revira, acerta, faz e refaz, embalou mesmo. A velha era enérgica e de saúde rija. Trabalhou com fôlego de sete gatos” (Coralina, 2009, s/p).

Recorrendo a sua memória construída em família, a avó precisava de um tacho de cobre especialmente antigo. O termo “antigo”, que pode facilmente ser associado a velho, em seu sentido pejorativo, se torna ouro de mina, valorizado e perpetuado.

Também os elementos da natureza emprestam a poesia, a força e a fertilidade de seu trabalho: “E foi indo. E foi indo e foi dando. Deu muito bonito sol e deu muito boa chuva. Deu noite e deu dia” (Coralina, 2009, s/p). Referindo-se ainda ao ciclo da existência, vemos uma velhice que, passada a primavera da vida, colhe os frutos do outono do envelhecer: “As árvores brotaram flores e as flores viraram frutas de que a velha fazia doce” (Coralina, 2009, s/p).

Sua experiência, cristalizada em doces de frutas, metamorfose que alude ao envelhecer com elementos de realidade, com suas mãos cansadas e a necessidade do trabalho árduo para o público, compõe uma prosa prazerosa. A arte culinária, constituída pelos alimentos, funda uma linguagem do afeto necessário para a constituição da vida perpetuado culturalmente. “[...] (os doces) vão até o estrangeiro. Já foram saboreados na Riviera Italiana, na América do Norte, em Chicago” (Coralina, 2009, s/p).

Viver sozinha também lhe trouxe ônus. Simbolizadas pelo preparo de um de seus melhores doces, Cora tinha suas mãos queimadas pelo figo quente, mas ainda assim os preparava com muito esmero, incorporando a dualidade pulsional, diante dos prazeres e conflitos assim como concebido por Freud (1905) na teoria edípica. “Pior mesmo do trabalho era a descascação dos figos, doce que todos queriam e que a velha fazia como ninguém. Descascar figos ferventados, um a um... Um pequeno canivete, um monte de frutinhas de pele áspera à espera...” (Coralina, 2009, s/p).

Mexer, misturar, apurar, o doce se fazia. A infância em um lento movimento também apura sua fantasia em contato com a realidade e a velha avó integra sua realidade interna e externa, misturando o presente, o passado e cozendo um futuro. E, por seguinte, pôde comprar novos tachos sempre preferindo o “velho” cobre, um “velho” nobre dotado de tamanha beleza.

Então a velha ganhou dinheiro. Comprou tacho, tachos. Todo tamanho, sempre com o cobre antigo, velho. Asas de bronze. Mandava cigano soldar aformoseado, à moda deles, na perfeição bonita que marca as emendas e consertos de estrias, laivos amarelos. Enfeita o róseo do velho cobre. Areado, reluz em lindeza. (Coralina, 2009, s/p)

Cora transforma tacho de cobre em poesia; da herança material à herança simbólica, a autora define a transmissão psíquica entre gerações. Trata-se de uma herança que é composta por lembranças, memórias e experiências do passado no presente, de modo a vislumbrar igualmente uma descendência no futuro (Redler, 1986; Barros, 1987; Oliveira, 2009; Vitale, 2010), da mesma maneira que a autora e personagem deixarão seus tachos, aparatos simbólicos e vivos entre as gerações. Nesse pensamento, temos ainda a passagem do tempo que se concretiza com as novas identidades entre filhas, mães avó e bisavó, que Cora descreve como lição de vida, sua marca de evolução em um período histórico. A interação entre avós e netos produz conteúdos que podem ser aformoseados pelo encontro, um bonito reflexo do que foi vivido e poderá ser transmitido e perpetuado, nas palavras de Cora, de uma forma “sempre proveitosa”.

Mas ainda faltava a concretização de que seus feitos e doces seriam conservados. A avó precisava de uma geladeira, uma condensação de seus sonhos: retratar um tempo e um olhar através da arte de adoçar a vida com seus doces e palavras. Cabe, a esta altura, explicitar para o leitor que não está de posse do livro que já passamos da metade da história. A avó-autora primeiramente se apresenta, sendo possível compreender a representação do tempo de um doce “apurar” e chegar ao ponto de cozimento. Cora já tinha sido filha, mãe, avó e bisavó, e, nesse momento, narra um singelo, porém muito importante encontro com sua neta. É quando as visitas chegam: filha, genro e netos.

A dimensão temporal e simbólica é então expressa pela ação de uma neta “redonda, cabeludinha e afirmada”, que doa suas parcas economias e ajuda no pagamento da geladeira. A história não conta o nome, a idade e a história que as duas já haviam compartilhado, mas sabemos que era uma neta a qual possuía os atributos necessários para uma relação de trocas, um doar-se sem esvaziamento. Um gesto que fala por si, simples e inocente, como diz a autora - avó:

E quando a avó, comovida, falou: - Você me dá seu dinheiro e fica tão pobrezinha... Ela, a menininha, respondeu inocente, simples como uma flor: - “Eu ajunto outro, vovó”. Nas palavras da neta nos deparamos um futuro ainda em forma de botão, e nas palavras da avó: “Querida e sempre lembrada neta de tantos predicados, de tanto nobre sentir... sensibilidades... a cachorrinha apanhada na enxurrada... a roça de milho, arroz, feijão, alpiste... as mudas apanhadas ao léu dos passeios, plantadas e cuidadas... Tudo, tudo revelador de uma personalidade de botão” (Coralina, 2009, s/p).

E a avó, com a ajuda das moedinhas advindas da economia da neta, pagou sua geladeira e prosperou. Sonhos que foram fertilizados, cuidados, deram frutos como as jovens figueiras de Cora em produção. As moedinhas da neta foram adubos na busca de uma subjetividade em plena formação ainda na velhice, assim como os figos com fina e áspera casca lhe rendiam os melhores doces. A autora possibilita, assim, a crianças e adultos, seja no ambiente familiar, seja no escolar, saborear um livro com as paisagens de Goiás, coloridas com nuances de cor de abóbora alimentando o imaginário com um encontro gratificante.

Cora e Célia, sua neta, a quem ela dedica o livro, são representantes de uma vida/obra de sabor inesquecível, que estimula as funções do pensamento como a arte culinária. Se empregarmos a concepção psicanalítica do aparelho psíquico, as paisagens descritas e ilustradas no livro, como a ponte, o rio e casa de Cora, são representantes sociais e fontes concretas de identificação e formação de personalidade. As figueiras em produção e todas outras árvores frutíferas são representantes do ciclo vital (Erikson, 1998), pois necessitam de chuva e de sol, necessitam do afeto como fertilizante para nutrição dos vínculos. Dessa maneira, Cora e Célia coseram uma compota de memórias, que adoça o desejo de permanência, representada simbolicamente por uma geladeira que tudo conserva.

Como escritora, doceira, avó, e tantas outras mulheres que habitavam Cora Coralina, nos chama a atenção, tanto na escrita quanto em seus registros biográficos, a capacidade de se reinventar, de produzir sentidos e subjetividades, no encontro com o outro, ainda mais especialmente na velhice. Do “velho e cansado coração da Vovó Cora” brota a poesia da vida, que é herança cheia de gosto e sabor, conservada e guardada pela pequena neta Célia. Ao doar suas economias, moedinhas praticamente simbólicas diante do valor real do objeto a ser comprado - uma geladeira - para melhorias nas condições de produção do doce, a netinha estabelece uma relação de troca muito mais valiosa do que qualquer moderna geladeira no mercado. Ali, avó e neta trocam afeto, história, sentidos e valor ao trabalho, ao que é velho e novo, ao que permanece e se transforma entre o passado e o futuro.

 

Conclusão

A literatura, na prosa e na poesia, com as obras Menina Nina: Duas razões para não chorar, de Ziraldo (2002) e A menina, o cofrinho e a vovó (2009), de Cora Coralina, ofertou sentidos para sublinhar o protagonismo exercido pelas avós nas histórias. Histórias de vida retratadas na literatura e que se configuram em um potente instrumento de socialização e conscientização, a partir da infância, e de um respeito e valorização do envelhecimento, por meio dos avós. Na obra de Ziraldo, a temática do luto na infância, com a perda da avó, traz importantes contribuições para a reflexão sobre a formação e o rompimento de vínculos entre avós e netos. Já no pequeno e significativo livro de Cora Coralina aqui analisado, prevalece a importância da transmissão de heranças imateriais, através de uma receita simbólica a gerações posteriores.

Os avôs e as avós que apresentamos nessas obras construíram uma relação simétrica pelos vínculos elaborados em diferentes fases, integrando um reconhecimento e um respeito pelas diferenças, em que a criança se torna um porta-voz de valorização dos avós e da velhice, viabilizados pela Literatura Infantil. Nesse sentido, a literatura infantil pode ser uma fonte privilegiada de transmissão de valores que compõem um determinado modo de vida (Radino, 2003). Seus recursos, que abrangem realidade e ficção, são alicerces para a infância, fase esta de construção de uma unidade psíquica com um olhar singular sobre o mundo, por meio do relacionamento em sociedade, com suas regras e conceitos.

Com tais características, literatura e sociedade são agentes de transformações. Quando uma história é contada ou lida, cada um à sua maneira pode vivenciar esse conteúdo e confrontá-lo com sua realidade. Esse ato reflexivo habilita o nascimento de um posicionamento crítico de sua realidade, de sua própria história. Como um espaço possível para transformar lugares e realidades, a Literatura Infantil também se constitui enquanto uma arte potente para fomentar fantasias, ajudar a solucionar conflitos internos, ressaltar a importância dos laços intergeracionais e criar mundos e sentidos tantos quanto forem possíveis.

Além disso, consideramos que o (a) avô (a) que conta suas histórias e a criança que as escuta e as internaliza, ambos, são beneficiados. Por fim, a literatura, com sua potencialidade criadora e reprodutora de informações, possibilita um elo entre avós e netos, por meio de dois de seus representantes, aqui tomados por Ziraldo e Cora Coralina, cada um com seu estilo, conduziram com maestria a fusão de se tornarem escritores-avós que se destinaram a compor uma obra para seus netos e também para todos os filhos, pais e avós de todo o mundo.

Assim, os estudos sobre os avós são de fundamental importância para a compreensão das mudanças familiares e a configuração de sua dinâmica, na atualidade, com enfoque nas relações intergeracionais que realizam movimentos entre gerações, por meio da transmissão de seus legados psíquicos que passam de geração em geração.

 

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Endereço para correspondência
Camila Cuencas Funari Mendes e Silva
E-mail: camila_cfms@hotmail.com

Mariele Rodrigues Correa
E-mail: mariele@assis.unesp.br

Enviado em: 28/03/2014
1ª revisão em: 17/06/2014
Aceito em: 24/06/2014

 

 

1 Psicóloga, Especialista em psicoterapia de Orientação Psicanalítica, Mestranda em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Assis. (SP).
2 Doutora, Mestre e Graduada em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Docente do Departamento de Psicologia Evolutiva, Social e Escolar da FCL-UNESP, campus de Assis (SP).