SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.15 número1Psicoterapia de pareja: ambigüedad en la demanda del tratamento y manejo clínicoLa importancia de la figura paterna para el proceso de aprendizaje índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Vínculo

versión impresa ISSN 1806-2490

Vínculo vol.15 no.1 São Paulo enero/jun. 2018

 

ARTIGO

 

Gravidez na adolescência: o uso do genograma como facilitador na elaboração de conteúdos transgeracionais

 

Adolescence pregnancy: the use of the genogram as a facilitator in the elaboration of transgenerational contents

 

Embarazo en la adolescencia: el uso del genograma como facilitador en la elaboración de contenidos transgeracionales

 

 

Marcela Cavallari Augusto*; Isabel Cristina Gomes**; Maíra Bonafé Sei***

Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Partindo-se do referencial teórico da psicanálise vincular e valendo-se, sobretudo, dos conceitos de Kaës acerca da noção de transmissão psíquica, discute-se a gestação na adolescência enquanto um fenômeno multifatorial que sofre influência do legado familiar. Trata-se de um relato de experiência acerca de um grupo de acolhida de jovens gestantes em situação de vulnerabilidade social no qual o genograma foi aplicado. Os resultados obtidos demonstraram as vantagens da utilização deste recurso para a conscientização e elaboração das histórias e/ou conflitos familiares. Pôde-se compreender, por meio desta atividade, que o uso de recursos mais livres dentro de dispositivos de intervenção clínica, ainda que em settings diferenciados dos processos psicoterápicos, promove a emersão de conteúdos inconscientes transmitidos geracionalmente. Entende-se, assim, que os grupos de acolhida e o uso do genograma podem favorecer a construção de novas formas de vinculação, familiar e social, caracterizando-se também como uma estratégia preventiva.

Palavras-chave: Psicanálise; Família; Genograma; Gravidez; Adolescência.


ABSTRACT

Starting from the theoretical framework of linking psychoanalysis, especially from the concepts of Kaës about the notion of psychic transmission, gestation in adolescence is discussed as a multifactorial phenomenon that is influenced by the family legacy. This is an experience report about a group of young pregnant women in situations of social vulnerability in which the genogram was applied. The results obtained demonstrated the advantages of using this resource for the awareness and elaboration of family histories and/or conflicts. It was possible to understand, through this activity, that the use of freer resources within clinical intervention devices, even in differentiated settings of the psychotherapeutic processes, promotes the emergence of unconscious contents transmitted generationally. It is understood, therefore, that the host groups and the use of the genogram can favor the construction of new forms of attachment, family and social, and it is also characterized as a preventive strategy.

Keywords: Family; Psychoanalysis; Genogram; Adolescence; Pregnancy.


RESUMEN

A partir del referencial teórico del psicoanálisis vincular y valiéndose sobre todo de los conceptos de Kaës acerca de la noción de transmisión psíquica, se discute la gestación en la adolescencia como un fenómeno multifactorial que sufre influencia del legado familiar. Se trata de un relato de experiencia acerca de un grupo de acogida de jóvenes gestantes en situación de vulnerabilidad social en el que se aplicó el genograma. Los resultados obtenidos demostraron las ventajas de la utilización de este recurso para la concientización y elaboración de las historias y/o conflictos familiares. Se pudo entender, por medio de esta actividad, que el uso de recursos más libres dentro de dispositivos de intervención clínica, aunque en ajustes diferenciados de los procesos psicoterápicos, promueve la emersión de contenidos inconscientes transmitidos generacionalmente. Se entiende, así, que los grupos de acogida y el uso del genograma pueden favorecer la construcción de nuevas formas de vinculación, familiar y social, caracterizándose también como una estrategia preventiva.

Palabras claves: Psicoanálisis; Familia; Genograma; Embarazo; Adolescencia.


 

 

INTRODUÇÃO

Freud (1921/2011) considera que o sujeito inicia seu processo de individualização no seio da família mediante a mais antiga manifestação de ligação afetiva, conhecida na psicanálise como identificação. Kaës (2011) prossegue a investigação freudiana e parte da premissa de que o social reflete na psique individual. Assim, o sujeito responde a três instâncias interferentes entre si: o inconsciente, a herança e o grupo. Os conteúdos herdados habitam um lugar, muitas vezes, da ordem do não dito e podem passar silenciosos por diferentes gerações, até que algum sintoma apareça e suscite um movimento de elaboração. Apesar das alianças inconscientes que o sujeito forma com o seu grupo serem fortes o bastante para mantê-lo em constante engendramento com cada parte do todo, servindo como um "cimento" da própria matéria psíquica, tais alianças podem ser elaboradas, o que permite novos significantes que tomem o lugar de seus predecessores.

Nessa cadeia, na qual o sujeito se encontra inserido, é onde ocorre a transmissão psíquica. Para Gomes, a transmissão psíquica é "um conceito psicanalítico que considera como herança familiar também aquilo que se herda dentro de uma cadeia de gerações precedentes em termos de vida psíquica, que pôde ou não ser elaborada e transformada" (GOMES, 2011, p. 58). O conceito de transmissão psíquica nos permite ir além de uma metapsicologia intrapsíquica, possibilitando uma visão mais ampla a respeito dessa interação, uma vez que a realidade psíquica de qualquer sujeito está inscrita num contexto de realidade exterior.

Segundo Kaës (2011), existem duas modalidades de transmissão psíquica: a primeira é denominada transmissão psíquica sem transformação, de repetição ou transgeracional. A transmissão neste caso "é direta, ela passa sem transformação de um sujeito para outro ou mais de um outro. É qualificada de traumática, porque, não transformada, consagra-se à repetição do mesmo através das gerações ou entre contemporâneos" (KAËS, 2011, p. 136). A segunda modalidade é denominada transmissão com transformação, transicional ou intergeracional, onde ocorre um trabalho de elaboração que diz respeito ao grupo e ao sujeito do grupo, "favorecendo transformações e conduzindo a uma diferenciação, a uma evolução entre o que é transmitido e o que é herdado" (TRACHTEMBERG, 2005, p.121).

A psicoterapia psicanalítica familiar permite trabalhar as temáticas de família sob uma nova perspectiva, possibilitando a emersão de conteúdos que fazem parte da conflitiva familiar. Trata-se do estabelecimento de um setting diferenciado, que pode fazer uso de recursos expressivos a partir de produções gráficas, testes projetivos, genograma, entre outros instrumentais que permitam ao profissional de saúde mapear os aspectos genéticos, médicos, sociais, culturais e emocionais de cada grupo (Franco; Sei, 2015).

O "genograma", inicialmente conhecido como "diagrama familiar", é um recurso que permite observar aquilo que vem sendo transmitido ao longo das gerações. A construção do genograma se assemelha a uma árvore genealógica, podendo ser adaptado para cada contexto a ser utilizado. Na psicoterapia psicanalítica, especificamente, é construído de uma maneira mais livre e criativa (Franco; Sei, 2015). Além de apresentar a arquitetura familiar, o genograma revela os vários aspectos dos membros da família, entre eles: os papéis de cada um, pontos de vulnerabilidade, as fraquezas, os traumatismos, os fracassos, as reações, a raiva, as frustrações, informações quanto à proximidade ou o afastamento das relações, estrutura de poder e hierarquia, dominância, submissão, padrões de flexibilidade e rigidez, tradição, potencial de adaptação, entre outros (Machado et al., 2005).

Tendo em vista estes aspectos, o presente artigo visa discorrer sobre a utilização do genograma como forma possível de elaboração de conteúdos transmitidos transgeracionalmente em jovens gestantes, sob condição de vulnerabilidade social. Organiza-se como um relato de experiência advindo da experiência com um grupo de acolhida a adolescentes.

 

Gravidez na adolescência: um fenômeno multifatorial

Se na década de 1940 era compreensível que as meninas casassem e engravidassem por volta de 15 anos de idade, hoje a gravidez não planejada na adolescência é considerada um problema de saúde pública e, em geral, é um fenômeno da ordem biopsicossocial, atrelado a uma cultura. Existem muitos discursos homogêneos relativos a esse tema, por vezes carregados de preconceitos, que necessitam de aprofundamento para que se compreenda a realidade da situação econômica e social dos jovens brasileiros das camadas mais vulneráveis da população (Kudlowiez, 2014). Estima-se que na atualidade, "7,3 milhões de jovens com idade abaixo de 18 anos todos os anos dão à luz; desse total, 2 milhões correspondem a adolescentes com idade abaixo de 15 anos e 95% desses partos acontecem em países em desenvolvimento" (MIURA; TARDIVO; BARRIENTOS, 2017, p. 332).

As políticas públicas se desenvolvem para tentar abarcar o fenômeno e o serviço de assistência integral deve ser capaz de proporcionar à mulher e ao concepto um período satisfatório de bem-estar, visando o fortalecimento do vínculo mãe-bebê. As críticas mais comuns dessa problemática referem-se à falta de uma educação sexual propriamente dita e à conscientização de métodos contraceptivos. No entanto, para Nunes (2012), apesar da desinformação e da dificuldade de acesso aos métodos anticoncepcionais colaborarem para a ocorrência de uma gestação precoce, esse não é o único fator, estando muitas vezes associada "A valorização da maternidade por essas jovens e as precárias possibilidades de articular alternativas de vida suficientemente atraentes para justificar seu adiamento" (NUNES, 2012, p. 64).

Conforme nos revelam Dias e Teixeira, parte da população de gestantes adolescentes se encontra em condições precárias de higiene, habitação, alimentação e saúde. Nesse caso, a gravidez na adolescência pode ser associada à pobreza, evasão escolar, desemprego, ingresso precoce em um mercado de trabalho não-qualificado, separação conjugal, situações de violência e negligência, diminuição das oportunidades de mobilidade social, além de maus tratos infantis. Outra hipótese levantada pelos mesmos autores afirma que a maternidade na adolescência surge para as jovens como uma alternativa viável para lidar com uma série de problemas e situações desfavoráveis presentes em seu contexto sócio afetivo, se apresentando como um projeto possível dentro de um contexto onde não existem muitas opções (Dias; Teixeira, 2010).

O fato é que a adolescência enquanto fase de transição carrega em si mudanças profundas na subjetividade e, somado a essa condição, uma gestação não-planejada configura-se como um momento delicado na vida dessas jovens mães e em sua estrutura familiar. Além disso, o período gravídico-puerperal é considerado uma fase de maior incidência de transtornos psíquicos na mulher, o que se constata com o elevado número de casos de depressão pós-parto. No caso da gravidez na adolescência isso se agrava devido à falta de repertório emocional para lidarem com as situações que esse fato suscita: o abandono do parceiro, a revolta da família, o rechaço na escola e a demanda de cuidados que esse período exige. Apesar das dificuldades constatadas na maioria dos casos, existem investigações que apontam que a maternidade também pode representar uma necessidade de adentrar no mundo adulto e ser reconhecida pela família (Hoga; Borges; Reberte, 2010).

Além da problemática social no entorno da gestação na adolescência nas camadas mais baixas da população, há espaços no mundo interno das jovens que clama por preenchimento, gerando uma necessidade de constituir família e de experienciar a parentalidade, que vai ser "buscada repetidas vezes por aqueles que necessitam superar o abandono anterior, o vazio, a ausência de relações de afeto" (SANTOS; MOTTA, 2014, p.518). Tal fator, demanda uma compreensão mais ampliada desse fenômeno, considerando-se a história pessoal e as condições emocionais dessas jovens para desempenharem a maternagem, que pode ser precária tanto na fase adolescente quanto na fase adulta, visto que fazem parte de uma população que, geralmente, não está inserida em um ambiente familiar seguro (Santos; Motta, 2014).

Se entendermos essa jovem gestante como um elo de uma cadeia transgeracional predecessora a si mesma, que carrega os ditos e os não-ditos (Kaës, 2011), é possível tecer algumas considerações acerca dessa experiência da maternidade precoce. Muitas dessas jovens meninas, foram também filhas de outras jovens meninas e nessa passagem sem transformação que se transmite no espaço psíquico entre mais de um outro, é possível que se dê a construção dos vínculos apoiados em um negativo. Em consonância, Gomes e Zanetti (2009) discutiram justamente a transmissão de um feminino tecido sob as histórias envolvendo os abandonos masculinos, seja na vertente do parceiro conjugal ou das ausências paternas, ocorridos e repetidos em três gerações seguidas de mulheres.

Retomando Kaës, em suas afirmações sobre a transmissão do negativo:

Um aspecto notável dessas configurações de objeto de transmissão é que elas são marcadas pelo negativo. Aquilo que se transmite é o que não pôde ser contido, retido, aquilo que não é lembrado, o que não encontra inscrição na psique dos pais e vem depositar-se ou enquistar-se na psique de uma criança; a falta, a doença, o crime, os objetos desaparecidos sem traço nem memória; para os quais um trabalho de luto não pôde ser realizado (KAËS, 2011, p. 128).

Partindo-se então dessa perspectiva teórica, a gravidez na adolescência ganharia um status interpsíquico e geracional, o que nos permitiria enfatizar a influência desses fatores no entendimento do referido fenômeno e propor estratégias preventivas. A partir da análise do conteúdo dos genogramas realizados por um grupo de jovens gestantes, serão tecidas algumas considerações sobre essa experiência da maternidade entre as gerações e a possibilidade de elaboração de parte desta herança psíquica por meio do uso deste tipo de instrumento.

 

Método

O presente trabalho origina-se de um relato de experiência, empreendido a partir de recortes de atendimentos realizados com um grupo de gestantes em situação de vulnerabilidade social, caracterizando-se, portanto, como um estudo teórico-clínico. Tendo em vista este aspecto, compreende-se que esta investigação se enquadra no proposto pela resolução n° 510, de 07 de abril de 2016 do Conselho Nacional de Saúde, que aponta para a não necessidade de tramitação por um Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos as pesquisas que objetivem "o aprofundamento teórico de situações que emergem espontânea e contingencialmente na prática profissional". Cabe, contudo, ao pesquisador cuidar para não haver a exposição de dados que possam identificar a pessoa.

Para Campos (2004), a pesquisa qualitativa se fundamenta em uma estratégia baseada em dados coletados em interações sociais ou interpessoais, analisadas a partir dos significados que os sujeitos/e ou pesquisador atribuem ao fato, não se pretendendo, portanto, qualquer forma de generalização. Partindo do princípio de que o pesquisador é o próprio instrumento de pesquisa, usando diretamente seus órgãos do sentido para apreender os objetos em estudo, espelhando-os então em sua consciência onde se tornam fenomenologicamente representados para serem interpretados.

Frosh (2009) entende que um pesquisador com certa capacidade de continência, sensível e "consciente do inconsciente", pode compreender diferentes formas de se posicionar do entrevistado e de si mesmo. Com isso, capta não somente o que está sendo dito, mas também sentimentos, pensamentos, fantasias e afetos despertados no pesquisador no momento da entrevista, utilizados como material de análise.

 

Participantes

Participaram deste estudo jovens gestantes com idade entre 15 e 20 anos, atendidas quinzenalmente em dispositivo grupal, junto a uma ONG localizada no interior do Estado de São Paulo. Por meio dos encontros objetivou-se promover a acolhida emocional dessas jovens em situação de vulnerabilidade social. Para tanto, foram propostos diferentes eixos temáticos para serem abordados nas discussões grupais: Minhas Relações; Afetividade; Direitos e Deveres; Cuidados com o bebê; Orientações nutricionais e Projeto de Vida.

O genograma foi escolhido como um recurso para trabalhar com esse grupo a questão da família, categoria inserida em várias das temáticas propostas para discussão. Apesar do genograma se tratar de um instrumento sistematizado e científico, com suas regras na construção, pode ser adaptado de acordo com o contexto (Franco; Sei, 2015). Nesse caso, decidiu-se por oferecer um modelo pronto de árvore para facilitar a compreensão do grupo todo. Foi solicitado que escrevessem nos espaços em branco a linhagem geracional a partir dos avós maternos e paternos, ficando livres para colocarem quantos quadrados quisessem com os nomes dos demais membros da família extensa. Em uma segunda imagem de árvore foi solicitado que colocassem sentimentos que julgavam desejar para elas e para o bebê. Ao total participaram da atividade quatro adolescentes, sendo que o encontro teve duração de 2 horas.

 

Resultados

As produções relativas a cada genograma são apresentadas enfatizando-se os pontos mais relevantes de cada imagem delineada, de maneira a ilustrar primordialmente os conteúdos suscitados a partir da elaboração deste material. Para garantir o sigilo das participantes, foram designados nomes fictícios a cada uma delas bem como são mencionados apenas recortes da vida de cada uma, necessários à análise teórico-clínica.

Participante 1

Laura, 17 anos, moradora de abrigo, encontrava-se no segundo mês gestacional. O pai do bebê, anteriormente, usuário de drogas, decidiu assumir a paternidade e por isso buscava um emprego. Na história familiar da adolescente havia um complicado processo de adoção. Sua mãe havia sido usuária de drogas ao longo de toda a vida e, em determinado período de sua infância, entregou-a aos cuidados de uma mulher em outra cidade, na qual morou por quatro anos. Após esse período, a pessoa responsável por ela indicou que não teria mais condições de cuidá-la, enviando-a para um abrigo na cidade materna. Ela afirmou ter ficado sem entender os motivos dessa mudança, mas suspeitava de que tivesse sido em decorrência de sua mãe adotiva estar doente, haja vista que após dois anos ela faleceu. Desde então ela residia no abrigo, apesar de ter contato com sua mãe biológica e seus irmãos. Afirmou querer ficar longe "das coisas erradas", pois temia que isso acontecesse com ela também.

Em seu genograma referiu-se aos avós maternos e paternos apenas com os substantivos (avô/avó), pois afirmou não saber os nomes deles. Ao lado da mãe quis representar todos os irmãos, quatro no total, filhos de diferentes pais, e também criou um espaço para o padrasto atual. Ao lado do pai colocou quadrados representando "filhos do pai"; "filhos do irmão do pai"; "irmão do pai", porém apagou todos depois, deixando apenas "pai" isolado em seu quadrado. Essa figura paterna era-lhe desconhecida. Segundo contou, ele deixou sua mãe quando ela ainda era muito pequena.

Percebe-se que a árvore dessa adolescente apresenta uma experiência desagregadora de família, justificada pela história que carregava consigo. Quando solicitada a elaborar a "árvore dos sentimentos", ela pareceu desejar reparar parte dessa experiência quando colocou palavras como "confiança", "lealdade", "amor" e ainda criou espaço para agregar a palavra "união", "carinho", "sinceridade", "bebê". Pareceu retratar uma necessidade de reelaboração de sua história e a tomada de responsabilidade de sua gravidez como um marco zero para sua nova vida. A construção de um projeto conjunto familiar, com o pai do bebê, mostra-se no desenho muito idealizado, pois busca preencher as suas próprias lacunas, como a ausência paterna e o abandono da mãe biológica, na medida em que não se liga a perspectivas reais e concretas, pelo menos expressas em sua fala.

 

 

Participante 2

Carol, 16 anos, era uma jovem nordestina e recém-chegada em São Paulo no quarto mês de gestação. O companheiro e pai do bebê, com quem estava junto há dois anos, morreu em um acidente de moto enquanto ainda moravam em outra região do país. Após o ocorrido decidiu mudar-se de estado junto com um irmão em busca de melhores condições para seu filho. Contou que havia engravidado anteriormente, porém sofreu um aborto espontâneo. Essa nova gravidez havia sido planejada e muito desejada por ela e seu falecido marido. Carol expressou a grande dificuldade de lidar com o luto, chorando em muitos momentos do encontro.

Fez o retrato de uma árvore organizada, com todos os nomes de avós preenchidos e os irmãos de cada uma das figuras parentais agregados dentro do mesmo quadrado. Ela também agregou seus irmãos, filhos do mesmo pai e da mesma mãe, separados desde seus oito anos. Trata-se de uma família numerosa e com muitos primos. Ao lado do nome de sua avó materna colocou os dizeres "naninha preciosa", expressando o carinho guardado por aquela que fora uma de suas principais cuidadoras, mostrando a importância desse tipo de vinculação no interior da família.

Contou que após a separação de seus pais, foi muito difícil ficar distante do pai, tendo que se encontrar com ele às escondidas. Relembrou desses momentos com muita nostalgia, contando que ele lhe dava balas e penteava seus cabelos. Quando tinha 12 anos, o pai foi assassinado após uma briga num bar. A jovem comenta sobre a saudade que sente dele.

A adolescente se via presa a um sentimento de muitas perdas que vem desde a época da separação de seus pais, agravado pela morte paterna e posteriormente a morte do pai de seu filho. O projeto de construir sua própria família fora arruinado por uma fatalidade, o que parece ter levado Carol a uma negação de sua situação atual, regredindo ao seu lugar de filha e neta, sem entrar em contato com essa maternidade em curso. A vinda para São Paulo expressa ao mesmo tempo um desejo idealizado e de negação à realidade ali vivida, como se estar em outra cidade garantisse que sua dor fosse amenizada, segundo sua afirmação: "Ah, São Paulo é grande, tem muita gente, muitas oportunidades". Entretanto, afirmava sentir falta de sua mãe e desejava que ela fosse cuidar dela e do filho quando este nascesse.

 

 

Participante 3

Marina, 15 anos, era moradora de abrigo e estava no segundo mês de gestação. Optou por representar os avós maternos e os tios maternos, tendo excluído totalmente a família paterna, por essa ser uma das fontes de seu conflito. Registrou o distanciamento do pai como um abandono e mesmo quando este tentou se aproximar ela não lhe conferiu um lugar. O padrasto, pai de seus irmãos e pessoa com quem sua mãe convivia naquele momento, foi igualmente omitido de seu genograma.

A árvore de Marina deixou clara a natureza de seus conflitos, principalmente em relação à figura paterna e seu substituto. Já na "árvore de sentimentos" deixou plantado seu nome, de seu companheiro e do bebê, além de sentimentos como "amor", "carinho" e "felicidade". Ela parecia viver intensamente os ideais dessa nova família a ser constituída, também como uma forma de reparação frente ao vivido na família de origem, principalmente algo relativo às figuras masculinas/pai-padrasto.

 

 

Participante 4

Eliane, 20 anos, estava no oitavo mês de gestação do seu terceiro filho menino, sendo que os demais filhos advinham de diferentes pais. Era ex-usuária de crack, porém ainda fazia uso de cocaína, e o pai do bebê estava internado em uma clínica para dependentes químicos. Ela afirmava preferir que ele não tivesse contato com a criança.

Colocou em sua árvore os nomes dos bisavôs, avós, pais biológicos e ao lado da árvore o nome de sua mãe adotiva, com quem tinha muitas brigas por conta de seu comportamento. Não representou os nomes de seus filhos, que estavam sob os cuidados de sua mãe biológica. Em relação à história familiar, contou que sua mãe biológica também havia sido usuária de drogas e que por isso havia delegado os cuidados de Eliane a uma mãe adotiva. No entanto, elas sempre tiveram contato, ainda que um tanto distanciado. Passados muitos anos sua mãe biológica conseguiu se afastar das drogas, porém agora Eliane enfrentava a mesma problemática e por isso havia entregue a ela seus filhos. A mãe adotiva se mostrava bastante presente, inclusive fazia contatos frequentes com a instituição para saber da participação da filha nos encontros e pedir ajuda para convencê-la de que deveria ir para a reabilitação após o nascimento do bebê. Eliane parecia sempre muito resistente a essa opção, mas em alguns momentos reconhecia a necessidade.

Na "árvore de sentimento" foram representados sentimentos comuns como "amor", "felicidade" e "carinho". Contudo, deixou a marca da "responsabilidade" que parecia estar tentando alcançar e que ficava nítida em sua fala em muitos momentos do encontro. Em sua história geracional parece haver uma marca que se repete de uma maternidade não exercida e impossibilitada pelo problema da adicção. A mãe adotiva parece tentar promover a quebra nessa cadeia, uma vez que entra no papel maternal e luta para protegê-la e orientá-la, fato esse que gera muita revolta em Eliane, já que ela se encontra envolta na repetição desse legado geracional. Contudo, entrega seus filhos para serem cuidados pela sua mãe biológica como uma forma de reparação vincular. Talvez isso possa permitir seu resgate interno, advindo de um movimento decorrente da elaboração desses conteúdos herdados e a construção de um novo modelo de maternidade e familiar.

 

 

Discussão

A utilização do genograma como recurso expressivo nesse grupo de acolhimento se mostrou bastante pertinente, uma vez que permitiu a emersão dos conteúdos familiares que muitas vezes são de difícil acesso ao nível consciente. Ao longo do diálogo estabelecido, após a aplicação do genograma junto às participantes do grupo, algumas delas perceberam que suas mães e avós também haviam passado pela experiência da maternidade precocemente. Além disso, observaram o fato dos irmãos serem de pais diferentes e o quanto isso havia gerado para elas muitas brigas com esses diferentes padrastos, que na maioria dos casos nem mesmo apareciam no genograma. Em uma de suas falas, Laura afirmou querer para seu bebê "uma família só", demonstrando com isso os conflitos enfrentados em função da história de sua mãe e sua busca por uma família idealizada. Segundo Franco e Sei (2015), é possível que mudanças na representação da família ocorram após a execução do genograma, quando alguns impasses podem ser vistos e trabalhados verbalmente.

Nos casos apresentados, é possível questionar se essa experiência materna precoce também aponta para uma sintomatologia familiar. Essas adolescentes encontravam-se presas a uma determinada herança geracional na qual a constituição do feminino estava atrelada à maternidade, assim como havia sido com suas avós e suas mães. Devido à condição de vulnerabilidade em que se encontravam, seguir esse desígnio parecia estar muito ligado ao negativo transmitido através das gerações. Para essas jovens, que se encontravam em plena fase de adolescer, onde naturalmente buscam um modelo identificatório, a maternidade precoce se impôs sobre outras possibilidades de escolhas. Muitas delas também tinham a expectativa de uma reconstrução familiar por meio da gravidez, como se a chegada de um filho pudesse lhes garantir um lugar seguro de vinculação. Tais aspectos podem apontar para um fenômeno transgeracional, lembrando conforme explica Granjon (2000) que "Nessa transmissão, há uma urgência e uma obrigação, relativa à continuidade evolutiva de uma geração para a outra, o que possibilita que a geração que surge não 'parta do zero' e que cada indivíduo tome um lugar de herança dentro dela" (GRANJON, 2000, p. 23-24).

Percebe-se nos relatos da maioria das participantes um tom idealizado frente a essa nova maternidade que clama por uma elaboração. A "árvore de sentimentos" construída por elas deixa claro o desejo de plantarem em suas vidas novos sentidos, as palavras "amor" e "carinho" apareceram em todos os casos, o que parece representar a falta presente em suas histórias pregressas. Como medida preventiva objetivando-se a construção do vínculo mães/bebês, abordado aqui pelo desenvolvimento da capacidade de amarem seus bebês, segundo Winnicott (1958/2000), acredita-se ser necessário um processo elaborativo por parte delas que permita o distanciamento da experiência vivida com suas próprias mães e a desagregação familiar, comum às quatro participantes.

Tomando-se a narrativa dessas jovens sob a vertente das rupturas familiares, as quais dificultaram a função de sustentação emocional geralmente oferecida pelo grupo familiar, foi possível observar que em todas as participantes é evidenciada a ausência ou desconhecimento frente às filiações paternas. Quanto ao exercício maternal, referente às suas mães, esse também se apresentou como insuficiente, exceção feita à participante 2, gerando situações de adoção não satisfatórias ou conflitantes e o próprio abrigamento de duas delas.

As participantes, mesmo analisadas dentro de um viés qualitativo, confirmam estudos que demonstram o prejuízo, principalmente para o desenvolvimento emocional, de crianças oriundas de famílias disfuncionais. Como afirmam Machado, Féres-Carneiro e Magalhães (2015), "A descontinuidade dos vínculos familiares de origem certamente terá efeitos diferentes, dependendo da idade da criança, das condições ambientais primitivas em que a mesma viveu e das experiências emocionais vividas nas relações objetais primitivas" (MACHADO, FÉRES-CARNEIRO E MAGALHÃES p.444). Vale a ressalva de que esse fator se torna mais agravante quando se dimensiona a repetição desses modelos geracionalmente, por meio da influência da transmissão psíquica transgeracional.

Como exemplo de um legado transgeracional, no caso destas participantes, tem-se em algumas delas a ausência de uma figura masculina que exerça a função parental e, isso tem maior relevância nas escolhas de Eliane, onde nenhum de seus filhos teve a presença de um pai, tal qual ela mesma não teve. Seria preciso um maior aprofundamento em sua história de vida para entender os mecanismos envolvidos na escolha dos parceiros, no entanto existe uma marca que se repete radicalmente e que pode estar representando "os objetos desaparecidos sem traço nem memória; para os quais um trabalho de luto não pôde ser realizado" (KAËS, 2011, p. 128).

Os efeitos dos conteúdos transgeracionais se fazem sentir também nas escolhas de parceiros das participantes que remetem aos vínculos conjugais estabelecidos, muitas vezes de modo insatisfatório ou conflitante, por suas próprias mães, embora se esteja partindo de algumas inferências. No caso de Marina, em sua "árvore de sentimentos" há a marca da relação afetiva com o parceiro, porém em seu discurso conta de muitas brigas com o mesmo, o que aponta "a possibilidade de estabelecer uma relação a dois e a partir dela uma outra família na qual poderá reproduzir as vivências de papéis introjetados de mãe e pai, mulher e homem, numa reprodução histórica individual e social" (GOMES, 2011, p. 39).

Em todos os genogramas realizados foi clara a maior presença da linhagem materna sobre a paterna, essa algumas vezes inclusive desconhecida, e o deslocamento dos cuidados parentais para as avós, conforme nos retrata Carol. Esta é a única das participantes inserida numa estrutura familiar estável, apesar das importantes perdas vivenciadas (pai e parceiro). Contudo, apesar de reconhecer na avó a figura de principal cuidadora, quer a presença da mãe quando de sua futura maternidade.

 

Considerações Finais

Se por um lado a gravidez na adolescência se apresenta como um fenômeno complexo e multifatorial, na qual a ênfase nos fatores sociais revela a falta de oportunidades para se pensar em escolhas e desejos na realidade de algumas meninas (DIAS; TEIXEIRA, 2010), principalmente quando nos deparamos com famílias em estado de vulnerabilidade social; por outro lado enfatiza-se a influência dos conteúdos inconscientes, ligados à transmissão psíquica transgeracional, determinando esse tipo de escolha. Como consequência desse enfoque, foi encontrada na maioria das participantes uma visão muito idealizada frente à situação futura na medida em que há uma perspectiva pouco realista para um efetivo planejamento dessa nova família que se aproxima.

No que se refere às propostas interventivas junto a este público e às possibilidades de elaboração destes conteúdos transgeracionais, acredita-se que os grupos de acolhida podem ser efetivos ao possibilitarem certa tomada de consciência. Pensa-se que este conhecimento sobre si e o domínio da própria história podem ter um caráter emancipatório, pois a partir do momento em que é possível a elaboração das heranças psíquicas dentro daquele espaço potencial, poderão oferecer para o futuro bebê um novo lugar na cadeia geracional. Como apontam Féres-Carneiro e Magalhães (2005), o analista oferece continente para a simbolização daquilo que ficou falho no tecido da trama psíquica familiar, auxiliando no processo de produção de novas narrativas que geram um sentido compartilhado para o legado familiar.

Concluindo, como todo estudo de caráter mais qualitativo e de referencial psicanalítico, que prioriza a singularidade, não é possível tecer generalizações, mas, acredita-se na importância da criação de estratégias clínicas que visem a prevenção. O uso do genograma dentro do enquadre de uma clínica ampliada favorece a emergência de determinados conteúdos transgeracionais que, se conscientizados, podem promover a não repetição de modelos familiares disfuncionais.

 

REFERÊNCIAS

CAMPOS, C. J. G. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 57, n. 5, p. 611-614, 2004. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672004000500019&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 06 dez. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672004000500019.         [ Links ]

DIAS, A.C.G.; TEIXEIRA, M. A. P. Gravidez na adolescência: um olhar sobre um fenômeno complexo. Paidéia (Ribeirão Preto): cadernos de psicologia e educação. v. 20, n. 45, (jan./abr. 2010), p. 123-131., 2010. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/paideia/v20n45/a15v20n45. Acesso em 11 de dez 2017.         [ Links ]

FÉRES-CARNEIRO, T.; MAGALHÃES, A. S. Conquistando a herança: sobre o papel da transmissão psíquica familiar no processo de subjetivação. In: FÉRES-CARNEIRO, T. (Org) Família e casal: efeitos da contemporaneidade. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2005. p. 24-32.         [ Links ]

FRANCO, R. S.; SEI, M. B. O uso do genograma na psicoterapia psicanalítica familiar. Gerais, Revista Interinstitucional de Psicologia, v. 8, n. 2, p. 399-414, 2015. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-82202015000300009&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 06 dez. 2017.         [ Links ]

FREUD, S. Psicologia das Massas e análise do Eu e outros textos (1920- 1923) Tradução de Paulo Cesar de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.         [ Links ]

FROSH, S. O Lugar da Psicanálise no Campo da Psicologia Social. Aulas ministradas no Instituto de Psicologia nos dias 25 e 27 de agosto, 01, 03 e 04 de setembro de 2009.         [ Links ]

GOMES, I. C. O sintoma da criança e a dinâmica do casal. São Paulo: Zagodoni Editora, 2011.         [ Links ]

GOMES, I. C.; ZANETTI, S. A. S. Transmissão psíquica transgeracional e construção de subjetividade: relato de uma psicoterapia psicanalítica vincular1. Psicologia USP, v. 20, n. 1, p. 93-108, mar. 2009. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51772009000100006&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 30 dez. 2017.         [ Links ]

GRANJON, E. A elaboração do tempo genealógico no espaço do tratamento da terapia familiar psicanalítica. In CORREA, O. B. R. (Org.) Os avatares da transmissão psíquica geracional. São Paulo: Escuta, 2000. p. 17-43.         [ Links ]

HOGA, L. A. K.; BORGES, A. L. V.; REBERTE, L. M. Razões e reflexos da gravidez na adolescência: narrativas dos membros da família. Escola Anna Nery, v. 14, n. 1, p. 151-157, 2010. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452010000100022&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 06 dez. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-81452010000100022.         [ Links ]

KAËS, R. Os espaços psíquicos comuns e partilhados: transmissão e negatividade. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.         [ Links ]

KUDLOWIEZ, S. Gravidez na Adolescência e Construção de um Projeto de Vida. Psico (PUCRS), v. 45n. 2, p. 228-238, 2014. Disponível em http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/view/14282/11712. Acesso em 06 dez. 2017. http://dx.doi.org/10.15448/1980-8623.2014.2.14282.         [ Links ]

MACHADO, H. B. et al. Identificação de riscos na família a partir do genograma. Família, Saúde e Desenvolvimento, v. 7, n. 2, p. 149-157, 2005. Disponível em http://revistas.ufpr.br/refased/article/view/8042/5665. Acesso em 06 dez. 2017. http://dx.doi.org/10.5380/fsd.v7i2.8042.         [ Links ]

MACHADO, R. N.; FÉRES-CARNEIRO, T.; MAGALHÃES, A. S. Parentalidade adotiva: contextualizando a escolha. Psico (Porto Alegre), v. 46, n. 4, p. 442-451, dez. 2015. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-53712015000400005&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 30 dez. 2017. http://dx.doi.org/10.15448/1980-8623.2015.4.19862.         [ Links ]

MIURA, P. O.; TARDIVO, L. S. L. P. C.; BARRIENTOS, D. M. S. O sofrimento psíquico das mães adolescentes acolhidas institucionalmente. Revista latino-americana de psicopatologia fundamental, v. 20, n. 2, p. 331-348, abr. 2017. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141547142017000200331&lng=en&nrm=iso. Acesso em 11 dez. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/1415-4714.2017v20n2p331-8.         [ Links ]

NUNES, S. A. Esperando o futuro: a maternidade na adolescência. Physis, v. 22, n. 1, p. 53-75, 2012. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312012000100004&lng=en&nrm=iso. Acesso em 11 dez. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312012000100004.         [ Links ]

SANTOS, K. D.; MOTTA, I. F. O significado da maternidade na trajetória de três jovens mães: um estudo psicanalítico. Estudos em Psicologia (Campinas), v. 31, n. 4, p. 517-525, dez. 2014. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103166X2014000400006&lng=en&nrm=iso. Acesso em 11 dez. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/0103-166X2014000400006.         [ Links ]

TRACHTENBERG, A. R. C. Trauma, Transgeracionalidade e Intergeracionalidade: uma transformação possível. In TRACHTENBERG, A. R. C. et al, Transgeracionalidade: de escravo a herdeiro: um destino entre gerações. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. p. 119-129.         [ Links ]

WINNICOTT, D. W. (1958). A preocupação materna primária. In D. W. Winnicott. Da pediatria à psicanálise: obras escolhidas. Rio de Janeiro: Imago, 2000. p. 399-405.         [ Links ]

 

Endereço para correspondência
Marcela Cavallari Augusto
E-mail: marcela.cavallari@hotmail.com

Isabel Cristina Gomes
E-mail: isagomes.usp@gmail.com

Maíra Bonafé Sei
E-mail: mairabonafe@gmail.com

 

 

* Psicologa, Mestranda em psicologia pelo Instituto de Psicologia da universidade de São Paulo.
** Psicóloga, Mestrado e Doutorado em Psicologia Social e do Trabalho pelo IPUSP. Professora Titular do Departamento de Psicologia Clínica do IPUSP.
*** Psicóloga, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado em Psicologia Clínica pelo IP-USP. Professora Adjunta do Departamento de Psicologia e Psicanálise da Universidade Estadual de Londrina.

Creative Commons License