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Vínculo

versão impressa ISSN 1806-2490

Vínculo vol.7 no.2 São Paulo  2010

 

ARTIGOS

 

Onde está a teoria? Reflexões sobre minha prática com grupos

 

Where is the theory? Second thougths about my clinical activity with groups

 

Donde está la teoría? Reflexiones sobre mi practica con grupos

 

 

Betty Svartman ,1

Núcleo de Estudos em Saúde Mental e Psicanálise das Configurações - NESME

Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo - SPAGESP

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A Psicanálise das Configurações Vinculares postula o entrelaçamento dos espaços intra, inter e transubjetivo na constituição do sujeito. é uma abordagem que nos leva ao campo da complexidade e da necessidade de atenção permanente a vínculos em constante transformação. Isto inclui, no âmbito intra-subjetivo do analista, os movimentos na sua relação com a própria teoria. O objetivo deste trabalho é discutir situações clínicas e identificar onde está presente e como se manifesta a presença da teoria na prática do analista.

Palavras chave: psicanálise das configurações vinculares, espaços intra, inter e transubjetivo, vínculos.


ABSTRACT

The Psychoanalysis of Linking Configurations assumes that the subjectivity is built in the intersection of three dimensions: intra, inter and transubjectivity. It's an approach that leads us to the field of the complexity and the need for permanent attention on bonds in constant transformation. It includes, in the context of the psychoanalyst's innerworld, the movements in the psychoanalyst's relation with the theory itself. This article intends to discuss clinical situations and identify where and how the theory is present in the psychoanalyst's practice.

Keywords: psychoanalysis of linking configurations, intra, inter and transubjectivity, links.


RESUMEN

La Psicoanalisis de las Configuraciónes Vinculares plantea el entrelazamiento de los espacios intra, inter y transubjetivos en la constitución del sujeto. Esto nos lleva al campo de la complejidad y de atención a las constantes transformaciónes. En este abordaje se valoriza la relación de la intrasubjetividad del analista con su manejo de la teoria. El objetivo de este trabajo es discutir situaciónes clínicas y identificar donde está presente y como se manifiesta la presencia de la teoria em la practica del autor.

Palabras clave: psicoanalisis de las configuraciónes vinculares, espacios intra, inter y transubjetivo, vínculos.


 

 

É desafiador articular conceitos consagrados da Psicanálise clássica com as propostas inovadoras da Psicanálise das Configurações Vinculares. O presente trabalho foi elaborado a partir de um convite para participar de uma mesa-redonda sobre TEORIAS DE GRUPO, junto a companheiros de percurso de longa data.

Considero Congressos científicos espaços essenciais de cultivo, colheita, exposição e intercâmbio. Faço uma analogia com as Feiras Agropecuárias e sua enorme importância no avanço desta área, tão fundamental à saúde da humanidade. O que torna tais eventos indispensáveis é que, se não fossem as oportunidades de encontros entre criadores, novas raças de gado ou espécies de plantas surgidas no dia-a-dia das fazendas não se consagrariam. Só seriam considerados criadores ou cultivadores dignos, aqueles que dessem continuidade às espécies puras, importadas, que nem sequer se adaptam bem ao nosso clima. E só seriam considerados bem-nutridos os consumidores de tais produtos. Similarmente, no nosso campo de estudos e atuação, os congressos científicos são indispensáveis para que sejam legitimadas as descobertas, fruto da experiência. O que poderia ser taxado como ilegítimo e impuro, torna-se a origem de novos modelos teóricos.

Freud plantou uma vigorosa árvore nos idos de 1880. Suas sementes têm disseminado ao longo de mais de doze décadas. Tantos pomares de viçosas plantas vêm se formando, desde então, espalhados pelo mundo. Penso nos frutos em analogia aos conceitos e na técnica como as indicações dos usos possíveis para eles. Teoria e técnica renovam-se permanentemente. Para que as transformações possam ocorrer sem que se perca a essência do que define a abordagem psicanalítica, é preciso identificar o que nela é distintivo.

Cada um de nós, contando um pouco do que tem feito e pensado, contribui para o desenvolvimento de um campo teórico técnico com a força de uma flexibilidade legitimada. Evidentemente, não se trata somente de narrar experiências. é necessário que se amadureça, ao longo dos sucessivos Encontros, a capacidade de desenvolvimento dos temas propostos e o potencial para formular indagações significativas. "Validar é fundamentar; é dar conta dos procedimentos mediante os quais se desenham as estratégias de uma investigação.

Validar é expor a pertinência de cada ação executada no processo de investigação científica." (Coria, 1997, p. 208) (tradução da autora)

Sob a ótica da Psicanálise das Configurações Vinculares, os fenômenos concretos do dia-a-dia adquirem uma nova ênfase na compreensão do paciente, seja um indivíduo, um grupo, um casal ou uma famíia, na medida em que postula que, "(...) a subjetividade só se constrói com um outro e com o conjunto e continua se construindo durante toda a vida, e, portanto, a do psicanalista não escapa a esta regra" (Puget, 1997. p.137) (tradução da autora).

Meu objetivo, aqui, é refletir sobre a vivência na clínica como psicanalista vincular, tendo em mente a pergunta que titula este trabalho: onde está a teoria no meu dia-a-dia?

A Psicanálise das Configurações Vinculares postula o entrelaçamento dos espaços intra, inter e transubjetivo na constituição do sujeito. "(...) um sujeito vive e tem raízes em vários mundos simultaneamente (...)" (Fernandes e Svartman, 2003,p.69)

é uma abordagem que nos leva ao campo da complexidade e da necessidade de atenção permanente a vínculos em constante transformação.

Sob esta ótica, não faz sentido pensar numa formulação teórica que definitivamente dê conta de lidar com as vicissitudes do psiquismo humano. Ao mesmo tempo, há uma base teórica, sim, que nos permite desenvolver práticas vinculares em que se pode contribuir para que pessoas, compreendendo melhor a si mesmas, vivam e convivam melhor.

Considero fundamental que aqueles que se propõem a atividades desta natureza reflitam freqüentemente sobre os movimentos na sua relação com a teoria em que se embasam.

Farei uma narrativa breve de idéias que foram se encadeando em minha mente a partir do estímulo de pensar sobre a minha própria relação com a Psicanálise e também com meus pacientes.

Uma vez criada a Teoria Psicanalítica e consagrada como corpo de conhecimento sobre o funcionamento do psiquismo humano, nos idos do século XIX, as indagações e transformações em relação à própria teoria e sua prática têm sido permanentes.

Um dos méritos de Freud e, a meu ver, precioso ensinamento sobre a postura de um cientista, é caracterizar-se por um olhar inclusivo. Explico-me melhor:

Se nos relacionamos com o que a vida nos apresenta, norteando-nos pelas definições e categorias que nos foram oferecidas prontas, excluímos tudo o que não se encaixa e tornamos mínimas as possibilidades de transformação. Estreitamos os horizontes do conhecimento. Empobrecemos nossa relação com o mundo que nos rodeia.

A postulação de Freud de um inconsciente poderoso, que impõe caminhos, ao corpo e à mente, seguida de um fluxo de conceitos teóricos e propostas técnicas a respeito de como lidar com este potencial energético contém, na sua essência, a inclusão, o deixar entrar: a Psicanálise abriu as portas do Inconsciente e o Homem começou a circular por áreas antes inexploradas. Histéricas, fóbicos, compulsivos, etc, ganharam um espaço novo na ciência e na sociedade a partir da mobilização da curiosidade e do interesse sobre seu funcionamento. O sono passou a ter uma consideração diferente, dadas as descobertas do sentido do sonho.

"A obra-prima que constitui A Interpretação dos Sonhos contém 700 páginas (...) nela Freud analisa quase 200 sonhos (...) A fim de tornar mais acessíveis ao público as idéias inovadoras contidas em A Interpretação dos Sonhos (...) acabou aceitando escrever Sobre o Sonho (...) em um tom quase coloquial." (Quinodoz, 2007, p. 49)

Anedotas e atos falhos passaram a ser levados a sério.

A grande angular colocada por Freud capturou, inclusive, imagens da própria História da Humanidade no Inconsciente de cada indivíduo.

Considero também Freud um modelo de coragem. Buscando aprimorar a compreensão para a cura de seus pacientes, olhou para dentro de si, entrou em contato com suas próprias experiências emocionais, auto-analisou seus sonhos, retomou sua história pessoal. Correspondeu-se muito com colegas sobre suas hipóteses. Somente a partir da articulação de todos esses elementos foi possível começar a esboçar um corpo de conhecimento, que hoje nos dá instrumentos para uma diversidade de ações visando saúde: saúde mental, mas não só, já que é muito complexa e, por isso mesmo, fonte permanente de investigação, a articulação corpo/mente. E também saúde da sociedade, uma vez que as dimensões intra, inter e transubjetivas comunicam-se reciprocamente, sempre. Com ele aprendemos que não há possibilidade de disponibilizar-se a visitar o universo psíquico do outro sem ter uma experiência pessoal de acesso a organização de nossa própria subjetividade.

Quando Freud iniciou seus estudos como aprendiz de Breuer, suas primeiras tentativas foram no sentido de construir um modelo científico da mente. é compreensível, considerando-se o clima positivista das universidades de então. Iniciou descrevendo a mente como uma mera rede de neurônios de armazenamento e transmissão de cargas elétricas. Distúrbios psíquicos eram entendidos como deficiências no sistema de descargas. Sua primeira hipótese foi a de que a recuperação de lembranças de um passado esquecido regularizaria este sistema.

Ao longo da prática clínica, Freud percebeu que nem sempre os fatos narrados correspondiam a vivências factuais. O que hoje nos parece óbvio, foi para ele um choque que o levou a afirmar não mais acreditar em suas neuróticas.

Este foi um momento fundamental. Ele se deu conta de que o armazém de portas trancadas que temos dentro de nós não é apenas um arquivo de fatos esquecidos: descobriu que se misturam aí as fantasias, fantasias que correspondem, em parte, a desejos. Foi assim havendo uma ampliação do objeto a ser conhecido. Freud percebeu que as fantasias eram tão importantes quanto os fatos e mereciam igual atenção.

Dando-se conta de que era necessário investigar, além das recordações encobertas, sua combinação com as fantasias carregadas de emoção, concluiu que a memória inconsciente exigia um conceito mais abrangente do que o de realidade material. Passou, então, a chamar este universo de realidade psíquica e isto mudou o foco da investigação abrindo caminho para um novo modelo da mente.

Paralelamente a esta descoberta sobre a extensão do psiquismo para além dos fatos do mundo concreto, a Psicanálise começa a dar-se conta de que o investigador estava complexamente envolvido ao seu objeto de investigação, o paciente. Se há fantasias, se há desejos e emoções vinculados a isto, o médico/investigador/analista está inevitavelmente incluído na realidade psíquica do seu paciente. E se ele, como ser humano, tem um aparelho psíquico que funciona no mesmo grau de complexidade que o do seu paciente, como fazer para identificar, nomear, e transformar produtivamente tantos níveis de intersecção?

Tenho observado que ser analista vem exigindo de mim um aprimoramento ininterrupto ao longo do tempo. Dá-se através de uma somatória de vivências que incluem, paralelamente ao exercício clínico, estudo e diálogo com colegas, análise pessoal e supervisão, atenção às transformações do macro-contexto, às novas mídias vigentes, contato com as produções culturais. Uma das questões á qual dou muita atenção é: como criar um campo favorável ao desenrolar de um processo analítico, já que considero o comprometimento afetivo necessário? Os movimentos pulsionais ocorrem em todos os protagonistas da cena analítica. A pergunta "ONDE ESTá A TEORIA?" , que titula este trabalho, surgiu exatamente desta preocupação. Como ser continente e acolhedor tendo, inevitavelmente, que frustrar desejos dos pacientes, desejos advindos de instâncias tão profundas que se confundem com necessidades vitais mas que, se forem simplesmente atendidos, introduziriam um montante de transgressão que seria nocivo ou até mesmo obstaculizante ao processo analítico? Não acredito na possibilidade de um analista anular completamente atuações em relação ao analisando. Acho, no entanto, possível e necessário cuidar-se muito para que as atuações não se perpetuem na relação tendo como objetivo alimentar o narcisismo do analista ou sustentar intermináveis idealizações por parte do paciente. Ao mesmo tempo, critico a rigidez exagerada de certos psicanalistas que, presos a protocolos de conduta, não criam no setting um espaço mínimo "de manobra" , sendo que é tão complicado "estacionar" num processo psicanalítico. Lembremo-nos de que estacionar significa "fazer estação, parar habitualmente, ser assíduo, ser freqüentador de um lugar. Ficar estacionário é que significa não progredir . Isto, nós analistas, não queremos que ocorra! (definição do vocábulo segundo versão online do MICHAELIS- Moderno Dicionário da Língua Portuguesa)

Neste contexto, povoado de indagações a Psicanálise não para de avançar e vão surgindo opiniões diversificadas sobre como lidar com os fenômenos do campo analítico: identificação, projeção, transferência, contratransferência, etc. Alguns mitos vão sendo questionados, como o da eficácia da interpretação mutativa, por exemplo.

Na minha experiência, o encadeamento de descobertas que corresponde à história da Psicanálise muitas vezes se repete na história de cada experiência de análise.

Observo que desde que Freud se desligou do modelo fisiológico da mente e criou a teoria Psicanalítica ela é vincular e dinâmica. Vem sendo ininterruptamente construída a partir da observação dos fenômenos clínicos.

Vemos em Freud curiosas contradições: por um lado a ousadia de circular fora dos muros do setting rigoroso da própria técnica psicanalítica que possibilitou a criação de alguns dos conceitos-chave, tais como a própria transferência. No caso Dora, em 1905, o romance, o drama familiar da paciente penetraram a mente de Freud, estimulando-o no sentido de reconhecer o fenômeno transferencial. Em outro momento propôs a não transparência do analista. Por isso o tomo como modelo do pensador que abre caminhos e legitima a criatividade do profissional.

A postura que adoto, neste momento é: não me abster de sentir, mas evitar rigorosamente julgar o material trazido pelo meu paciente. Consigo ser quase completamente não diretiva já que, de fato, acredito que não sei o que é melhor para o outro e creio que o ajudando a compreender seu funcionamento psíquico e o sentido que as coisas têm para ele, terá mais chance de fazer boas escolhas. Privilegio a transferência como ferramenta e, embora sempre muito atenta para identificá-la, acho, muitas vezes, difícil. Mais ainda nos grupos, onde são múltiplas. A contratransferência, cuido muito para que não me estimule a atuações.

E os estudos sobre a vincularidade, conforme as propostas do corpo teórico da Psicanálise das Configurações Vinculares, têm me sensibilizado para observar cuidadosamente as respostas emocionais que decorrem do seguinte fato: a presença material de vários sujeitos na sessão põe em evidência a impossibilidade de igualar o outro real externo à imago, ou seja, à representação deste outro na fantasia do sujeito em questão. O analista vincular tem, neste caso, a oportunidade de observar operações psíquicas que não ocorrem numa sessão de análise individual. A irredutibilidade da realidade material à realidade fantasmática exige um trabalho psíquico que inclui operações defensivas, que é privilégio do analista vincular poder observar em atividade. Se este analista aproveita a riqueza desta experiência para elaborar as angústias decorrentes do alto grau de complexidade deste fenômeno, fica mais habilitado a identificar novas formas de defesas configuradas pelos paradoxos que estão na essência da constituição da subjetividade: querer ser como o outro, querer ser o outro, temer tornar-se o outro e deixar de existir como sujeito, querer tornar o outro real idêntico ao outro da nossa imaginação, temer transformar-se concretamente no objeto do imaginário do outro, em suma: as diferenças, o diferente, a tolerância, são protagonistas dos trabalhos sob a ótica da vincularidade. Como diz Bion,

"Todos os grupos estimulam e ao mesmo tempo frustram os indivíduos que os compõem, porque o indivíduo é impelido a buscar a satisfação de suas necessidades em seu grupo e, ao mesmo tempo, é obstado neste objetivo pelos medos primitivos que o grupo desperta." . (Bion, 1970, p.175).

O manejo adequado, por parte do analista, de tamanho impacto do confronto entre desejo e realidade no aqui-agora de uma sessão psicanalítica de grupo é privilegiada oportunidade de aprender com a experiência.

"El vínculo entre los seres implica de manera inevitable la desarmonia, lo imposible, las vicisitudes Del poder. Supone los interjuegos de la distancia y de la fusión, los encuentros que siempre soportan desencuentros.; el conflicto y la paradoja nunca están ausentes. La presencia de los otros com su alteridad y ajenidad inasible, ejerce sobre cada sujeto exigências de trabajo psíquico (...) pero a la vez habilita la transformación subjetiva y activa los procesos de autoorganización y complejización Del ser humano." (Rojas, 2005, p. 94)

O que quero enfatizar no presente trabalho é que, na essência de nossa prática, seja em sessões individuais ou atendimentos a grupos, famílias e casais, seja em consultório ou instituições, há uma condição imprescindível à qual me agrada chamar de atitude analítica. Trata-se de uma disposição interna configurada a partir de vários elementos, um dos quais é conhecimento da Psicanálise. Não apenas de conceitos, mas da história dos mesmos. Não apenas de um ou outro autor, mas da articulação de suas produções teóricas. Não apenas dos enunciados, mas das experiências vivenciais que subjazem a eles.

O que penso é que o desenvolvimento da competência para estabelecer vínculos que resultem, para nossos pacientes, num aprofundamento do conhecimento de seu funcionamento psíquico é um processo interminável. Em sua raiz está a curiosidade pelo ser humano e a sensibilidade aos aspectos imateriais do psiquismo.

é preciso acreditar em inconsciente para ver sentido na Psicanálise e para muitos que nos procuram, chegar neste ponto já é um longo caminho. é preciso confiar, para se submeter a um processo de auto-conhecimento através da intervenção de um profissional. Para favorecer isto, um bom manejo da técnica se faz necessário. As barreiras que vão surgindo a esta possibilidade de entrega são a manifestação viva dos processos psíquicos que a própria psicanálise nos ensina a identificar. Não é, portanto, possível analisar sem ter um bom conhecimento dos fenômenos psíquicos que se desenrolam no aqui-agora das sessões. Há diversidade nas propostas de como intervir, dependendo do corpo teórico que elegemos. Temos que saber o que fazemos e porquê, a cada momento. São escolhas que se nos impõem, ao longo do desempenho de nossa atividade clínica que requerem estudo, reflexão e interlocuções privilegiadas. Além disto, é preciso descobrir vivencialmente uma coerência entre as propostas teóricas e a experiência analìtica enquanto pacientes.

Na minha opinião, não podemos atuar como analista tendo a mente aprisionada pela teoria, mas é preciso estabelecer com as formulações teóricas uma relação íntima e profunda, que inclua tematizações e interrogantes permanentes. E encerro este artigo repetindo a citação de Janine Puget: "(...) a subjetividade só se constrói com um outro e com o conjunto e continua se construindo durante toda a vida, e, portanto, a do psicanalista não escapa a esta regra." (Puget, 1997, p.137).(tradução da autora)

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CORIA, K. Cuestiones metodológicas e investigación científica. Revista de la Asociación Argentina de Psicología y Psicoterapia de Grupo, Buenos Aires, Tomo XX-n 1, p. 207-215, 1997.         [ Links ]

FERNANDES, W. e Svartman, B. Contribuição de autores argentinos à Psicanálise vincular . In: FERNANDES, WJ; SVARTMAN, B.; FERNANDES, B.S. Grupos e Configurações Vinculares. Porto Alegre: Artmed, 2003, p. 65-73.         [ Links ]

MICHAELIS MODERNO DICIONáRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, Editora Melhoramentos Ltda, 1998-2007, versão online. Site Michaelis.uol.com.br         [ Links ]

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QUINODOZ, J-M. Ler Freud. Porto Alegre: Artmed, 2007, 326 p .         [ Links ]

ROJAS, MC Implicaciones y complicaciones Del trabajo com grupos - Administrando diferencias. Incluir-excluir-convivir. Vínculo - Revista do NESME, São Paulo, n 2, p. 89-98, 2005.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Endereços eletrônicos : svartman@terra.com.br

Recebido em: 21/09/2010
Aceito em: 26/11/2010

 

 

1 Psicóloga, Especialista em Psicanálise das Configurações Vinculares, Docente do NESME e da SPAGESP
2 Cf. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1ª Ed., 3ª imp

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