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Vínculo

versão impressa ISSN 1806-2490

Vínculo vol.16 no.2 São Paulo jul./dez. 2019

http://dx.doi.org/10.32467/issn.19982-1492v16n2p23-43 

Artigos

 

 

As famílias podem (se) adoecer: revisão integrativa da literatura científica

 

Families may (themselves) become ill: an integrative review of the scientific literature

 

Las familias pueden enfermarse: revisión integrativa de la literatura científica

 

 

Junia Denise Alves-SilvaI; Fabio Scorsolini-CominII

Universidade Federal do Triângulo Mineiro

II Universidade de São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


Resumo

Uma importante via da transmissão psíquica reside nos processos de saúde-doença que atravessam as gerações. Assim, o objetivo desta revisão integrativa foi compreender de que modo são transmitidos os padrões conjugais e familiares relacionados ao adoecimento entre as diferentes gerações. A partir de buscas sistemáticas nas bases/bibliotecas MEDLINE, LILACS, SciELO, PsycINFO e PePSIC entre 2007 e 2017, 35 estudos foram recuperados. Observa-se um predomínio de artigos quantitativos (57,1%), redigidos em inglês (60%) e realizados no Brasil (48,6%). A literatura recuperada ilustra a repetição de acontecimentos relacionados ao adoecimento e a reatualização de sofrimentos não elaborados na história familiar a partir de estudos que discutem temáticas transmitidas transgeracionalmente, como violência, incesto, tabagismo, dependência química, transtornos alimentares, obesidade, ansiedade e o transtorno de estresse pós-traumático. Compreender o modo como esses adoecimentos atravessam as diferentes gerações pode ser útil no delineamento de ações de promoção de saúde mental centralizadas nas histórias familiares e ofertadas em grupo.

Palavras-chave: Família, dinâmica familiar, relação entre gerações, processo saúde-doença.


Abstract

An important path of psychic transmission lies in the health-disease processes that cross the generations. Thus, the purpose of this integrative review was to understand how the conjugal and family patterns related to illness among different generations are transmitted. From systematic searches in the databases/libraries MEDLINE, LILACS, SciELO, PsycINFO and PePSIC between 2007 and 2017, 35 studies were restored. It is observed a predominance of quantitative articles (57.1%), written in English (60%) and carried out in Brazil (48.6%). The recovered literature illustrates the repetition of events related to the illness and the re-visualization of unexplained suffering in family history from studies that discuss topics transgenerationally transmitted, such as violence, incest, smoking, chemical dependence, eating disorders, obesity, anxiety and posttraumatic stress disorder. Understanding how these illnesses cross different generations can be useful in outlining mental health actions centered on family histories and available in groups.

Palavras-chave: family, family dynamics, intergenerational relations, Health-disease process.


Resumen

Una importante vía de la transmisión psíquica reside en los procesos de salud-enfermedad que atraviesan las generaciones. Así, el objetivo de esta revisión integrativa fue comprender de qué modo se transmiten los patrones conyugales y familiares relacionados con la enfermedad entre las diferentes generaciones. A partir de búsquedas sistemáticas en las bases/bibliotecas MEDLINE, LILACS, SciELO, PsycINFO y PePSIC entre 2007 y 2017, 35 estudios fueron recuperados. Se observa un predominio de artículos cuantitativos (57,1%), redactados en inglés (60%) y realizados en Brasil (48,6%). La literatura recuperada ilustra la repetición de acontecimientos relacionados con la enfermedad y la reactualización de sufrimientos no elaborados en la historia familiar a partir de estudios que discuten temáticas transmitidas transgeneracionalmente, como violencia, incesto, tabaquismo, dependencia química, trastornos alimentarios, obesidad, ansiedad y el trastorno de estrés postraumático. Comprender la forma en que estas afecciones atraviesan las diferentes generaciones puede ser útil en el diseño de acciones de promoción de salud mental centralizadas en las historias familiares y ofrecidas en grupo.

Palabras clave: familia, dinámica familiar, relaciones intergeneracionales, proceso salud-enfermedad.


 

 

O conceito de transmissão psíquica é abordado com bastante destaque nas literaturas psicodinâmicas e sistêmicas como um processo que não apenas inscreve o sujeito no mundo e em uma linhagem específica - a da família -, mas que pode auxiliar na compreensão de algumas dinâmicas, entre elas a dos processos de adoecimento observados nas diferentes gerações familiares (Bertin & Passos, 2013; Scorsolini-Comin & Santos, 2016). De modo geral, essas perspectivas propõem que os processos de adoecimento produzem sintomas que podem ser compartilhados e/ou transmitidos por diferentes gerações familiares, podendo denunciar elementos psíquicos comuns entre os membros de uma mesma família (Carneiro, Lisboa, & Magalhães, 2011; Santos & Ghazzi, 2012).

Sendo assim, os processos de adoecimento poderiam ser observados a partir de eventos como a sua repetição em diferentes gerações, bem como o modo como tais processos podem ser mantidos em segredo ou mesmo mobilizar psiquicamente mais de uma geração familiar (Braga, Mello, & Fiks, 2012; McGoldrick, Gerson, & Petry, 2012; Paes & Rudge, 2011). Posto isso, este estudo parte da relação entre adoecimento e família, tendo como norte a transmissão psíquica do adoecimento, ou seja, como os processos de saúde-doença contribuem para se compreender os conteúdos transmitidos entre as gerações da família (Almeida & Netto Júnior, 2015; Arroyo, Segrin, & Andersen, 2017; Marasca, Razera, Pereira, & Falcke, 2017).

A transmissão psíquica pode ser um caminho que predispõe as pessoas do grupo familiar ao desenvolvimento de doenças. Aponta-se a família como um lugar que torna o adoecimento possível quando a dinâmica familiar apresenta vulnerabilidade para absorver elementos da história geracional que expõem a saúde do grupo a desinvestimentos libidinais contínuos dos vínculos e ao não reconhecimento da alteridade dos membros da família, caracterizando então a doença como a ligação entre a família e essa história herdada, transmitida ao longo das gerações (Carneiro et al., 2011; Falcke & Wagner, 2014; McGoldrick et al., 2012). Assim, certas particularidades do funcionamento psíquico da família podem predispor a circulação de uma herança psíquica comprometida por conteúdos não elaborados que se apresentam em dissociações e somatizações (Abdala, Próchno, & Silva, 2017; Colossi, Marasca, & Falcke, 2015; Mandal & Hindin, 2015; Valdanha-Ornelas, & Santos, 2017).

A partir dessas considerações, seria possível entender o adoecimento na família a partir de dois pontos. O primeiro seria por uma repetição de acontecimentos que retornam os membros às fantasias sobre adoecimentos anteriores na história do grupo. O segundo seria pela reatualização de sofrimentos não simbolizados e perdidos na história familiar, que podem encontrar seu destino na doença (Féres-Carneiro, Lisboa, & Magalhães, 2011). Essas duas perspectivas têm sido exploradas na literatura da área de Psicologia, embora tais estudos sejam apresentados de maneira assistemática, estando presentes tanto em produções mais teóricas relacionadas à construção de arcabouço teórico nas perspectivas psicodinâmicas e sistêmicas quanto em estudos de caso que visam a ilustrar essas dinâmicas relacionais, com pouco espaço para uma discussão mais pormenorizada no campo da saúde-doença.

Como a família oferece uma bagagem de modelos que podem ser repetidos, contrariados e transformados, mas que é a partir da qual a pessoa organiza seus padrões relacionais, entende-se que os processos de saúde-doença são circunscritores do desenvolvimento individual e familiar ao longo do ciclo vital, devendo a família ser entendida como uma instância de especial atenção nesses processos (Zordan, Falcke, & Wagner, 2014). A partir desse panorama, delimitou-se a necessidade de sistematizar como o adoecimento vem sendo explorado nas produções científicas sobre a transmissão psíquica e, para tanto, o objetivo desta revisão integrativa foi compreender de que modo são transmitidos os padrões conjugais e familiares relacionados ao adoecimento entre as diferentes gerações. Aventa-se que uma melhor compreensão acerca dos modos de transmissão geracional do adoecimento pode trazer elementos importantes na produção de evidências para a oferta de um cuidado em saúde mental que inclua a família nos itinerários terapêuticos.

 

Método

 

Tipo de Estudo

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura científica nacional e internacional, sendo uma das ferramentas mais empregadas no contexto da prática baseada em evidências (PBE) (Mendes, Silveira, & Galvão, 2008).

 

Pergunta norteadora

De acordo com as recomendações para a realização da revisão integrativa e partindo da busca pelas melhores evidências, a pergunta norteadora do estudo foi definida a partir do método PICO (P=participantes; I=intervenção; C=comparação; O=resultado) (Santos, Pimenta, & Nobre, 2007). A pergunta formulada recebeu a seguinte redação: De que modo são transmitidos (O) os padrões conjugais e familiares (I) entre as gerações (P)? Como a pergunta não envolveu comparação entre cenários ou intervenções, foi excluído o critério C, algo que já é previsto pela própria metodologia da revisão. Procurou-se privilegiar a relação entre a transmissão transgeracional e o adoecimento nas famílias durante essa busca, selecionando estudos que explorassem processos de saúde-doença.

 

Bases indexadoras, unitermos e critérios de inclusão/exclusão

A busca foi realizada nas bases/bibliotecas MEDLINE, LILACS, SciELO, PsycINFO e PePSIC. Foram incluídos estudos que atenderam aos seguintes critérios: (a) artigos publicados em periódicos indexados; (b) redigidos nos idiomas português, inglês ou espanhol; (c) publicados no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2017; (d) artigos com temática pertinente ao objetivo da revisão e que respondessem à pergunta norteadora. Foram excluídos: (a) livros, capítulos de livro, resenhas, resumos, anais de congressos, editoriais, cartas, notícias, dissertações e teses; (b) estudos que contemplavam parcial ou tangencialmente a temática do estudo e que não respondessem à pergunta norteadora nem explorassem os processos de saúde-doença; (c) artigos publicados no período anterior a 2007 e após dezembro de 2017; (d) artigos indisponíveis na íntegra e gratuitamente; (e) estudos de revisão (narrativa, sistemática ou integrativa). Apesar de os estudos sobre transmissão psíquica serem desenvolvidos sobretudo nas abordagens psicodinâmicas e sistêmicas, não foram excluídos estudos em função de suas abordagens teóricas. As palavras-chave/unitermos foram selecionadas de acordo com a temática do estudo, a fim de encontrar trabalhos que respondessem à questão norteadora, bem como ao objetivo do mesmo. Foram incluídos unitermos presentes na terminologia da BVS-Psi (família, casamento, relações conjugais, relações familiares, família de origem, genograma, relações entre gerações e transmissão psíquica entre gerações) e descritores presentes em artigos que tratam da mesma temática (transmissão familiar, transgeracionalidade, padrões transgeracionais, herança transgeracional e repetição intergeracional). A fim de recuperar estudos alinhados à transmissão psíquica, optou-se por não delimitar descritores relacionados aos processos de saúde-doença, o que poderia restringir os resultados no primeiro rastreio. Assim, essas buscas que relacionavam a transmissão psíquica ao adoecimento ocorreram após o primeiro levantamento e diretamente pela análise de títulos e resumos.

 

Procedimentos de coleta e análise de dados

A busca inicial dos artigos foi realizada com os unitermos e suas combinações, aplicando os filtros dos critérios de inclusão e de exclusão. Os estudos encontrados foram analisados novamente em termos de títulos e posteriormente pela leitura dos resumos, em novos procedimentos de filtragem de evidências. Os trabalhos recuperados a partir desse crivo foram lidos na íntegra, a fim de proceder a uma nova seleção, agora mais pormenorizada e a partir do texto completo. Estes procedimentos foram realizados por dois juízes independentes, ambos psicólogos e que trabalham com a temática. Caso houvesse discordância, um terceiro juiz poderia ser acionado. Após esse processo, os artigos que compuseram o corpus foram reunidos, organizados em uma planilha em termos de delineamento metodológico, ano de publicação, idioma de publicação e local de realização da pesquisa. A apresentação da revisão/síntese do conhecimento foi pautada nas recomendações do sistema PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis) a partir dos critérios preconizados em sua lista de verificação (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman, & PRISMA Group, 2009), a fim de responder à pergunta norteadora. Mediante os resultados das pesquisas nas bases de dados e a questão norteadora, foram elaboradas categorias temáticas que permitiram discutir mais detalhadamente a produção veiculada, suas características e apontamentos.

 

Resultados

Após as etapas de busca, seleção e análise de evidências, 35 estudos foram recuperados para compor esta revisão integrativa. O fluxograma (Figura 1) representa esse processo. A Figura 2 apresenta a caracterização do corpus. Observa-se um predomínio de artigos cujo método foi quantitativo (57,1%), redigidos em inglês (60%) e realizados no Brasil (48,6%).

 

Figura 1. Fluxograma de busca, seleção e elegibilidade dos estudos

 

Figura 2. Caracterização dos artigos selecionados para a revisão

 

Discussão

Os elementos da transmissão psíquica podem impedir que a pessoa tome conta de sua própria história, como se devesse prestar contas às gerações antecessoras. Os conteúdos que não podem ser elaborados podem ter consequências negativas, seja pelo retorno daquele conteúdo ou por não haver como significar o que foi recebido das gerações anteriores (Santos & Ghazzi, 2012). A interligação entre adoecimentos psíquicos e a transgeracionalidade foi encontrada em artigos que discutiam temáticas diversas, como violência conjugal, interparental e parento-filial (Black, Sussman, & Unger, 2010; Colossi et al., 2015; Edwards, Dixon, Gidycz, & Desai, 2014; Gover, Kaukinen, & Fox, 2008; Islam, Tareque, Tiedt, & Hoque, 2014; Mandal & Hindin, 2015; Marasca et al., 2017; McCloskey, 2013; Neppl, Lohman, Senia, Kavanaugh, & Cui, >2017; Rosa & Falcke, 2014; Santos & Moré, 2011; Vézina et al., 2015; Vung e Krantz, 2009), incesto na dinâmica familiar (Abdala, Neves, & Paravidini, 2013; Abdala et al., 2017), tabagismo (Brook, Rubenstone, Zhang, Finch, & Brook, 2013; Melchior, Chastang, Mackinnon, Galéra, & Fombonne, 2010; Weden & Miles, 2012), dependência química (Botti, Machado, Tameirão, Costa, & Benjamin, 2014), transtornos alimentares (Adami-Lauand & Ribeiro, 2011; Annus, Smith, Fischer, Hendricks, & Williams, 2007; Arroyo et al., 2017; Valdanha, Scorsolini-Comin, & Santos, 2013; Valdanha-Ornelas & Santos, 2016; 2017), obesidade (Almeida & Netto Júnior, 2015; Tassara, Norton, & Marques, 2010), ansiedade (Eley et al., 2015) e transtorno de estresse pós-traumático (Zerach, Levin, Aloni, & Solomon, 2017).

Considerando a temática da violência psicológica, física ou sexual em relacionamentos afetivos, o estudo de Colossi et al. (2015) sobre violência conjugal reforça a ideia da família como o primeiro ambiente de socialização das pessoas e, como tal, oferece ferramentas e experiências que vão participar do estabelecimento dos vínculos relacionais das pessoas na vida adulta. Sendo assim, as autoras destacam que vivenciar a violência como vítima ou testemunha pode oferecer um modelo relacional que pode ser mantido, mesmo gerando dor e sofrimento, o que destaca a característica transgeracional do fenômeno da violência (Colossi et al., 2015). Dessa forma, ressalta-se a exposição infantil à violência como um preditor consistente de envolvimento em relacionamentos caracterizados pela violência entre parceiros na fase adulta, destacando a transmissão intergeracional da violência (Black et al., 2010; Gover et al., 2008; Mandal & Hindin, 2015; Neppl et al., 2017).

A transmissão dos maus-tratos estaria baseada na internalização de um modelo parental não responsivo e pouco sensível aos sinais e necessidades da criança. A partir de uma perspectiva de desenvolvimento, crescer em um ambiente hostil pode afetar o progresso do desenvolvimento e das habilidades pessoais dos membros da família de tal maneira que o efeito negativo acumulado pode ser levado à idade adulta e contribuir para a perpetuação do ciclo de violência (Bérgamo & Bazon, 2010).

A experiência de violência familiar exerce uma influência significativa também na transmissão de comportamentos antissociais entre gerações. O estudo de Ehrensaft e Cohen (2012) investigou os mecanismos pelos quais a violência por parceiro íntimo pode contribuir para a transmissão intergeracional do comportamento antissocial, considerando que a exposição precoce das crianças a essa vivência é um risco para sua continuidade. Os resultados sugeriram que a violência por parceiro íntimo aumentou o risco de problemas de externalização entre os filhos, de transtorno de estresse pós-traumático parental, transtorno de uso de álcool dois anos depois, além de níveis mais altos de expressividade emocional, agressividade, reatividade hostil e humor depressivo entre os descendentes (Ehrensaft & Cohen, 2012). É possível dizer que as sequelas associadas a uma história de violência familiar provavelmente estarão associadas a uma maior exposição a situações de risco no futuro.

O estudo de Vézina et al. (2015) também encontrou que as consequências da violência familiar podem aparecer como dificuldades de regulação emocional, sintomas de estresse pós-traumático e enfrentamento evitativo, o que, por sua vez, pode aumentar a vulnerabilidade dos jovens à violência nos relacionamentos afetivos. O enfrentamento evitativo pode envolver dependência de álcool e drogas ou mesmo o aumento do número de parceiros sexuais, na tentativa de lidar ou superar o trauma sofrido, mas também como uma estratégia para evitar desencadeadores de experiências traumáticas passadas. O estilo ansioso e ambivalente de apego frequentemente caracteriza as relações íntimas de jovens maltratados, além de uma sensação de desamparo que pode tornar mais difícil para esses sobreviventes de abuso identificar comportamentos violentos e quebrar os padrões de relacionamentos abusivos (Vézina et al., 2015).

A transmissão transgeracional da dependência química pode acontecer por meio de rituais, crenças e regras que regulam as interações familiares, constituindo-se como uma conduta apreendida e que influencia os familiares envolvidos. Os sistemas familiares direcionam formas determinadas de pensar e interagir em sociedade entre seus membros por meio de sua estrutura, dos padrões de comportamento, dos laços emocionais e das histórias compartilhadas. Considerando os fatores biológico, psicológico e social, as influências originadas no ambiente familiar, principalmente as parentais, podem se configurar em padrões disfuncionais que se mostram relevantes para o desenvolvimento do abuso e dependência de álcool e drogas em seus descendentes (Botti et al., 2014).

As associações entre o tabagismo parental e o uso regular por seus filhos também foram comprovadas em estudos que sugeriram que os padrões de tabagismo dos pais têm influência duradoura sobre seus filhos (Brook et al., 2013.; Melchior et al., 2010). O estudo desenvolvido por Melchior et al. (2010) indicou duas possibilidades para a transmissão transgeracional do tabagismo. A primeira ressalta a influência de mecanismos ambientais, entre eles a influência psicológica do tabagismo dos pais no comportamento dos jovens, a transmissão parental de normas positivas sobre o tabagismo e a tolerância dos pais ao tabagismo dos jovens. Já a segunda possibilidade destaca os mecanismos biológicos, como a influência da carga genética dos pais no desenvolvimento cerebral e predisposição ao tabaco (Melchior et al., 2010).

O estudo de Brook et al. (2013) propõe possibilidades semelhantes que propiciariam o tabagismo entre os filhos respaldadas em uma perspectiva do desenvolvimento. A primeira via encontrada diz sobre um possível efeito de continuação do relacionamento entre pais e filhos, no qual esses atributos que marcam a relação causariam repercussões ao longo da vida desses filhos, mesmo quando já adultos. No caso, um apego materno precário e os atributos mal adaptativos poderiam dificultar a capacidade desses adultos de constituir relações íntimas de apoio durante a fase adulta, o que os tornaria mais propensos a sentir mal-estar e a fumar. A segunda via foi a modelagem de papéis, a partir do qual os comportamentos parentais seriam transmitidos aos filhos. A exposição precoce ao tabaco causaria efeitos neurobiológicos aos filhos, além da predisposição genética compartilhada entre essas gerações. A terceira hipótese discutida pelos pesquisadores foi sobre a transmissão intergeracional de atributos de má adaptação em nível educacional e no tabagismo a partir da associação encontrada entre baixa escolaridade e tabagismo na idade adulta (Brook et al., 2013). O estudo de Weden e Miles (2012) também encontrou evidências que reforçam a transmissão intergeracional do tabagismo tanto pelas vias fisiológica e genética (tabagismo durante a gravidez) quanto pela modelagem do papel social. A partir desses achados, é possível observar que o foco dos esforços para diminuir as taxas de tabagismo precisa ser direcionado às famílias, e não somente aos indivíduos isoladamente, considerando a influência comprovada do tabagismo entre pais e filhos (Melchior et al., 2010).

Na temática dos transtornos alimentares, ressalta-se que as relações familiares podem atuar como agentes mediadores no desencadeamento e manutenção dos sintomas de anorexia nervosa a partir da transmissão transgeracional de elementos psíquicos inconscientes que não puderam ser elaborados. A constituição subjetiva das pessoas apresenta-se envolvida com os objetos e com os modelos identificatórios, antagonistas ou auxiliares (Valdanha-Ornelas & Santos, 2016; 2017).

Quanto à obesidade, partindo-se de uma perspectiva sistêmica, é possível considerar o fenômeno transgeracional das relações afetivas organizadas em torno da alimentação como os valores e crenças familiares que são compartilhados entre as gerações – como os gostos alimentares, as formas de se alimentar, como comemorar eventos, entre outros -, o que reporta aos mitos familiares, ou seja, à memória familiar. Sendo assim, os aspectos transgeracionais sobre a obesidade participam da constituição da identidade familiar dos membros, sendo sustentados por esses mitos e também pelas lealdades entre os membros, ou seja, pelas expectativas que as pessoas têm em relação à família e que é transmitida às gerações seguintes. No caso deste estudo desenvolvido por Tassara et al. (2010), a obesidade acaba sendo assumida como um modelo de lealdade e pertencimento ao grupo familiar, dificultando o processo de diferenciação entre os membros. Para ambas as temáticas, ressalta-se a ideia de que as experiências vivenciadas na família de origem podem influenciar o comportamento alimentar desordenado dos filhos adultos (para a falta ou para o excesso) a partir da aprendizagem de padrões distorcidos sobre imagem corporal e da construção de expectativas que desorganizam a alimentação (Annus et al., 2007). O alimento muitas vezes pode assumir uma função afetiva que contribui para a construção dos vínculos das pessoas com seus familiares, com destaque às relações mãe-filha (Adami-Lauand & Ribeiro, 2011).

Para Braga et al., (2012), apesar da possibilidade de que as experiências traumáticas sejam transmitidas entre as gerações da família, é o modo como os pais vão simbolizar e comunicar essas experiências que indicará as repercussões desse trauma para o funcionamento psíquico da geração seguinte, de modo quea história familiar não seja uma prisão para seus membros ao fechar suas possibilidades em um destino traçado, mas sim uma referência, um lugar em que a pessoa se situa, sem determiná-la (Paes & Rudge, 2011). >Wang, Xing e Zhao (2014) trazem também a possibilidade de que experiências emocionais corretivas na idade adulta (como um relacionamento conjugal seguro) possam aumentar as capacidades de autorregulação emocional das pessoas. Os dados de seu estudo indicaram que a satisfação conjugal moderou a transmissão do castigo corporal dos pais, de modo que a continuidade da parentalidade negativa entre gerações (no caso, das punições corporais) pode ser interrompida se as gerações seguintes vivenciarem relacionamentos afetivos próximos e de qualidade (Wang et al., 2014).

O espaço psicoterapêutico também pode favorecer a transformação dos vínculos desadaptativos (Gomes & Zanetti, 2009). A terapia familiar transgeracional poderia ser uma alternativa interessante porque examina as interações das pessoas ao longo das gerações, a fim de entender como elas responderam às crises e para prever possíveis dificuldades. As pessoas são desafiadas a examinar padrões e comportamentos geracionais para solucionarem conflitos e promoverem a diferenciação do self (Ballard, Fazio-Griffith, & Marino, 2016).

Desse modo, a literatura aqui recuperada evidenciou a importância da família na transmissão e, muitas vezes, na perpetuação de sintomas relacionados a diferentes processos de adoecimento, entre eles o uso e o abuso de substâncias, bem como dos transtornos alimentares. Mais do que reconhecer de que modo as famílias podem estar relacionadas à saúde mental do sujeito, torna-se importante desenvolver propostas interventivas que superem o discurso muitas vezes determinista que emerge nessas produções. Ações em saúde mental podem ser pensadas como forma de responder a padrões familiares considerados desadaptativos, priorizando a construção de espaços de acolhimento e de cuidado que forneçam elementos capazes de fazer frente a relações interpessoais disfuncionais vivenciadas em família. Também o cenário familiar pode ser um campo interventivo potente, o que deve ser considerado a partir de ações interdisciplinares que se utilizem das histórias familiares como fonte de informação e como disparador de novos olhares e práticas profissionais.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando-se a circulação de uma herança psíquica comprometida entre os membros da família, a discussão trazida por este artigo ilustra a repetição de acontecimentos adoecidos e a reatualização de sofrimentos não elaborados na história familiar a partir de estudos que discutem temáticas transmitidas transgeracionalmente, como a violência, o incesto, o tabagismo, a dependência química, os transtornos alimentares, a obesidade, a ansiedade e o transtorno de estresse pós-traumático. Esses processos de adoecimento têm sido priorizados na literatura científica como marcadores que incluem a família na narrativa do adoecer. Reforça-se, assim, a importância de intervenções que considerem o grupo familiar, e não somente estimulem cuidados a partir de um viés individual.

A identificação com a história familiar foi ressaltada entre os estudos desta revisão e pode ser encontrada tanto relacionada ao pertencimento e à diferenciação ao grupo quanto em condições patológicas, a partir das quais o adoecimento não elaborado pode ser compartilhado entre os membros da família. >Compreender o modo como esses adoecimentos atravessam as diferentes gerações pode ser útil no delineamento de ações de promoção de saúde mental centralizadas nas histórias familiares e ofertadas em grupo. Assim, recomenda-se que as intervenções possam considerar a família como locus, mas também como espaço de obtenção de informações que podem contribuir com a (re)escrita das histórias de vida individuais, podendo fornecer elementos para a transformação de padrões considerados desadaptativos.

 

 

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Endereço para correspondência

Fabio Scorsolini-Comin
E-mail: fabioscorsolini@gmail.com

 

 

I Junia Denise Alves-Silva (Psicóloga e Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro).

II Fabio Scorsolini-Comin (Doutor em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e Docente do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem Psiquiátrica da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo).

1 Os artigos assinalados com asterisco* foram incluídos na revisão e compõem o corpus.

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