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Pensando familias

versão impressa ISSN 1679-494X

Pensando fam. vol.18 no.2 Porto Alegre dez. 2014

 

EDITORIAL

 

 

Helena Centeno Hintz*

 

 

A Família, cada vez mais, é valorizada em seu papel no desenvolvimento do indivíduo e na formação da estrutura da sociedade. Cuidar da família, de seu bem-estar é cuidar do desenvolvimento dos seres humanos, resguardando aqueles que mais necessitam de cuidados, estabelecendo sentimentos de tolerância, afeto e dignidade. O profissional que trabalha com famílias tem a função de ajudar o sistema familiar a encontrar uma melhor qualidade de vida, permitindo que seus membros se desenvolvam dentro de parâmetros de dignidade social. Os trabalhos que a Pensando Famílias edita neste número contribuem para o aprimoramento do profissional que atua com famílias.

Lauren B. Gomes, Simone D. A. Bolze, Rovana K. Bueno e Maria A. Crepaldi escrevem sobre aspectos fundamentais referentes ao Pensamento Sistêmico, mostrando a importância do seu entendimento para a prática dos profissionais. Inicialmente apresentam os aspectos históricos e epistemológicos que contribuíram para ao desenvolvimento do Pensamento Sistêmico, a seguir seus critérios fundamentais e após sua aplicabilidade na Psicologia. As autoras concluem afirmando que o Pensamento Sistêmico não nega os fenômenos intrapsíquicos, mas compreende e trabalha estes fenômenos dentro do contexto do indivíduo privilegiando a rede de suas relações interpessoais

Adriano Schlösser traz, em seu trabalho, as possibilidades que a psicologia positiva apresenta sobre as emoções positivas e o bem-estar do ser humano. Ela visa a saúde entre as pessoas nos diferentes momentos de vida. O autor ressalta a importância dos relacionamentos amorosos que com seus aspectos positivos e negativos podem contribuir tanto para o bem-estar como para o sofrimento dos indivíduos. Quando estes são positivos, favorecem o crescimento individual e proporcionam satisfação conjugal.

Cintia Quissini e Leda R. M. Coelho apresentam uma investigação sobre a influência das famílias de origem na escolha do cônjuge, no relacionamento marital e na separação conjugal. Como fundamento teórico foram utilizadas as abordagens sistêmica e psicanalítica. As autoras constataram que a influência das famílias de origem foi relevante nas diversas etapas do relacionamento conjugal das pessoas investigadas.

Isabela M. da Silva e Giana B. Frizzo enfocam uma importante questão sobre casais que voluntariamente optam por não ter filhos. São casais que podem sofrer algum tipo de preconceito por não desejarem filhos, contrariando assim o senso comum. As autoras constatam que se trata de uma difícil decisão do casal e que por isso constituem um grupo diversificado pelos motivos que os levam a esta opção.

Simoni C. dos Santos e Carla M. Kreutz apresentam em seu trabalho as experiências do pai frente à gestação do primeiro filho e a aquisição de um novo papel em sua vida: ser pai. As autoras constatam que os pais se envolvem com a mulher gestante e com o bebê, tanto de forma material como emocionalmente. Entretanto nem todos os pais conseguem viver este período de forma tranquila, mas a proximidade que o pai mantém com a gestante e com o bebê proporcionam um envolvimento maior que possibilita a formação de um vínculo forte entre pai e filho.

Luciana S. Rodrigues e Anderson A. Chalhub realizam uma pesquisa bibliográfica sobre a paternidade de homens provenientes de contextos familiares violentos. O objetivo dos autores é conhecer a relação existente entre a violência vivenciada na família de origem e a experiência de ser pai na família atual. Foi constatado que a violência sofrida na família de origem influencia as relações paternas na família atual. Todavia essa influência não precisa ser mantida, sendo possível padrões de comportamento disfuncionais serem transformados. É necessário contar com fatores de proteção  individuais, relacionais e sociais para possibilitar uma ressignificação deste padrão interacional.

Márcia R. Semensato e Cleonice A. Bosa escrevem sobre um tema bastante relevante que é como comunicar aos pais o diagnóstico de autismo do filho As autoras mostram a importância de conhecer as crenças dos pais no processo de comunicação do diagnóstico de autismo do filho. A evolução e alterações nas crenças mostram que o processo de elaboração do diagnóstico inicia na sua  comunicação, indicando como os pais estão compreendendo toda a situação. A investigação também aponta a necessidade de que a comunicação não se limite a uma entrevista informativa, mas que seja um processo bastante cuidadoso.

Márcia L. R. Uber e Mariana G. Boeckel apresentam uma investigação qualitativa sobre o uso da rede social pessoal na prática  profissional, utilizando a percepção de quatro psicólogas e terapeutas de família. As autoras salientam o fato de as participantes relacionarem as redes sociais pessoais com sua prática clínica, sendo que as redes sociais pessoais favorecem habilidades geradoras de práticas sociais, da visão de mundo e do indivíduo, sendo compreendidas como ferramentas a serem utilizadas na prática clínica contemporânea.

 

 

* Helena Centeno Hintz.