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Pensando familias

versión impresa ISSN 1679-494X

Pensando fam. vol.21 no.1 Porto Alegre jul. 2017

 

EDITORIAL

 

 

 

 

A Pensando Famílias traz neste número vários assuntos significativos sobre os sistemas conjugal e familiar, seguindo e fortalecendo o escopo da revista. Esse é um processo contínuo, onde temas novos ou não, são trazidos pelos autores sempre com uma perspectiva de novas reflexões e questionamentos, abrindo possibilidades de discussões e diálogos agregadores, instigando a busca por novas soluções.

Iniciando com o tema recasamento, A. P. Alves e D. M. Arpin realizam um estudo sobre os possíveis conflitos que acontecem em um recasamento de mulheres com homens que possuem filhos de um relacionamento anterior. Entre alguns resultados, tornou-se evidente a rapidez que a coabitação se concretizou e fortes conflitos gerados entre a ex-companheira e a atual. Além desses, o pagamento da pensão alimentícia foi fator de tensão importante. C. D. Ozório, T. Féres-Carneiro e A. S. Magalhães aliam a conjugalidade à transgeracionalidade com o estudo que tem o objetivo de compreender a relação entre os casamentos dos pais e o casamento dos filhos sob a perspectiva destes. Os participantes do estudo perceberam mais diferenças do que semelhanças entre os casamentos dos pais e dos filhos, sendo que os filhos buscaram o diálogo como um fator importante na manutenção das suas relações conjugais. A. A. Mussumeci e E. L. T. Ponciano fazem uma análise sobre o estresse e a experiência emocional de casais heterossexuais de famílias intactas. Através desse estudo, as autoras pretendem implementar programas de intervenção com casais, possibilitando a construção de ferramentas que os ajudem a lidar com as situações de estresse e emoções correlatas.

As influências familiares são abordadas por A. P. de Oliveira, V. A. Pereira e D. C. Bottega na apresentação do caso de uma menina de oito anos com um quadro de enurese diurna e noturna. Descrevem o processo do atendimento à criança e a inclusão da família como o elemento mediador, propiciando rotinas que irão contribuir para a melhora da menina. As autoras, R. M. R. dos Santos e D. V. da S. Falcão, através do desenho Peppa Pig trazem reflexões interessantes sobre as relações intergeracionais e suas atividades, envolvendo avós, pais e netos. Constatam que os desenhos propiciam situações típicas de famílias ocidentais com temáticas de cunho educativo e de lazer. Dentro do assunto relações intergeracionais, L. L. N. B. da Silva e D. F. Rabelo realizam uma pesquisa que avalia a percepção dos idosos a respeito da afetividade e conflito nas suas relações com o cônjuge, filhos e netos associados com o sexo, idade, capacidade funcional e expectativas de cuidados. O estudo mostra que nas relações que envolvem cônjuge, filhos e netos há uma tendência em predominar relações com alta afetividade e baixo conflito.

D. Tessaro e B. Schmidt caracterizam, através do estudo realizado, o processo de escolha profissional na adolescência, discutindo intervenções psicológicas dirigidas a adolescentes e famílias fundamentadas na teoria sistêmica. As autoras salientam a importância e a necessidade de pesquisas sobre a prática profissional no processo de escolha profissional na adolescência através da teoria e das intervenções sistêmicas.

Introduzindo o tema trabalho-família, M. R. Feijó, E. Goulart Jr, J. M. do Nascimento e N. B. do Nascimento apresentam considerações sobre o mesmo, mostrando desigualdade de gênero e o fator tempo como dificuldades ao equilíbrio trabalho-família. Escrevem que as redefinições de papéis na esfera familiar juntamente com a dificuldade na conciliação do tempo são motivos de muitos conflitos entre trabalho e família.

O objetivo de B. L. Seibel, O. G. Falceto, C. S. Hollist, P. Springer, C. L. C. Fernandes e S. H. Koller no estudo apresentado é verificar a qualidade da rede de apoio social dos cuidadores das famílias sobre o funcionamento familiar. Este estudo faz parte de uma pesquisa ampla sobre o acompanhamento de 148 famílias de Porto Alegre por 15 anos. Concluem que a rede de apoio social se mostrou associada à qualidade do funcionamento familiar, evidenciando-se o papel protetivo da rede de apoio dos cuidadores sobre o funcionamento familiar.

Questões sobre a terapia familiar aparecem no trabalho de M. L. Rossato ao destacar as possibilidades de diálogos entre duas teorias, o socioconstrucionismo e a teoria da aprendizagem na perspectiva da autoria do pensamento. Através de seu estudo, a autora abre a possibilidade de pensar a terapia familiar como um lugar de aprendizagem e ressignificação das relações. É interessante a ideia de que o terapeuta precisa estar sempre curioso, questionando e refletindo sobre o que percebe no sistema familiar, dando lugar ao surgimento do novo.

M. T. de A. Campos, R. De Tilio e I. L. Crema têm como objetivo em seu trabalho conhecer a relação entre sexualidade, gênero e família no mundo atual. Para isso realizam um levantamento de artigos com essa temática, onde constatam que há uma influência importante familiar no desenvolvimento da sexualidade e da identidade de gênero dos filhos, além de confirmar a existência das relações de poder na família mantida pela desigualdade nas relações entre os gêneros.

Enfocando sobre o trabalho clínico, M. K. Sattler, A. C. C. N. Tavares e I. M. da Silva abordam um tema bastante atual: infidelidade conjugal, situação que causa sofrimento, com impacto muito significativo e desafiador para a relação conjugal. As autoras apresentam possibilidades de intervenção a casais que buscam ajuda terapêutica ao passarem por situações de infidelidade de um dos cônjuges.

Frente a essa amplitude de assuntos trazidos, desejamos aos leitores um ótimo aproveitamento!

 

 

Helena Centeno Hintz

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