SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.24 número1Relação entre irmãos: a percepção do primogênitoA experiência do pai adolescente no primeiro ano de vida da criança índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Pensando familias

versão impressa ISSN 1679-494X

Pensando fam. vol.24 no.1 Porto Alegre jan./jun. 2020

 

ARTIGOS

 

Representações sociais da violência no namoro elaboradas por adolescentes

 

Social representations of dating violence elaborated by adolescents

 

 

Karla Costa Silva1, I ; Maria da Penha de Lima Coutinho2, II, III ; Emerson Araújo do Bú3, IV ; Jaqueline Gomes Cavalcanti4, III ; Adriele Vieira de Lima Pinto5, II

I Instituto Federal de Educação de Pernambuco
II Universidade Federal da Paraíba
III Centro Universitário UNIESP
IV Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo teve como objetivo apreender as Representações Sociais (RS) de adolescentes acerca da violência no namoro (VN). Trata-se de um estudo misto, quantitativo e qualitativo, de caráter descritivo e exploratório, que contou com a participação de 30 adolescentes, com idades entre 14 e 18 anos (M=15,66; DP=1,29), predominantemente do sexo masculino (53,3%). Para coleta de dados utilizou-se um questionário sociodemográfico e entrevistas semiestruturadas, tendo suas respostas submetidas a Análise Hierárquica Descendente (CDH) e de Similitude (AS), desempenhadas com o software IRaMuTeQ. Tais análises apontaram para uma compreensão multifacetada da VN por parte dos atores sociais do estudo, percebendo-se a tentativa de transformar o saber reificado acerca da violência em teorias do senso comum. Espera-se que esse estudo possibilite aprofundamentos teóricos-conceituais acerca da VN entre adolescentes, bem como, auxilie no planejamento de práticas interventivas voltadas a esta população.

Palavras-chave: Adolescente, Violência no namoro, Representações sociais.


ABSTRACT

This study aimed to apprehend the Social Representations (SR) of dating violence (DV) by adolescents. It is a mixed study, qualitative and quantitative, of a descriptive and exploratory character; it had the participation of 30 adolescents, aged between 14 and 18 (M = 15,66; SD = 1.29), prominently males (53.3%). For data collection, it was utilized a socio-demographic questionnaire and semi-structured interviews, and their answers were submitted to the Descending Hierarchical Classification (DHC) and a Similarity Analysis (SA), carried out by the IRaMuTeQ software. These analyses pointed towards a multifaceted comprehension of DV by this study’s social actors; the teenagers conceptualized DV, its modalities, and consequences; which, by the way, require the importance of social support to the ones involved. It is expected that this study allows further theoretical-conceptual developments on DV among adolescents, as well as help to plan interventional practices aimed towards this specific population.

Keywords: Adolescents, Dating violence, Social representations.


 

 

A violência no namoro (VN) é um fenômeno que tem despertado crescente interesse entre os pesquisadores no cenário nacional e internacional, dadas as implicações negativas que pode trazer para as pessoas envolvidas, sendo considerada, inclusive, um problema de saúde pública. Este fenômeno pode levar a prejuízos físicos e mentais, em especial, a população adolescente, tais como, o uso abusivo de álcool e substâncias psicoativas (Brooks-Russell, Foshee & Ennett, 2013; Foshee & Gottfredson et al., 2016) envolvimento em comportamento sexual de risco (Alleyne-Green, Grinnell-Davis, Clark, Quinn & Cryer-Coupet, 2016); transtornos de ansiedade (Reidy, Kearns, Houry, Valle, Holland & Marshall 2016); e depressão (Van Ouytsel, Ponnet & Walrave, 2017).

A publicação pioneira que versa acerca da temática é atribuída a Makepeace (1981). Desde então, as pesquisas relativas à violência no contexto dos relacionamentos juvenis começaram a ganhar relevo, principalmente nos Estados Unidos e Canadá, que passaram a liderar o quantitativo de publicações (Lundgren & Amin, 2015; Santos & Murta, 2016).

Mencionada na literatura internacional como dating violence, courtship violence ou violence amoureuse, a VN refere-se a toda agressão psicológica, verbal/emocional, relacional, física e/ou sexual que ocorre no contexto de um relacionamento entre parceiros romanticamente envolvidos. Destaca-se que, para serem considerados como parceiros desta natureza se faz necessário que os casais passem tempo considerável juntos, incluindo coabitação ou não, desde que não se envolva formação de família, nem uma coabitação de longo prazo (Ahonen & Loeber, 2016; Cutter-Wilson & Richmond, 2011).

Estudos indicam que variáveis sóciocognitivas, tais como crenças e atitudes, podem atuar como fatores de risco para predispor o envolvimento de adolescentes na VN (McCauley et al., 2013; Pazos Gómez, Oliva Delgado, & Gómez, 2014). McCauley et al. (2013), ao desenvolverem um estudo com atletas adolescentes norte-americanos do sexo masculino, identificaram que os participantes com atitudes de igualdade de gênero foram menos prováveis a perpetrarem a VN. Outra pesquisa realizada por Pazos Gómez, Oliva Delgado e Gómez (2014), com adolescentes espanhóis, apreendeu que as crenças sexistas e a baixa tolerância à frustração foram fatores relacionados à prática do comportamento violento no namoro.

Também são apontadas variáveis contextuais e psicossociais que podem figurar como fatores de risco para predispor o envolvimento de adolescentes como perpetradores e/ou vítimas da VN. Nessa direção, o estudo transversal desenvolvido por Hokoda, Martin Del Campo e Ulloa (2012), com adolescentes norte-americanos, indicou que um menor grau de escolaridade prediz um aumento de envolvimento na VN.  Já um estudo longitudinal, desenvolvido por Choi e Temple (2016) com adolescentes norte-americanas do sexo feminino, identificou que as participantes do sexo feminino expostas à violência familiar eram mais propensas a permanecer em uma relação de namoro violenta em comparação com aquelas não expostas.

Sabe-se que os veículos de comunicação (jornais, televisão, internet e redes sociais) têm um papel importante na difusão dos casos de violência entre casais de namorados, colaborando para que a temática circule socialmente. Nessa direção, Oliveira, Resende e Bicalho (2018) apontam que a violência vem adquirindo cada vez mais visibilidade nas mídias sociais e, tais dinâmicas comunicativas, desempenham um papel fundamental nas trocas de saberes e interações entre as pessoas, influenciando suas percepções, opiniões e ideias acerca do tema.

Acerca do papel desempenhado pelo compartilhamento e construção de informações entre pares no contexto social, destacam-se as contribuições da Teoria das Representações Sociais (TRS), que versa, a partir de uma abordagem psicossociológica, sobre o processo de construção do pensamento social. Tal teoria foi elaborada por Serge Moscovici, com a publicação de sua tese de doutorado em 1961.

Em linhas gerais, esta teoria explicita o conceito de Representações Sociais (RS), que se refere a forma como as pessoas elaboram explicações sobre a sua vida cotidiana em sociedade. Tendo-se a amplitude do conceito de RS, uma definição bastante aceita pelos pesquisadores da área é apontada por Jodelet (2001), ao afirmar que estas são uma forma particular de conhecimento que englobam cognições, informações, ideologias, normas, crenças, valores, opiniões e imagens, que reunidos formam uma rede de significações sobre a realidade social.

Cabe destacar que na TRS, duas são as formas das pessoas compreenderem e se relacionarem com o mundo em que estão circunscritas, seja através do universo reificado ou do universo consensual de saberes. Enquanto o universo reificado envolve o conhecimento científico, erudito e especializado, o universo consensual diz respeito ao saber leigo, elaborado e partilhado pelas pessoas em interação social cotidiana. É nesse último universo em que são produzidas as RS (Chaves & Silva, 2013; Coutinho & Do Bú, 2017; Moscovici, 2017).

Partindo-se dessas considerações e, entendendo a importância do emprego do aporte teórico da TRS para compreender a VN no contexto da adolescência, por esta permitir acessar as crenças, opiniões, atitudes que sustentam o pensamento desse grupo de pertença (adolescentes) acerca do fenômeno, facilitando a compreensão de como os adolescentes elaboram modos de interpretação da realidade para que possam se comunicar e orientar suas ações em sua vida cotidiana (Jodelet, 2001). Essa contribuição teórica ganha ainda mais evidência dado ao número incipiente de estudos que possibilitem compreender o fenômeno a partir da práxis dos atores sociais (Bertoldo & Barbará, 2006; Moscovici, 2011, 2012), este estudo teve como objetivo apreender as representações sociais acerca da violência no namoro elaboradas por adolescentes.

 

Método

Tipo do estudo

Trata-se de um estudo misto, quantitativo e qualitativo, de abordagem descritiva e exploratória, ancorado no aporte teórico da Teoria das Representações Sociais (Moscovici, 2017).

Participantes

Nesse estudo contou-se com uma amostra do tipo não probabilística, por saturação (Sá, 1998), composta por 30 adolescentes, com idades entre 14 e 18 anos (M=15,66; DP= 1,29), prevalentemente do sexo masculino (53,3%), matriculados no ensino fundamental (23,3%) e médio (76,7%) de escolas públicas da cidade de João Pessoa – Paraíba. Desses, a maioria afirmou ter renda média familiar de 2 salários mínimos.

Destaca-se que o critério de inclusão da amostra foi ter o Termo de Assentimento do Participante menor de idade assinado e/ou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelo participante maior ou pelo responsável legal de menores de 18 anos, já ter namorado alguma vez, ter entre 14 e 18 anos de idade, além de mostrar-se disponível para participar do estudo.

Procedimentos de Coleta de Dados

Esta pesquisa resguardou os princípios éticos recomendados pela Resolução 510/2016 que trata de pesquisas em seres humanos. Foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, localizado no Centro de Ciências da Saúde - CCS, da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, sob o número de parecer: 2.350.510.

Após autorização do Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, foi realizado um contato com a Secretaria de Educação e com direções de instituições escolares da cidade João Pessoa – Paraíba, com a finalidade de obtenção de autorizações para o procedimento de coleta de dados. Neste contato, foram explicitados os objetivos do estudo, assim como fora garantido o anonimato das repostas dadas pelos participantes.

A entrevista, dirigida com gravação de áudio, foi utilizada como estratégia de coleta de dados, permitindo a identificação das dimensões latentes das Representações Sociais por meio de conteúdos evocados em reação a pergunta: “O que você pensa, já ouviu falar e onde ouviu falar sobre violência no namoro”? Além deste instrumento, utilizou-se um questionário sociodemográfico com o intuito de caracterizar o perfil da amostra estudada, com questões relacionadas ao sexo, idade, escolaridade e renda do participante.

Destaca-se que as entrevistas foram conduzidas de forma individual, nas dependências de escolas públicas de ensino fundamental e médio da cidade supramencionada, durando em média quatro minutos. Apenas guiou-se entrevistas com os participantes mediante esclarecimento e sua assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, ou, no caso dos alunos menores de idade, apresentação do Termo de Assentimento do Participante e do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado por seu responsável legal.

Procedimentos de Análise dos dados

O software Statistical Package for Social Science for Windows – IBM SPSS (versão 25.0) foi utilizado para processar médias, frequências e desvio padrão dos dados quantitativos coletados por meio do questionário sociodemográfico, objetivando descrever as características da amostra pesquisada.

Os dados obtidos através das entrevistas foram transcritos e, posteriormente, processados pelo software Interface de R pour analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires - IRaMuTeQ (Camargo & Justo, 2013), com a finalidade de apreender os esquemas figurativos das Representações Sociais dos adolescentes sobre a Violência no Namoro (VN).

As análises desempenhadas pelo software foram a Classificação Hierárquica Descendente (CHD), que auxilia na identificação da estrutura das representações, assim como a Análise de Similitude, que se baseia na teoria dos grafos e auxilia na identificação da estrutura das representações (Camargo & Justo, 2013). Ressalta-se que os grupos de palavras oriundas dessas análises foram interpretados de maneira qualitativa, por meio de uma análise do conteúdo emergido. Buscou-se, nessa análise, evidenciar aspectos etimológicos das palavras evocadas e os relacionar com o que a literatura que versa sobre a VN constata. Fez-se isso com o intuito de compreender sentidos e significados que são criados e compartilhados pelos participantes do presente estudo face ao objeto social em questão.

 

Resultados

A seguir, serão apresentados os resultados das análises lexicográficas (Classificação Hierárquica Descendente e de Análise de Similitude) desempenhadas com o auxílio do software IRaMuTeQ.

Classificação Hierárquica Descendente

Os enunciados dos participantes sobre a Violência no Namoro, fruto da pergunta “O que você pensa, já ouviu falar e onde ouviu falar sobre violência no namoro?”, quando submetidos à análise lexical, constituíram um corpus com 30 Unidades de Contexto Iniciais (UCIs), totalizando 191 seguimentos de texto e 6713 ocorrências, sendo 1136 palavras distintas. Para a análise realizada, foram consideradas as palavras com frequência igual ou superior à média de 10. O corpus foi reduzido e evidenciou 144 Unidades de Contexto Elementar (UCEs) analisáveis.

Para a Classificação Hierárquica Descendente (CDH), foram retidos 75,39% do total de UCEs do corpus, que foram distribuídas em quatro classes e categorizadas nominalmente pelos pesquisadores. O dendrograma, exposto na Figura 1, que deve ser lido da esquerda para a direita, apresenta o corpus denominado “Compreensão psicossociológica da violência no namoro”. Este apresentou uma primeira partição em dois subcorpora.

 

 

À esquerda encontra-se o primeiro subcorpus subdividido em dois subcorpora, originando de um lado a classe 4 (Tipos de violência no namoro) e do outro lado a classe 3 (Permanência na violência no namoro e estratégias para busca de apoio) e a classe 2 (Atribuições femininas acerca da violência no namoro). Por sua vez, à direita do dendrograma, encontra-se localizado o segundo subcorpus, formado apenas pela a classe 1 (Difusão da violência no namoro nos veículos de comunicação).

A classe 4 (Tipos de violência no namoro), foi a mais representativa do discurso dos adolescentes do sexo masculino, sendo responsável pela maior contribuição para o corpus, constituindo 29,2% das UCEs. Esta classe apresentou palavras no intervalo de x² = 4,2 (fato) a x² = 39,4 (física), sendo ilustrada pelos recortes textuais a seguir:

Eu acho que violência no namoro não é apenas física, exemplo bater. Até o jeito de falar, o jeito de tratar a pessoa é violência [sic];
Mas quando parte para um xingamento mais agressivo, para uma coisa mais pessoal, para uma agressão que fere, que realmente machuca, que passa do limite de uma brincadeira, então é considerado violência [sic];

A classe 3 (Permanência na violência no namoro e estratégias para busca de apoio) foi a segunda mais representativa do discurso dos participantes com idade entre 16 e 17 anos, obtendo um percentual de 26,4% das UCEs. Esta classe apresentou palavras no intervalo de x² = 4,2 (gente) a x² = 22,4 (terminar), sendo ilustrada pelos seguintes recortes de texto:

Num relacionamento existem duas pessoas e tem uma que não sabe lidar com ciúmes e acaba partindo pra violência [sic];
A violência no namoro normalmente é a radicalização, são pessoas radicais que não aceitam o termino do namoro [sic];
Muitos namorados e namoradas que aceitam a situação, geralmente tem medo de denunciar e geralmente, por amor, acabam não terminando, acabam aceitando [sic];
Mas não custa nada você chegar e conversar com outra pessoa que você confia ou até mesmo denunciar porque você não deve aceitar uma pessoa te agredir verbalmente, fisicamente ou de qualquer outra forma [sic];

A classe 2 (Atribuições femininas acerca da violência no namoro), foi alusiva do discurso dos participantes com renda familiar superior a três salários mínimos, do sexo feminino e estudantes do 2º ano do Ensino Médio. Esta obteve o menor percentual de UCEs, sendo equivalente a 18,8%, as mesmas compreenderam palavras entre intervalo de x² = 4 (mais) a x² = 35,4 (homem). A seguir são apresentados alguns recortes textuais representativos da referida classe:

Eu vi várias pessoas que tiveram uma relação e que sofreram violência. É mais frequente o homem fazer a violência com a mulher [sic];
Eu penso que é uma covardia com a mulher, por ser o sexo mais frágil, já que a força física e maior no homem [sic];
Porque meu pai sempre me ensinou que é falta de respeito bater em mulher [sic].

A classe 1 (Difusão da violência no namoro nos veículos de comunicação), representou o discurso junto aos participantes do 9º ano do Ensino Fundamental e 15 anos de idade. A mesma foi responsável por 25,7% das UCEs, compreendendo palavras entre intervalo de x² = 4 (amigo) a x² = 21,3 (jornal). Sendo representada pelos recortes textuais a seguir:

Eu ouvi falar na internet quando as pessoas postam no facebook [sic];
Já ouvi falar sobre violência no namoro, passou na televisão tem muitos casos em que a menina fala um negócio e ele não quer, ele quer outra coisa e obriga a menina a fazer algo que ela não quer fazer [sic];

Análise de Similitude

A Análise de Similitude (AS), que possibilita localizar as ocorrências de palavras mais frequentes, indicando as suas conexidades (Do Bú, Alexandre & Coutinho, 2017; Ratinaud & Marchand, 2012), demonstrou que o objeto VN está fortemente relacionada a três núcleos de palavras que se organizam em torno dos termos violência, achar e porque.

No tocante ao núcleo violência, verifica-se sua coocorência com os vocábulos sofrer, agressão, forma, física, psicológica, verbal, briga, ficar, namoro, querer, começar, aceitar, terminar, bater, mulher, respeito, parte, mais, homem, hoje e dia. Apontasse-se que este núcleo pode apresentar reflexões sobre como os participantes do estudo compreendem simbolicamente as diferentes formas de VN, sendo ela psicológica, física e/ou verbal. Este fenômeno, que provoca sofrimento, parece estar vinculado a formas de agressões que acontecem na atualidade por meio de brigas entre homens e mulheres, sobremaneira, ao se finalizar relacionamentos.

Quanto aos núcleos de palavras achar e porque, que capturam a opinião dos atores sociais do presente estudo acerca do que pode justificar a existência do fenômeno, observam-se conexidades com os termos errado, relacionamento, causa, exemplo, gente, coisa, gostar, casal, muito, dizer, acabar, violência no namoro, ocorrer, acontecer, ciúme, falar, , nunca, ouvi, deixar, amigo, menina, dever, como, agredir, amor, saber, estar e caso. Estas palavras indicam que os adolescentes consideram a VN errada, estando vinculada a confusão entre as concepções de amor e ciúmes que casais possuem. Destaca-se, ainda, que esta violência parece fazer parte da rotina dos adolescentes, uma vez que ocorre também em sua rede de amigos.

 

 

Discussão

Os dados expostos apresentam que os enfoques de compreensão da VN dos atores sociais da presente pesquisa são multifacetados, percebendo-se no discurso desses indivíduos a tentativa de transformar o saber reificado acerca da violência em teorias do senso comum.

No que diz respeito aos aspectos evidenciados pela classe 4 da CDH, e, ratificados através dos núcleos lexicais violência, achar e porque da AS, destacam-se as falas dos adolescentes que objetivam a VN como um modo de agressão entre casais que pode se manifestar de diferentes formas que chegam a machucar ou ferir o outro, incluindo as violências física, psicológica e verbal. Ressalta-se ainda nos discursos a tentativa de diferenciar a VN de outras atitudes que seriam consideradas como brincadeiras de casal.

Percebe-se que as objetivações da VN destes atores sociais remetem-se a elementos do universo reificado de saber, ampliando-se a noção de VN para além do aspecto físico e considerando as dimensões psicológicas e verbais deste fenômeno. Essa representação se ancora em informações reificadas das formas de manifestação da violência, a saber: psicológica, verbal, relacional, física e sexual (Cutter-Wilson & Richmond, 2011; Rey-Anacona, 2013), que são comumente veiculadas na mídia. A menção aos tipos de violência também revela as objetivações que os participantes realizam ao pensar na temática. Nessa direção, as RS, identificadas no presente estudo, se manifestam através da comunicação, estando vinculadas aos posicionamentos identitários, valores, normas e pertenças dos adolescentes do presente estudo (Flament & Rouquette, 2003).

Observa-se, pelos recortes dos enunciados, que o grupo que mais contribuiu para a classe 4 (adolescentes do sexo masculino) compartilha de um mesmo núcleo de sentido sobre a VN, a qual comumente é vista conforme recorte a seguir: Eu acho que violência no namoro não é apenas física, exemplo bater. Até o jeito de falar, o jeito de tratar a pessoa é violência. Nesse sentido, os adolescentes tornam a VN compreensível, através de constantes intercâmbios entre universo consensual e reificado (Chaves & Silva, 2013; Coutinho & Do Bú, 2017; Moscovici, 2017).

Ainda na classe 4, a respeito do termo brincadeira, observam-se estruturas representacionais semelhantes entre a RS elaboradas pelos participantes desta pesquisa com a RS do bullying no estudo de Lima (2012), o que revela uma aproximação do conhecimento compartilhado sobre a VN com aquele partilhado sobre a violência escolar. Essa semelhança pode ocorrer pelo fato de boa parte dos adolescentes conviverem no contexto escolar, permeado por outras formas de violência tais como o bullying, considerada típica desse ambiente. De forma consonante, a literatura aponta associações da VN com experiências e comportamentos relacionados à violência escolar/bullying (Foshee & Benefield et al., 2016; Vivolo‐Kantor, Olsen & Bacon, 2016). Diante desses apontamentos, sugerem-se novos estudos que identifiquem se de fato as RS da VN estão ancoradas no conhecimento sobre o bullying.

No que tange à classe 3 da CHD, em consonância com os núcleos lexicais violência, achar e porque da AS, o discurso dos atores sociais objetivou a VN como uma ação que é motivada devido a questões emocionais do agressor, tais como ciúmes ou não aceitar o término de um relacionamento. A despeito dessa questão, um estudo desenvolvido com 120 estudantes universitários brasileiros identificou a fidelidade como um valor social essencial para a constituição de um relacionamento amoroso duradouro e estável, tal valor é manifestado na condenação de práticas de infidelidade, sendo principal elemento que constitui o ciúme romântico (Schlösser & Camargo, 2019). Os discursos destacam, ainda, que muitas vítimas tendem a aceitar agressões por medo, ressaltando que as mesmas devem buscar apoio, terminar o relacionamento e denunciar as agressões. Desse modo, os discursos evidenciam aspectos que justificam a ocorrência do fenômeno e que, responsabilizam tanto o agressor como a vítima pela manutenção da VN. Sobre este aspecto, Santos e Murta (2016) salientam que os adolescentes apresentam dificuldade em perceber a violência como algo prejudicial ao namoro e tendem a reconhecer condutas ciumentas como sinal de amor.

Para os participantes que mais contribuíram com esta classe (com idade entre 16 e 17 anos), os aspectos que levam aceitação da VN pelas vítimas apresentam relevância para justificar a existência de casos desse tipo, assim como, os aspectos de enfrentamento desta violência partem da necessidade da vítima reconhecer e não aceitar as agressões sofridas, buscando denunciar o fenômeno junto a sua rede de suporte social. Sobre essa questão, estudos apontam que dificilmente os adolescentes procuram ajuda para lidar com experiências de violência nas relações de namoro e do ficar (Santos & Murta, 2016; Soares, Lopes, & Njaine, 2013).

Esses dados permitem discutir a dificuldade de fazer o rompimento do vínculo afetivo com o parceiro perpetrador, pois o medo começa a fazer parte da realidade da vítima. Principalmente na adolescência, uma vez que esta fase é caracterizada como período de mudanças, de constituição da personalidade e de vulnerabilidade ao envolvimento em contextos violentos (Zappe & Dell'Aglio, 2016). Nessa etapa do desenvolvimento humano, a internalização do medo por parte da vítima devido as ameaças do agressor, torna-se uma questão preocupante pelo fato de culminar na naturalização da violência, fazendo com que a vítima não consiga romper o ciclo da violência.

Por outro lado, as falas dos adolescentes destacam a questão da denúncia, significando o rompimento com o ciclo de violência, e o enfrentamento desse fenômeno tão complexo. A denúncia seria, na visão dos participantes, um mecanismo de empoderamento do adolescente, que mesmo face a todas as adversidades, tenta romper com a violência sofrida. Nesse sentido, ressalta-se a importância da elaboração de programas de prevenção da violência e promoção de saúde com vistas a estimular o comportamento de ajuda entre os adolescentes, tanto para que eles procurem apoio nos casos em que forem vítimas de violência, quanto para que eles ofereçam ajuda a seus pares nessas situações.

Na classe 2 da CHD, corroborada por elementos dos núcleos lexicais violência, achar e porque da AS, evidencia-se a VN como sendo praticada por ambos os sexos, mais predominantemente por homens do que por mulheres, utilizando a justificativa do sexo feminino ser mais frágil. Tal discurso possivelmente está ligado a representações rígidas dos papéis de gênero, conforme apontado pelo estudo de Cecchetto, Oliveira, Njaine e Minayo (2016). Assim, as relações de poder no contexto dos gêneros sexuais perpassam o discurso dos estudantes de renda familiar superior a três salários mínimos, do sexo feminino e estudantes do 2º ano do Ensino Médio (grupos que mais contribuíram para classe 2), pois ratifica o conhecimento socialmente compartilhado acerca das identidades masculina e feminina no contexto dos relacionamentos violentos.

Acerca do conceito gênero, ressalta-se, segundo Arruda (2002), que este surge no interior das ideologias feministas e trata-se de uma categoria construída socialmente, de forma relacional, na qual se consideram as relações de poder, a importância da experiência, da subjetividade, no que diz respeito à constituição da identidade e dos papeis sociais de homem e mulher para além das explicações biológicas.

Na classe 1 da CHD, confirmada através dos núcleos lexicais violência e achar da AS, os participantes - 9º ano do Ensino Fundamental e 15 anos de idade - procuraram definir a VN a partir dos casos que já presenciaram ou tiveram conhecimento através dos veículos de comunicação. Ficou evidente nos discursos desses adolescentes que afirmaram ter lido ou escutado falar sobre o assunto em jornais, televisão, internet e em redes sociais, sendo alguns destes episódios veiculados como casos de polícia. Este enredo semântico ancora-se no que é comumente transmitido pela mídia e permeia os discursos no entorno social dos adolescentes sobre a temática. Destarte, a violência tem adquirido cada vez mais visibilidade nos veículos de comunicação e mídias sociais (Oliveira, Resende, & Bicalho, 2018), sobretudo, pelos casos mais extremos como tentativa de homicídio e morte.

Nesse sentido, as redes sociais, evocadas pelos adolescentes desse estudo destacam-se, por serem atualmente o meio de comunicação mais usado pelos adolescentes, sendo usadas inclusive como porta para o estabelecimento de relações afetivas (Lucena Beserra, Ponte, Silva, Beserra, Sousa, & Amaral Gubert, 2016). Ressaltam-se as diferenças que essas mídias têm em relação aos veículos tradicionais de comunicação, tais como jornais, televisão e rádio, pois tratam-se de um ambiente no qual eles não apenas adquirem informações, como também podem emitir suas opiniões sobre diversos assuntos, sendo ambiente rico para a construção e compartilhamento das RS.

É importante destacar o modo como as RS formuladas estão vinculadas pertenças dos adolescentes do presente estudo. Observou-se nesse estudo a significância de algumas variáveis sociodemográficas (renda e sexo) foram aspectos importantes para a diferenciação do pensamento entre os adolescentes. Isso sugere que diferentes posições sociais implicaram na formulação de diferentes formas de representar o fenômeno social em questão.

Em linhas gerais, verifica-se que o aporte teórico-metodológico utilizado no presente estudo possibilitou a compreensão do objeto de estudo na perspectiva dos próprios atores sociais. Percebe-se que os adolescentes conceituaram a VN, suas modalidades e consequências, as quais, por seu tempo, demandam a importância do suporte social para os envolvidos. Destarte, acreditando-se que conhecer como os adolescentes percebem a VN é imprescindível quando se objetiva enfrentar esse fenômeno, espera-se que essa pesquisa possibilite aprofundamentos teóricos-conceituais acerca da VN entre adolescentes, bem como, auxilie no planejamento de práticas interventivas voltadas a esta população.

Os resultados aqui elencados e discutidos já permitem notar algumas contribuições do presente estudo, por exemplo, quando o grupo diz que acha algumas coisas sobre o objeto representacional em questão, nota-se que surgiu a oportunidade para discutir o que vem a ser a VN. Para além disso, o estudo revela também a importância de se discutir com os adolescentes sobre temas importantes tais como papeis de gênero e sexismo. Outro aspecto relevante refere-se as RS do que faz com que os casais permaneçam numa relação de violência, o que indica a necessidade de intervenções com os adolescentes que versem sobre as dependências emocionais e a rede de apoio que eles podem acionar nessas situações.

Apesar das contribuições trazidas por esta pesquisa, destaca-se que a mesma não se isenta de limitações, pois ao utilizar uma amostra não probabilística e relativamente pequena em relação ao tamanho da amostra, interfere na generalização dos dados para população geral. Salienta-se que tal limitação não invalida a pesquisa, tendo em vista que se constitui um estudo num nível exploratório, mas que já reúne importantes indicativos do campo representacional desse grupo, abrindo caminho para futuros aprofundamentos. Além disso, ressalta-se que este estudo apresenta dados unicamente oriundos de instituições públicas, e, nesse sentido, não é possível observar diferenças entre representações sociais de alunos do contexto público e privado de ensino. Sugere-se que em estudos futuros tal perspectiva seja abordada.

 

Referências

Alleyne-Green, B., Grinnell-Davis, C., Clark, T. T., Quinn, C. R., & Cryer-Coupet, Q. R. (2016). Father involvement, dating violence, and sexual risk behaviors among a national sample of adolescent females. Journal of interpersonal violence, 31(5), 810-830. doi: 10.1177/0886260514556762        [ Links ]

Ahonen, L., & Loeber, R. (2016). Dating violence in teenage girls: Parental emotion regulation and racial differences. Criminal Behavior and Mental Health, 26(4), 240-250. doi: 10.1002/cbm.2011        [ Links ]

Arruda, Â. (2002). Teoria das representações sociais e teorias de gênero. Cadernos de pesquisa, (117), 127-147. doi: 10.1590/S0100-15742002000300007        [ Links ]

Bertoldo, R. B., & Barbará, A. (2006). Representação social do namoro: A intimidade na visão dos jovens. Psico-USF, 11(2), 229-237. doi: 10.1590/S1413-82712006000200011        [ Links ]

Brooks-Russell, A., Foshee, V. A., & Ennett, S. T. (2013). Predictors of latent trajectory classes of physical dating violence victimization. Journal of Youth and Adolescence, 42(4), 566-580. doi: 10.1007/s10964-012-9876-2        [ Links ]

Camargo, B. V., & Justo, A. M. (2013). IRaMuTeQ: Um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia, 21(2), 513-518. doi: 10.9788/TP2013.2-16        [ Links ]

Cecchetto, F., Oliveira, Q. B. M., Njaine, K., & Minayo, M. C. S. (2016). Violências percebidas por homens adolescentes na interação afetivo-sexual em dez cidades brasileiras. Interface - Comunicação, Saúde, Educação20(59), 853-864. doi: 10.1590/1807-57622015.0082        [ Links ]

Chaves, A. M. & Silva, P. L. (2013). Representações sociais. In L. et al. Camino, Psicologia Social: temas e teorias (2 ed., pp. 413-464). Brasília, DF: Technopolitik.         [ Links ]

Choi, H. J., & Temple, J. R. (2016). Do gender and exposure to interparental violence moderate the stability of teen dating violence? Preventionscience, 17(3), 367-376. doi: 10.1007/s11121-015-0621-4        [ Links ]

Conteratto, D., & Martins, C. (2016). Transversalidade e integração em políticas públicas de gênero: análise da Rede Lilás no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Gestao e Desenvolvimento Regional (144). Retrieved from https://www.researchgate.net/publication/320835493_Transversalidade_e_integracao_em_politicas_publicas_de_genero_analise_da_Rede_Lilas_no_Rio_Grande_do_Sul        [ Links ]

Coutinho, M. P. L., & Do Bú, E. A. (2017). A técnica de associação livre de palavras sobre o prisma do software tri-deux-mots (version 5.2). Revista Campo do Saber, 3(1). Retrieved from http://periodicos.iesp.edu.br/index.php/campodosaber/article/view/ 72        [ Links ]

Cutter-Wilson, E., & Richmond, T. (2011). Understanding teen dating violence: Practical screening and intervention strategies for pediatric and adolescent healthcare providers. Current Opinion in Pediatrics, 23(4), 379. doi: 10.1097/MOP.0b013e32834875d5        [ Links ]

Do Bú, E. A., Alexandre, M. E. A, & Coutinho, M. P. L. (2017). Representações sociais do vitiligo elaboradas por brasileiros marcados pelo branco. Psicologia, Saúde & Doenças, 18(3), 760-772. doi: 10.15309/17psd180311        [ Links ]

Flament, C., & Rouquette, M. L. (2003). Anatomie des idées ordinaires: Comment étudier les représentations sociales (pp. 176). Paris: Armand Colin.         [ Links ]

Foshee, V. A., Benefield, T. S., Reyes, M., Luz, H., Eastman, M., Vivolo‐Kantor, A. M., & Faris, R. (2016). Examining explanations for the link between bullying perpetration and physical dating violence perpetration: Do they vary by bullying victimization? Aggressive Behavior, 42(1), 66-81. doi: 10.1002/ab.21606        [ Links ]

Foshee, V. A., Gottfredson, N. C., Reyes, H. L. M., Chen, M. S., David-Ferdon, C., Latzman, N. E., & Ennett, S. T. (2016). Developmental outcomes of using physical violence against dates and peers. Journal of Adolescent Health, 58(6), 665-671. doi: 10.1016/j.jadohealth.2016.03.002        [ Links ]

Hokoda, A., Martin Del Campo, M. A., & Ulloa, E. C. (2012). Age and gender differences in teen relationship violence. Journal of Aggression, Maltreatment & Trauma, 21(3), 351-364. doi: 10.1080/10926771.2012.659799        [ Links ]

Jodelet, D. (2001). Representações sociais: Um domínio em expansão. In D. Jodelet (Ed.), As representações sociais (pp. 17-44). Rio de Janeiro: UERJ.         [ Links ]

Lima, I. O. (2012). Representações sociais da violência: Bullying e avaliação de qualidade de vida no contexto escolar do ensino médio. 2012. 263 f. Tese (Doutorado em Psicologia Social) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. Retrieved from https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/6918        [ Links ]

Lucena Beserra, G., Ponte, B. A. L., da Silva, R. P., Beserra, E. P., de Sousa, L. B., & do Amaral Gubert, F. (2016). Atividade de vida “comunicar” e uso de redes sociais sob a perspectiva de adolescentes. Cogitare Enfermagem, 21(1). doi: 10.5380/ce.v21i4.41677

Lundgren, R., & Amin, A. (2015). Addressing intimate partner violence and sexual violence among adolescents: Emerging evidence of effectiveness. Journal of Adolescent Health, 56(1), 42-50. doi: 10.1016/j.jadohealth.2014.08.012        [ Links ]

Makepeace, J. M. (1981). Courtship violence among college students. Family Relations, 30(1), 97-102. doi: 10.2307/584242        [ Links ]

McCauley, H. L., Tancredi, D. J., Silverman, J. G., Decker, M. R., Austin, S. B., McCormick, M. C., & Miller, E. (2013). Gender-equitable attitudes, bystander behavior, and recent abuse perpetration against heterosexual dating partners of male high school athletes. American Journal of Public Health, 103(10), 1882-1887. doi: 10.2105/AJPH.2013.301443        [ Links ]

Moscovici, S. (1961). La psychanalyse, son image et son public. Paris: PUF.         [ Links ]

Moscovici, S. (2011). An essay on social representations and ethnic minorities. Social Science Information, 50(3-4), 442-461. doi: 10.1177/0539018411411027        [ Links ]

Moscovici, S. (2017). Representações sociais: Investigações em psicologia social. 9ª ed. Petrópolis: Vozes.         [ Links ]

Oliveira, M. F., Rezende, R. A. S. S., & Bicalho, P. P. G. (2018). Direitos humanos, segurança pública e a produção do medo na contemporaneidade. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, 10(25), 118-140. Retrieved from http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/4998/5207        [ Links ]

Pazos Gómez, M., Oliva Delgado, A., & Gómez, Á. H. (2014). Violencia en relaciones de pareja de jóvenes y adolescentes. Revista Latinoamericana de Psicología46(3), 148-159. Retrieved from http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120-05342014000300002&lng=en&tlng=es        [ Links ]

Ratinaud, P., & Marchand, P. (2012). Application de la méthode ALCESTE à de «gros» corpus et stabilité des «mondes lexicaux»: analyse du «CableGate» avec IraMuTeQ. Em Actes des 11eme Journées internationales d’Analyse statistique des Données Textuelles (pp. 835–844). Presented at the 11eme Journées internationales d’Analyse statistique des Données Textuelles. JADT 2012, Liège

Rey-Anacona, C. A. (2013). Prevalencia y tipos de maltrato enelnoviazgoen adolescentes y adultos jóvenes. Terapiapsicológica, 31(2), 143-154. doi: 10.4067/S0718-48082013000200001        [ Links ]

Reidy, D. E., Kearns, M. C., Houry, D., Valle, L. A., Holland, K. M., & Marshall, K. J. (2016). Dating violence and injury among youth exposed to violence. Pediatrics, peds-2015. doi: 10.1542/peds.2015-2627        [ Links ]

Sá, C. P. (1998). A construção do objeto de pesquisa em representações sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ.         [ Links ]

Schlösser, A., & Camargo, B. V. (2019). Elementos caracterizadores de representações sociais sobre relacionamentos amorosos. Pensando familias, 23(2), 105-118. Retrieved from, http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-494X2019000200009&lng=pt&tlng=pt.         [ Links ]

Santos, K. B., & Murta, S. G. (2016). Influência dos pares e educação por pares na prevenção à violência no namoro. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(4), 787-800. doi: 10.1590/1982-3703000272014        [ Links ]

Soares, J. S. F., Lopes, M. J. M., & Njaine, K. (2013). Violência nos relacionamentos afetivo-sexuais entre adolescentes de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil: Busca de ajuda e rede de apoio. Cadernos de Saúde Pública, 29(6), 1121-1130. doi: 10.1590/S0102-311X2013000600009        [ Links ]

Van Ouytsel, J., Ponnet, K., & Walrave, M. (2017). The associations of adolescents' dating violence victimization, well-being and engagem/nt in risk behaviors. Journal of adolescence, 55, 66-71. doi: 10.1016/j.adolescence.2016.12.005        [ Links ]

Vivolo‐Kantor, A. M., Olsen, E. O. M., & Bacon, S. (2016). Associations of teen dating violence victimization with school violence and bullying among US high school students. Journal of School Health, 86(8), 620-627. doi: 10.1111/josh.12412        [ Links ]

Zappe, J. G., & Dell'Aglio, D. D. (2016). Adolescência em diferentes contextos de desenvolvimento: Risco e proteção em uma perspectiva longitudinal [Adolescence in different contexts of development: Risk and protection in a longitudinal perspective]. PSICO, 47(2), 99-110. doi: 10.15448/1980-8623.2016.2.21494        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Karla Costa Silva
E-mail: karlacs18@gmail.com

Emerson Araújo do Bú
E-mail: eabu@ics.ul.pt
E-mail: dobuemerson@gmail.com

Enviado em: 05/05/2020
1ª revisão em: 03/06/2020
Aceito em: 24/06/2020

 

 

1 Mestra em Psicologia Social e Bacharela em Psicologia pela Universidade Federal da Paraíba. Coordenadora de Relações Empresariais, Estágios e Graduados do Instituto Federal de Educação de Pernambuco. Instituto Federal de Educação de Pernambuco. https://orcid.org/0000-0002-8454-3787.
2 Doutora em Psicologia na Universidade de São Paulo. Mestra em Psicologia e Bacharela em Psicologia pela Universidade Federal da Paraíba. Professora da Universidade Federal da Paraíba e Coordenadora do Curso de Psicologia do Centro Universitário UNIESP. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa – Paraíba, Brasil. Centro Universitário UNIESP https://orcid.org/0000-0003-3961-2402.
3 Doutorando em Psicologia Social pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Mestre em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba e Bacharel em Psicologia pela Universidade Federal de Campina Grande. Assistente de Investigação do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal. Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal. https://orcid.org/0000-0003-3864-3872.
4 Doutora em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba. Mestra em Psicologia Social e Bacharela em Psicologia pela Universidade Federal da Paraíba. Professora do Centro Universitário UNIESP. Centro Universitário UNIESP https://orcid.org/0000-0002-3068-404X.
5 Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba. Mestra em Psicologia Social e Bacharela em Psicologia pela Universidade Federal da Paraíba. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa – Paraíba, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-4126-1795.

Creative Commons License