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Pensando familias

versión impresa ISSN 1679-494X

Pensando fam. vol.21 no.2 Porto Alegre dic. 2017

 

EDITORIAL

 

 

Helena Centeno Hintz*

 

 

A Pensando Famílias congrega neste número vários temas relevantes sobre a convivência no âmbito familiar, abrangendo questões surgidas na atualidade e que, de algum modo, afligem os membros das famílias e os profissionais que lidam com os mesmos. Irrompem perguntas nos diversos espaços onde ocorrem, tais como, o que devo fazer? Como devo reagir? Como acolher e/ou cuidar? E outras tantas, que ficam, frequentemente, sem respostas, causando ansiedade aos que vivenciam essas dificuldades. Algumas dessas perguntas têm respostas nos artigos que integram esse número da revista.

Sobre a adolescência, temos o trabalho de N. D. Patias, E. N. Scorteganha e C. R. de Oliveira sobre o uso do Facebook por adolescentes. O uso dessa rede social está muito disseminado, provocando muitas discussões, tanto os fatores que podem ser de risco ou não. As autoras apresentam a possibilidade de o Facebook facilitar condutas de risco como o uso de substâncias, exposição da privacidade e violência. Entretanto, pode também facilitar a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo e emocional. É relevante haver um cuidado dos adultos em acompanhar o uso do Facebook pelos adolescentes no intuito de evitar que que os filhos adolescentes se coloquem em risco. Outro artigo sobre adolescentes, é o que D. F. Domingues e L. F. Costa apresentam, descrevendo características de adolescentes autores de ofensa sexual, de suas vítimas e do contexto onde ocorreram os episódios com a finalidade de identificar fatores comuns e listar temas para intervenção. Foi constatado que as ofensas ocorrem em contextos intrafamiliar, extrafamiliar e institucional contra vítimas que, geralmente, são do sexo feminino. Em decorrência do estudo efetuado, foi percebida a necessidade de intervenções individualizadas e de medidas preventivas.

Entrando em temas sobre relacionamentos conjugais, temos a avaliação apresentada por A H. Reis, M. S. Brito, P. Simioni, T. B. Benedetti e C. B. Neufeld sobre o gerenciamento da renda de casais heterossexuais. Nesse estudo identificam tanto os aspectos positivos como os negativos e se há diferença no gerenciamento quando a maior renda é da esposa ou se é do marido. O estudo foi realizado com oito casais, trazendo conclusões interessantes do funcionamento financeiro dos casais. Em torno de 20% dos casais em idade reprodutiva enfrentam o problema da infertilidade. Â. M. de Souza, C. M. B. Cenci, S. K. Luz e N. D. Patias escrevem sobre a busca de alternativas em casais que desejam se tornar pais biológicos, sobre a pressão social sofrida por eles e as dificuldades sobre os procedimentos de reprodução assistida. Abordando o futuro das relações conjugais, J. A. Galvão, H. M. de Alencar e A. D. Alves realizaram uma investigação com 15 mulheres entrevistadas atualmente sobre as perspectivas de mulheres sobre o futuro das relações amorosas em geral. Essas entrevistas foram comparadas com entrevistas anteriores de 15 mulheres, realizadas em 1993, por Alencar. Esse estudo fornece subsídios teóricos para o incentivo a projetos sobre a temática referida acima.

Entre as novas formas da família ser formada, encontramos famílias em que uma mulher pode adotar uma criança sem que, necessariamente, tenha que ter um parceiro. É sobre essa conquista que F. E. Leão, D. D. Porta, C. G. Pauli, M. P. Antoniazzi e A. C. Siqueira escrevem, focando sobre a monoparentalidade feminina alcançada através da adoção. A revisão assistemática realizada trouxe muitos dados interessantes sobre essas mães solteiras, salientando a necessidade do apoio social da família extensa. Ainda sobre a temática da adoção, J. A. da Silva, A. M. B. D. Sousa e J Fernandes-Eloi trazem em seu trabalho a questão da identificação e discussão sobre os preconceitos relativos à adoção e práticas homoparentais no cenário nacional. Na busca por artigos que tratem dessa temática, constataram a escassez sobre a adoção homoparental e apontam a necessidade de mais pesquisas sobre esse assunto. Ainda sobre questões de família, C. A. Kostulski, G. C. Christofari, G. M. Bloss, D. M. Arpini e P. Paraboni escrevem sobre o tema da dissolução conjugal e reorganização da parentalidade após divórcio, enfatizando a vivência de co-parentalidade na realização dos cuidados com os filhos. Os segredos familiares são abordados por K. E. Cavalhieri, I. M. da Silva, M. Barreto e M. A. Crepaldi que escrevem sobre segredos familiares em uma família em situação de vulnerabilidade social. Os autores apresentam o caso de uma família de três gerações onde a existência de segredos tem o sentido de proteção mútua. Contudo, os segredos interferiam nos recursos familiares, dificultando a rede de apoio entre os membros da família.

As questões sobre família e instituição são tratadas por L. Líbio e D. G. Zacharias em seu estudo, sobre a reinserção familiar frente a mudanças no contexto ambiental. Para alcançar este objetivo, entrevistaram famílias que tiveram a experiência de um acolhimento institucional. Esta foi percebida como positiva e com novas oportunidades de convivência relacional. A. P. S. C. Branco e A. P. C. Ciantelli analisam em seu estudo publicações sobre interações familiares e as intervenções da equipe de saúde às crianças com deficiência intelectual e sua família. As pesquisas revelam que tanto a mãe como o pai e outros membros contribuem para o desenvolvimento da criança. Apresentam também a importância das políticas públicas de saúde e da capacitação profissional no cuidado com essa população. A estrutura, vínculos e funções das redes sociais de usuários de um CAPSad que têm problemas em relação ao uso de álcool são trazidos por C. D. Borges e D. R. Schneider. Os resultados do estudo realizado mostraram que as redes sociais significativas eram formadas por familiares, profissionais e colegas do CAPSad, sendo que entre as principais funções realizadas estavam o apoio emocional, guia cognitivo e companhia social.

Boa leitura!

 

 

* Helena Centeno Hintz.

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