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Vínculo

versão impressa ISSN 1806-2490

Vínculo vol.16 no.1 São Paulo jan./jun. 2019

http://dx.doi.org/10.32467/issn.1982-1492v16n1p98-113 

ARTIGO

DOI – 10.32467/issn.1982-1492v16n1p98-113

 

"Até que algo os separe": um estudo sobre o estabelecimento e a manutenção do casamento na contemporaneidade

 

"Until something separates them": a study on the establishment and maintenance of marriage in contemporary times

 

"Hasta que algo los separe": un estudio sobre el Establecimiento y la manutención del matrimonio en la Contemporaneidad

 

 

Thassia Souza Emidio1; Juliana Beatriz Ferreira de Souza2

Universidade Estadual Paulista (UNESP), Assis, SP, Brasil

 

 


RESUMO

Objetivou-se neste estudo analisar e refletir sobre o vínculo conjugal na atualidade, buscando compreender os sentidos inferidos a escolha e manutenção do casamento por aqueles que optaram por esta forma de conjugalidade. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que se utilizou da entrevista semi dirigida como instrumento de coleta de dados. Os dados obtidos foram analisados em consonância com as discussões e reflexões teóricas sobre os relacionamentos amorosos na atualidade e os apontamentos da Psicanálise das Configurações Vinculares. Pode-se observar que cada sujeito infere um significado pessoal ao optar pelo casamento, este devendo ser pensado em sua dimensão psíquica e social. Além disso, o vínculo conjugal é configurado pela coexistência de elementos do passado com os reflexos das transformações relacionais, sendo uma representação das contradições e desafios da contemporaneidade.

Palavras-chave: casamento; vínculo; psicanálise; amor.


ABSTRACT

This study aimed to analyse and reflect about the marriage bond in the present, seeking to understand the inferred meanings of choice and maintenance of marriage by those who have chosen for this form of conjugality. It is a qualitative research that used the semi-directed interview as a data collection instrument. The data obtained were analysed in accordance with the discussions and theoretical reflections on current loving relationships and notes of psychoanalysis of binding configurations. From the data analysis, it was observed... that each subject infers a personal meaning when opting for marriage, this having to be thought in its psychic and social dimension. Moreover, the conjugal bond is shaped by the coexistence of elements of the past with the reflections of the relational transformations, being a representation of the contradictions and challenges of the contemporaneity.

Keywords: marriage; link; psychoanalysis; love.


RESUMEN

En este estudio se objetivó analizar y reflexionar sobre el vínculo conyugal en la actualidad, buscando comprender los sentidos inferidos a la elección y manutención de las bodas por aquellos que optaron por esta forma de unión conyugal. Se trata de una investigación cualitativa, utilizándose de la entrevista semidirigida como instrumento de colecta de datos. Los datos obtenidos fueron analizados en consonancia con las discusiones y reflexiones teóricas sobre las relaciones amorosas en la actualidad y los apuntes de la Psicoanálisis de las Configuraciones Vinculares. Se puede observar que cada sujeto infiere un significado personal al optar por el matrimonio, debiendo este ser pensado en su dimensión psíquica y social. Además, el lazo conyugal es configurado por la coexistencia de elementos del pasado con los reflejos de las transformaciones relacionales, siendo una representación de las contradicciones y desafíos de la contemporaneidad.

Palabras clave: matrimonio; vinculo; psicoanálisis; amor.


 

 

Introdução

Ao refletir-se sobre os relacionamentos amorosos na contemporaneidade, percebe-se um processo no qual estes se tornaram líquidos, efêmeros, frágeis, algo que para alguns deve ser evitado, pois acreditam que relacionar-se amorosamente implica uma experiência de sofrimento tida como intolerável. Essas novas configurações vinculares são um reflexo de importantes mudanças sociais e históricas que colocaram o indivíduo frente a novos modos de ser e de se relacionar amorosamente.

No entanto, neste mesmo cenário, existem também aqueles que buscam o par amoroso baseado em valores tradicionais do amor romântico, depositando no parceiro a ideia de felicidade e completude, e estabelecendo um vínculo a partir do casamento.

Contudo, antes de ser ligado a essas expectativas, o casamento foi considerado um sacramento religioso durante a Idade Média, além de ter funcionado como um acordo entre as famílias e um meio de assegurar interesses econômicos, pouco importando o sentimento entre os parceiros (Del Priore, 2006), sendo somente no século XIX que os ideais românticos incidiram sobre e tornaram-no um modo de relação aceito socialmente, contendo o patriarcalismo, a indissolubilidade e a monogamia.

No século seguinte, tais características decaíram gradualmente, principalmente após a revolução sexual da década de 60, que alterou a hierarquia entre os sexos, propiciou a pílula anticoncepcional e costumes mais íntimos. Com a possibilidade de divórcio e de legitimar outra união, Roudinesco (2003) aponta que houve uma perda simbólica do casamento, este não mais sendo imprescindível para a constituição familiar. Assim, as pessoas passaram a usufruir de uma maior liberdade de escolha, oportunizada, de acordo com Zanetti (2012), pela flexibilização nos contratos e valores que antes eram inquestionáveis. O casamento passou então a ser escolhido e mantido pelo desejo e pelo vínculo entre os parceiros.

Na atualidade, Rossi (2003) coloca que essa liberdade traz como novidade a coexistência das várias formas de conjugalidade, cabendo aos sujeitos escolherem como irão vivenciá-las. Por outro lado, essa mesma flexibilidade, conforme Zanetti (2012), também levou a uma desorganização de referências, o que, para Mezan (2003) levou os cônjuges a se sentirem perdidos sobre seus relativos papéis.

Lins (2012) e Costa (1998) apontam também sobre um desencantamento com o amor ocasionado pela permanência de ideais românticos ainda hoje. Um exemplo disso é a fusão entre o par propagada pelo romantismo, que contradiz os ideais individualistas, e que segundo Costa (1998), passou a algo que aprisiona, levando o sujeito a abandonar seus desejos individuais em prol da manutenção amorosa. Bauman (2004) considerando a brevidade atual do amor coloca que se antes este era estável e imprescindível, recentemente os sujeitos começaram a se defrontar com o não comprometimento, se conhecendo primeiro para depois decidirem se e como vão investir no vínculo (Zanetti, 2012).

Esse investimento amoroso, segundo Zanetti (2012) apresenta-se atravessado pelos fenômenos que incidem nas subjetividades contemporâneas: o narcisismo, o consumismo, o individualismo e o modelo tecnológico. O narcisismo como um sintoma da cultura, conforme apontado por Lasch (1983) diz do sujeito que diante de sua condição desamparada frente ao mundo, volta seu investimento para si mesmo, em busca de proteção. O consumismo é outra tentativa do indivíduo lidar com o mundo a sua volta, relacionando-se com o outro por meio da satisfação que pode obter, trocando-o assim que esta acabar (Bauman, 2001). O modelo tecnológico, por sua vez, trouxe a ilusão da conexão entre as pessoas, que paradoxalmente, as levou a um maior distanciamento, camuflado pela fantasia de contato e controle oferecida pela tecnologia. A partir desses modelos, pode-se pensar que o sujeito na atualidade busca relações amorosas que possibilitem alguma forma de prazer ou benefício momentâneo, permanecendo enquanto o outro ainda está sendo de alguma utilidade. Nesse sentido, nos deparamos muitas vezes com pessoas que se esquivam de uma relação amorosa compromissada, seja para se protegerem do sofrimento, como revela o estudo de Zanetti (2012) ou por achar que isso irá atrapalhar sua individualidade.

Porém, nesse cenário de contradições, apesar das dificuldades de se vincular apresentadas anteriormente, o casamento continua sendo investido enquanto uma opção, circundado pela ideia de nutrir um sentimento profundo pelo outro. Os dados de nupcialidade (casamentos, separações e divórcios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que entre 2013 – 2016 o número de casamentos tem se mantido na mesma média (75 a 76% entre os cônjuges solteiros). Estes dados quando articulados às reflexões sobre as configurações contemporâneas leva a alguns questionamentos: o que as pessoas buscam em um casamento? Como em um cenário de liquidez dos vínculos o casamento se mantém como algo que se busca?

Entre a fuga e a permanência em um vínculo conjugal, existem também aspectos psíquicos que se apresentam totalmente atravessados por esses imperativos sociais. Em um contexto em que amar pode ser sofrido, se casar e se manter vinculado a um parceiro escolhido, apresenta-se como um desafio.

Para Eiguer (1985) a escolha pelo parceiro amoroso opera como um organizador inconsciente e é influenciada pela vivência edípica dos parceiros, uma vez que os objetos parentais internalizados constituem o núcleo do inconsciente familiar. Essa troca inconsciente entre o casal contribui para que a escolha do parceiro não ocorra aleatoriamente, funcionando como uma "formação de compromisso inconsciente, como o sintoma ou o lapso" (Eiguer, 1985, p. 31), podendo atuar como alívio econômico e enquanto um mecanismo de defesa no psiquismo.

Eiguer (1985) a partir de Freud, apresenta três tipos de escolha objetal: edípica, anaclítica e narcísica, e aponta que estas são organizadoras do psiquismo familiar. A escolha edípica se liga ao tempo edípico da identificação com o progenitor do mesmo sexo, na qual a busca pelo parceiro se dá por meio da identificação, ou seja busca-se que o escolhido seja parecido com o objeto que teve de ser renunciado no Complexo de Édipo, podendo se referir também ao progenitor do mesmo sexo ou aos avós. Na escolha anaclítica ou assimétrica, Freud (1914 apud Eiguer, 1985) aponta que o indivíduo procura por um par que lhe ofereça um apoio como o tido por um dos pais durante a infância, estando associada também à pulsão de conservação. Por ser regressiva à dissolução do Complexo de Édipo, acaba por configurar uma relação de complementaridade. Além disso, tem como base a sensação de falta ou sentimentos de perda. Situam-se aqui casos em que ambos os parceiros estão sofrendo por alguma perda ou luto (Eiguer, 1985). Na escolha narcisista, Eiguer (1985) aponta que a onipotência está presente em ambos os sexos, o objeto sendo fascinante e escolhido por se amar excessivamente. O casal se estabelece, então, pela ideia de poder, entrando em uma luta sadomasoquista em que há uma intercalação entre aquele que se agiganta e daquele que dará sustentação a isso (Eiguer, 1985).

Feita a escolha amorosa, o casal passa a intercalar seus conteúdos fantasmáticos, adentrando no engajamento amoroso, processo que, segundo o autor, irá interferir na continuidade ou não da união, já que a interfantasmatização é aquilo que dá coesão ao par, funcionando também como um organizador psíquico. Desta forma, o engajamento amoroso consiste no processo ilusão – desilusão, em que atuam, respectivamente, o fantasma de sedução e o de castração. O primeiro cria o estado de ilusão comum do início do vínculo, o que o torna instável e passível de fazer decair essa idealização, trazendo para cena o segundo fantasma, o qual permite aos parceiros aceitarem sua própria castração e a do outro, tendo efeito organizador por confortar os envolvidos durante essa fase (Eiguer, 1985).

Diante disso, Eiguer (1985) baseado nas ideias de Lemaire (1979) coloca que há três possibilidades de saída: a separação, a permanência do vínculo a partir da manutenção do estado ilusório, e o se deparar com o verdadeiro conteúdo do vínculo e com o parceiro tal como estes são, o que fortalece a união e propicia sua sustentação no tempo.

Puget e Berenstein (1993) e Berenstein (2011) similarmente abordam a trama inconsciente do casal, mas por meio do conceito de vínculo. Os autores assinalam que há parâmetros definitórios da constituição do vínculo matrimonial, os quais: a cotidianidade, referente a rotina e ao ritmo empreendido pelo casal, que pode ser impregnada por Eros ou Tanatos; o projeto vital compartilhado, que consiste nos projetos em comum do casal, como a compra de uma casa; as relações sexuais, referentes a aceitação das diferenças entre os sexos; e a tendência monogâmica, que constitui a passagem do Objeto Único para o Objeto Unificado, o que implicaria na aceitação das diferenças do objeto amoroso.

Entretanto, o vínculo também pode ser entendido como uma "pauta que conecta" (Bateson, 1979 apud Berenstein, 2011) que não pode ser vista, acontecendo entre dois "eus" e um conector, configurando um espaço psíquico comum compartilhando entre o casal. Quando do estabelecimento do vínculo, há uma ilusão que leva os parceiros a um estado de coincidência e a negarem algo do outro. Contudo, posteriormente, é necessário que esse estado de ilusão sucumba e que se reconheça a alteridade do outro e seus aspectos não passíveis de apreensão (Berenstein, 2011).

Assim, além dos parceiros trazerem para a união os traços contemporâneos que atravessam seus modos de subjetivação, trazem também conteúdos inconscientes de suas primeiras relações e como elas se desenrolaram. Portanto, a escolha por um vínculo conjugal e sua manutenção não podem ser compreendidos somente pelas mudanças sociais, mas também em seus aspectos psíquicos.

Neste sentido, esta pesquisa buscou compreender quais elementos sociais e psíquicos estão presentes na escolha pelo casamento na contemporaneidade e quais os sentidos atribuídos à essa escolha por sujeitos que optaram pelo casamento na atualidade.

 

Método

Trata-se de uma pesquisa qualitativa que tem a Psicanálise como referencial teórico e metodológico. Figueiredo e Minerbo (2006) colocam que ao realizar-se uma pesquisa que tem a Psicanálise como referencial, pode-se considerá-la como uma pesquisa em Psicanálise, uma vez que a Psicanálise serve de aporte teórico para a fundamentação da discussão sobre o tema, como também do processo de coleta e análise dos dados.

Participantes

Participaram da pesquisa 5 pessoas, sendo três mulheres e dois homens, todos casados há pelos menos 5 anos. Estabeleceu-se como critério de participação com base nos dados do IBGE que apontam que as separações ocorrem em média com 15 anos de casamento (2013- 2016), mas que nos últimos anos (2015-2016) esta tem se apresentado mais frequente nos primeiros cinco anos de união. O contato com os participantes foi feito por indicação e os entrevistados foram nomeados com nome fictícios escolhidos por eles após a entrevista: Fabrício, 46, casado há 21 anos, Laura, 24, casada há 5 anos, Milena, 46,casada há 23 anos, Roberto, 28, casado há 6 anos e Silvia, 56,casada há 33 anos.

Instrumentos e procedimentos

O instrumento de coleta de dados foi a entrevista semiestruturada. Foi elaborado um roteiro prévio com questões sobre como foi eleger um parceiro e optar pelo casamento, os primeiros momentos conjugais, as motivações de permanência nesse vínculo e o que poderia rompê-lo, buscando identificar os sentidos inferidos ao se casar, à vivência e a manutenção dessa conjugalidade na atualidade. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, protocolo CAAE 58828916.8.0000.5401, sendo apresentado aos participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes de cada entrevista. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas integralmente.

Análise dos Dados

A partir da transcrição das entrevistas, foi realizada uma análise que buscou atrelar os dados com o material científico disponível. Com isso, intencionou-se traçar uma compreensão do vínculo conjugal na contemporaneidade tanto em seus aspectos sociais, como psíquicos.

Buscou-se apreender os sentidos evidenciados ao longo do discurso dos entrevistados que trouxessem uma compreensão acerca de suas escolhas e vivências conjugais. Assim, organizou-se a análise buscando discernir traços na fala dos entrevistados que pudessem articular-se ao material teórico, de maneira a apresentar elementos que venham a contribuir para a compreensão das questões deste estudo.

Para a organização e análise dos conteúdos das entrevistas, dividiu-se o material em três categorias: 1- A escolha do parceiro e a opção pelo casamento, 2- A manutenção do casamento e 3- Reflexões sobre o amor e o casamento na atualidade, que serão apresentadas a seguir.

 

Resultados e discussão

1- A escolha do parceiro e a opção pelo casamento

Ao relatarem sobre como se deu o encontro com o parceiro amoroso e a opção pelo casamento os entrevistados relacionaram suas escolhas à algo que os chamou a atenção no parceiro, passando de um sentimento intenso de olhar até um encantamento pelo jeito de ser do parceiro, mas apontaram que o fator mais relevante na escolha do casamento foi o amor e a busca de uma relação estável, sendo que no discurso de todos o casar-se apareceu como algo natural, que faz parte do ciclo da vida e das relações, uma etapa importante e valorizada como algo que dá ao sujeito uma certa estabilidade na vida e os prepara para as fases seguintes, como a de ter filhos, citada pela maioria destes.

O casamento apareceu no relato dos entrevistados como um rearranjo da vida, uma vez que antes de se casarem e morarem juntos cada par possuía seu espaço individual e sua rotina, esta passagem foi vivida enquanto uma mudança, pois dividir o mesmo teto leva o casal a se deparar com aspectos do outro que até então não eram percebidos. Considerando isso e os apontamentos de Puget e Berenstein (1993) e de Berenstein (2011) sobre o estado ilusional e de coincidência no início e estabelecimento de um vínculo, compreende-se que é na transição para a vida dois que esse estado ilusional sucumbe. Assim, quando indagados sobre como foi vivenciar essa transição, a resposta de cada entrevistado relacionou-se aquilo que foi possível construírem com seus parceiros. Milena e Silvia se referiram a construção de uma rotina mais ligada aos cuidados com a casa. Fabrício expressou a sensação de estranheza em se deparar com o universo de sua parceira, tendo de sair de sua zona de conforto. Além disso, ambos faziam tudo juntos, inclusive, ficarem doentes ao mesmo tempo. Para Roberto, a mudança maior foi vivenciada no morar junto com a esposa antes da cerimônia conjugal, já que passou a conhecer os hábitos dela, aprendendo na convivência a tolerá-los. Laura foi a que menos sentiu essa mudança por continuar morando no mesmo terreno da casa de seus pais, deixando os efeitos desse movimento de sair para o marido.

Considerando que a capacidade de lidar com a alteridade advém da construção vincular que foi possível ao casal empreender e aceitar aquilo que é diferente no outro e nunca será passível de alcance (Berenstein, 2011), percebe-se que enquanto Roberto, Fabrício e Milena construíram uma possibilidade para lidar com isso, Laura e Silvia apresentaram uma maior dificuldade. No entanto, Silvia parece conseguir contornar esses momentos de tensão, enquanto Laura e o marido aparentam perder mais o controle, o que nos faz supor que Silvia o consiga por ter um tempo conjugal maior, e uma construção conjugal que a permite elaborar os conflitos vividos com o seu par.

Assim, pensando em cada contexto conjugal, percebeu-se que enquanto alguns conseguiram construir uma maior complexidade vincular, tolerando o que vem do outro, aceitando as dissonâncias e encontrando uma possibilidade de conviver com isso, outros apresentaram uma maior dificuldade em alcançar tal estado, mantendo alguns aspectos ilusionais para também manterem seus vínculos.

Ademais, pensando em como foi para os entrevistados experienciar esses primeiros momentos da vivência conjugal, depreende-se que esta é constituída por duas direções coexistentes: de um lado, a sensação apaixonada de estar com o outro e construir uma rotina em comum; de outro, a sensação de estranheza diante do outro e de ter que aprender a conviver.

Transpondo os parâmetros definitórios do vínculo matrimonial (Puget e Berenstein, 1993), percebeu-se que os entrevistados e seus cônjuges construíram tal vínculo. Alguns parâmetros se evidenciaram mais em uns, do que em outros, mas podemos afirmar que os entrevistados estabeleceram uma cotidianidade: Roberto, Milena e Fabrício mais ligados a uma estabilidade impregnada de Eros, e Silvia e Laura tendendo mais para um aspecto de morte, que se manifesta, respectivamente, nas queixas cotidianas e na necessidade constante de algo novo, como um filho. Também se notou o projeto vital compartilhado, com Fabrício e a esposa planejando se casar e mudar de casa, assim como Laura e o marido. A dificuldade em aceitar diferenças de cunho sexual, que caracterizam as relações sexuais, destacou-se em Silvia e no marido, o qual teme ficar impotente devido à idade e é sensível as diferenças financeiras entre eles. Por último, sobre a tendência monogâmica, observamos a existência de algo nas relações de Milena e de Laura que as impedem de realizar a passagem do Objeto Único para o Objeto Unificado, pois, ainda que percebam as dissonâncias de seus objetos amorosos, utilizam-se da ilusão para se protegerem.

2- A manutenção do casamento

Nesta categoria, elencou-se os elementos que propiciam a continuidade do casamento dos participantes, pensando-os em suas várias dimensões para compreender os sentidos atribuídos a isso. Todos mencionaram a relevância do sentimento amoroso, além daquilo que é considerado essencial para cada um. Para Fabrício, os lampejos de sentimento entre ele e a esposa manifestados nos gestos diários, além de caminharem juntos ao invés de um anular o outro são elementos sustentadores de sua união. Roberto menciona além do sentimento entre ele a esposa, aquele que nutrem pelos filhos. Laura similarmente menciona os filhos, além de atribuir a continuidade à vontade de forças divinas. Milena dá importância a comunicação, enquanto Silvia refere-se a tolerância e paciência que ela e o marido tem de ter diante das diferenças.

A partir dos relatos, supõe-se a saída de engajamento amoroso que tomaram com seus parceiros. Assim, tendo em vista as elucidações de Eiguer (1989) a partir de Lemaire (1979), Silvia, Roberto e Fabrício parecem terem alcançado a terceira saída, pois se depararam com seus vínculos e parceiros tal como estes são, reconhecendo o que sentem por eles e aquilo que poderia balançar a relação. Já Milena parece ter alcançado a segunda saída, pois, apesar de algumas vezes reconhecer a natureza de seu vínculo e suas divergências com o marido, também tenta camuflar isso, utilizando-se de mecanismos ilusórios. Têm-se a impressão de que há um ponto limite até onde ela pode ir e pensar a relação. Laura e o marido também se utilizam de mecanismos ilusórios, mas parecem estar em algum lugar entre a primeira e a segunda saída.

Além disso, ao contrário dos demais que investem na continuação do vínculo e trabalham os fatores de crise por eles mesmos, Laura e o marido o fazem por fatores externos, denunciando uma dificuldade que possuem de trabalharem por si mesmos nesse vínculo. Assim, na impossibilidade disso, projetam o continuar juntos para além deles, revelando uma necessidade por um sinal que lhes mostre o caminho.

Vale demarcar que as saídas do engajamento amoroso de cada par relacionam-se ao modo que a escolha conjugal se deu em nível inconsciente, ou seja, se foi resolutiva do Complexo de Édipo ou anterior ao seu decaimento. Dado a importância desses fatores por determinarem a oscilação de fantasmas que ocorrerá entre o casal (Eiguer, 1985), supõe-se que a oscilação fantasmática resultante da escolha objetal e do engajamento amoroso de Laura e Milena seria configurada por aspectos mais regressivos, alternando-se entre o fantasma de elação intrauterino e fantasmas objetalizados ao seio, o que é expressado na relutância de abandonar o objeto, no caso da primeira, e de abdicarem do estado ilusional.

Segundo Eiguer (1985), a escolha e o engajamento amoroso também atuam na maneira em que se dará a transição da conjugalidade para a parentalidade, transição esta que pôde-se observar ainda que a presença dos filhos não tenha sido um critério pré-estabelecido para a pesquisa. Embora todos os participantes tenham filhos, a transição parental sobressaiu-se nos relatos de Laura e de Roberto. Todavia, a presença dos filhos é vivenciada de formas distintas nessas relações. Assim como o vínculo, os filhos são investidos e o modo que serão recebidos pelo casal diz de como este se configurou como tal, podendo vir enquanto um enriquecimento ou não para a vida familiar (Eiguer, 1985). Percebe-se então, que os filhos vieram a somar na relação de Roberto, tendo vindo depois de dois anos da oficialização conjugal e sendo significados por ele como a maior mudança na vida conjugal, trazendo a necessidade de conciliação entre o exercício da parentalidade e da conjugalidade. Esses fatores similarmente apresentam-se no vínculo de Fabrício, que apesar de num primeiro momento em conjunto com a esposa não querer ter filhos por achar que os mesmos iriam atrapalhar a vida conjugal, depois os tiveram.

Por outro lado, na vivência conjugal de Laura os filhos são significados como um dever que pressupõe os pais juntos, a separação nesse contexto não sendo bem vista pela sociedade e pela religião, assemelhando-se à obrigação de tempos atrás dos pais permanecerem casados devido aos filhos (Del Priore, 2006; Lins, 2012). Para ela, os filhos "tinham de vir", dado as discussões que permeavam o vínculo e como meio de selar a união e validá-la perante o civil. Pode-se considerar então que há uma maior dificuldade em conciliar a conjugalidade com a parentalidade e suas individualidades. Os filhos até permeavam seus imaginários, mas ao chegarem, ocuparam o lugar de elemento sustentador, além de ocasionarem mais discussões.

Desta forma, cada participante possui o seu jeito de manter o vínculo, tendo como pano de fundo o que conseguiu estabelecer, intercambiar e configurar psiquicamente com seu parceiro, de modo que enquanto algumas relações puderam ser defrontadas, trabalhadas e aceitas, outras saíram mais frágeis do processo do engajamento amoroso, dependendo da possibilidade de separação ou da conservação de aspectos ilusórios para que possa se sustentar. Mostrou-se como algo relevante também o lugar dos filhos no vínculo conjugal apresentando a necessidade de uma conciliação entre o exercício destas diferentes funções: a conjugalidade e a parentalidade. Eles aparecem nos discursos tanto como um desafio na permanência de tal vínculo, quanto como aquilo que sustenta a conjugalidade.

3 – Reflexões sobre o amor e a conjugalidade na atualidade

Por meio desta categoria buscou-se refletir sobre o panorama social em que as relações dos entrevistados se desenrolaram. Percebeu-se a liberdade de escolha conjugal mencionada por Rossi (2003) na escolha dos entrevistados, com ressalva para Laura e Fabrício que tiveram influência social via religião. Ela, por ter engravidado e ele para que pudesse exercer o ofício de pastor.

De modo semelhante, percebeu-se essa liberdade na escolha do parceiro, que foi eleito levando em conta o sentimento amoroso, sendo este um componente essencial para a continuidade da relação, o que contrasta com o apontamento de alguns autores, como Bauman (2004) acerca do amor líquido e da tentativa de desapego explicitada por Lasch (1983). Em outras palavras, verificou-se que o amor ainda é desejado e atrelado ao casamento, carregando, inclusive, alguns resquícios do romantismo, o que remete a percepção de Lipovetsky (2005) de que alguns indivíduos buscam por um sentimento forte dentro de um relacionamento. Aliás, alguns o fazem optando pelo contrato conjugal, como no caso dos participantes desta pesquisa, o qual, segundo Rossi (2003), protege mais os interesses de cada par do que se escolhessem uma conjugalidade descompromissada. Como esse contrato pode ser rompido a qualquer momento e considerando a ausência de referências e estabilidade, Zanetti (2012) entende que a continuidade do vínculo está por conta do indivíduo, o que encontrou-se em Laura, Fabrício, Silvia, Roberto e Milena, ou seja, sujeitos trabalhando cada qual a sua maneira, inclusive psíquica, para manterem seus vínculos. Com isso, pode-se compreender que o sentimento e a construção conjunta com o parceiro parecem se sobressair a qualquer garantia e interesse contratual.

Percebeu-se também que a idealização acerca da cerimônia ainda se mantém, aparecendo em alguns relatos: Milena pensava nos cuidados da casa e da família e Laura sonhava com uma grande cerimônia, impossibilitada por questões financeiras. Além disso, os dois homens do estudo, também participaram ativamente na escolha e detalhes da cerimônia. Roberto, por exemplo, aludiu-se à indagação contemporânea entre casar, comprar uma casa ou fazer uma festa devido ao alto custo dessas escolhas, não se arrependendo por ter optado por realizar a cerimônia. Ao contrário de alguns sujeitos que acreditam que estarão abrindo mão de algo ao optar por um vínculo compromissado, Roberto expressou que não se sentiu privado ao realizar essa escolha. Esses elementos adquirem relevância ao se considerar que Roberto é um dos participantes mais novos e casados mais recentemente. Em contrapartida, Laura, a entrevistada mais nova e com o vínculo conjugal mais recente, demonstrou que se sente abrindo mão de várias coisas por ter engravidado e se casado.

Sobre como é estar casado, os participantes se referiram à segurança, ao apoio e tranquilidade que isso dá, além da construção de algo em conjunto e de contar com o parceiro na passagem de várias situações, como uma crise pessoal, a perda dos pais, o crescimento dos filhos. Essa busca por segurança e apoio em uma relação foram citadas por Ramos (2003) enquanto elementos que o sujeito contemporâneo procura no casamento por encará-lo como uma espécie de oásis em que pode descansar das exigências do mundo. Essa procura por alguém enquanto apoio é percebida também por Lipovetsky (2005).

Quando indagados sobre como lidam com os conflitos e as diferenças, Milena, Roberto e Fabrício se referiram, respectivamente, a importância da conversa para pensar as diferenças, de um tempo para pensar, de uma esquiva inicial dos conflitos e depois a construção de uma comunicação com a esposa. Contudo, ainda que Milena reafirme a todo momento o diálogo com o marido, questionou-se se essa não seria uma maneira dela camuflar aquilo que não consegue lidar na relação e até que ponto seria o diálogo para pensar e discutir a relação demarcado por Zanetti (2012) e Giddens (1993). Laura e Silvia, como visto acima, compõem relações permeadas por conflitos e diferenças. Porém, Laura já recorreu a separação durante uma discussão para desafiar o marido, o qual foi embora, mas por não conseguir ficar longe, reatou.

Essa atitude frente aos conflitos tem sido percebida por Zanetti (2012), Mezan (2012), Rossi (2003), pois há uma dificuldade no sujeito contemporâneo em lidar com os mesmos na relação, o que o leva a acreditar que a troca de parceiro resolverá o problema. Isso leva a pensar que talvez Laura e o parceiro desejem outra configuração vincular, mas não a alcançam por não conseguirem sustentar a separação e ficarem sozinhos. Essa dificuldade em estar sozinho e precisar de um outro que tampone essa sensação foi percebida por Sá, Mattar e Rodrigues (2006), assim como a ideia de que se pode controlar e usufruir desse outro. Assim, o ter filhos e o estar casado para Laura e o marido, embora gere conflitos e dificulte o estabelecimento de um espaço para cada um e também conjugal, tampona a sensação de solidão, mesmo que ela demonstre que não há um estar junto.

Destarte, acerca da mudança social do papel feminino e masculino na união, notamos que há uma divisão de tarefas entre os parceiros, assim como mulheres inseridas no mercado de trabalho, com ressalva para Laura, que saiu do emprego para cuidar dos filhos, o que incomoda seu esposo. Em contrapartida, o marido de Silvia se incomoda por ela trabalhar e ganhar mais, sendo essa a sua maior queixa ao lado da probabilidade de impotência sexual com o avanço da idade. Esses elementos foram observados por Mezan (2003) como um dos motivos da crise no casamento atual, dado que essa alteração na hierarquia entre os sexos leva os pares a se sentirem perdidos sobre os seus respectivos papéis. Percebeu-se também uma maior simetria entre os pares, com exceção de Silvia e de Laura, cujo as divergências aparentam suscitar a assimetria entre elas e seus parceiros, tanto financeira, como pelos maridos parecerem não terem um espaço nesses vínculos. Observou-se assim, que a maioria dos entrevistados se relacionam com o outro de modo democrático, além de buscarem estabelecer uma parceria, características estas que especificam o relacionamento puro assinalado por Giddens (1993) ao lado do se iniciar uma relação a partir do que se pode obter da mesma. Isso posto, entende-se que esses aspectos do relacionamento puro, apesar de demarcarem uma tentativa de distanciamento do modelo tradicional conjugal e dos ideais românticos, compõem o casamento contemporâneo, pois, se considerarmos o sentimento amoroso como aquilo que levou os entrevistados a optarem por esta conjugalidade, denota que entraram nesse vínculo intencionando dar continuidade a esse sentimento, sendo esse o interesse elegido para a união e sua duração.

No entanto, Mezan (2003) nota uma contradição nesse modelo igualitário de relação, pois aqueles que o intencionam não demonstram a maturidade necessária devido a aspectos psíquicos regredidos que não são facilmente passíveis de mudança. Ramos (2003), ao perceber esses fatores, ressalta que esse modelo relacional requer a capacidade dos parceiros negociarem, aceitarem as diferenças, acordarem as decisões, além de reconhecerem que uma relação não vem pronta e é construída gradualmente. Assim, e considerando os aspectos aqui elencados, percebeu-se que o casamento na contemporaneidade se configura tanto por elementos do passado, como pelas mudanças relacionais recentes, tornando-se uma celebração do se estar com alguém amado e eleito como parceiro depois de um certo tempo de união e que vem para reafirmar esse estado, porém atravessado pelos imperativos sociais que priorizam a individualidade, o prazer, a negação do outro e do vínculo. Nesse sentido, apesar do casamento ser uma escolha, esta apresenta-se desafiadora no cenário contemporâneo.

 

Considerações Finais

A partir da realização deste estudo pode-se perceber que o casamento na atualidade apresenta-se com uma forma de vinculação baseada, principalmente, no desejo, no querer estar e permanecer junto, que se apresenta enquanto um conluio entre os resquícios do passado, os traços do contemporâneo, os aspectos psíquicos da constituição do casal, suas primeiras relações e a possibilidade que encontram de construírem algo inédito e em conjunto.

Observou-se, em termos contemporâneos, o quanto a escolha é feita com base no sentimento e após um tempo de relação, além de que, aquilo que sustenta o vínculo dos entrevistados é o mesmo que em ausência poderia atrapalhar, como a falta de confiança, de ver sentido em continuar nessa relação, do sentimento pelo parceiro e pelos filhos.

Assim sendo e por meio da análise empreendida neste estudo, depreende-se que cada sujeito atribui o seu sentido individual a escolha por um vínculo conjugal, o qual deve ser compreendido em suas configurações psíquicas e sociais. O casamento na atualidade parece refletir o contexto de transição em que o sujeito se encontra, no qual traços do passado coexistem com os efeitos das mudanças sociais, gerando contradições e desafios.

 

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1 Thassia Souza Emidio, professora assistente-doutora do Departamento de Psicologia Clínica da Univ. Estadual Paulista, UNESP, coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicanálise e Vincularidade.
2 Juliana Beatriz Ferreira de Souza, graduada em Psicologia pela Universidade "Júlio de Mesquita Filho" – UNESP/Assis.

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