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Pensando familias

versão impressa ISSN 1679-494X

Pensando fam. vol.19 no.1 Porto Alegre jun. 2015

 

ARTIGOS

 

Somos pais, e agora? A história de nós dois depois dos filhos

 

We are parents, and now? The story of both after children

 

 

Eloisa Bocchi Barbiero1 ; Silvana Terezinha Baumkarten2

Universidade de Passo Fundo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente artigo busca elucidar a construção da identidade conjugal e como esta se redefine com a chegada dos filhos, além de observar qual é o espaço destinado para o casal em meio a tantas mudanças. Para tanto, analisamos o filme Solteiros com filhos, que retrata a história de três jovens casais no processo de transição da conjugalidade para a parentalidade. Como resultado, evidenciamos que ter filhos é uma tarefa difícil, as lides domésticas se multiplicam, as pressões financeiras aumentam e os momentos de intimidade com o parceiro diminuem. Contudo, se o casal possuir alicerces sólidos baseados no diálogo, amor, parceria e compreensão tornar-se pai e mãe será uma experiência emocionante e transformadora.

Palavras-chave: Relações conjugais, Parentalidade, Dinâmica conjugal.


ABSTRACT

This article seeks to elucidate the construction of couple identity and how marriage is redefined with the arrival of children, in addition to observing what is the space reserved for the couple after so many transformations. Therefore, we analyze the movie "Friends With Kids", which depicts the story of three young couples in the process of transition from marriage to parenthood. As a result, we showed that having children is a difficult task, housework multiplies, financial pressures increase and the moments of intimacy with the partner decrease. However, If the couple has solid foundations based on dialogue, love, partnership and understanding become father and mother will be an exciting and transforming experience.

Keywords: Marital relations, Parenting, Marital dynamics.


 

 

Introdução

Formar um casal e constituir família são processos complexos, distintos, mas complementares, e por vezes, concomitantes, para as pessoas que decidem viver juntas e ter filhos. O casamento requer que duas pessoas renegociem juntas inúmeras questões que definiram previamente para si em termos individuais, ou que foram definidas por suas famílias de origem. É preciso decidir juntos a respeito das férias e de como utilizar o espaço, estruturar tempo e dinheiro, além de avaliar quais as tradições e os rituais familiares que poderão ser mantidos e quais aqueles que os parceiros desenvolverão sozinhos. O casal também terá de renegociar os relacionamentos com os pais, irmãos, amigos, família ampliada e colegas (McGoldrick, 1995).

A transição para a paternidade, por sua vez, também envolve uma infinidade de questões e transformações físicas, psicológicas e sociais, as quais serão mais bem compreendidas e elaboradas se os parceiros enquanto casal estiverem satisfeitos. Para Castello (2006) a transição para a parentalidade é uma transição chave para o ciclo vital da família, pois ela é acompanhada da diminuição geral da satisfação conjugal, de uma reversão de papéis sexuais mais tradicionais e diminuição da autoestima nas mulheres. Assim, viver com filhos é uma tarefa desafiadora para os pais.

Pittman (1994) salienta que tornar-se pai e/ou mãe na contemporaneidade não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se adiciona à responsabilidade de criar os filhos à manutenção do casal. Groisman (2013) também aponta que a felicidade que representa a vinda de um filho implicará num desafio para a relação conjugal, que será testada em sua solidez e cumplicidade. Neste sentido decidimos investigar como ocorre o processo de formação da identidade conjugal e a transição desta para a parentalidade a partir da análise do filme Solteiros com filhos (Westfeldt, 2012) e esta escolha se justifica em razão de que a referida produção cinematográfica retrata questões que são inerentes ao ser humano contemporâneo, tais como as diferentes configurações familiares, as mudanças, mitos e crenças da parentalidade e as transformações na relação conjugal após o nascimento dos filhos.

 

Revisão teórica

Formação do casal

Severino (1996) define o casamento como a determinação de dois indivíduos de conviverem numa relação estável e que implica assumirem compromissos mútuos, oferecendo suporte para as necessidades sociais, afetivas e sexuais. A tarefa fundamental no início do casamento é a adaptação recíproca, a construção de um estilo de relacionamento que geralmente guarda semelhanças, mas que também mostra diferenças em relação ao funcionamento das famílias de origem. É um momento em que o casal renegocia as relações, principalmente com suas respectivas famílias e com os antigos amigos, criando uma nova cultura a dois (Falceto & Waldemar, 2009). Portanto, quando duas pessoas decidem compartilhar suas vidas, ambas necessitam percorrer um longo caminho de ajustamento, antes mesmo de terminarem por completo a transição do namoro para um casamento que funciona (Minuchin & Nichols, 1995).

Atualmente, acredita-se que o período que compreende os meses anteriores e o primeiro ano de relacionamento conjugal é bastante relevante e especial. Neste período, o casal depara-se com uma mudança real de status social, aparece a necessidade de administração da conjugalidade com a individualidade; as expectativas e as motivações anteriores são postas em prática (ou não); e há a necessidade de reorganizar os relacionamentos com as famílias de origem de cada um dos cônjuges (Menezes & Lopes, 2007). Para Pittman (1994) poucas pessoas são preparadas para o casamento, ou inclusive pensam que precisariam ser, pois a sociedade dá a impressão de que o casamento acontece por mágica, e não são ensinadas as pessoas as habilidades necessárias para manter um relacionamento. Falceto e Waldemar (2001) referem que muitos casais descobrem que morar junto é bem diferente dos fins de semana e das férias que haviam partilhado. Os autores referem ainda que precisam encaminhar questões como a existência ou não de espaço para amizades individuais, o manejo das finanças, a frequência sexual, as visitas aos sogros e a divisão das tarefas domésticas, o que implica o estabelecimento de regras e rotinas para o cotidiano do casal.

A formação da conjugalidade é um processo complexo, que envolve diversos níveis do relacionamento e contextos que resultam na definição psicossocial de uma relação afetiva estável. Cada parceiro, ao se engajar na relação a dois, experimenta uma reconstrução de sua realidade individual, criando referências comuns e uma identidade conjugal (Féres-Carneiro & Neto, 2010).

Féres-Carneiro (1998) aponta aspectos essenciais para a formação da identidade conjugal como a convivência, o estabelecimento de desejos conjuntamente construídos e projetos de vida a dois. Nesse sentido, é que a formação do novo casal é considerada uma das tarefas mais complexas dentro do ciclo vital familiar, e como tal, deve ser vista como contínua e não meramente envolvendo as fases iniciais de engajamento amoroso. Assim, Féres-Carneiro e Neto (2010) salientam que são os padrões de relacionamento que mantêm a conjugalidade e sua qualidade, ao longo do tempo, permitindo que esta resista às diversas circunstâncias, às mudanças previsíveis e às imprevisíveis do ciclo de vida.

Carter e McGoldrick (1995) definem seis estágios para o ciclo de vida familiar. O segundo estágio, o novo casal, remete-nos à tarefa de intimidade, de abrir-se com o outro sem confundir-se. Estabelecer um casal exige um novo compromisso com o outro, é preciso renunciar a alternativas de pares, a outras relações que competem com a relação de casal. Para concretizar o projeto, tem que se negociar, pois há a construção da identidade do casal e sua realização passa pelo projeto comum; há uma fusão de identidades, não só para satisfazer o outro, mas sim para alcançar uma identidade comum (Carter & McGoldrick, 1995).

Cada casal cria um modelo único, que vai se transformando com o passar do tempo (Walsh, 2002, In Oliveira, 2012). Pincus e Dare (1987) também referem que os casamentos variam muito, não só no grau de satisfação que os casais obtêm, como também no tipo de satisfação que cada um procura. A estabilidade que eles podem alcançar em seu casamento depende paradoxalmente da flexibilidade com a qual cada um responde às suas mútuas e variadas necessidades. Sendo assim, o casamento representa uma oportunidade de enriquecimento pessoal tanto pela própria interação que se estabelece quanto pelo desenvolvimento sexual, afetivo e social (Severino, 1996).

Casal com filhos

Para Prado (1996), o bebê inaugura a família e uma série de novos papéis e de novas formas de relacionamento. Com a chegada do novo filho, o casal, que até então era apenas marido e mulher, torna-se pai e mãe. Nesta fase, grande parte de suas energias deverá ser direcionada para os cuidados com o pequeno bebê, indefeso e dependente dos cuidados parentais. Por algum tempo, é preciso priorizar as necessidades do filho, abrindo mão, muitas vezes, das suas próprias. Conhecendo até então apenas os papéis de filhos, namorados ou esposos, enfrentam o desafio de exercerem as complexas funções da parentalidade, para as quais ninguém jamais pode ser completamente preparado com antecedência (Prado, 1996). Falceto e Waldemar (2001) assinalam que a chegada do primogênito traz novas identidades, transforma o casal em família, o marido em pai, a esposa em mãe e os pais em avós.

Prado (1996) refere que o nascimento do primeiro filho também traz modificações importantes na distância do casal em relação a suas famílias de origem. Após o afastamento natural do casal a fim de fortalecer sua autonomia individual e de casal, a vinda do bebê inicia uma nova etapa de proximidade entre a família de origem e o casal nuclear que visa à criação de um contexto adequado de cuidados para o recém-nascido.

Dessa forma, a família com filhos pequenos necessita fazer mudanças para adequar-se positivamente a essa nova fase. É preciso que o sistema conjugal se ajuste para criar um espaço para o filho, pois agora a função parental é acrescida ao sistema familiar. Os pais devem unir-se nas tarefas de educação dos filhos e nas tarefas financeiras e domésticas, bem como devem realinhar os relacionamentos com a família ampliada para incluir os papéis de pais e avós (Carter & McGoldrick, 1995). Para Severino (1996), a presença dos filhos enriquece a relação na medida em que estimula o desenvolvimento de capacidades especificamente humanas e demanda movimentos de readaptação à nova realidade.

Pittman (1994) enfatizou a importância de uma transição para a parentalidade no processo de desenvolvimento das famílias, que ele denominou de pontos críticos enfrentados pelo casal. Falceto e Waldemar (2009) referem que é desejável que a gravidez aconteça só depois da estabilização do casamento, uma vez que ela introduz profundas modificações na vida do casal. A mulher, mais sensível e introspectiva, precisa de apoio, atenção e carinho do marido, ao passo que este também pode desequilibrar-se caso se sinta abandonado pela esposa. Assim, espera-se que, nesse momento, o casal esteja com a comunicação bem estabelecida, bem como que já esteja habilidoso na solução dos problemas comuns dessa etapa, tais como: manejo do dinheiro e divisão do poder, tarefas domésticas, relações com os amigos e crescente autonomia das famílias de origem. Quando isso acontece, a chegada do bebê – com sua grande capacidade de despertar amor –, fortalece também a intimidade do casal (Falceto & Waldemar, 2009).

A parentalidade começa, segundo evidenciam Silva e Solís-Pontón (2004), com o desejo de ter a criança, desenvolve-se durante a gravidez e continua após o nascimento do filho. Nesse contexto, passam a fazer parte do cotidiano as noites sem dormir, a falta de intimidade do casal, o cansaço físico, a conciliação da vida pessoal e profissional, os gastos inesperados, etc. Dentre essas mudanças profundas na vida dos pais, há uma em especial para a qual é preciso estar atento como se percebe a vida sexual do jovem casal, que experiencia o sentimento de que deve abandonar toda intimidade para tomar conta do bebê. No entanto, sabemos que os casais precisam nutrir seu casamento para poderem funcionar como pais (Minuchin & Nichols, 1995). Falceto e Waldemar (2009) advertem que os pais envolvidos com o trabalho, com os filhos e com as lidas domésticas precisam ter muito cuidado para manter o romance aceso no casamento e não hipertrofiar os novos papéis, uma vez que, frequentemente, o início do desgaste do casal começa quando pai e mãe esquecem-se de continuar sendo marido e mulher.

Phillips (2000) salienta que embora no primeiro ano de vida do bebê ele esteja mais próximo e mais ligado à sua mãe, o pai também desempenha papel crucial, pois ele oferece uma maneira diferente de estar com seu filho, uma outra relação íntima. Por vezes, durante os primeiros meses, as mães podem enredar-se intensamente com seus filhos, sentindo-se tão confusas e oprimidas quanto seus bebês; nesses momentos, o pai desempenha um papel de equilíbrio, ficando entre a mãe e o bebê do qual ela não consegue se separar, ajudando-a a manter sua posição e não ser tragada por seus sentimentos infantis. Tal ação lhe permite proporcionar à esposa/mãe um tempo para se recuperar, descansar e ter um espaço para si própria.

Embora neste período a tendência seja voltar-se para a mãe e seus sentimentos, não podemos esquecer que o pai também passa por esta transição. A trajetória masculina para a parentalidade difere da mulher, pois somente ela poderá sentir o filho crescer dentro de si, dar à luz e amamentá-lo, porém a competição e a exclusão também são sentimentos frequentes e esperados nos futuros pais, não somente porque a mulher tende a desviar suas energias e atenção para o bebê, mas também porque ela se torna o centro das atenções de todos, sendo que poucos se interessam pelos sentimentos do futuro pai durante este período de adaptação (Brazelton, 1988, In Piccinini et al, 2004). Neste sentido, evidencia-se que os casais, e não apenas as mulheres, ficam grávidos. Alguns estudos (Pincus & Dare, 1987; Piccinini, et al, 2004; Bornholdt, Wagner & Staudt, 2007) já apontam que o homem deve fazer adaptações similares às da mulher, e enfrenta dúvidas e angústias também semelhantes, referindo que os pais podem, inclusive, desenvolver a Síndrome de Couvade, apresentando sintomas físicos e psicológicos semelhantes e concomitantes aos das mulheres (Piccinini et al, 2004).

Refletindo sobre essas questões, Murta, Rodrigues, Rosa e Paulo (2012) desenvolveram uma pesquisa para avaliar as necessidades do casal para a implementação de um programa de transição para a parentalidade. De acordo com esse estudo, os sentimentos na primeira semana após o nascimento do primeiro filho são: insegurança, senso de responsabilidade, ansiedade, medo, mistura de espanto e alegria, cansaço, felicidade, encantamento, orgulho, preocupação, apreensão e realização. Já as dificuldades levantadas referem-se à falta de informação, dor na amamentação, impotência diante das cólicas, cansaço físico, adaptação do filho à casa, palpites em relação ao cuidado, relação com o cônjuge na vida afetiva/sexual e conflito de papéis no caso da mulher - esposa/mãe. As estratégias sugeridas, no mesmo estudo, para o enfrentamento dessas dificuldades são contato com a criança, rede de apoio social e busca de informação. Os estressores específicos da parentalidade dizem respeito a compreender e ajustar-se aos ritmos como a duração do sono e choro do bebê, dificuldade de alimentação e cólica, receber visitas no primeiro mês e insegurança do pai em cuidar do bebê. Diante de tantos sentimentos, que envolvem adaptações e ambivalências com a chegada do recém-nascido, percebemos que a transição para a parentalidade requer uma grande diversidade de estratégias de enfrentamento para lidar com os sentimentos ambivalentes resultantes do nascimento do bebê, tais como interpretar e atender ao choro do bebê e suas diversas necessidades, favorecer a participação do pai nos cuidados com o bebê, encorajar a percepção das capacidades sensoriais do bebê, lidar com mudanças nos papéis e na sexualidade do casal, fortalecer a rede de apoio social e proteger-se da intrusão dessa rede (Murta et al., 2011).

Embora muitos estudos apontem para um crescente interesse por parte dos homens em participar dos cuidados com os filhos, Jablonski (2010) acredita que esse interesse, quando dirigido ao campo dos comportamentos, ou seja, da ação propriamente dita, não se concretiza. O que podemos inferir, nesse aspecto, é que houve sim muitas mudanças na configuração familiar, uma vez que, outrora, os papéis eram bem definidos, o homem era provedor e a mulher dona de casa e responsável pelo cuidado dos filhos, no entanto, hoje não há mais um único modelo familiar (Staudt, 2007; Jablonski, 2010; Matos & Magalhães, 2014). Bradt (1995), Matos e Magalhães (2014) pontuam que no caso dos pais contemporâneos, o espaço para a paternidade é difícil de se criar, pois modifica-se o equilíbrio entre trabalho, amigos, irmãos e pais que na sociedade atual é muito mais valorizada em detrimento das funções parentais. Como cuidar e gerenciar as novas tarefas advindas com a chegada do bebê é uma questão que cada casal irá construir ao longo do processo de tornar-se pai e mãe.

 

Metodologia

O presente artigo faz uma análise do filme “Solteiros com filhos”, dirigido por Jennifer Westfeldt e lançado em 2012 pela Paris Films. O longa-metragem retrata questões inerentes ao casal que opta por ter filhos, salientando as mudanças, os mitos e as crenças da parentalidade e as transformações na relação conjugal após o nascimento dos filhos. A escolha do filme se deu por retratar claramente essas mudanças. Sendo assim, os objetivos são: estudar como se dá a formação da identidade conjugal, quais são as mudanças ocorridas com o nascimento dos filhos, suas origens e seus efeitos, além de observar como fica a relação do casal após tantas transformações.

Solteiros com filhos

a. A construção da conjugalidade

A trama de Solteiros com Filhos gira em torno de seis amigos, Jason e Julie que são amigos desde o colegial, ligam um para o outro tarde da noite apenas para bater aquele papo sincero e vivem fazendo brincadeiras infantis entre si, e são os solteiros da turma. Leslie e Alex, um casal brincalhão e cheio de planos e Bem e Missy que transam o tempo todo.

A construção da conjugalidade é um passo importante para o relacionamento a dois, pois é ela que permite o desenvolvimento do casal além do “eu” e do “ele/ela” em direção à construção do “nós” (Menezes & Lopes, 2007). Segundo Carminatti (2009) a união com outra pessoa requer ajustes constantes até que consigam elaborar um consenso de ideias e regras com a negociação de tarefas, modificando papéis e assumindo novos compromissos, por exemplo, deixar de ser filho e passar a ser marido, deixar de ser filha ou irmã e passar a ser mulher. A partir deste princípio o casal começa a construir a sua identidade conjugal e começa a elaborar um futuro em comum, sem deixar de lado a sua individualidade.

De acordo com Paiva (2009) hoje já não podemos mais falar em um modelo único de casamento, nem fazer previsões de quão duradouro será este relacionamento, pois vivemos na era da modernidade líquida, da fluidez, onde tudo é permitido, nada é contido por muito tempo (Bauman, 2001). No filme, Jason e Julie, representam esta espontaneidade do mundo atual, quando decidem ter um filho juntos para “pular” a parte ruim do casamento, pois como pensa Julie “não tem como ser a pessoa mais importante para o seu parceiro, sem desistir de ter um filho”. O temor dos amigos em perder a intimidade do casal após o nascimento dos filhos retrata um sentimento de muitos casais (Hernandez & Hutz, 2009; Falceto & Waldemar, 2009).

Em geral, vivencia-se uma visão romantizada do casamento, como nos contos de fadas “eles se casaram e viveram felizes para sempre”, contudo poucos falam sobre as dificuldades de se construir uma vida a dois. O indivíduo idealiza que o outro será o responsável pela realização de seus desejos e pela compensação de suas carências. E quando isto não acontece surgem os conflitos, as brigas e por vezes, a decisão pelo divórcio. De acordo com Carminatti (2009) a construção e reconstrução da identidade conjugal ocorrem principalmente através do diálogo, que pode remodelar e confirmar a realidade do casal e da realidade interna, ou seja, é importante discutir a relação, manter em dia os sentimentos e expectativas. Menezes e Lopes (2001) apontam que no desenvolvimento da relação conjugal, os casais passam por diferentes etapas, como ocorre no ciclo de vida familiar. Cada uma das etapas por que passa o casal é composta por características específicas e por diferentes oportunidades, dificuldades e tarefas. Desta forma, proporciona o desenvolvimento de distintos padrões de interação e cada ponto do desenvolvimento pode ser tanto uma oportunidade de crescimento, quanto um momento de risco e insegurança para o casal.

Hintz (1999) também refere que o casal se desenvolve através de etapas fundamentais que seguem uma sequência básica, mas podem se sobrepor, às vezes de forma bastante entrecruzada, ou mesmo seguindo uma alternância que não permite distingui-las com clareza. A autora descreve cinco etapas da evolução do casal, a primeira é a fase do enamoramento: fase inicial de um relacionamento caracteriza-se pela forte atração que um sente pelo outro, pelo desejo mútuo compartilhado, desejo de ambos tornarem-se apenas um só, estado de completa paixão. Estabelecer diferenças é a segunda etapa do casal, período em que as diferenças ficam visíveis e abertas, surgem os conflitos, a habilidade de negociação entra em cena e permite aos cônjuges se conhecerem novamente, agora do jeito que cada um é realmente. A terceira fase aparece com as relações de poder, onde há o desejo de independência, de realizar atividades que não inclua o parceiro(a), cria-se um clima de tensão pelos sentimentos evocados diante de tal desejo, a comunicação fica truncada, há um afastamento emocional. A estabilidade do casal, é a quarta etapa, e é conquistada na medida em que ambos percebem a necessidade de alcançar uma identidade individual no mundo externo, voltar-se para realizações externas. A quinta e última etapa é a do comprometimento, onde o casal consegue estabelecer limites saudáveis entre o “eu” e o “nós”, a capacidade de negociação e o investimento emocional são equilibradas e a identidade conjugal é colaborativa (Hintz, 1999).

Como nos afirma Oliveira (2012) para que um relacionamento seja satisfatório é preciso investir constantemente na relação, empenhando-se para que ela seja harmoniosa para os dois, tentando encontrar equilíbrio entre a conjugalidade e a individualidade, partilhando interesses e relacionamento afetivo-sexual, buscando um jogo contínuo de complementariedade (Oliveira, 2012). A chegada dos filhos vem incrementar este jogo de afeto, sentimentos, ciúmes, alegrias e frustrações. Pittman (1994) ao apresentar os pontos críticos atravessados por um casal em seu enfoque sistêmico enfatizou a importância do surgimento da paternidade e da maternidade no processo de desenvolvimento dos casais. O autor aponta que, representando o início da família, frequentemente a transição para a parentalidade coincide com o fim do romance. Os cônjuges tomam consciência de que são parte de algo maior do que sua condição de casal e têm, com isso, que renegociar seus padrões interacionais e seus valores anteriores. Leslie e Alex retratam esta perspectiva, no decorrer da história apresentam conflitos e desavenças diante das tarefas, mas permanecem juntos, brincando, inventando e reinventando a vida a dois e a três.

b. Planos e expectativas em relação à gravidez

A parentalidade é um termo relativamente recente, que começou a ser utilizado na literatura psicanalítica francesa a partir dos anos 60 para marcar a dimensão de processo e de construção no exercício da relação dos pais com os filhos (Zornig, 2010). Para Bradt (1995) se tornar progenitor é, biologicamente, o evento que identifica o estágio da transição para a parentalidade. Segundo Silva e Solis-Ponton (2004) a parentalidade inicia com o desejo de ter uma criança e se desenvolve ao longo da gestação e do desenvolvimento da criança, Zornig (2010) vai além e pontua que a parentalidade se inicia na infância dos futuros pais, que é reeditada com a chegada do filho. Hintz (1999) aprofunda o tema pontuando que o indivíduo, ao se apaixonar pelo outro, inicia um tipo de vinculação muito especial. A estruturação deste vínculo tem como base a vivência dos relacionamentos infantis. À medida que se desenrola a trama dos sentimentos de amor, vão sendo revividos, consciente ou inconscientemente, vínculos antes experimentados com as figuras paterna e materna.

As expectativas quanto à parentalidade são muitas, umas positivas, outras negativas, como, por exemplo, a gestação que é um período vivido intensamente pelos pais, marcado por alegrias, ansiedade e conflitos. Percebemos este misto de sentimentos quando Leslie e Alex anunciam que estão grávidos e os amigos começam a debater sobre as possíveis mudanças que ocorrerão ou não na relação deles depois do nascimento dos filhos, no entanto, Leslie e Alex, acreditam e frisam aos amigos que os filhos não irão trazer tantas mudanças à relação deles “É sério gente, nada vai mudar, nada vai mudar”.

Sabemos que a transição para a parentalidade é permeada por muitas mudanças tanto na vida do homem, quanto na vida da mulher. Segundo Borges, Cavalhieri, Hoga, Fujimori e Barbosa (2011) o planejamento da gravidez ainda não é um evento frequente e está determinado, sobretudo, pelos contextos de vida pessoal e afetiva das mulheres, bem como por sua trajetória reprodutiva, e não simplesmente pelo uso de métodos contraceptivos ou nível de escolaridade, como tradicionalmente se tem pensado. Planejar como se dará a concepção, falar sobre os sentimentos a respeito de ter filhos, os medos que acompanham esta decisão e mais adiante refletir e combinar como serão divididas as tarefas e os cuidados com o bebê, são atitudes que fortalecem o casal e amenizam as dificuldades normais desta transição. Jason e Julie, ao decidirem ter um filho sem serem casados, conversam muito sobre como será a concepção, o que dirão aos amigos, aos pais e aos futuros parceiros, como será a vida com esse novo bebê. Aqui é possível perceber a afinidade que um tem com o outro, desde o início do filme eles dividem afinidades, gostos, brincadeiras, conversam sobre os mais diversos temas sem preconceitos ou tabus, não são um casal, mas a forma como tratam um ao outro e a intimidade existente entre eles remete a uma identidade conjugal em construção. E é essa intimidade compartilhada que lhes dá a segurança e a confiança necessárias para gerar um filho sem ter o vínculo matrimonial.

De acordo com pesquisas feitas por Krob, Piccinini e Silva (2011), muitos pais têm consciência que o nascimento do bebê traz modificações na vida do casal. Alguns falam que tanto eles como suas esposas mudarão seu comportamento em função da atenção que ambos dispensariam ao filho, porém ao mesmo tempo, expressavam sentimentos de exclusão e necessidade de lidar com esses sentimentos. Muitos autores enfatizam como a qualidade da relação conjugal atua como um fator de proteção dos filhos, ou seja, os bons níveis de adaptação e equilíbrio na vida a dois repercutem positivamente na relação com os filhos (Zornig, 2010), assim como o inverso também é verdadeiro. No caso de Missy e Ben quando o bebê chora e ambos não conseguem se entender quanto a melhor coisa a fazer “Parece que estuprei para ter um filho” é a frase dita por Ben para encerrar a discussão e sair com o bebê, situação que evidencia o quanto a parentalidade modificou e dificultou a relação desse casal. Ben e Missy transavam o tempo todo, o que era por eles considerado como positivo, no entanto, não deram atenção a outras questões importantes para a formação do casal, como atenção, companheirismo, compreensão e diálogo, elementos que dão origem à identidade conjugal proporcionando sustentação às dificuldades advindas com o casamento e a parentalidade.

Krob, Piccinini e Silva (2009) em seus estudos trazem como as principais expectativas dos pais a participação na vida do filho, a orientação e aconselhamento, ensinando princípios morais, religiosos, educacionais e éticos, além da amizade e companheirismo. A interação com o bebê em atividades de cuidados básicos, tais como trocar fraldas, dar banho, vestir, dar mamadeira também foram mencionadas, contudo após o nascimento dos filhos percebeu-se que as expectativas quanto aos cuidados básicos, na prática, limitaram-se a uma divisão de tarefas, uma vez que a sobrecarga de tarefas não foi observada pelos próprios pais. Em uma janta dos amigos, evidenciamos o quanto estas transformações podem ser conflituosas para o casal, ao chegar à casa de Leslie e Alex, Jason e Julie encontram uma mulher totalmente diferente da que conheciam, que os recebe muito atarefada e que prontamente comunica que ainda não estão prontos. Enquanto Leslie tenta organizar a casa com o filho gritando ao seu redor, Alex está no banheiro, já há algum tempo. Do mesmo modo, Ben e Missy chegam para o aniversário cansados, magoados um com o outro, pois esqueceram o presente de Jason. Estas cenas nos remetem ao início do filme quando Leslie garante que nada irá mudar com a chegada dos filhos, será que nada mudou?

c. As mudanças ocorridas na relação

Entende-se que o nascimento de um filho é um momento de extrema importância na vida familiar, conjugal e individual. A partir dele é que o casal passa a ser além de casal, pais e progenitores de uma família (Minuchin, 1982). A construção destes novos papéis, de pai e de mãe, se caracteriza pela presença de crises, descobertas, aprendizagens, e pela necessidade de adaptações e do estabelecimento de novas formas de relações na família. Vivenciar a parentalidade é apreciar momentos de muito prazer, realização e satisfação diante do pequeno recém-nascido, “Que bom que fizemos isso, eu acho que vai dar certo” é a expressão de Jason ao pegar seu filho pela primeira vez no hospital, os novos pais ficam maravilhados com o ser que geraram, olham demoradamente para ele, observando seus traços, assim como todos os pais, Jason não tinha certeza de que esse plano daria certo, mas não hesitou em tentar e, ao ver Joe tão pequenino e indefeso, entende o milagre da vida e o porquê se ama tanto essa pessoa que acaba de nascer.

E a vida com o filho começa, o sono interrompido para preparar mamadeiras, as noites sem dormir para acalmar o bebê, a angústia diante do choro desesperado da criança, as mudanças para organizar o espaço (físico e simbólico) do bebê, a escolha da babá, as renúncias de convites para sair, a abdicação do tempo com os amigos e dos encontros com outros parceiros na metade do tempo em que estão com Joe. Todas essas mudanças – ainda que os pais do menino não estejam casados – são feitas em conjunto. Há o estabelecimento de horários, normas e regras com as quais eles precisam conviver e isso dá maior sustentação à relação de Jason e Julie no cuidado com Joe. As mudanças tão temidas, esperadas e, por alguns, planejadas surgem aos poucos na gravidez e assumem uma proporção sem limites após o nascimento. A maior mudança evidenciada pelos pais é a de que o bebê torna-se o centro das atenções, está sempre em primeiro lugar, fazendo com que os pais abram mão de muitas atividades que realizavam anteriormente (Krob, Piccinini & Silva, 2009). O jogo com os amigos e os jantares com as amigas são adiados, os bate-papos passam a ser por e-mail e com pouca frequência, as dificuldades e as “artes” dos filhos passam a ser o motivo das conversas, todos os casais passam por estas transformações, Jason e Julie, embora tenham optado por um modo diferente de relacionamento, também enfrentam dificuldades como, por exemplo, quando ambos encontram um parceiro(a) com quem Joe dorme?

O que chama a atenção é que todos os casais passaram por alguma situação estressante que culminou em discussões, e até a separação conjugal, no caso de Ben e Missy, e na mudança de bairro e moradia, no caso de Julie e Jason, por quê? Muitos estudos estão apontando para um declínio na relação conjugal após o nascimento dos filhos (Hernandez & Hutz, 2009; Menezes, 2001; Piccinini, Nardi, Gomes & Lopes, 2008; Pittman, 1994; Bradt, 1995) o ajustamento conjugal ou não se dá a medida que os cônjuges conseguem dialogar a respeito das dificuldades, anseios e desejos diante desta nova configuração familiar que se apresenta. Ainda não há estudos que denotem as causas do declínio na relação conjugal, Solteiros com Filhos, traz algumas concepções como no caso de Ben e Missy que basearam sua relação apenas na dimensão genital, e quando chegam os filhos estes precisam de atenção, carinho, proteção e cuidados que devem ser somados à necessidade de manter o casal, a casa e o trabalho. Jason e Julie, por sua vez, tentaram uma nova forma, o planejamento neste caso, deixou o casal mais tranquilo quanto as demandas oriundas de um bebê, entretanto é preciso investigar mais para poder afirmar quais os fatores que, de fato, são responsáveis pelo declínio do casamento depois que nascem os filhos (Hernandez & Hutz, 2009; Lopez, Menezes, Santos & Piccinini, 2006).

 

Considerações finais

Ao analisar o filme, pretendíamos elucidar como fica a relação conjugal após o nascimento de um bebê. Pode-se considerar que a construção da identidade conjugal não é uma tarefa fácil, envolve disposição, diálogo e compreensão e se torna mais complexa quando chegam os filhos, pois a vinda de uma criança no sistema conjugal provoca profundas transformações físicas, psicológicas e sociais na vida dos pais, as quais não podem ser evitadas nem negligenciadas, embora também propiciem muita gratificação aos novos pais.

Avaliamos que o filho pode enriquecer a relação conjugal, como no caso de Leslie e Alex, que, embora tenham passado por uma crise conjugal em razão da chegada dos filhos, por terem uma sólida identidade conjugal, superaram-na com sucesso, trazendo mais companheirismo e amor à família. Na contramão disso, a chegada do filho pode também destruir um casamento, como aconteceu com Ben e Missy, que, na verdade, não haviam construído um casamento de fato, estavam mais ligados sexualmente e, quando o filho chega e o sexual precisa ser deixado um pouco de lado em prol dessa criança, o casal não se sustenta como tal, não há alicerces seguros de compreensão, parceria, empatia, diálogo para ancorar a turbulência da parentalidade. Já Jason e Julie, embora no início não formassem um casal, mostraram que a parentalidade pode dar certo se o filho for muito desejado e planejado e se as questões sobre como ficam os relacionamentos e as tarefas após a chegada desse filho forem muito bem discutidas e divididas. Isso tudo, no entanto, não garantiu que o casal passasse incólume pela transição para à parentalidade. Tiveram, assim, como quaisquer pais, que renunciar às saídas com amigos, ao sono e a outras coisas que faziam antes de ter Joe, o que os diferenciou foi o modo como souberam administrar essas renúncias e mudanças. Afinal, a crise é inerente ao processo de transição da conjugalidade para a parentalidade, mas o resultado dela varia conforme as medidas tomadas para superar os obstáculos.

Ser pai e mãe é um desafio constante e a presença da psicologia torna-se imprescindível para auxiliar os novos pais a encontrar estratégias para lidar com os conflitos que surgem ao longo do processo de transição da conjugalidade para a parentalidade. As mudanças com a chegada do bebê são inúmeras, mas ninguém fala sobre este lado negativo da parentalidade, como trocar fraldas, não poder dormir uma noite inteira, não ter mais tempo para sair com os amigos, ausência de sexo, entre outros, e quando os pais se deparam com essa difícil – e, por vezes, cruel – realidade, ficam irritados, estressados e se perguntando por que ninguém lhes falou sobre isso antes. Assim, percebemos a importância de valorizar mais esse processo de transição, mostrando aos pais que a situação pela qual estão passando é de todos aqueles que optaram em ter filhos. À psicologia cabe estudar acerca de como se dá a formação conjugal e observar as mudanças ocorridas com a vinda de um bebê na família para que possamos compreender a crise que o casal está atravessando quando chega até nós e podermos, junto com o casal, criar estratégias que auxiliem os novos pais a atravessar essa etapa de maneira saudável, manter a chama do casal acesa e formar uma família feliz.

 

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Endereço para correspondência
Eloisa Bocchi Barbiero
E-mail: eloisabarbiero@hotmail.com

Silvana Terezinha Baumkarten
E-mail: silb@upf.br ou silbpsico@gmail.com

Enviado em: 25/08/2014
1ª revisão em: 15/06/2015
Aceito em: 16/07/2015

 

 

1 Graduada em Psicologia pela Universidade de Passo Fundo.
2 Professora Doutora em Psicologia da Universidade de Passo Fundo.

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