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Pensando familias

versão impressa ISSN 1679-494X

Pensando fam. vol.21 no.1 Porto Alegre jul. 2017

 

ARTIGOS

 

Socialização, gênero e família: uma revisão integrativa da literatura científica

 

Socialization, gender and family: an integrative review of scientific literature

 

 

Maria Teresa de Assis Campos1, I ; Rafael De Tilio2, I, II ; Izabella Lenza Crema3, I

I Universidade Federal do Triângulo Mineiro
II HUBRIS – Laboratório de Estudos e Pesquisas em Sexualidade e Violência de Gênero

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo desta revisão foi conhecer o que os principais estudos acadêmicos têm discutido acerca da relação entre sexualidade, gênero e família na atualidade. Foi realizado um levantamento nas bases SciELO, PePSIC e LILACS (2011 e 2016) combinando unitermos que se relacionavam com a temática, em seguida foi realizada uma exclusão por títulos e depois por resumos. Após esse processo os artigos que restaram foram lidos na íntegra e 28 permaneceram como amostra para esta revisão. Por meio dos estudos recuperados três categorias foram constituídas: Perfil das publicações; Sexualidade e Gênero: abordagem e aspectos importantes; Papel da família no exercício da sexualidade e no desenvolvimento da identidade de gênero dos filhos. Os estudos apontam importante influência familiar no desenvolvimento da sexualidade e da identidade de gênero dos filhos, além de ratificarem a persistência das relações de poder no âmbito familiar sustentada pela desigualdade na relação entre os gêneros.

Palavras-chave: Sexualidade, Identidade de gênero, Família.


ABSTRACT

The aim of this review was to know what the main academic studies have discussed about the relationship between sexuality, gender and family. A survey in SciELO, PePSIC and LILACS (between 2011-2016), in which were combined key words that related to the theme, then it was first carried out an exclusion for titles and later by summaries. After this process the items that remained were read in full and 28 remained as a sample for this review. Three categories were formulated through the studies retrieved: Profile publications; Sexuality and gender: approach and important aspects; Family and exercise of sexuality and development of the children's gender identity. Studies indicate significant family influence in the children development of sexuality and gender identity, and ratify the persistence of power relations within the family, supported by the inequality in the relationship between the genders.

Keywords: Sexuality, Gender identity, Family.


 

 

Introdução

O desenvolvimento humano caracteriza-se como um processo contínuo ao longo da existência, iniciando-se na mais tenra idade e nunca chegando a um estágio de conclusão, tendo períodos de maior ou menor atividade, ou ambientes mais ou menos propícios a sua ocorrência (Stein, 2003). Desde o início, quando o bebê chega ao mundo, o seu desenvolvimento possui forte influência das relações, tanto as estabelecidas com o meio que o cerca quanto as com os sujeitos que compõem esse ambiente. Ao longo desse processo, o bebê passa a compreender e significar o mundo que o rodeia e a si mesmo, construindo sua personalidade e identidade, constituindo-se então como sujeito (Winnicott, 1994).

Dessa maneira, considerando a importância das relações humanas ao longo do desenvolvimento, é pertinente dizer que a socialização é ferramenta chave na constituição da identidade dos sujeitos. Destaca-se então a relevância também da família, em especial dos pais, a qual se constitui como contexto inicial de socialização, caracterizando-se como uma instituição que carrega significados e sentidos importantes no processo de subjetivação e constituição do eu dos membros que a compõem (Pessoa & Costa, 2014).

A compreensão da identidade humana como um aspecto estável, imutável e inflexível cada vez mais cede espaço para uma concepção fluida, que concebe uma variedade de identidades possíveis que tangenciam diversas extensões que permeiam a existência humana, como gênero, raça, sexualidade, nacionalidade, classe, entre outras. Nesse sentido, a constituição do eu, ou seja, da identidade, o modo como nos percebemos e, a partir dele, atuamos no mundo, é fluida e está intimamente ligada às relações que estabelecemos (Oliveira & Leão, 2012).

Dentre as identidades possíveis há a Identidade de Gênero que está atrelada à identificação dos sujeitos com as características e papéis a serem desempenhados pelos gêneros na sociedade e cultura em que estão inseridos. Sexualidade e gênero são temas que despertam interesse de uma série de instituições discursivas que constituem a organização social, tais como a família, a religião, o saber médico, o Direito etc. De maneira breve, essas instituições produzem sentidos que estabelecem modelos a serem seguidos, capazes de enquadrar homens e mulheres ao que é considerado normal e correto, exercendo controle sobre suas subjetividades, comportamentos e na construção das identidades (Ferreira & Aguinsky, 2013).

Quando os operadores conceituais sexualidade e gênero são problematizados é possível considerar que as famílias e seus diversos modelos (Dessen, 2010) exercem papel importante no desenvolvimento biopsíquico e social, no desenvolvimento da sexualidade das suas crianças e adolescentes, sendo responsáveis por transmitir valores e distribuir papéis que perpassam e mantêm as normas socialmente construídas e que regem as relações de gênero (Foucault, 2014).

Nesse sentido, pode-se dizer que os gêneros são cultural e historicamente construídos, resultando em relações sociais compulsórias aos sujeitos. Dessa maneira, o processo de tornar-se homem ou mulher é atravessado por um processo de socialização apoiado numa suposta naturalização de elementos biológicos, a saber: a crença na fragilidade feminina em todos os seus aspectos (físicos, sexuais, psicológicos e emocionais) como algo que a aloca em funções historicamente compreendidas como de menor prestígio e complexidade, resguardando espaços de influência, força e reconhecimento ao masculino. Em outras palavras, à mulher fica designado o lugar de segundo sexo, o que não é completo nem inteiro, mas precisa do homem para existir e se afirmar. Compreende-se, então, que a constituição dos gêneros não responde simplesmente a uma organização social, mas sustenta relações de poder e dominação (Beauvoir, 1980; Butler, 2003; Silva, 2000).

Assim como as relações (práticas) de gênero, os discursos que as sustentam também são demarcados por relações de poder, sendo importante compreender as condições materiais de produção dos mesmos, desvelando quem, como, quando, onde e para quem são produzidos (Orlandi, 2013). Dentre essas possibilidades de produção discursiva encontram-se os enunciados científicos (a Ciência) que se organizam e são regidos de maneira a oferecer proposições pertinentes e capazes de explicar fenômenos. Considerando as condições de produção da ciência, lhe é concedida, social e culturalmente, a credibilidade necessária para que suas afirmações assumam o status de única verdade (Foucault, 1993).

Dessa maneira, compreender de que forma duas instituições estruturantes na cultura e sociedade atual (família e ciência) estão se relacionando com os temas sexualidade e gênero, uma por meio da socialização e produção de subjetividades e identidades e a outra por meio da confecção de verdades e discursos de poder, faz-se importante para a discussão sobre as relações de poder e dominação ainda vigentes na contemporaneidade. Diante disso, esta pesquisa busca integrar essas duas instâncias a partir de um levantamento bibliográfico acerca de estudos científicos que tratem da família, da sexualidade e de gênero, tendo como objetivo conhecer o que os principais estudos acadêmicos têm discutido acerca da relação entre sexualidade, gênero e família na atualidade.

 

Método

Tipo de estudo

Este estudo caracteriza-se como uma revisão integrativa da literatura científica que se utiliza do mapeamento de estudos originais publicados para produzir uma apreciação do estado da arte de determinado(s) tema(s), incluindo estudos quantitativos, qualitativos e teóricos.

Não restrita ao mapeamento da produção do conhecimento a revisão integrativa também propõe apontar possíveis lacunas e possibilidades para novos estudos. Possui rígidos critérios de inclusão e exclusão, além de uma questão norteadora que direciona o desenho da pesquisa. A pergunta norteadora deste artigo foi elaborada com base na Estratégia PICO com o intuito de aumentar seu rigor metodológico levando em consideração uma população-referência (P), uma possível intervenção ou fenômeno com o qual essa população está diretamente envolvida (I) e os possíveis desfechos da relação entre população e fenômeno/intervenção (O), ressaltando que nas ciências humanas é comum a aplicação do modelo PIO, como feito nesta revisão (Santos, Pimenta & Nobre, 2007).

Nesta revisão, a questão norteadora foi: Compreender o modo como a família (P), que está envolvida na socialização de gênero (I), interfere/influencia/reflete na identidade de gênero e sexualidade dos filhos (O).

Bases indexadoras e unitermos

As bases de dados eletrônicas utilizadas para a realização da busca foram LILACS, PePSIC e SciELO. Os unitermos pesquisados foram: Gênero, Sexualidade, Sexo, Identidade Sexual, Identidade de Gênero, Desenvolvimento Psicossexual combinados com Criança, Relações Pais-Criança, Relações Familiares, Práticas de Criação Infantil, Influência dos Pais, Atitudes dos Pais, Família, Relações Familiares, Parentes, Pais, Membros da Família, Homoparentalidade, Filhos, Fatores Socioculturais, Família de Origem e Estrutura Familiar. Os unitermos deveriam estar presentes no título, resumo, assunto ou palavras-chave dos artigos, os quais também deveriam estar disponíveis na íntegra. Todos os cruzamentos foram realizados também com seus correspondentes em língua inglesa e em língua espanhola.

Todos os unitermos foram levantados com base na Terminologia Psi-Alfabética via BVSPsi, buscando elencar descritores que estivessem comumente relacionados nas produções científicas acadêmicas, tornando assim o levantamento mais abrangente e criterioso. A escolha desses cruzamentos também se deu no intento de ampliar as possibilidades de articulação entre família e o tema sexualidade e gênero, abarcando produções com amostras e temáticas diversas.

Critérios de inclusão

Foram incluídos: (a) artigos publicados nos idiomas português, inglês e espanhol; (b) entre os anos de 2011 e 2016 e com texto completo; (c) que estivessem diretamente relacionados ao tema, porém sem restrições quanto ao tipo de estudo, método, amostra, instrumentos ou referencial teórico e áreas.

Critérios de exclusão

Foram excluídos: (a) livros, capítulos, teses, dissertações, monografias, resumos, anais de congressos, resenhas, cartas e editoriais; (b) artigos publicados em anos anteriores a 2011; (c) revisões de literatura; (d) que não se relacionavam com os temas; (e) que tratavam apenas de um dos temas propostos, ou seja, ou família ou sexualidade e gênero, sem relacionar os dois assuntos; (f) que não respondiam à questão norteadora; (g) que apenas tangenciassem o papel da família no desenvolvimento ou expressão da sexualidade e identidade de gênero dos filhos, não discutindo esses aspectos ainda que sucintamente.

Procedimentos

A revisão foi organizada e realizada em sete passos (Scorsolini-Comin, 2015): (1) Levantamento bibliográfico nas bases de dados eletrônicas por meio dos critérios de busca e unitermos citados anteriormente; (2) leitura dos títulos e recuperação do material que correspondia ao tema proposto; (3) leitura dos resumos e recuperação dos artigos que atendiam ao tema em questão; (4) leitura na íntegra do material recuperado segundo os critérios de inclusão e exclusão pelos autores e por uma juíza independente com conhecimento sobre a temática; (5) exclusão dos artigos repetidos; (6) composição do corpus para análise pelos artigos recuperados e que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão; (7) formulação de um banco de dados com todas as informações relevantes para esta revisão de cada estudo recuperado.

Os dados foram organizados e categorizados buscando explorar o delineamento das pesquisas que envolvem sexualidade, gênero e família e responder à questão norteadora desta revisão. A discussão foi realizada tanto com base nos artigos recuperados que compõem esta pesquisa (traçando possíveis tendências naquelas produções) como a partir de estudos que não contemplaram os critérios de inclusão e exclusão, mas capazes de auxiliar na reflexão sobre o tema.

Considerando esses aspectos foram constituídas três categorias para a análise: (a) Perfil das publicações; (b) Sexualidade e Gênero: abordagem e aspectos importantes; (c) Papel da família no exercício da sexualidade e no desenvolvimento da identidade de gênero dos filhos.

 

Resultados e discussão

Após as buscas nas bases de dados eletrônicas, os resultados levantados a partir da aplicação dos descritores foram os seguintes: SciELO (n=4.045), LILACS (n=1.169) e PePSIC (n=548), somando um total de 5.762 registros encontrados. Depois da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão e a retirada dos registros duplicados, foram selecionados e analisados 28 artigos na íntegra que compõem o corpus desta revisão. Os artigos recuperados (nv28) representam 0,48% dos arquivos encontrados na busca inicial, sendo que a maior parte deles encontra-se na base de dados SciELO (n=19).

Além dos critérios de inclusão e exclusão descritos no método destacaram-se como motivos recorrentes para a exclusão de registros os que tratavam sobre: avaliação psicológica; psicopatologias; avaliações e/ou intervenções em políticas públicas; estudos de outras áreas do conhecimento (nutrição, fisioterapia, odontologia, enfermagem, entre outros) que apenas categorizavam sua amostra entre sexo feminino e masculino; produções da área da biologia sobre fauna e flora; que não versavam sobre a família; que envolviam a família, crianças e adolescentes, mas não relacionavam essa população à temática da sexualidade e gênero; e revisões de literatura. Um fluxograma (Figura 1) foi elaborado com a intenção de ilustrar de maneira clara e objetiva o passo a passo realizado desde o levantamento inicial até o momento final de constituição da amostra.

Figura 1. Fluxograma representando os procedimentos do processo de composição do corpus, bem como as categorias temáticas de exclusão e o número de artigos excluídos por cada uma delas.

Perfil das publicações

Para essa categoria as principais informações consideradas na descrição objetiva dos estudos recuperados foram o título, os autores, a revista em que os trabalhos foram publicados, o ano de publicação, o tipo de estudo e o método. Dos artigos selecionados a maioria é redigida em língua portuguesa (n=21) e o restante em língua espanhola (n=7), dessa forma, pode-se notar que nenhum artigo redigido em língua inglesa foi recuperado após o procedimento de exclusão do material – isso pode ser justificado pelo fato de que apenas bases de indexação latinoamericanas foram utilizadas.

No que diz respeito à autoria dos artigos, consideraremos para a análise apenas os primeiros autores. A primeira informação relevante é o número maior de autoras (gênero feminino) (n= 24), cujas produções recuperadas representam 85,7% de toda a amostra considerada nesta revisão.

Essa observação é importante quando se trata especificamente deste tema de estudo, pois mesmo que historicamente os espaços públicos, incluindo a produção científica tenham sido ocupados por homens e pelo discurso masculino (De Souza, Baldwin & Rosa, 2000), cada vez mais se observa a inserção e crescimento das produções científicas protagonizadas por mulheres que, certamente, as permite debruçar sobre temas que lhes são significativos (Vieira, 2005), possibilitando novas abordagens e perspectivas que não as hegemônicas.

Ainda a respeito da autoria dos estudos, a maior parte deles foi desenvolvida por pesquisadores diferentes, sendo que apenas duas autoras foram responsáveis por quatro trabalhos recuperados, sendo dois de autoria de cada uma delas, a saber: Carvalho, Loges e Senkevics (2016) e Carvalho, Senkevics e Loges (2014); Savegnago e Arpini (2014; 2016).

Ainda sobre os autores é possível perceber que as universidades são as principais origens das produções recuperadas neste estudo (n=23), seguido por pesquisadores vinculados a escolas (n=2), centros de estudo (n=1), institutos (n=1) e ambulatórios (n=1). Quanto à nacionalidade dos estudos a maioria foi produzida no Brasil (n=20), seguido de Cuba (n=1), Porto Rico (n=1), Colômbia (n=1), México (n=1), Chile (n=1) e Argentina (n=1), Portugal (n=1) e Estados Unidos (n=1).

Quanto aos periódicos nos quais os estudos foram publicados, pode-se notar grande variedade, visto que apenas duas revistas apareceram mais de uma vez dentre os artigos recuperados: Sexualidad, Salud y Sociedad (n=3) e Revista Brasileira de Educação Especial (n=2). Dessa maneira, 10% dos estudos se concentram na primeira e 7% na segunda, estando os outros 83% dissolvidos em periódicos diferentes.

Há também uma variedade no que tange as áreas dos periódicos em relação à área de formação dos pesquisadores (Psicologia, Enfermagem, Medicina, Educação, Sociologia, Antropologia e Ciências Sociais). Isso está de acordo com os apontamentos de Ferreira e Aguinsky (2013) que argumentam que o tema sexualidade e gênero é palco de disputa desses discursos. Essas disputas discursivas fazem com que a temática em questão seja perpassada por tensões e conflitos, questionando a suposição de uma verdade unívoca capaz de traduzir determinado fenômeno com exatidão (Orlandi, 2013).

Quanto às datas das publicações elas estão distribuídas de maneira relativamente regular entre os anos de 2011 (n=5), 2012 (n=5), 2013 (n=4), 2014 (n=4) e 2015 (n=8). Apenas o ano de 2016 apresentou um número menor de publicações (n=2), mas é importante destacar que a primeira etapa do o levantamento realizado nesta revisão aconteceu no mês de março daquele ano, cujo intervalo de tempo reduzido para o acesso a publicações em 2016 possivelmente interferiu na quantidade de artigos encontrados.

Por fim, no que diz respeito à natureza dos estudos há uma discrepância entre os teóricos (n=3) e os empíricos (n=25), visto que os últimos representam 89,2% dos artigos da amostra. Também a respeito dos métodos existe uma inclinação na produção de estudos qualitativos (n=18) em relação aos quantitativos (n=7). Isso pode ser um indício de que há interesse em compreender como os participantes das pesquisas percebem e significam suas experiências associadas à sexualidade, gênero e família (Serapioni, 2000).

Sexualidade, gênero e família: Abordagem e aspectos importantes

É importante compreender de que maneira o tema sexualidade e gênero tem sido abordado, quais ferramentas são escolhidas pelos pesquisadores para acessá-lo e quais sujeitos têm participado dos estudos, compondo suas amostras. Com isso é possível identificar de que forma o tema tem sido abordado e quais aspectos são considerados importantes no delineamento das pesquisas. Para auxiliar nesse processo foram considerados como balizadores os seguintes aspectos dos estudos: seus objetivos, amostras e instrumentos.

Diante dos dados, é possível visualizar no que diz respeito aos modos como as coletas de dados foram organizadas pelos pesquisadores a prevalência no uso de entrevistas semiestruturadas ou aplicação de técnicas ligadas às entrevistas (n=17), como a narrativa da história de vida, sendo 60% da amostra recuperada por esta revisão representada por esse tipo de instrumento/coleta. O segundo instrumento com maior utilização dentre os artigos selecionados foi o questionário (n=8), representando 28% da amostra. A coleta de dados em grupo apareceu em apenas três estudos, representando 10% da amostra, assim como técnicas de observação. E, por fim, a aplicação de escalas (n=1) teve a menor utilização, compondo 3,5% da amostra. É importante ressaltar que alguns estudos (n=8) utilizaram mais de um método de coleta, por essa razão as porcentagens apresentadas não resultam em exatos 100%, já que os instrumentos foram contabilizados separadamente.

O número superior de estudos que utilizaram técnicas de entrevista como ferramenta de coleta de dados pode indicar como alguns dos estudos recuperados apontam (Bastos & Deslandes, 2012; Carvalho et al., 2014; Costa & Coelho, 2013; Hemesath, 2013; Littig, Cárdia, Reis & Ferrão, 2012; Longaray & Ribeiro, 2015; Ressel, Junges, Sehnem & Sanfelice, 2011; Senkevics & Carvalho, 2015; Silva & Oliveira, 2015) interesse em compreender os fenômenos que envolvem sexualidade e gênero a partir dos pontos de vista dos participantes, ou seja, propiciando espaços de fala nos quais possam discorrer sobre os temas sem perder o caráter singular de produção de sentidos a respeito de suas próprias vivências.

Dessa forma, a entrevista proporciona um recorte temático coerente com a proposta da pesquisa sem que as especificidades da história, vivências e percepções do participante se percam. Uma hipótese possível diante dos dados coletados por esta revisão é a de que os estudos têm se inclinado para o modo como a experiência da sexualidade e as relações familiares têm sido percebidas e significadas pelos sujeitos a partir de seus lugares empíricos e posições discursivas de produção de sentido (Orlandi, 2013).

No que diz respeito à amostra utilizada nos estudos ressalta-se que a maior parte teve como sujeitos adolescentes/jovens entre 12 e 18 anos de idade (n=10, ou 35% das pesquisas recuperadas), seguido por amostras compostas por adultos (n=8, ou 28,5% dos artigos recuperados), depois as compostas por responsáveis de crianças ou adolescentes (n=7, ou 25% dos estudos) e, por fim, as pesquisas que tiveram como sujeitos crianças (n=2) e a família como um todo (n=2), ambas representando 7% da amostra. Aqui também é importante frisar que como nos métodos de coletas de dados alguns estudos (n=4) possuem amostras mistas.

A prevalência de estudos com adolescentes e jovens como sujeitos de pesquisa no campo da sexualidade e gênero corrobora com um dos estudos componentes da amostra desta revisão (Soliva & Silva Júnior, 2014) que argumenta que o período da adolescência tem sido um espaço privilegiado nos estudos dessa área, pois comumente buscam compreender as práticas sexuais e seu impacto na sociabilidade dessa população. Ainda nesse artigo, os autores expõem que o caráter processual desse período de vida, situando os jovens e adolescentes em destaque para investigação.

Outro apontamento possível de ser feito mediante a quantificação das amostras dos estudos recuperados corresponde ao pequeno número de trabalhos que utilizaram sujeitos crianças, o que pode estar relacionado a uma lógica adultocêntrica, vetando que crianças discorram (por incapacidade de compreensão) sobre suas sexualidades (Schnorr & Lima, 2014), havendo resistências em debater a sexualidade infantil (Maia & Spaziani, 2010).

Os trabalhos encontrados também foram divididos entre os que se debruçam predominantemente sobre aspectos que envolvem a expressão da sexualidade (n=15) e os que exploram a expressão de gênero, sua constituição subjetiva e identitária (n=15). Alguns estudos discutiram equitativamente ambas temáticas e por isso foram contabilizados nas duas categorias. Esse levantamento tornou possível visualizar que os estudos dividem-se de maneira igualitária, sendo que cada uma das categorias representa 50% da amostra.

Apesar de cada uma das temáticas representarem 50% da amostra é importante mencionar que os artigos que se dedicavam a compreender aspectos pertinentes à sexualidade deixavam esse objetivo claro e dissertavam de maneira específica sobre esse assunto. Em contrapartida, aqueles artigos que tratavam sobre gênero ou Identidade de Gênero por muitas vezes tangenciavam esse assunto como foco de sua investigação – como exemplo pode-se citar o artigo de Senkevics e Carvalho (2015) que buscou investigar a relação entre socialização familiar e desempenho escolar por sexo, porém incluiu questões sobre a formação da Identidade de Gênero em sua discussão, pois relacionadas ao tema principal da pesquisa.

Em uma subdivisão um pouco mais específica levando em consideração as particularidades dos estudos foi possível visualizar que os objetivos têm como finalidade compreender, descrever ou analisar: o modo como a comunicação se estabelece no meio familiar (n=6, ou 21% dos estudos); os papéis e especificidades da construção e expressão de gênero (n=6, ou 21 % dos artigos); a vivência e expressão da sexualidade de jovens adolescentes (n=5, ou 17,8% da amostra); as vivências específicas da população LGBT+ (n=5, ou 17,8% dos trabalhos); casos em que há um diagnóstico que interfere no desenvolvimento da sexualidade (n=5, ou 17,8% dos estudos) e apenas um estudo (3,5%) sobre a sexualidade sem especificidades.

Diante do exposto é possível supor que os estudos que envolvem sexualidade, gênero e família ainda mantêm o ideal de família como responsável pela formação dos sujeitos, como guardiã da sexualidade e com a incumbência de informar e transmitir as regras e as normas de convívio coletivo (Foucault, 2014; Reis, 1984). Essa reflexão é possível quando se considera que a maior parte dos estudos se ocupa da comunicação entre pais e filhos e dos valores que estão sendo transmitidos.

Por fim, também se pode dizer que aqueles sujeitos dissidentes das regras e normas construídas socialmente que regem o espaço coletivo têm destaque na produção científica no que diz respeito aos temas sexualidade e gênero. Isso fica evidente quando o público LGBT+ e sujeitos com algum diagnóstico que interfere no desenvolvimento sexual representam 35,6% dos (interesses) dos estudos recuperados. Essa constatação reafirma a ideia de que os que desafiam a normalidade instituída, seja pela dissidência da heteronorma, seja por não se enquadrarem no desenvolvimento biológico ou cognitivo estipulado como normal, precisam ser compreendidos (Ricoeur, 2008). Esse dado indica que os estudos têm se ocupado em buscar maneiras de legitimação de possibilidades diversas de existência dentro dos parâmetros da normalidade – porém, também pode reafirmar a lógica do diferente como categoria social, ou seja, criando grupos de sujeitos que representam o diferente.

Papel da família no exercício da sexualidade e no desenvolvimento da identidade de gênero dos filhos

Este subitem foi organizado com o intento de responder à pergunta de pesquisa desta revisão, ou seja, busca compreender de que maneira os pais influenciam o desenvolvimento sexual e da Identidade de Gênero de seus filhos, ou qual é o papel desempenhado por eles ao longo desse processo de acordo com os artigos que compõem a amostra deste trabalho. Para tanto, foram considerados os principais resultados e principais conclusões dos artigos recuperados (lembrando que foram selecionados apenas os itens capazes de serem relacionados ou de responderem à pergunta de pesquisa, já que muitos artigos consideravam influências extrafamiliares).

Os resultados e conclusões encontrados nesta revisão apontam para outras possibilidades de arranjo familiar que não a tradicional nuclear burguesa, destacando a existência de outros modelos, principalmente os monoparentais e aqueles em que outros membros da família, como avós, exercem papel participativo na criação dos filhos e até mesmo residem junto à família nuclear. Alguns estudos atentaram para a denominação de seus sujeitos de pesquisa, referindo a eles não como pais, mas como responsáveis pelas crianças ou adolescentes (Botton, Cúnico, Barcinski & Strey, 2015; Longoray & Ribeiro, 2015; Savegnago & Arpini, 2016; Senkevics & Carvalho, 2015; Toledo & Teixeira Filho, 2013). Porém, apesar de novos modelos estarem ganhando visibilidade o modelo que persiste como ideal ou desejado no imaginário das famílias ainda é o tradicional nuclear burguês (Botton et al., 2015).

Esses achados remetem as colocações de Lévi-Strauss (1983) sobre a família, pois ele defende a ideia de uma família ser um construto social que responde aos interesses da sociedade e não uma necessidade inerente à condição humana, e, nesse sentido, torna-se possível a flexibilização dos modelos familiares. Todavia, Lévi-Strauss (1983) argumenta que um dos fatores importantes para que a família se constitua como tal é a legitimação social, o que auxilia na compreensão das razões pelas quais o modelo tradicional nuclear burguês ainda ser a ideal no imaginário dos sujeitos, já que outros arranjos encontram dificuldade em serem reconhecidos enquanto família – o que pode ser evidenciado na suposição de crise da família quando esses outros arranjos ganham visibilidade (Goldani, 1993).

De maneira unânime os artigos apontaram para a importância da família na sexualidade e na identidade de gênero dos jovens/adolescente e crianças. A maioria deles trata do papel dos pais no processo de descoberta e desenvolvimento da sexualidade dos filhos, destacando fatores tanto da relação entre pais e filhos como da existência de diálogos sobre sexualidade no contexto familiar (Binstock & Gogna, 2015; Marola, Sanches & Cardoso, 2011; Orcasita, Uribe, Castellanos & Gutiérrez Rodriguez, 2012; Ressel et al., 2011; Savegnago & Arpini, 2014; Savegnago & Arpini, 2016; Segovia & Caro, 2015) quanto aspectos pertinentes à caracterização dos pais, como escolaridade da mãe (Binstock & Gogna, 2015).

No que diz respeito à comunicação entre pais e filhos sobre sexualidade esse tema se destaca dentre os demais, sendo um dos mais recorrentes entre os objetivos, resultados e conclusões dos estudos recuperados. Esse dado aponta para a consideração da família como uma importante fonte de informação sobre esse tema, bem como a ideia de que a família ocupa um lugar privilegiado de cuidado sobre a sexualidade dos filhos e filhas. Os estudos apontam que os diálogos são escassos e centram-se na prevenção de gravidezes e doenças sexualmente transmissíveis, ou seja, há uma delimitação da sexualidade ao ato sexual na transmissão de informações entre as gerações. Também é constatado que essas conversas apesar de não serem permeadas por proibições, são perpassadas por sentimentos como desconforto e vergonha e por insegurança dos pais (Binstock & Gogna, 2015; Marola et al., 2011; Orcasita et al., 2012; Ressel et al., 2011; Savegnago & Arpini, 2014; Savegnago & Arpini, 2016; Segovia & Caro, 2015).

Apesar de apontada como local de cuidado a família também aparece como ambiente de controle estando os pais incumbido de transmitir aos filhos as normas culturalmente instituídas que regem o comportamento sexual considerado adequado no coletivo (Costa, Junqueira, Meneses, Stroher & Moura, 2012; Longoray & Ribeiro, 2015; Ressel et al., 2011; Soliva & Silva Junior, 2014; Toledo & Teixeira Filho, 2013). Essa afirmação corrobora com os argumentos de Foucault (2014) sobre a família ao defender que ela é a responsável por garantir que seus membros sejam enquadrados nas normas sociais vigentes de exercício da sexualidade e papéis de gênero. A função reguladora da família fica evidente nos artigos que tratam de sujeitos dissidentes da heteronorma que relatam as medidas coercitivas tomadas (exclusões, ameaças, agressões e, inclusive, assassinatos) pelos pais e outros familiares na tentativa de garantir que os sujeitos retomem comportamentos considerados adequados ao seu sexo (Jiménez, Borrero & Nazario, 2011; Longoray & Ribeiro, 2015; Silva & Oliveira, 2015; Soliva & Silva Junior, 2014; Toledo & Teixeira Filho, 2013).

Os artigos recuperados que se debruçavam especificamente sobre a constituição da identidade de gênero dos filhos são poucos, sendo que a maior parte deles tangenciava essa temática, possivelmente por estarem os dois assuntos (sexualidade e gênero) muito próximos. Mas em se tratando da Identidade de Gênero os estudos destacam um maior controle e supressão da sexualidade de meninas (Carvalho et al., 2014; Marola et al., 2011; Ressel et al., 2011) e a maior responsabilização delas no que diz respeito às tarefas domésticas visto que desde cedo essas atividades já lhes são atribuídas, muitas vezes ficando o cuidado integral da casa sob suas responsabilidades (Carvalho et al., 2016; Carvalho et al., 2014; Senkevics & Carvalho, 2015). Também aparece a exigência de que os meninos assumam precocemente atividades remuneradas, seja em empregos de meio período, seja em trabalhos informais (Carvalho et al., 2016).

Os estudos também indicam que os meninos possuem maior liberdade para transitar em espaços para além da casa/residência, o que amplia suas redes de relacionamento e exercícios de atividade de lazer. Por sua vez, as meninas têm pouca permissão para ocupar espaços que não sejam o da casa, tendo seu trânsito cerceado e, com isso, as oportunidades de lazer reduzidas (Carvalho et al., 2014; Costa & Coelho, 2013; Senkevics & Carvalho, 2015; Washington, Lefrán & Flores, 2013).

Os dados destacados reafirmam os apontamentos feitos por De Souza, Baldwin e Rosa (2000) que ao refletirem sobre a construção dos papéis femininos ao longo da história observam que à mulher ficou delegado o espaço privado, ou seja, sua existência fica consideravelmente comprometida com o espaço do lar, enquanto que ao homem é permitida a ocupação dos espaços públicos e lhe é atribuída a função de provedor da família. Nesse sentido, assim como muitos estudos recuperados apontam (Botton et al., 2015; Hemesath, 2013; Medina et al, 2011; Washington et al., 2013) as famílias tendem a reproduzir os papéis de gênero social e historicamente construídos a despeito das pressões pela igualdade entre os gêneros presente nas falas dos sujeitos das pesquisas.

Por fim, diferentemente da associação entre sexualidade e diálogo as perspectivas e normativas de gênero não precisam ser ensinadas de maneira formal, segundo os estudos, mas são perpetuadas pelo fazer dos pais e pela divisão sexual do trabalho que é naturalizada pelas famílias. Dessa maneira, a transmissão dos papéis de gênero entre as gerações se dá pela observação e internalização pelos filhos dos valores que regem a rotina familiar na qual estão inseridos (Botton et al., 2015; Carvalho et al., 2014; Senkevics & Carvalho, 2015).

 

Considerações finais

O levantamento realizado indica um interesse no que diz respeito às temáticas sexualidade e gênero e também em relação à compreensão da relação entre elas e a instituição familiar na contemporaneidade. Os estudos recuperados apontam para a diluição desses assuntos entre diversas áreas do conhecimento, assinalando uma diversificação nas possibilidades de investigar os fenômenos que os envolvem.

Há uma tendência em observar o desenvolvimento da sexualidade e da identidade de gênero a partir de uma perspectiva individual e particular, priorizando as vivências e percepções que os próprios sujeitos atribuem em relação as suas experiências ao longo de suas histórias. Também há um aparente interesse na profundidade com a qual esses fenômenos ocorrem, ou seja, em compreender de maneira abrangente de que modo as experiências que envolvem sexualidade e gênero impactam as subjetividades dos sujeitos.

Atendendo à pergunta desta revisão os estudos apontam para a relevância da família no desenvolvimento da sexualidade de seus filhos, exercendo papel tanto no que diz respeito à transmissão de informações quanto ao controle dos corpos. Também revelam o papel fundamental dos familiares na constituição subjetiva do gênero dos sujeitos, já que desde a tenra idade eles são colocados em contato com normas e regras do exercício dos papéis de gênero pela família.

Este levantamento possui duas limitações importantes a serem ressaltadas: foi realizado apenas em bases nacionais, excluindo estudos que foram indexados em bases internacionais que poderiam contribuir para seu objetivo e o período de tempo restrito a cinco anos. Ademais, dentre os artigos analisados nessa revisão pode-se referir uma relativa escassez de trabalhos que tenham especificamente como objetivo compreender o processo de constituição da identidade de gênero dos sujeitos, assim como há também um número limitado de estudos que investigam tanto fenômenos da sexualidade quanto de desenvolvimento da identidade de gênero na infância, podendo ser esses caminhos enriquecedores para as pesquisas nessa área do conhecimento.

 

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Endereço para correspondência
Maria Teresa de Assis Campos
E-mail: mtassiscampos@hotmail.com

Rafael De Tilio
E-mail: rafaeldetilio.uftm@gmail.com

Izabella Lenza Crema
E-mail: bella_lenzacrema@hotmail.com

Enviado em: 09/09/2016
1ª revisão em: 04/05/2017
2ª revisão em: 17/05/2017
Aceito em: 12/06/2017

 

 

1 Psicóloga. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
2 Psicólogo. Doutor em Psicologia. Professor Adjunto do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Líder do HUBRIS – Laboratório de Estudos e Pesquisas em Sexualidade e Violência de Gênero.
3 Psicóloga. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

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