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Vínculo

versão impressa ISSN 1806-2490

Vínculo vol.8 no.2 São Paulo dez. 2011

 

Editorial

 

 

O NESME (Núcleo de Estudos em Saúde Mental e Psicanálise das Configurações Vinculares), em seus mais de 20 anos de existência, tem buscado se manter como referência em ensino, pesquisa e prática com enfoque nos contextos grupais e tendo como eixo teórico a Psicanálise das Configurações Vinculares.

A Vínculo - Revista do NESME vem sendo reconhecida como importante veículo na divulgação de trabalhos originais e no intercâmbio de ideias e propostas de trabalhos entre autores de diferentes nacionalidades e inserções institucionais e para a ampliação do conhecimento no campo da Saúde Mental, dos grupos, famílias, casais e instituições. Por esse motivo, a Comissão Editorial da revista considerou necessário reorganizar o Conselho Editorial e o Corpo Editorial e Científico, de forma a ampliar o número de colaboradores, garantir a multiplicidade das afiliações institucionais e a abrangência geográfica de participação, estabelecendo as expectativas de contribuição de cada grupo e preservando as relações já consolidadas e reconhecidas.

O volume 8, número 2, de julho a dezembro de 2011, foi preparado dentro desse espírito de desenvolvimento, reconhecimento da importância da história, diversificação e diálogo a partir de diferentes perspectivas.

O primeiro artigo, intitulado A Psicopatologia no Limiar entre a Psicanálise e a Psiquiatria: Estudo comparativo sobre o DSM e elaborado por Christian Ingo Lenz Dunker e Fuad Kyrillos Neto, apresenta uma reconstrução histórica das relações entre DSM e psicanálise e discute em que medida essa transformação no regime de correspondências psiquiátrico-psicanalítica ainda constitui o sistema DSM como expressão de uma psicopatologia capaz de apresentar-se como solo comum de referência clínica, semiológica e diagnóstica tanto para psicanálise quanto para psiquiatria.

Ainda no campo teórico, o artigo escrito por Gustavo Presídio de Oliveira e outros cinco autores, Reflexões sobre o "Grupo como um Sonho’ e a Teoria Winnicottiana, apresenta uma articulação entre conceitos fundamentais das teorias winnicottiana e a grupanalítica, em especial dos construtos teóricos de Didier Anzieu, sobre o grupo como um sonho, e o conceito de 'fenômeno transiciona' de Winnicott, tendo em vista a complementariedade que essa proposta oferece ao olhar do psicólogo e do grupanalista sobre o desenvolvimento psíquico do sujeito e a escuta dos mesmos na atuação clínica com grupos.


Em seguida, o artigo, A Velhice como marca da Atualidade: Uma Visão Psicanalítica,escrito por Bruna Rodrigues da Silva e Ana Lúcia Finocchio destaca o processo de envelhecimento da população brasileira decorrente da atual situação demográfica e reflete sobre a perspectiva atual do idoso, a partir do referencial teórico da psicanálise. As autoras apresentam uma pesquisa de campo realizada em uma instituição asilar de uma cidade do noroeste Paulista, que utilizou dispositivos grupais para estudar mecanismos para ajudar essa população a ter uma vida digna e de qualidade.


Os três últimos artigos enfocam jovens e jovens adultos em diferentes contextos grupais. O trabalho escrito por Andrea Mataresi e Solange Aparecida Emílio, intitulado Grupos de Reflexão no Contexto Escolar: a Vez e a Voz dos Alunos, aborda uma experiência de estágio em psicologia escolar - na qual foi possível realizar grupos de Reflexão com alunos - e discute como seu uso no contexto educacional pode proporcionar espaços de fala e de escuta aos participantes e, consequentemente, transformações nas relações institucionais.


O artigo, Por uma Política de Saúde numa Instituição Privada de Formação Universitária, elaborado por Tiago Corbisier Matheus apresenta um programa de atenção à saúde psíquica de alunos em uma instituição universitária privada paulistana, e discute a relação do desenvolvimento e as tensões que acompanham a realidade desta, compreendendo os jovens que buscam atendimento como aqueles que vivem as turbulências de seu percurso subjetivo são, eles próprios, nas angústias que enfrentam, sintomas da instituição, bem como do cenário social em que esta se inscreve.


O texto que encerra este número, escrito por Betty Svartman e intitulado Crise na Clínica na Atualidade e Transformações, aborda a situação de jovens adultos que têm uma rotina de trabalho que os impede de realizar uma psicanálise nos moldes clássicos - com atendimento em horários rígidos e com alta frequência semanal - e discute a possibilidade de que estes obtenham bons resultados e condições de compreensão profunda do funcionamento psíquico pelo trabalho em grupo e com a contribuição da Psicanálise das Configurações Vinculares.


Espero que a leitura deste número seja profícua e que estimule novas reflexões, pesquisas e práticas.

 


Solange Aparecida Emílio