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Pensando familias

versão impressa ISSN 1679-494X

Pensando fam. vol.23 no.1 Porto Alegre jan./jun. 2019

 

ARTIGOS

 

A formação do casal conjugal: um enfoque psicanalítico

 

The formation of married couple: a psychoanalytic approach

 

 

Marina Beatriz Pignataro1 ; Terezinha Féres-Carneiro2, I; Renata Mello3, I

I Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente estudo tem como objetivo investigar o modo como o casal se constitui, com base no enfoque psicanalítico, levando em consideração os aspectos intrapsíquicos e intersubjetivos examinam-se, inicialmente, a escolha amorosa como base do processo identificatório e suas implicações na formação do casal. Em seguida, investigam-se o conceito de vínculo e a formação conjugal, a partir das concepções de Puget, Berenstein, Eiguer e Kaës. Por fim, discute-se o conceito de alianças inconscientes, a partir de suas tipologias. Constata-se que a formação do casal oferece, por um lado, um continente, palco de encenações de acordos e pactos inconscientes, por outro, possui mecanismos defensivos para lidar com a vida coletiva. Conclui-se que o casal tende a uma estabilidade quando os modelos de referência são recriados, formando uma estrutura inédita de relação, e quando se adequam ao macro contexto sociocultural.

Palavras-chave: Formação do casal, Escolha amorosa, Complexo de Édipo, Vínculos, Alianças inconscientes.


ABSTRACT

The purpose of this study is to investigate the formation of the married couple through a psychoanalytical approach, taking into consideration its intrapsychic and intersubjective aspects. The authors start by examining the love choice as the foundation of the identification process and its implications in the formation of the couple. Next, they investigate the concept of bond and the conjugal formation from the standpoints of Puget, Bernstein, Eiguer and Käes. Finally, the authors discuss the concept of unconscious ties through its typologies. The study observes that the formation of the couple offers, on one hand, a continent for the staging of agreements and unconscious pacts, and on the other, defensive mechanisms to deal with collective life. The study concludes that the couple tends towards stability when the circumstances recreate reference models – forming an unprecedented relationship structure – and when such models fit into the broader sociocultural context.

Keywords: Married couple, Love choice, Edipal complex, Bonds, Inconscious alliances.


 

 

Introdução

O casal conjugal na atualidade busca o amor e a sexualidade como fundamentais na sua constituição. As postulações teóricas freudianas permitem uma melhor reflexão sobre o tema, enfatizando a escolha amorosa como base para a formação do casal. Para Freud (1905/1969), o primeiro encontro amoroso se dá no período da infância, particularmente na relação da mãe-bebê. Nesse sentido, a criança aprende amar as pessoas que a ajudam no seu desamparo. Assim, os cuidados maternos representam para a criança uma fonte de excitação e ao mesmo tempo de satisfação. Ao longo do desenvolvimento infantil, a relação vivenciada da criança com os pais torna-se um modelo de escolha sexual para o sujeito, que culmina com o período edipiano. O complexo de Édipo é marcado pela presença da ambivalência e demarca a constituição do psiquismo do sujeito. Nessa direção, os modelos parentais indicam o caminho da escolha de objeto sexual na fase adulta.

O discurso freudiano aborda os aspectos intrínsecos das experiências edípicas e pré-edípicas, cujo foco é da ordem da constituição da subjetividade, e referem-se à dimensão intrapsíquica no percurso da escolha amorosa. Dessa ótica, a formação do casal conjugal se revela a partir do reencontro com o primeiro objeto de amor que ambos os parceiros experimentaram nos primórdios da infância. Posteriormente, os aspectos da dimensão intersubjetiva da relação amorosa foram contemplados por autores do campo da psicanálise de casal, que trouxeram importantes contribuições, com ênfase na teoria grupalista e na teoria dos vínculos. Dessa perspectiva, a formação do casal conjugal é o resultado do entrelaçamento de duas subjetividades, que se intercruzam no momento da escolha amorosa, quando são ativados os processos identificatórios de ambos os parceiros (Ozório, Féres-Carneiro & Magalhães, 2015). Podemos enfatizar, assim, a importância da escolha do objeto, como organizadora do psiquismo familiar.

No âmbito destas considerações, o presente estudo tem como objetivo investigar o modo como o casal se constitui, com base no enfoque psicanalítico, levando em consideração os aspectos intrapsíquicos e intersubjetivos. Os aspectos intrapsíquicos se referem à qualidade do inconsciente dinâmico, que se encontra associada às formações psíquicas fundamentais, como as pulsões, os fantasmas, a conservação dos traços mnêmicos, as identificações, o recalque, dentre outras que envolvem o caráter unidimensional dos processos de subjetivação. Já os aspectos intersubjetivos contemplam dois psiquismos que funcionam em reciprocidade, influenciando o campo dos afetos, desejos e vida conjunta, que envolvem o caráter bidimensional dos processos de subjetivação.

Escolha amorosa e o processo identificatório

No desenvolvimento da sua teoria libidinal, Freud (1905/1969) privilegiou a sexualidade e o desejo, como base na formação do psiquismo do sujeito. Ao valorizar a dimensão intrapsíquica, Freud concedeu à representação psíquica um valor inestimável quando se trata do outro como objeto.  Dessa perspectiva, as representações das figuras parentais no psiquismo permeiam as escolhas dos parceiros no encontro amoroso. De acordo com o autor, o primeiro encontro com o objeto é na verdade um reencontro, permeado, portanto, de reminiscências da relação mãe-bebê. O seio da mãe se apresenta como o primeiro objeto sexual do bebê e a relação simbiótica, que se estabelece com ela, é vivida por ele, em meio a um estado de total desamparo. Desde o início desta teorização, o autor esboça um modelo de identificação que tem um longo percurso, devido à completa dependência da criança em relação aos cuidados necessários à sua sobrevivência, envolvendo a maturação psíquica e biológica. Nesse contexto, o bebê encontra-se fusionado com a mãe que o ampara e o protege formando, assim, uma díade, cuja diferenciação compreende uma série de etapas do desenvolvimento no sentido da constituição do psiquismo do sujeito.

Freud (1905/1969) postula que a criança aprende a amar as pessoas que a ajudam em seu desamparo, satisfazendo às suas necessidades vitais. Os cuidados da mãe representam, então, para a criança, a fonte de excitação e satisfação sexual, originárias das zonas erógenas. A mãe satisfaz a criança com sentimentos que acenam com um conteúdo erótico, tais como, acariciar, beijar e o próprio ato de embalar. Desse modo, a mãe expressa sua ternura à criança, mas, ao mesmo tempo, coloca-a no lugar de um substituto do objeto sexual, pelo simples fato de o corpo infantil ser na sua essência erógeno. A pulsão sexual pode estimular a criança tanto pela sexualidade quanto através do sentimento da ternura, ambos resultantes do seu envolvimento com a figura materna. Nesse sentido, a escolha amorosa infantil tem, como seu primeiro objeto, a figura materna.

No texto “Sobre o narcisismo: Uma introdução”, Freud (1914/1969) argumenta que o sujeito apresenta uma dupla existência em si mesmo. A primeira corresponde à satisfação das suas próprias necessidades na fase inicial do desamparo infantil. A segunda existência, por sua vez, é marcada pelo ideal do ego, representante do superego, que impede a satisfação dos seus desejos inconscientes. Nesta dimensão, o sujeito reproduz, por um lado, a sexualidade como uma finalidade em si mesmo, por outro, ele se apresenta como um condutor e herdeiro de um patrimônio, o que lhe permite a sobrevivência no meio social. Sendo assim, o sujeito é, inicialmente, marcado pelo desejo e pela sexualidade e, somente mediante a intervenção do superego, porta-voz das regras sociais, é que o sujeito se constitui e torna-se um ser social.

O discurso freudiano aponta “a fixação incestuosa da libido” como uma tendência na escolha objetal infantil que permeia o processo do desenvolvimento libidinal da infância (Freud,1905/1969). Tal tendência é resultante do processo de identificação com os modelos parentais, primeiros objetos sexuais da criança. Nesse sentido, cabe retomar a máxima freudiana, afirmando que o encontro com o objeto é na verdade um reencontro com os modelos parentais infantis. Dessa forma, a relação vivenciada pela criança com os pais pode ser considerada um modelo para a escolha do objeto sexual. Nesse contexto, o autor considera a relevância do modelo parental, argumentando que os problemas originários deste relacionamento podem influenciar de forma desfavorável a vida sexual do sujeito na fase adulta. Assim, os conflitos vivenciados na vida conjugal dos pais, ou mesmo o fracasso desta relação, podem repercutir no desenvolvimento sexual dos filhos e até adoecê-los. O amor manifesto pela criança em relação aos pais pode ser considerado, então, a marca amorosa mais significativa, que reavivada na puberdade, indica o caminho para a escolha do objeto. Dito de outra forma, a escolha amorosa se configura pela busca no outro de algo que possa rememorar os primeiros objetos amorosos representados.

Pincus e Dare (1981) baseados na concepção freudiana, afirmam que cada estágio da vida emocional infantil é determinado por fortes anseios de relacionamento com o outro. A fase edipiana corresponderia, assim, à situação triangular de significado mais importante para o desenvolvimento da personalidade infantil. Para os autores, as grandes mudanças que ocorrem na infância durante este período também são percebidas na família. A capacidade da família com relação à aceitação da mudança do padrão relacional dual (mãe-filho) para uma relação triangular (pai-mãe-filho), bem como do estilo, forma e qualidade da vida familiar, se mostra determinada por dois fatores: as experiências dos pais relacionadas às suas próprias vivências infantis e o modelo de interação do casal parental.

Nessa direção, Green (1994) acrescenta que a relação triangular, presente no Édipo, tem seu esboço na relação mãe-bebê, sendo a figura do pai tida como empiricamente ausente. A interferência do Édipo, na visão de Green (1994), apresenta-se desde os primórdios na relação mãe-bebê. Dessa perspectiva, o pai, apesar de ser uma figura ausente, representa um terceiro que é percebido pelo bebê como um outro, ocupando, assim um lugar ao lado da mãe. A interceptação paterna, portanto, apresenta um caráter estruturante na relação mãe-bebê. Nessa lógica, o bebê não seria o único objeto de desejo da mãe.

Com efeito, as escolhas amorosas na vida adulta são marcadas pelos primeiros objetos de afeição da criança e referem-se, assim, às figuras parentais. O que podemos compreender como primeiro objeto de desejo é o encontro com a figura materna, sendo, pois, a marca amorosa dos primórdios da infância (Freud 1969/1905). Sendo assim, a sua relevância é inquestionável no desenvolvimento da teoria do desenvolvimento libidinal, que culmina com o complexo de Édipo.

De acordo com Pincus e Dare (1981) na fase edípica, pais e filhos encontram-se imersos em conflitos de origem incestuosa. Os desejos incestuosos são causadores de sentimentos intensos e segredos significativos. No entanto, a curiosidade e o despertar sexual da criança, aliados a sentimentos e fantasias, inserem-na no complexo de Édipo.  Dessa forma, o conjunto de sentimentos, baseados no amor, ódio, ciúmes, rivalidades, desejo sexual, expectativas e medos são originários da fase edípica.

De acordo com a concepção freudiana, o processo identificatório se estabelece no momento da trama edípica, ao lado do investimento libidinal. Nesses termos, o menino ama a própria mãe e se identificará com a figura do pai, vivenciando sentimentos de amor e ódio que caracterizam essa fase. No texto “Psicologia de grupo e análise do ego”, a propósito das identificações, Freud (1921/1969) revela a trama identificatória como base do processo da constituição do sujeito que culmina com o complexo de Édipo. A dissolução do complexo de Édipo é, assim, ocasionada pela ameaça de castração e a angústia de castração considerada como a primeira capaz de apaziguar o desejo na criança.

O complexo de Édipo se apresenta como fundamental na estruturação do psiquismo do sujeito e pode ser considerado um marco conceitual na teoria psicanalítica. O Édipo revela a presença do outro na constituição do sujeito. Cabe sublinhar que a construção da teoria edipiana apresenta um desenvolvimento linear no percurso da psicanálise. Com efeito, o Édipo se constitui como um mecanismo decisivo que engloba o processo da subjetividade e a sexualidade do sujeito. Freud (1923/1969) considera o superego ou o ideal do ego como herdeiro do complexo de Édipo. Dessa forma, o surgimento do superego é oriundo, então, da trama edípica. O superego é uma instância dotada de complexidade por meio da qual a figura do pai é representada pela proibição, instituindo, assim, a lei paterna. O superego é dotado, portanto, do caráter do pai, podendo ser estendido para a sociedade pela imposição da lei, através das regras, crenças e valores.

Apesar de o percurso edipiano ser marcado por conflitos vivenciados de forma intensa pela criança, podemos dizer que é um marco na história do sujeito e se traduz no movimento do sujeito de dar e receber amor, tanto na esfera afetiva como na esfera sensual (Robert, 2018). Desse modo, o amor responsivo dos pais na fase edípica moldará a habilidade de se relacionar com o outro. A fase edípica do desenvolvimento infantil é considerada, assim, de extrema importância para a compreensão dos casamentos e histórias familiares, especialmente, no que se refere à escolha amorosa (Pincus & Dare,1981). Neste estudo, o que nos interessa abordar sobre a escolha amorosa e o percurso identificatório do sujeito é a centralidade dos anseios edípicos, no conteúdo inconsciente do desejo erótico. Podemos dizer que o sujeito ao escolher seu objeto sexual encontra uma saída conveniente para o complexo de Édipo. O afeto manifestado pela criança, em relação aos pais, pode ser considerado o traço amoroso mais significativo; e sua revivescência na puberdade influencia suas escolhas amorosas na vida adulta.

Aparelho psíquico grupal e conceito de vínculo

Os teóricos da psicanálise de casal trouxeram contribuições significativas sobre a teoria dos vínculos e sobre o aparelho psíquico grupal que permeia as relações de grupo, família e casal. Kaës (2017) utiliza a noção de aparelho grupal para explicar o mecanismo psíquico mobilizado pelo grupo, que corresponde ao núcleo inconsciente grupal. Dessa perspectiva, o aparelho psíquico grupal é considerado uma rede de vínculos entre o eu e os objetos e os objetos internos, sendo que, nessa dimensão, a menor modificação de um objeto, modifica o conjunto. Segundo esses autores, a realidade psíquica do grupo não pode ser resumida a cada sujeito em particular e nem a dos vínculos estabelecidos pelo grupo, mas é permeada pelo próprio grupo. Os autores da teoria grupalista buscam na concepção freudiana uma explicação para a origem dos vínculos, partindo do princípio de que os investimentos narcísicos e libidinais podem ser considerados a base para a formação dos vínculos nas relações de famílias e casais. Nessa direção, existe uma identidade que é própria de cada configuração vincular que envolve o inconsciente grupal.

Eiguer (1995) ao discutir a organização familiar, aponta que a família, através do jogo duplo do amor intenso e incestuoso e sua proibição, prepara o sujeito para investir em outro vínculo, que dará origem a uma nova família. Nesse sentido, o autor aponta a existência de um mundo compartilhado, onde os parceiros intercambiam objetos inconscientes. O vínculo é, então, definido como uma superposição de duas relações de objeto, que tem como modelo de identificação a representação da interação do casal parental. É importante frisar que a formação conjugal não se faz completamente ao acaso, tal como nos ensina Freud (1914/1969), sendo o inconsciente individual necessariamente ativado. A escolha do parceiro conjugal tem um valor semelhante ao das formações de compromissos inconscientes, como o sintoma ou lapso. Dessa maneira, tal escolha é promovida pelo alívio econômico e age como mecanismo defensivo.

Podemos, assim, estimar a importância desta escolha para a consolidação e a organização inconsciente do casal. A escolha do parceiro é, portanto, estruturante e organizadora, porque ao mesmo tempo em que evita o desprazer, proporciona ao sujeito uma saída possível. O encontro amoroso favorece, assim, uma possibilidade de elaborar e restituir as experiências edipianas de cada parceiro. Nesse momento, ocasionada pela escolha amorosa, se instaura a formação casal, através da regulação do desejo, proibição e diferença sexual (Eiguer,1989). É, pois, a partir do encontro com o parceiro que as alianças inconscientes se formam e se entrelaçam formando o casal amoroso.

Por outra vertente, os teóricos da psicanálise vincular admitem que a constituição de um vínculo é baseada no pressuposto de que o sujeito, desde o seu nascimento, forma para si uma representação de seus vínculos, a partir das primeiras formas de interação com o outro. Nesse sentido, todo sujeito apresenta uma disposição para criar vínculos, pois isto é inerente a qualquer ser humano. O vínculo pode ser entendido como o estabelecimento de uma aliança com o outro e tem a conotação de uma relação mútua. Para Puget e Berenstein (1994) a noção de vínculo se assemelha à de intersubjetividade, pois envolve o espaço onde dois “eus” que se encontram vinculados. Nessa dimensão, os autores estabelecem uma diferença entre relação objetal e relação vincular. Na relação objetal, prevalece a formação intra-subjetiva, referindo-se, portanto, às formações intrapsíquicas referentes ao aparelho psíquico. A relação entre dois eus, por sua vez, pertence ao que é externo ao aparelho psíquico e é descrita como vínculo ou relação intersubjetiva.

Desse modo, o casal pode ser considerado uma estrutura vincular entre dois sujeitos, onde se estabelece uma relação subjetiva entre dois “eus” (Puget, 2015; Puget & Berenstein, 1994). O que diferencia o vínculo da relação intrasubjetiva, então, é a forma como o desejo circula. Podemos dizer que na relação intrasubjetiva o desejo circula de forma unidirecional, através de um eu desejante e de um outro eu, funcionando como objeto intra-subjetivo no campo intrapsíquico. A condição necessária para formação do vínculo é a presença de um referencial externo, formando, assim, a relação intersubjetiva. Daí deriva sua bidirecionalidade, pois ambos os “eus” são simultânea e sucessivamente (pacto e acordo) lugar do desejo e de realização do desejo do outro.

Neste sentido, a relação conjugal é, então, marcada pelo desejo e pelo componente emocional. O desejo do sujeito é realizado através da ação do outro. Ou seja, o sujeito é designado como a fonte de prazer e o outro como o objeto que atua na realização do seu desejo. Dessa forma, na estrutura conjugal cada sujeito pode ocupar o lugar do desejo e da ação do outro (Puget & Bereinstein, 1994).

A constituição do casal, de acordo com os autores, é composta por três representações. A primeira considera a total dependência da criança em relação ao objeto que a ampara, correspondente à estrutura relacional originária e referente ao narcisismo primário. A segunda se refere à representação do pai e da mãe, na qual a criança se encontra numa posição de exclusão. A terceira, por sua vez, diz respeito a uma representação social, onde estão inclusos no contexto familiar o pai, a mãe e o seu bebê, formando, assim, a organização da estrutura familiar. A criação do objeto casal compartilhado será, portanto, o produto inédito da conjugação destes representantes de cada parceiro. Desse modo, os objetos internos de cada parceiro vão constituir o núcleo do casal e as primeiras representações vinculares que permeiam a formação do casal (Puget & Bereinstein,1994).

Dessa perspectiva, o casal apresenta padrões que irão definir a estrutura própria do casal. Alguns teóricos apontam dificuldades encontradas por parte dos parceiros no desprendimento em relação às famílias de origem (Puget & Berenstein, 1994), na medida em que o casal, para formar uma estrutura inédita, necessita transformar os modelos parentais, constituindo, assim, uma nova unidade casal. Tal ineditismo é baseado na construção de um modelo próprio de relação conjugal, onde as experiências assimiladas referentes ao casamento dos pais deverão ser recriadas.

Puget e Berenstein (1994) com base na psicanálise vincular (1994) sinalizam a dificuldade do parceiro em não reconhecer as características presentes no outro no percurso da formação do casal. Nessa dimensão, o casal encontra-se em um desafio constante na criação de um espaço conjunto, no qual estão presentes, por um lado, aspectos do outro, que são causadores de sofrimento e, por outro, aspectos prazerosos que proporcionam o bem-estar. Nessas condições, a relação que não tolera a ambivalência, isto é, sentimentos de amor e ódio em relação ao outro, pode ser destruída pela incidência de qualquer agressão no relacionamento. Não há, portanto, como desconsiderar impunemente o outro. O apagamento ou a negação do parceiro exige um esforço do aparelho psíquico que corresponde ao “trabalho do negativo” (Garcia, Pires, & Penna, 2010). Sendo assim, é através do interjogo do reconhecimento do outro como parceiro na sua alteridade e da sua negação que emerge um espaço compartilhado.

Avançando nessa direção, Puget e Berenstein (1994) ressaltam a necessidade de criar parâmetros definidores de uma estabilidade na relação conjugal por meio de pressupostos previamente estabelecidos. Os parâmetros definidores, embora oriundos do mundo sociocultural, apresentam uma marca no psiquismo do sujeito, cujo registro se encontra no psiquismo infantil, onde se incorpora o modelo de casal no imaginário da criança. Baseado no desenvolvimento de parâmetros definidores, os autores discutem sobre a peculiaridade do vínculo conjugal quanto à presença de componentes constantes e de pressupostos de conduta. O primeiro parâmetro refere-se à cotidianidade e envolve a estabilidade temporal-espacial, caracterizada pelos intercâmbios diários, os quais organizam o ritmo de encontros e não-encontros do casal, oferecendo um marco para a aquisição da identidade. Nesse sentido, o estabelecimento da rotina do casal, a distribuição de tarefas, as trocas diárias, envolvendo a interação e a comunicação do casal, contribuem de forma construtiva para a estabilidade conjugal.

A estabilidade do vínculo pode ser significada de diferentes maneiras e pode estar sob o domínio de “Eros”, de tal forma que a identidade do casal se apresente como um suporte para o crescimento. Sob o domínio de “Tanatos”, o crescimento do casal mostra-se cerceado e os parceiros vivenciam sentimentos de tédio e de aborrecimento que podem afetar a relação entre os cônjuges (Neyrand, 2017). Segundo Puget e Berenstein (1994), as pulsões de vida e de morte são as norteadoras da estabilidade do casal, o que pode ser discutível por parte de alguns autores. O segundo parâmetro, o projeto vital compartilhado, constitui-se, na ação de unir e de reunir as representações de realizações e os projetos futuros. Nesse contexto, o projeto vital do par conjugal é o de compartilhar um espaço vincular e o seu modelo paradigmático passaria pela criação de filhos, reais ou simbólicos. O terceiro parâmetro, por sua vez, faz referência às relações sexuais, pressupondo sua manutenção não limitada à atividade genital propriamente dita. O quarto e último parâmetro apresentado é o da tendência monogâmica, a qual pressupõe o relacionamento com um só cônjuge em conotação de preferência.

Alianças inconscientes

As alianças inconscientes estão presentes na base de todas as relações amorosas e se formam a partir do encontro do inconsciente de cada parceiro, exercendo funções estruturantes e defensivas. Sobre essas alianças são confeccionadas as realidades psíquicas da relação, por um lado, e as realidades psíquicas dos sujeitos, por outro. De acordo com Kaës (2014) a relação amorosa só existe através das alianças inconscientes, partindo-se do princípio que o inconsciente do sujeito é constituído do tecido formado pelas alianças. Nessa direção, o autor descreve as identificações mútuas como condições e resultados das alianças entre os sujeitos. As identificações se constituem a partir de diferentes registros: narcísico, imaginário, objetal, simbólico ou edipiano. Elas possuem funções que são realizadas a favor das alianças, dentre as quais, a experiência básica de segurança, a realização de desejos, a aceitação de interditos e proibições, o reforço de defesas ou o facilitador das transgressões.

Podemos dizer que os processos identificatórios comuns e compartilhados são ativados na relação amorosa e os parceiros buscam um pacto de aliança através do duplo movimento identificatório. O que é percebido, então, precede a linguagem e o que é identificado em relação ao psiquismo do outro permanece inconsciente. Sobre esta base, os parceiros se identificam através de um traço que lhes é comum. Consideramos que este traço mútuo se apresenta como um elo, fonte de prazer, em ambos os espaços psíquicos. Nesse contexto, ao lado de traços psíquicos que os parceiros apresentam como próprios e comuns, emergem outras formações comuns e compartilhadas sob o efeito das identificações (Kaës, 2014).

Buscando esquematizar os tipos de alianças inconscientes dotadas de funções estruturantes no psiquismo do sujeito, Kaës (2014) classifica, inicialmente, dois tipos: a aliança do tipo primária e a do tipo secundária. Estes dois tipos de aliança, primeiramente considerados, constituem-se por um conjunto de funções necessárias à formação do psiquismo do sujeito (Piquemal-Vieu, L., Viader-Mate, M. & Joubert, C., 2017). O terceiro tipo de aliança inconsciente apresenta um caráter defensivo e possui efeitos alienantes e são indicadores de patologia. O quarto e último tipo de aliança é constituído por alianças defensivas cujo objetivo é impor um projeto criativo ou destrutivo.

Para Kaës (2014) as alianças inconscientes primárias se estabelecem no início de todas as relações, tais como na relação mãe-bebê, relação de casais, relação entre gerações e, ainda, nas relações de grupos, representando, assim, a base da vida psíquica na intersubjetividade. As alianças de afinação primária fazem parte deste grupo e são marcadas pela relação mãe-bebê. Nesse contexto, a prematuridade biológica do recém-nascido requer proteção e cuidados especiais. Dessa maneira, os investimentos de prazer, sofrimento e proteção formam as relações de afinações, onde as trocas recíprocas formam o tecido relacional primário. Através destas relações se dão as trocas de experiências sensório-motoras, as emoções e os primeiros significantes sobre os quais se apoiarão as pulsões e as estruturas cognitivas, a capacidade de sonhar e de alcançar proteção. A maioria dessas experiências é inconsciente e outras existem sobre o efeito do recalcamento. Nessa dimensão, podemos dizer que é a partir da relação mãe-bebê que se constitui a matriz dos interditos e do recalcamento, da rejeição ou da negação, envolvendo as trocas da díade. No espaço marcado pela reciprocidade ocorre, portanto, a formação do inconsciente do bebê.

Vale sublinhar que as alianças de afinação segundo Kaës (2014) são consideradas recíprocas e assimétricas formando um espaço entre a mãe e o bebê, onde são compartilhados o prazer e a ilusão criadora e correlativamente, as alianças de amor e ódio.  As alianças de prazer-desprazer compartilhado e de ilusão criadora estão presentes em toda relação e apontam para uma insatisfação mútua, ou seja, uma expectativa frustrada. Quando tais alianças se instalam na relação mãe-bebê, ocorre uma extrema desafinação dos investimentos narcísicos e libidinais e, quando prolongadas, se estabelecem como alianças patológicas nas relações sadomasoquistas na fase adulta. As alianças de prazer compartilhado e de ilusões vivenciadas em conjunto caracterizam a experiência de um bebê que é suficientemente bom e corresponde às expectativas maternas, e a mãe, por sua vez, também se vê como suficientemente boa e tem o reconhecimento do pai. Com base nestas experiências, tais tipos de aliança garantem a continuidade dos investimentos narcísicos entre sonhos e desejos irrealizados. Isso sugere o lugar que o bebê deverá ocupar no imaginário dos pais, o que implica em corresponder aos desejos dos pais, mas, ao mesmo tempo, encontrar-se num duplo aspecto do seu próprio narcisismo, o que o coloca como sucessor da cadeia geracional. Esse tipo de aliança foi conceituado por Aulagnier (1979) como “contrato narcísico”, tendo como característica vincular o sujeito a um grupo, ao qual ele pertence e no qual cria o seu lugar.

No segundo tipo de alianças estruturantes são nomeadas por Kaës (2014) como secundárias e são formadas pelos contratos e pelos pactos fundados nas leis e nos interditos fundamentais. Dentre elas, identificamos o pacto fraternal, a aliança como pai simbólico e o contrato de renúncia da satisfação direta dos objetivos pulsionais, em especial os destrutivos. É importante sinalizar que estas alianças dizem respeito primeiramente às relações sexuais e às relações entre as gerações. Nesse sentido, podemos dizer que tais alianças envolvem o primeiro laço na forma de recalque, os aspectos reprimidos, a negação e os aspectos negados. Nessas alianças, também, estão inseridas as formas mais primitivas dos ideais e do superego propriamente dito. O processo de sublimação é a característica básica nesse tipo de aliança, pois se inscreve em um duplo campo: o campo da ordem da pulsão e o da intersubjetividade, estreitamente relacionados. A sublimação é um mecanismo que envolve o deslocamento da pulsão para fins não sexuais. Assim, surge um prazer específico e, sob o efeito da exigência social, o sujeito se inscreve na intersubjetividade. Podemos dizer, então, que o mecanismo de sublimação exige do sujeito um trabalho psíquico que é imposto pelo campo intersubjetivo. Essa ligação estrutural tem sua origem na relação mãe-bebê e corresponde para a criança à representação da função paterna e do grupo ao qual ela pertence.

O terceiro tipo de alianças, descrito por Kaës (2014), corresponde às alianças defensivas que participam de funções defensivas, como os pactos denegativos, fundamentados sobre o recalque neurótico. Os pactos denegativos se encontram fundamentados sobre a negação ou recusa, a rejeição e a desaprovação. Nessa dimensão, Kaës (2017) reafirma que as alianças, como defesas inconscientes, se formam através do “pacto denegativo” e que operam na formação do vínculo conjugal. Nesse sentido, podemos dizer que este pacto se apoia na ideia de “contrato narcisista”, descrito por Aulagnier (1979) e possui uma dupla função. Sob determinado aspecto, o pacto atua na organização do vínculo e, em outro aspecto, atua de forma defensiva na relação, sendo que ambos constituem o acordo inconsciente para a formação e manutenção da relação do casal.

O pacto denegativo consiste, portanto, em um tipo de aliança inconsciente que se impõe entre os laços intersubjetivos e se relaciona com o negativo de várias formas. Nesse sentido, é através do efeito das alianças inconscientes defensivas, que se caracteriza o pacto denegativo e para a sua formação são necessárias duas condições. A primeira refere-se à mobilização das fantasias e identificações inconscientes que constituem o encontro amoroso, e a segunda refere-se ao estabelecimento de uma realidade psíquica “comum e compartilhada”, mesmo que os parceiros não se envolvam no sentido de uma relação durável (Kaës, 2014).

O pacto denegativo segundo Kaës é uma aliança inconsciente e situa-se no ponto nodal das relações que são mantidas pelos sujeitos e pelo grupo, através das quais se encontram ligados como parte constituinte ou como parte que os constitui, ou seja, por um mecanismo de trocas. Desse modo, o que caracteriza esse pacto é o estabelecimento de um mecanismo psíquico para garantir as necessidades defensivas dos sujeitos na relação conjugal e sua manutenção. O autor aponta sua função metadefensiva para cada um dos sujeitos envolvidos na relação. Dessa maneira, o pacto denegativo tem um papel de intervir na resolução de conflitos intrapsíquicos e conflitos atravessados pela configuração relacional dos sujeitos. Finalmente, o último grupo de alianças inconscientes, proposto por Kaës (2014), corresponde às alianças ofensivas que se formam através da coalizão organizada perante um ataque contra o outro ou mais de um outro, com intuito de exercer uma influência de dominação e destruição.

Podemos dizer que as alianças assumem diversas formas e possuem conceitos distintos pontuados por vários autores da psicanálise de casal. Puget e Berenstein (1994) ao falar da formação do casal, sinalizam a existência de um contrato que são os acordos e pactos inconscientes que dizem respeito à intersubjetividade. Os acordos inconscientes são decorrentes de um tipo de conciliação entre os aspectos que são compartilháveis que partem dos espaços psíquicos de cada sujeito, sendo resultantes da conjunção dos funcionamentos psíquicos e vinculares. Os pactos inconscientes, apesar de reforçarem os acordos, apresentam componentes distintos, provenientes do espaço psíquico do que não é compartilhável de cada sujeito. Nesse sentido, o que não é compartilhável na relação obriga o parceiro a fazer uma série de concessões em prol das necessidades do outro. O acordo é uma apropriação mútua e compartilhada, enquanto o pacto é uma troca de algo incompartilhável entre os parceiros, mas ambos visando à manutenção do vínculo. A relação intersubjetiva contribui, assim, de forma simultânea para que ambos os parceiros possam estar sucessivamente no lugar do desejo e da realização do desejo do outro.

 

Considerações finais

A formação da identidade-casal se delineia através de um espaço psíquico compartilhado, onde o casal busca inovar, criar, aceitar as diferenças, considerando os aspectos ambivalentes presentes em cada parceiro. Nesse contexto, a relação conjugal tende a uma estabilidade quando os modelos de referência são recriados formando uma estrutura inédita de relação.

Na dimensão casal, os parceiros compartilham os objetos inconscientes e o vínculo pode ser descrito como uma superposição de duas relações de objetos que tem como modelo de identificação a representação da interação do casal parental. O primeiro encontro com o objeto, na concepção freudiana, traz as reminiscências da relação entre a mãe e o bebê, apontando, também, para a “fixação incestuosa” como uma tendência na escolha objetal infantil, tendo como modelo as imagos parentais. Nessa direção, as representações das figuras parentais permeiam as escolhas dos parceiros na relação amorosa. Desse modo, a formação do casal se estabelece no momento da escolha quando o Édipo de cada parceiro é reativado, proporcionando uma possível saída, na medida em que evita o desprazer causado pela interdição. O complexo de Édipo, na concepção freudiana, se apresenta como um marco na constituição do sujeito, tornando-se condição de abertura para o campo do outro.

Na relação conjugal, ambos os parceiros são movidos pelo amor e pelo desejo, cuja origem remota aos primeiros vínculos amorosos da infância. A escolha amorosa pode ser considerada, assim, o berço fundamental da evolução das ações que englobam a constituição do sujeito. A origem do núcleo rítmico que se estabelece na relação mãe-bebê tem sua reminiscência na formação do casal. O cuidar do outro, acalentá-lo e acariciá-lo, proporciona uma reciprocidade marcada pelo encontro primário com o primeiro objeto de amor. Dessa forma, a criação de um espaço conjunto e dotado de ritmos próprios forma o núcleo eu-casal. Essa experiência compartilhada permite não só a criação de um elo, mas, também, o reconhecimento das diferenças, que possibilita emergir duas subjetividades, dois eus simultaneamente.

A qualidade dos encontros sexuais, ou não sexuais, assim como a habilidade na comunicação entre os membros do casal e a aceitação das diferenças, tolerando a ambivalência presente em toda relação humana são desafios constantes na vida de um casal. Por outro lado, a divisão de tarefas e os papéis sexuais bem definidos na estrutura conjugal podem, supostamente, garantir uma melhor estabilidade na vida do casal. Nesse sentido, a conjugalidade oferece um continente, palco de encenações de acordos e pactos inconscientes, mas, concomitantemente, possui mecanismos defensivos para lidar com a vida coletiva.

Podemos dizer que a temática em questão abre um vasto campo para pesquisas que muito poderão contribuir para a clínica de família e casal. Entretanto, apontamos limitações referentes a este estudo, tendo em vista a pequena amplitude do recorte teórico nele apresentado, sobre o tema da formação do casal no enfoque psicanalítico. Além disto, consideramos também uma limitação deste trabalho a ausência de vinhetas clínicas para ilustrar a pesquisa conceitual nele apresentada.

 

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Endereço para correspondência
Marina Beatriz Pignataro
E-mail: marpignataro@gmail.com

Terezinha Féres-Carneiro
E-mail: teferca@puc-rio.br

Renata Mello
E-mail: renatamello@gmail.com

Enviado em: 06/03/2018
1ª revisão em: 01/10/2018
Aceito em: 22/03/2019

 

 

1 Mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Especialista em Psicoterapia de Família e Casal pela PUC-Rio.
2 Professora Titular do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Coordenadora do Curso de Especialização em Psicoterapia de Família e Casal da PUC-Rio.
3 Pós-doutoranda em Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Doutora em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com período sanduíche na Université Paris Diderot (Paris 7).

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