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Vínculo

versión impresa ISSN 1806-2490

Vínculo vol.9 no.1 São Paulo jun. 2012

 

ARTIGOS

 

O desafio da drogadição

 

The Challenge of the Drug-Addiction

 

El Desafio de la Drogadicción

 

 

Daniela Pavan Terada; Nancy Barquete Celidonio; Elieni Cristina Silva; Lazslo Antonio Ávila1

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Nesse artigo apresentamos e discutimos o trabalho desenvolvido por um Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e outras drogas. Os atendimentos prestados são de caráter ambulatorial, multiprofissional, operando como alternativa às internações psiquiátricas, tendo como princípios o tratamento humanizado, a reinserção social e o exercício da cidadania e autonomia. Concluímos que os vínculos grupais são o melhor aliado para um tratamento bem sucedido de drogaditos.

Palavras-chave: Drogadição; Drogas; Centro de Atenção Psicossocial; Tratamento; Grupos


ABSTRACT

In this paper we present and discuss the work developed in a Center of Psychosocial Attention for users of alcohol and other drugs. The treatment is in a multi-professional out-patients structure, and it is conceived as an alternative to psychiatric hospitalizations, and its principles are the humanization of the treatment, the social reintegration and the exercise of citizenship and autonomy. We conclude that group links are the better allies of a successful treatment for drug-addicts.

Keywords: Drug-addiction – Drugs – Center for Psychosocial Atention – Treatment – Groups


RESUMEN

En ese artículo presentamos y discutimos el trabajo desarrollado en un Centro de Atención Psicosocial para usuarios de alcohol y otras drogas. Los atendimientos son de carácter ambulatorial, multi-professional, operando como una alternativa a las internaciones psiquiátricas, y sus principios son la humanización del tratamiento, la reinserción social y el ejercicio de la ciudadanía y de la autonomía. Concluimos que los vínculos grupales son los mejores aliados para un tratamiento bien sucedido de los droga-adictos.

Palabras clave: Drogadición – Drogas – Centro de Atención Psicosocial – Tratamiento - Grupos


 

 

Introdução

O CAPS-AD de São José do Rio Preto, SP, credenciado no Ministério da Saúde em 2002, é referência no atendimento de pessoas que referem prejuízos decorrentes do uso de álcool/outras drogas e seus familiares. O atendimento segue a estratégia das Políticas de Redução de Danos e os avanços da legislação que despenaliza o usuário de drogas – Lei 7.134. O público atendido abrange a população munícipe com idade acima dos 14 anos. O CAPS-AD realiza ações de assistência (medicação assistida, psicoterapias individuais e grupais, oficinas terapêuticas, avaliação clínica, tratamento psiquiátrico, atenção familiar), prevenção, sensibilização e capacitação na temática de dependência química e seu tratamento, ações voltadas aos profissionais da rede e população em geral.

Os atendimentos prestados são de caráter ambulatorial, multiprofissional, operando como alternativa às internações psiquiátricas, tendo como princípios o tratamento humanizado, a reinserção social e o exercício da cidadania e autonomia. Os CAPS são o centro da chamada rede substitutiva de saúde mental – Lei 3.657/89. O horário de funcionamento é de 2ª à 6ª feira, das 8h00 às 17h00; não é necessária a Guia de Encaminhamento para ser atendido. A equipe conta com psiquiatra, clínico geral, enfermeira, técnico de enfermagem, assistente social, dois psicólogos, monitor de oficina, agente operacional de saúde, auxiliar administrativo, psicóloga gerente e auxiliar de limpeza.

A equipe técnica do CAPS-AD realiza reuniões de orientação e discussão de casos com outros serviços da rede de saúde, Conselho Tutelar, Vara da Infância e Juventude, CRAS, CREAS, reuniões intersetoriais, visitas domiciliares / institucionais entre outros. Consultas individuais incluem avaliação clínica ampliada, devolutiva, atendimento psicológico, consulta de enfermagem, atendimento social, orientação familiar, orientação medicamentosa, avaliação médica clínica, avaliação psiquiátrica, acompanhamento psiquiátrico, consulta compartilhada. Os atendimentos em grupo são nas modalidades de psicoterapia, grupos operativos em saúde e prevenção em DST/AIDS e redução de danos, oficinas terapêuticas, aconselhamento familiar e grupos educativos em álcool e outras drogas na comunidade.

Os grupos terapêuticos são formados numa variação de 03 a 10 pacientes, tanto para usuários como para atendimento a familiares. Apoiadas no objetivo da reabilitação psicossocial, as atividades fora da instituição constituem-se de grande importância para esse serviço, pois possibilitam reordenar ações no território para auxiliar no tratamento dos usuários e reforçar os elos com a comunidade. As ações mais freqüentes na comunidade são de grupos intersetoriais de atendimento, discussões de rede e participação em conselhos.

As situações preponderantes, em modalidade de droga atendidas no CAPS-AD, são relacionadas ao uso de álcool (F10.9), seguidas do uso de cocaína e seus derivados (F14.9) – com maior contingente de usuários de crack. O uso de múltiplas drogas também é importante (F19.9), sendo a terceira modalidade em ocorrência no serviço.

Destacamos como aspecto positivo a existência de profissionais envolvidos com a missão institucional do CAPS-AD, que oferecem atendimento humanizado ao usuário de drogas. O cotidiano do tratamento da dependência química exige muito preparo emocional dos profissionais, a grande dimensão psicossocial do problema traz desafios técnicos e sociais diários, desafiando as capacidades de todos. A existência de acolhimento diário, sem necessidade de guias de encaminhamento é outro aspecto positivo, aliado à oferta de vale transporte para os atendimentos.

A população atendida no CAPS AD muitas vezes passou por problemas com a lei, com os familiares e com a comunidade; a reinserção destas pessoas é difícil e demanda um árduo trabalho em equipe. A volta ao trabalho deve ser avaliada com cautela, tendo em vista o potencial de recaída com a presença do dinheiro do salário. A falta de uma relação de maior articulação com a Assistência Social e o Poder Judiciário impede trabalhos de rede mais exitosos.

O trabalho de supervisão clínico-institucional tem se mostrado de alta relevância, pois atende toda a equipe técnica, operando como um espaço de apoio técnico, escuta para o sofrimento da equipe e para a articulação de estratégias de enfrentamento na assistência em álcool e outras drogas, especialmente nos casos clínicos mais complexos e de difícil manejo.

 

Psicoterapia de grupo no CAPS-AD de São José do Rio Preto

Um dos grupos de psicoterapia funciona às segundas-feiras pela manhã, para um público que tem dificuldade em se vincular como também em acordar cedo, devido ao fim de semana, que é quando fica mais vulnerável e suscetível ao uso de álcool e outras drogas.

Esse grupo já tem um ano de duração, é um grupo aberto, com novos participantes quase toda sessão. Mas alguns pacientes se mantêm constantes no grupo, que não apenas trata da dependência como também de outras questões que os pacientes trazem, como dificuldades de relacionamentos, falta de ânimo, etc. Sentimentos, desejos e frustrações são inerentes a qualquer ser humano, em especial para estes que se encontram envolvidos com algo tão destrutivo tanto no plano psíquico quanto físico.

O início do grupo foi com 3 pacientes, um deles do sexo feminino, e a cada semanas aumentava, chegando a ter 8 pacientes em algumas sessões, com uma média de 4 a 6 pacientes. Por coincidência ou não, o grupo é predominantemente masculino e com prevalência de alcoólatras. Um dos pacientes, denominado André, permanece desde o início do tratamento no grupo de psicoterapia e com acompanhamento psiquiátrico. Mantém aderência ao tratamento embora sem abandonar o uso das substâncias. É casado e mora com a esposa, que é deprimida e não faz nada sem sua companhia. Eles têm uma filha casada e uma neta que moram próximo. André é muito tímido e calado, quanto mais o grupo está cheio, menos ele fala. Porém quando acontece de ter apenas ele e mais um, ele se solta falando mais sobre si e sua família. Já foi usuário de álcool e conseguiu deixar de usar quando teve tuberculose, pois se não parasse morreria. Depois que o tratamento da TB terminou ele voltou a usar maconha e crack. Já diminuiu, porém, toda vez que volta do trabalho fuma, e percebe-se que sempre que enfrenta alguma dificuldade emocional se desestabiliza e fica mais vulnerável. Encontra então no grupo a sensação de segurança que necessita para continuar lutando contra a dependência.

André alega que nunca deixou de trabalhar, mesmo quando fazia uso mais abusivo. Hoje em dia ele considera que está bem melhor comparado ao passado, mas ainda assim deseja parar completamente. A psicoterapia de grupo demonstra sua importância quando a dinâmica do grupo ajuda o indivíduo a se perceber no outro e diferente deste, superando conflitos que possam por em risco sua fragilidade diante da vida e o medo de enfrentá-la.

O grupo de psicoterapia com base psicanalítica é indicado nestes tratamentos, justamente porque ao tratar a dependência trata junto várias outras questões que estão entrelaçadas ao modo de viver do paciente, definindo seu funcionamento psíquico singular. Ao montar o grupo a maior dificuldade era lidar com uma situação em que sempre havia um começando e outros que apenas com uma sessão abandonavam o tratamento. Alguns voltavam depois de algumas sessões. A confiança necessária para falar sobre suas dificuldades, quando não se pode contar sempre com os mesmos indivíduos presentes, é a priori muito complexa. Mas os vínculos com a coordenação e uns com os outros, formando uma base do grupo geralmente presente, sustenta a formação de uma matriz (Foulkes e Anthony, 1993) e assim se consegue bons resultados na comunicação e elaboração grupais.

Orlando é um caso de alcoolismo crônico. É um senhor de cinquenta anos que já foi casado, teve dois filhos do primeiro casamento, e hoje está casado com uma mulher mais velha que o ajuda a se controlar. Mas ela também tem vários problemas de saúde, como diabetes e asma. Quando este paciente chegou para o serviço estava muito deprimido, nervoso e reconhecia que necessitava de tratamento.

Orlando alegava ter dificuldade de relacionamento com as netas da esposa, não tendo tolerância alguma com as crianças e que, quando alcoolizado, a situação piorava. Ele ingressou no grupo buscando o domínio da sessão. Contou sobre seus feitos no trabalho como serralheiro e que já teve bons empregos, que foi perdendo devido ao álcool. Em seus relatos ficava claro que tudo é do outro, ele é sempre o injustiçado, sabe das coisas, mas não é compreendido. Os participantes do grupo apontavam que era ele mesmo que necessitava mudar. Houve uma vez que uma de suas enteadas foi pedir ajuda, pois ele andava fazendo coisas inadequadas, como andar só de cuecas e ir até o portão assim. O serviço disponibilizou uma visita convocando-o a continuar o tratamento no grupo. Ele se propôs a ir e justificou suas faltas. Embora se saiba de sua dificuldade em assumir suas atitudes, ele voltou a frequentar semanalmente. Não deixou de beber, mas diminuiu e toma corretamente a medicação que a psiquiatra prescreveu, com o auxilio da esposa. Diante deste novo comportamento, tem conseguido trabalho, e se mostra contente com seu progresso, pois é competente no que faz.

Os dois pacientes citados são exemplos de como no grupo existem várias formas de lidar com o problema vivido. Alguns obtêm resultados mais rápidos, outros mais demorados e outros ainda além de abandonar o uso de substâncias tomam outro rumo na vida, começam a se relacionar melhor com as pessoas e a ter maior tolerância. Quando o sujeito encontra um lugar onde não será criticado e sim compreendido e percebido pelo outro sem ter que ser igual a esse outro, favorece-se sua real liberdade. Neste grupo já passaram pessoas que estavam "no fundo do poço" e com o tratamento ficaram mais firmes em seus propósitos, amadurecendo seus desejos de trabalhar e lutar pela superação.

Nas sessões aparecem muitas divergências quanto ao que é melhor para largar o hábito, uns acham que deve ser de uma vez e outros acham que precisam ir gradualmente. O próprio grupo ensina que não há uma regra geral. Como tudo que se relaciona a comportamento humano não se impõe, aprende-se e descobre-se. Abrir a mente para outras possibilidades, descobrir o que dá prazer além das drogas é o que o grupo auxilia. Vivemos numa sociedade doente que agrava a doença emocional. São mães que não sabem o que é o papel de ser mãe, são filhos que escolhem a droga porque o retorno financeiro é mais rápido e quando se dão conta não conseguem lidar com as transformações pessoais e familiares acarretadas.

O grupo de psicoterapia é o lugar adequado para que estas pessoas que se sentem fragilizadas permaneçam e possam trabalhar suas angústias. O sentido e significado de seus atos aparecem com muito mais rapidez em grupo do que individualmente. Se não houver significado não há compreensão e nem progresso psíquico. O vínculo é o melhor aliado do tratamento, sem ele não é possível obter resultados duradouros.

 

A Oficina da Palavra

O CAPS-AD conta atualmente com seis oficinas terapêuticas: terapia ocupacional, música, artesanato, artes, jardinagem e a recém-implantada Oficina da Palavra. O dispositivo grupal é valorizado devido à possibilidade de construção de vínculos e de redes de apoio entre usuários do serviço.

Essa oficina é voltada para a leitura, escrita de textos jornalísticos e/ou literários e contação de histórias. O título foi escolhido por ser capaz de abarcar não só a leitura e escrita de textos, mas também a escuta em sua dimensão terapêutica. Começou com a seleção de alguns volumes de contos, romances, poesias, gibis e revistas disponíveis no serviço. A proposta foi discutida em equipe e estabeleceu-se como critério para encaminhamento o gosto pela leitura, escrita e/ou contação de histórias, sem que isso representasse a exclusão de pacientes não alfabetizados, que poderiam ser inseridos na oficina com base em seu interesse em contar histórias e/ou ouvi-las.

A Oficina da Palavra é um espaço de escuta terapêutica mediada pela produção de textos, pela leitura e contação de histórias e pretende trabalhar a expressão verbal em seus múltiplos aspectos. Trata-se de um trabalho sem objetivos pedagógicos, ou de treinamento de alguma habilidade profissional (Gabbay, 2008), embora não deixe de acolher demandas relacionadas a dificuldades de interpretação de textos ou a respeito do significado de palavras. Os participantes são sujeitos ativos na construção do trabalho e no desenvolvimento de suas atividades; a livre expressão da fala e a contação de histórias são permeadas por narrativas reais ou fictícias, e cada participante é incluído no projeto de desenvolvimento e constante renovação da oficina. A escrita, a leitura, a discussão e a produção de textos são consideradas terapêuticas à medida que permitem aos participantes colocarem-se como sujeitos de sua fala e de sua escrita; o trabalho na oficina dá-se de acordo com o desejo de cada um, de modo a desenvolver esta posição subjetiva. Os participantes são encorajados a trazerem textos de seu interesse para leitura e discussão durante a oficina, e a escreverem; quando há dificuldades na produção de textos próprios, é oferecida a possibilidade do recurso ao desenho, embora sempre se estimule a atividade de escrever (seja através de pequenas frases ou mesmo de um título para o desenho) e a reflexão sobre o material que foi lido.

Para melhor viabilizar a escuta terapêutica, foi aberto um espaço no início das atividades para os participantes falarem sobre sua história e sobre as questões que os trouxeram ao serviço; para guardar a produção textual de cada um ofereceu-se a possibilidade de abertura de uma pasta com o respectivo nome. Foi utilizado ainda um caderno para anotar as sugestões dos participantes para a melhoria da oficina, de modo a viabilizar sua participação como sujeitos ativos no processo de construção do trabalho.

Essa oficina pretende oferecer um lugar de exceção, ou seja, um espaço de escuta e de legitimação do discurso dos sujeitos atendidos. Não se pretende reinseri-los na sociedade, readequá-los ou educá-los, mas ouvi-los e dar um lugar ao seu discurso (Gabbay, 2008). Outra função é a de favorecer o desenvolvimento de recursos simbólicos a partir da escrita, da leitura e da fala. Não é incomum na clínica das toxicomanias a queixa a respeito do esvaziamento das relações humanas e da função da comunicação implicada nelas. A droga pode ocupar um lugar maciço na vida do sujeito, em um nível corpóreo e primário que esmaece os recursos simbólicos mediadores da relação com o outro. (Bittencourt, 1993).

A Oficina da Palavra tem a função de apresentar um espaço para a retomada e desenvolvimento do recurso à simbolização, onde o participante tem um lugar para falar sobre seu uso e também sobre outras questões que o identificam e o diferenciam dos demais membros da oficina ou "todo" grupal a que se refere Recalcati (2002). O trabalho em grupo envolve esta dimensão identificatória e de homogeneização com o "todo" grupal, onde os membros se dirigem a seus interlocutores sob a égide do eu também de que fala o autor citado. O trabalho terapêutico sob uma perspectiva psicanalítica deve, entretanto, favorecer o aparecimento do singular e do aleatório inclusive no contexto do grupo, procurando "extrair o particular subjetivo do discurso de cada um" (Oliveira & Ferreira, 2007).

No contexto da Oficina surge a identificação dos participantes a partir da problemática do uso de drogas. A natureza do espaço favorece, contudo, o aparecimento de outros aspectos em comum, calcados no gosto pela leitura, escrita e contação de histórias, esmaecendo assim a identificação maciça com a questão do uso de substâncias. O sujeito que se apresenta como um "dependente químico" terá no espaço outros signos que falam sobre si – o livro escolhido, o texto escrito – que pouco a pouco vão refletindo não só o que os participantes têm em comum, mas principalmente a idiossincrasia de cada discurso e de cada produção textual.

Em um encontro promoveu-se a leitura de um conto de Viriato Corrêa (1992). Trata-se da história de um menino que ora compartilhava sua merenda com os colegas na escola, ora recolhia-se para longe deles com a latinha: os colegas de escola pensaram, em princípio, que ele se escondia para comer sozinho toda a merenda, mas um dia, ao segui-lo, puderam constatar que o motivo do afastamento era o fato da latinha estar vazia e de o menino não querer expor suas dificuldades aos outros. Ao final da leitura, mobilizou-se um diálogo envolvendo a infância dos participantes, as dificuldades por que passaram e a temática do preconceito e da exclusão. Um deles emocionou-se ao falar sobre a infância e o período em que frequentara a escola; lembrou-se do pai que era agressivo e alcoolista e relatou que sua permanência na escola era difícil e tensa, pois temia que a mãe fosse agredida quando não estivesse perto. Outra discussão mobilizada durante o encontro foi a respeito da influência do nosso olhar sobre a interpretação das situações que a vida traz; um deles falou sobre um inventor que, ao conhecer o popular "carrapicho" (que costuma nos incomodar quando caminhamos pela zona rural), desenvolveu uma espécie de velcro. Aproveitando o ensejo do debate, a técnica parafraseou um trecho do escrito de Paul Valéry no frontispício do Museu do Homem em Paris (Gabbay, 2008): "Depende de quem passa que eu seja túmulo ou tesouro, que eu fale ou me cale, só depende de você."

 

Referências bibliográficas

FOULKES,S.H. & ANTHONY, E.J. Psicoterapia de Grupo – a Abordagem Psicanalítica. 2a edição, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972, 256 p.         [ Links ]

BITTENCOURT, L. A Clínica das Entrevistas Preliminares nas Toxicomanias: A Desmontagem da demanda de tratamento. De Quem Se Trata? Notas para uma clínica das Toxicomanias. Cadernos do NEPAD/UERJ: Rio de Janeiro, p. 12-19, mai. 1993.         [ Links ]

CORRÊA, V. Cazuza. Companhia Editora Nacional: São Paulo, 1992, 184 p.         [ Links ]

GABBAY, R. Oficina Palavrear: dos rastros da palavra à emergência do sujeito. Tese de Doutorado. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.         [ Links ]

OLIVEIRA, R.A.; FERREIRA, S.M.B. O Dispositivo do Grupo na Clínica da Dependência: Uma Estratégia para a Construção de Demanda, Estabelecimento de Vínculo Transferencial e Possíveis Encaminhamentos. Instituto de Psiquiatria, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: p. 15-22, Abril-Junho 2007.         [ Links ]

RECALCATI, M. . Une aplication de la psychanalyse à clinique du groupe: 'homogène et l'aléatorie, Mental, n. 10, p. 99-110, 2002.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência

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Tel.: 17 – 3231-1922
e-mail: lazslo@terra.com.br

 

Recebido em 30/04/2012
Aceito em 15/06/2012

 

1 Os quatro autores são psicólogos. Os três primeiros atuam no CAPS-AD de São José do Rio Preto, sendo a primeira também a gerente da unidade. O último autor é Livre-Docente da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, SP.