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Vínculo

versão impressa ISSN 1806-2490

Vínculo vol.15 no.1 São Paulo jan./jun. 2018

 

EDITORIAL

 

 

Com alegria apresentamos o número 15 vol. 1 da VÍNCULO - REVISTA DO NESME que busca sempre ampliar o estudo da teoria e da técnica do trabalho psicanalítico com grupos, assim como pesquisas e estudos relacionados à saúde mental, visando uma troca de experiências clínicas com nossos leitores.

Iniciamos este número destacando um trabalho que versa sobre a resistência em rever nossas visões. Mostra uma ferramenta para auxiliar na construção de novas narrativas - a atividade artística-lúdica no atendimento a casais e famílias sob a ótica da abordagem sistêmico-integrativa. Como diz a autora, esta ferramenta parece possibilitar ao ser humano - sem se dar conta - que expresse sua angústia, enquanto ocorre uma intervenção terapêutica propriamente dita.

Ainda sobre família, mostraremos um estudo que tem como objetivo a investigação da demanda de tratamento em psicoterapia de casal, buscando compreender as repercussões das contradições entre a queixa inicial e as questões latentes na condução do encaminhamento, bem como o manejo clínico necessário diante da ambiguidade do pedido de ajuda.

Da família para a adolescência e suas imbricações, vamos entrar num tópico de gravidez na adolescência. Partindo-se do referencial teórico da psicanálise vincular e valendo-se, sobretudo, dos conceitos de Kaës acerca da noção de transmissão psíquica, discute-se a gestação na adolescência, enquanto um fenômeno multifatorial, que sofre influência do legado familiar.

Partindo para estudos sobre aprendizagem, mas ainda incluindo a família, apresentamos uma pesquisa que teve como objetivo principal compreender a importância da figura paterna no processo de aprendizagem. São relatadas evidências da importância da família para o desenvolvimento saudável da criança e para seu processo de aprendizagem.

Ainda sobre a família como parte do estudo, uma pesquisa mostra estudo de caso desenvolvido pelo serviço de psicologia de um Instituto de Hemodiálise, e objetiva realizar avaliação psicológica e acolhimento da família de uma adolescente (14 anos) com doença renal crônica, em tratamento hemodialítico. A adolescente apresenta queixas frequentes de dor difusa, baixo rendimento escolar e carência afetiva durante sessões dialíticas. Constataram, após o estudo, negligência familiar, e apontaram a necessidade de implementação de políticas públicas de saúde aos doentes crônicos, e educação especial, com atividades domiciliares para atender satisfatoriamente aos indivíduos que usam serviços de alta complexidade. Vale a pena pensar sobre o assunto.

Partindo agora para o enfoque grupal, temos um artigo que tem como objetivo discutir e relatar a experiência de um grupo de escuta e reflexão, com finalidade operativa, com estudantes da Universidade Federal do Recôncavo, Bahia. A proposta para a realização deste grupo surgiu a partir das demandas de estudantes no contexto da universidade, as quais se referiam à necessidade de um espaço para falar e refletir sobre o cotidiano da vida acadêmica, possibilitando a elaboração das vivências individuais e grupais no contexto universitário. A escuta e a reflexão constituem-se um espaço de expressão de angústias e medos relativos ao processo de inserção universitária, e permitiu a reelaboração e ressignificação de situações, assim como, da troca de conhecimentos e aprendizagem grupal.

Uma experiência prática com grupoterapia, realizada numa Unidade Básico da Saúde, mostra que é possível vencer crenças e preconceitos que ainda existem com essa modalidade de atendimento. As repercussões desses benefícios são o alimento primordial para a escrita dessa reflexão, que ao desatar os "nós", revela a delicadeza que é tecer laços vinculares, que possam resignificar histórias de vidas. São as nuances dessas construções que se pretende expor sucintamente.

Para finalizar, apresentamos um artigo vindo de Buenos Aires que explana sobre o nascimento e o suceder do humano, que são inseparáveis das tecnologias características de cada época. Estas, por sua vez, são produto de seu tempo, e produtoras das subjetividades e vínculos que o habitam. Destaca que múltiplas condições do mercado neoliberal favorecem o individualismo e a afetação consequente dos vínculos. Por isso, não considera as TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação) responsáveis por certos desvínculos de hoje.

Desta maneira terminamos nosso primeiro numero do ano de 2018. Desejamos a todos boa leitura.

Waldemar José Fernandes
Beatriz S. Fernandes

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