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Vínculo

versión impresa ISSN 1806-2490

Vínculo vol.17 no.1 São Paulo ene./jun. 2020

http://dx.doi.org/10.32467/issn.19982-1492v17n1p52-74 

ARTIGOS

 

Vínculos amorosos em jovens adultos: rompimentos e separações

 

Loving links in young adults: ruptures and separations

 

Vínculos amorosos em jóvenes adultos: rompimientos y separaciones

 

 

Isabella Torqueti SilvaI; Mary Yoko OkamotoII

IPsicóloga graduada na Faculdade de Ciências e Letras de Assis - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - Unesp - Campus de Assis. Email: isabellatorquetisilva@gmail.com
IIProfessora Assistente Doutora do Departamento de Psicologia Clínica e docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Ciência e Letras de Assis – Email: mary.okamoto@unesp.br

 

 


RESUMO

As relações amorosas e a busca por um(a) parceiro(a) permeiam a vida dos sujeitos, ao longo de toda sua vida, interferindo de maneira direta em sua subjetividade. Contudo, mudanças sociais e culturais contemporâneas afetaram essas escolhas, alterando as prioridades dos sujeitos e provocando inúmeros rompimentos amorosos. Por essa razão, a presente pesquisa procurou investigar as concepções de jovens adultos solteiros, estudantes de uma universidade pública no município de Assis, os quais já vivenciaram alguma ruptura amorosa, e buscou apurar o que gerou o rompimento e como lidaram com isso. A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas semidirigidas - gravadas e, posteriormente, transcritas. Os dados foram analisados, levando-se em consideração as regularidades e peculiaridades dos discursos, e a discussão e a interpretação dos dados foram realizadas de acordo com a teoria psicanalítica. Dessa forma, foi possível observar a prevalência de relacionamentos amorosos com pouco investimento afetivo, diante de um investimento narcísico exacerbado. Para a maioria dos jovens, permitir-se amar o outro significa assumir um risco maior, partindo do pressuposto de que isso pode gerar frustração e fugir da ideia de satisfação plena.

Palavras-chave: vínculos amorosos, rompimentos amorosos, jovens adultos, psicanálise.


ABSTRACT

Loving relationships and the search for a partner permeate people's lives troughout their journey, interfering directly in its subjectivity. However, cultural and social changes that were caused by the postmodern age have affected those choices, shifting people's priorities and causing several loving ruptures. For this reason, the current paper intends to investigate the notion of single young adults who are college students of a public university in Assis, that have already been through any loving rupture. This project also intends looking to understand what has generated the rupture and how these students experienced that. The data collection was done through semi-structured interviews which was recorded and subsequently, transcribed. The data was analyzed considering the regularities and singularities of the speeches, and the data discussion and interpretation was done according to the psychoanalytic theory. Therefore, it was possible to observe the predominance of love relationships with low affective investment, against an extremely big narcissistic investiment. For most of the young, to allow yourself to love other person means to take a bigger risk, assuming that this can generate frustration and lose the ideia of full satisfaction.

Keywords: loving links, loving ruptures, young adults, psychoanalysis.


RESUMEN

Las relaciones amorosas y la búsqueda por un(a) compañero(a) permean la vida de las personas a lo largo de toda la vida, interfiriendo de manera directa en su subjetividad. Sin embargo, los cambios sociales y culturales contemporáneos afectaron estas elecciones, alterando las prioridades de las personas y provocando innumerables rompimientos amorosos. Por esa razón, la presente pesquisa buscó investigar las concepciones de jóvenes adultos solteros, estudiantes de una universidad pública en el municipio de Assis - São Paulo, que ya vivenciaron alguna ruptura amorosa, y buscó averiguar el motivo generó el rompimiento y cómo lidiaron con eso. La recolección de datos fue hecha por medio de entrevistas semidirigidas - grabadas y posteriormente transcriptas. Los datos fueron analizados teniendo en cuenta las regularidades y peculiaridades de los discursos, y la discusión e interpretación de los datos se realizaron de acuerdo con la teoría psicoanalítica. De esta forma, fue posible observar la prevalencia de relaciones amorosas con poca investidura afectiva, ante una investidura narcisista exacerbada. Para la mayoría de los jóvenes, permitirse amar al otro significa asumir un riesgo mayor, partiendo del supuesto de que esto puede generar frustración y huir de la idea de satisfacción plena.

Palabras claves: vínculos amorosos, rompimientos amorosos, jóvenes adultos, psicoanálisis.


 

 

INTRODUÇÃO

Baseados na ideia de que estamos diante de um cenário de mudanças no tocante às vinculações amorosas, na contemporaneidade, buscamos compreender, neste trabalho, a partir do panorama social atual, as novas configurações amorosas entre os jovens adultos, e como estes passaram a viver os rompimentos, amparados nas concepções que possuem sobre tais experiências.

Na era moderna, a ligação entre amor e sexo está cada vez mais presente, através do que Giddens (1993) chamou de "relacionamento puro". Tal conceito "(...) refere-se a uma situação em que se entra em uma relação social apenas pela própria relação, (...) e que só continua enquanto ambas as partes considerarem que extraem dela satisfações suficientes para nela permanecerem" (p. 68-69).

Pode-se dizer que, até o século XX, houve uma valorização do amor como um afeto concomitantemente tão forte e tão frágil, decorrente do conceito de amor romântico e, com isso, viveu-se uma verdadeira ditadura do amor, a qual se tornou o eixo central das escolhas de parceiros amorosos e uma bússola para homens e mulheres, diante de suas relações sociais (Haddad, 2014).

Porém, diante de intensas transformações que ocorreram, no século XX, tais como a emancipação feminina, os métodos contraceptivos - sobretudo a pílula anticoncepcional -, o divórcio e a separação entre o amor, sexo e reprodução, grandes mudanças sacudiram o cenário dos relacionamentos amorosos.

Atualmente, para que duas pessoas se permitam assumir um compromisso, é preciso que haja um alto nível de satisfação com o relacionamento, pois, caso os envolvidos sintam que estão sofrendo uma perda importante, em matéria de investimento, renunciam ao compromisso. Tais características fizeram com que a ideia do "até que a morte nos separe" caísse por terra, enquanto o conjunto de experiências referentes à palavra "amor" se amplificou (Bauman, 2004).

Nesse cenário, inclusive a ideia do casamento passou por transformação. Como a sociedade contemporânea começou a priorizar a realização de projetos individuais e independentes, o casamento seria um obstáculo, nesse quesito. Desde que tal ideia de amor veio a predominar nas relações, o número de divórcios e separações aumentou. Afinal, até então, nenhum dos cônjuges tinha espaço para se decepcionar com o parceiro, porque as funções de cada um eram rigidamente estabelecidas (Lins, 2012).

De acordo com Bauman (2004), a cultura atual, predominantemente consumista e pautada no "uso imediato, prazer passageiro e satisfação instantânea" (p. 11), influenciou o estabelecimento das relações amorosas, nas quais os sujeitos estão em busca de experiências que resultem em prazer sem esforço, realização afetiva e sexual sem sofrimento.

 

Vínculo amoroso, adolescência e narcisismo

Eiguer (2005) define vínculo intersubjetivo como "(...) uma relação de reciprocidade entre dois sujeitos, cujos inconscientes se influenciam mutuamente." (p. 60). Portanto, um vínculo é tributário do funcionamento inconsciente dos sujeitos e configura um novo espaço psíquico.

O vínculo traz à tona mecanismos projetivos e diferentes formas de identificação e, desse modo, dá lugar a implicações recíprocas entre o sujeito e o outro. Pode-se sustentar que, antes de qualquer coisa, o sujeito tende a investir no outro e, assim, a maneira como os dois se relacionam ajuda a reforçar o vínculo formado (Eiguer, 2005).

Para Chaves (2010), a maneira como cada indivíduo vivencia o amor está relacionada ao conjunto de ideais, fantasias e discursos nos quais está inserido, por intermédio de sua família e dos grupos sociais aos quais pertence. Entende-se que o amor pode obter diferentes significados para os indivíduos, já que os níveis de expectativas e de satisfação são divergentes, perante uma mesma prática amorosa.

A procura por um objeto de amor, visando ao conceito de felicidade, tem seu início na puberdade. Levisky (1998) ressalta que algumas condições específicas, como o início da ejaculação nos homens e a menarca nas mulheres, "(...) centralizada no tabu do incesto e no significado da representação totêmica" (p. 23), indicam a busca, de fato, de um novo objeto de amor, no âmbito externo à família de origem.

Contudo, a sociedade tem demonstrado um prolongamento da adolescência, pois a puberdade se tornou mais precoce, e o final do período adolescente passou a ser indeterminado. Hoje em dia, devido à grande liberdade alcançada, muitos jovens têm acesso à vida sexual cada vez mais cedo e, muitas vezes, podem estar mais avançados que seus pais, em alguns aspectos (Jeammet & Corcos, 2005).

Ademais, para Feres-Carneiro (2003), o fato de os jovens permanecerem mais tempo na adolescência pode explicar a dificuldade que apresentam de se manterem numa relação conjugal, pois, "(...) na medida em que as dificuldades e os conflitos da adolescência permanecem na vivência dos jovens cônjuges, falta a eles a maturidade requerida pela vida compartilhada, para a manutenção da conjugalidade" (p. 369).

Levisky (1998) assevera que a adolescência, por ser um período de revivescência edipiana, faz com que o ego utilize mecanismos de defesa contra sentimentos negativos, como "(...) negação, onipotência, idealização e ataque ao objeto bom" (p. 53). Dessa forma, o jovem ainda não se sente pronto e capacitado emocionalmente para uma efetiva relação amorosa e sexual, o que faz com que suas vinculações sejam superficiais e transitórias.

Pode-se argumentar que o temor principal do ego adolescente é o medo de ser invadido e, por isso, perder o controle da situação. Logo, há um receio em face dos relacionamentos amorosos, porque "(...) certamente, a excitação sexual e a confrontação ao desejo e ao outro, objeto desse desejo, são particularmente susceptíveis de desencadear esse temor de invasão" (Jeammet & Corcos, 2005).

Segundo Jeammet e Corcos (2005), é como se existisse uma "(...) luta ativa contra o objeto e, a este título, não deveria ser confundido com as desorganizações do ego face a uma ameaça de confusão com o objeto ou de perda do objeto" (p. 87). A saída desse funcionamento depende da organização precedente da personalidade, mas também do tipo de apoio que o ambiente está predisposto a oferecer (Jeammet & Corcos, 2005).

Além disso, os jovens vivem diante de uma percepção de encurtamento do tempo, o que os expõe a uma "(...) sensação frequente de ter que correr contra o tempo, de estar perdendo tempo" (Chaves, 2010, p. 32). Desse modo, há uma necessidade de rapidez e apressamento, para não se correr o risco de perder oportunidades. Logo, fica mais difícil para esses sujeitos se submeterem a um planejamento e e a um investimento que envolvam um prazo de tempo maior, ou renunciar a satisfações imediatas, a fim de conseguir alguma realização futura (Chaves, 2010).

Somado a isso, tem sido observado um enfraquecimento dos limites entre pais e filhos, fazendo com que as crianças e os jovens recebam um investimento excessivo. Assim, tal conjuntura reforça a dependência afetiva e a natureza narcísica das crianças, sinalizando uma possível ameaça à identidade do sujeito, pois impõe um novo formato de relações que não são mais pautadas em limites e diferenças nitidamente definidas (Jeammet & Corcos, 2005).

Logo, se temos uma sociedade contemporânea impregnada pelo narcisismo e permeada pela busca por satisfações individuais, o processo de reconhecimento do outro se torna ainda mais difícil. Dessa maneira, há um desafio atual que deve ser superado nas relações, que

(...) é o de criar liberdade no próprio interior da relação, evitar a armadilha dos comportamentos forçados e desenvolver um projeto em que a opção de avançar ou retirar-se esteja presente, sem ameaçar a identidade e a bagagem conquistada (Fuks, 2010, p. 63).

Outra peculiaridade característica da contemporaneidade diz respeito ao fato de que os sujeitos estão marcados pelo isolamento e a solidão, de sorte que o "(...) sentimento de vazio é a manifestação da retração narcísica concomitante ao desinvestimento global da realidade" (Fuks, 2010 p. 39). Por conseguinte, a intensificação da ideia de individualismo tende a suscitar modelos identitários idealizados, a fim de ordenar a autonomia individual, comprometendo o estabelecimento de vínculos baseados em relação objetais (Fuks, 2010).

 

O reconhecimento do outro e os conflitos na vida a dois

Como aponta Zanetti (2012), para que um relacionamento seja duradouro, é importante que haja uma disponibilidade psíquica dos sujeitos para reconhecer o(a) parceiro(a) perante suas diferenças e alteridade. Segundo Eiguer (2005), é difícil para o sujeito existir sem o reconhecimento do outro, porque ele precisa disso, da mesma forma que precisa se afirmar a si mesmo. Assim, é necessário suportar o paradoxo existente entre essas duas situações, caso contrário, deflagra-se o conflito no vínculo.

Todavia, é inevitável que haja conflito entre os parceiros do vínculo e, normalmente, a causa desses impasses é atribuída a um dos dois sujeitos. Ou, ainda, cada um dos parceiros acusa o outro, para defender a si próprio. No entanto, isso é sinal de que "(...) a dualidade complementar é vivida como sufocante e que cada um procura fugir-lhe" (Eiguer, 2005, p. 88), porque toda a dualidade implica que haja respeito pela especificidade do outro, pois, reconhecendo-o, o sujeito poderá reencontrar a sua singularidade subjetiva, diante da presença da diferença singular do outro (Eiguer, 2005).

Na relação a dois, há uma dissimetria, uma vez que cada sujeito inconsciente põe em ação o seu desejo e procura no outro a sua realização. Pode-se dizer que, ao se defrontar com o outro, há uma necessidade de encontrar o seu próprio desejo. Logo, é como se a realidade específica do outro e todos os acontecimentos gerados por ele fossem trabalhados pelo sujeito à sua maneira, de acordo com seus modelos internos, repercutindo diretamente no vínculo intersubjetivo (Eiguer, 2005).

Contudo, é característico da contemporaneidade os indivíduos optarem por relações amorosas eventuais ou sem compromisso. Ora, mesmo que haja o desejo de ter um relacionamento estável, os jovens adultos não se sentem preparados para efetivar uma escolha que exige um certo investimento objetal, porque, como já frisado anteriormente, para esses jovens, manter um compromisso com o outro pode ser percebido como uma responsabilidade a mais, com inúmeras obrigações e demandas. Além disso, "(...) nessa sociedade, o prazer e o frenesi são associados à mudança constante, à promessa de viver algo inusitado, à possibilidade de acumular mais e diferentes sensações" (Chaves, 2010, p. 32).

Constata-se que, atualmente, o amor não é mais entendido como "(...) eterno, total, exclusivo e reconhecido de imediato" (Flacke & Zordan, 2010, p. 9). A era contemporânea criou uma visão mais real e menos fantasiosa sobre o amor, ou seja, as pessoas deixaram de acreditar que o casamento é capaz de realizar todos os sonhos dos sujeitos envolvidos (Flacke & Zordan, 2010).

Dessa forma, o desejo de encontrar um parceiro ou parceira ideal coexiste com a facilidade em desistir da relação, caso ocorra algum tipo de frustração ou desinteresse. Além disso, os novos valores sociais pelos quais os jovens estão rodeados, como a repulsa ao sofrimento, o consumismo e a efemeridade, parecem predominantes no funcionamento subjetivo atual (Bielski & Zordan, 2014).

Portanto, conforme Berenstein (2011), tal situação conflituosa pode gerar o que ele denominou vazio do vínculo, no qual

(...) o vínculo pode perder sua condição instituinte e passar a se converter em uma forma que, ao estar à espera de ser preenchida de significação e de ações próprias, sem querê-lo, nem sabe-lo se transforma no que poderia chamar-se vazio de relação, que perpetua o sujeito em sua forma de ser e fazer, sem lhe permitir se tornar sujeito da situação vincular (p. 126-127).

 

Rompimento e luto

O rompimento de uma relação é, então, vivido como uma ferida narcísica no sujeito, pois, inicialmente, ao estabelecer um relacionamento com o outro, "(...) o indivíduo com uma fragilidade narcísica percebe o(a) parceiro(a) como indispensável ao seu equilíbrio" (Levy & Gomes, 2011, p. 51). Vivenciar uma separação é, por conseguinte, ter que lidar e suportar a quebra de vínculos, laços afetuosos e sexuais que foram constituídos ao longo da relação. Entretanto, embora seja uma experiência desagradável para ambos, dependendo de quem foi o responsável pelo término, os tipos de dor podem variar: é provável que aquele que foi deixado sofra mais. Para aquele que deseja a separação, prevalecem, pelo menos a princípio, sentimento de alívio ou até euforia, por se ver livre de algo que possivelmente o fazia infeliz. É como se essa sensação de alívio amortecesse o impacto da perda (Marcondes, Trierweiler & Cruz, 2006).

Para Freud (1996a), a perda de um amor constitui uma lacuna, para que a ambivalência nas relações amorosas possa se manifestar e se tornar efetiva. Isso ocorre porque a própria pessoa enlutada pode se sentir culpada pela perda ocorrida, fazendo com que haja uma autorrecriminação. Do mesmo modo, a elaboração do luto favorece que o ego continue vivendo, tornando possível que o luto chegue ao fim, pelo desvanecimento ou pela destituição de valor do objeto (Freud, 1996a).

No processo de luto, decorrente da perda do objeto de amor, cada uma das lembranças e expectativas relacionadas àquele objeto, às quais a libido estava vinculada, é evocada, ocorrendo o desligamento da libido em cada uma delas. Pode-se afirmar que esse doloroso procedimento é considerado algo natural, porém, quando o trabalho do luto é concluído, o ego se sente livre e desinibido para outro investimento amoroso (Freud, 1996a).

Enfim, é possível dizer que os rompimentos amorosos têm ocorrido de maneira mais corriqueira, nos dias atuais. Conforme Féres-Carneiro (2003), isso se explica porque os sujeitos, independentemente de serem homens ou mulheres, estão em busca de relacionamentos amorosos que sejam mais verdadeiros e gratificantes. Contudo, desconstruir a conjugalidade, após o término de um relacionamento e, ao mesmo tempo, reconstruir a identidade individual constituem um processo que demanda tempo e, geralmente, é vivenciado com dificuldade.

 

Método

Para a pesquisa em questão, o método qualitativo foi utilizado, uma vez que permite verificar a relação existente entre o mundo real e os sujeitos. O ambiente natural é sua principal fonte de dados, abrangendo uma visão que é inseparável entre o mundo objetivo e a subjetividade dos indivíduos. A pesquisa qualitativa propõe abordar os significados das relações humanas, com base em concepções, ideias e significados (Denzin & Lincoln, 2005; Minayo, 2004).

Ademais, a técnica eleita para a coleta de dados foi a entrevista semidirigida, conciliando perguntas fechadas e abertas, de sorte a oferecer um espaço para o entrevistado responder a respeito do assunto proposto, sem que haja alguma conjuntura pré-estabelecida pelo entrevistador (Turato, 2003).

A escolha dos sujeitos da amostra foi proposital, composta por sete jovens universitários, regularmente matriculados numa faculdade no município de Assis, em diversos cursos de graduação, na faixa etária de 18 a 21 anos e que já vivenciaram algum tipo de rompimento amoroso. O contato com os entrevistados foi feito por meio do método de bola de neve, a partir de contatos iniciais da pesquisadora. Na composição da amostra, foram levadas em consideração repetições e regularidades nos discursos, em função de leituras do material coletado.

Para melhor compreensão dos resultados, é importante salientar o perfil de cada entrevistado(a), a partir de uma descrição sucinta. Desse modo, serão adotados nomes fictícios e omitida a identificação do curso de graduação de cada entrevistado, a fim de preservar sua identidade1.

Fernanda nasceu no ano de 1995, estava com 21 anos de idade e era aluna do 3º ano de graduação. Na época em que a entrevista foi realizada, Fernanda estava namorando. Além disso, relatou uma experiência de rompimento amoroso.

Guilherme nasceu no ano de 1995, tinha 21 anos de idade e era aluno do 4º ano de graduação. Assim como Fernanda, na época em que a entrevista foi realizada, ele estava envolvido em um relacionamento sério. Quando questionado sobre os rompimentos amorosos que já vivenciara, alegou ter passado por essa experiência uma vez.

Juliana também nasceu no ano de 1995, tinha 21 anos de idade e era aluna do 3º ano de graduação. Quando questionada sobre o seu estado civil, declarou-se solteira, mas ressaltou estar vivendo um relacionamento aberto. Além disso, Juliana relatou já ter vivido dois tipos diferentes de rompimentos amorosos.

Marina era aluna do 3º ano de graduação, nasceu em 1996 e tem 20 anos de idade. Como Juliana, declarou estar solteira, todavia, vivendo um relacionamento aberto, mencionando ter vivido uma separação amorosa.

Murilo era aluno do 1º ano de graduação, nasceu no ano de 1998, sendo o mais jovem dos entrevistados, com 18 anos de idade; disse estar solteiro. Segundo ele, vivenciara dois rompimentos amorosos que o marcaram.

Pedro nasceu no ano de 1995, tinha 21 anos e estava no 3º ano de graduação. No momento em que a entrevista foi realizada, Pedro estava solteiro. Ele também relatou que tinha vivenciado um rompimento amoroso.

Priscila nasceu no ano de 1996, estava com 20 anos de idade e também matriculada no 3º ano de graduação. Priscila declarou estar namorando na época da entrevista, e foi a entrevistada que relatou uma maior quantidade de términos amorosos, inclusive, sobre quando rompeu com o seu atual namorado.

No contato estabelecido com os participantes, foram explicitados detalhadamente os objetivos da pesquisa, os cuidados éticos e os riscos envolvidos. Além disso, cada participante estava ciente de que sua participação poderia ser interrompida quando o solicitasse. Tais informações estavam descritas no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assinado por todos os entrevistados, de acordo com as exigências do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências e Letras de Assis. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo referido Comitê, sob o protocolo 56700616.6.0000.5401.

Assim, foram agendados horários segundo a disponibilidade dos participantes, e as entrevistas ocorreram nas salas da própria faculdade, levando-se em conta a questão de privacidade do local. As entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas na íntegra.

Na análise dos resultados, inicialmente, foi realizada uma leitura livre de todo o conteúdo e, na sequência, foram feitas leituras com caráter exploratório do material colhido. Conforme previsto anteriormente, foram elencadas algumas categorias de destaque, de modo que fosse possível proceder a uma discussão detalhada acerca do assunto (Turato, 2003). É importante ressaltar que a categorização ocorreu por meio dos critérios de repetição e relevância dos dados obtidos, e a análise foi feita com base na teoria psicanalítica.

 

Discussão e resultados

A seguir, apresentaremos as discussões das categorias acessíveis através das análises das entrevistas realizadas.

 

Narcisismo, efemeridade e busca por prazer

Para os entrevistados, a obtenção de prazer numa relação é tida como um aspecto primordial. Pode-se dizer que o objetivo principal na vida desses jovens é a satisfação, em vários âmbitos. Contudo, segundo suas convicções, para que isso seja possível, um relacionamento sério pode ser descartado, priorizando-se tal aspecto:

"Se eu conheço uma pessoa que eu gosto, eu não vou pensar em namorar ela. Eu vou pensar em curtir, chamar ela pra sair, ficar junto um tempo, e ver como o negócio rola" (Murilo).

"A gente vive um momento de muitas transformações e não sabe o que vai ser... E trazer um peso, uma pessoa que seja um peso, não ajuda. Se vir uma pessoa que some, beleza. Mas depende muito da relação que você estabelece" (Pedro).

Aparentemente, isso ocorre porque o namoro é considerado uma forma de aprisionamento do sujeito. Logo, os jovens optavam por relacionamentos amorosos efêmeros, uma vez que, dessa forma, descartavam as responsabilidades e frustrações que um relacionamento com compromisso poderia gerar, de sorte a não impedir a busca pelo prazer:

"[Namorar]; me privaria de muitas coisas, inclusive festas universitárias, e também de conhecer outras pessoas" (Marina).

"Ah, eu tô numa relação que é aberta. A gente é bem próximo, mas ele fica com outras pessoas, e eu também fico. Num futuro próximo, eu vejo a gente mantendo isso. Não me vejo presa, sabe, deixando de fazer as coisas por causa dele" (Juliana).

Concomitantemente, nota-se a valorização do individualismo como algo significativo, de modo que se mostravam avessos a relacionamentos sérios, verificando-se, nessa postura narcísica, outra importante justificativa, de acordo com o discurso dos jovens entrevistados:

"Eu não gostava de gente que invadia o meu espaço. Nunca pensei em compartilhar o meu espaço com ninguém. Ele queria que eu abdicasse de coisas, de uma liberdade, que eu não queria fazer" (Priscila).

"Ah, eu acho que as pessoas têm que ser autossuficientes, né? Então, acho que você precisa de alguém não que te complete, mas que dê algo a mais do que você possa oferecer a você mesma" (Fernanda).

 

Relacionamento amoroso e sentimento de posse

Conforme as entrevistas efetuadas, foi possível observar que a definição de relacionamento amoroso está extremamente ligada à ideia de carinho, companheirismo, confiança e compartilhamento. Contudo, também houve a presença muito significativa de um discurso pautado na ideia de posse e na dependência do(a) companheiro(a), ou seja, relacionamentos considerados fusionados, nos quais a individualidade não existia. Tal característica foi apontada no relacionamento sério ao qual se seguiu o rompimento:

"Eu tentava privar ele de todas as coisas. Eu acabava me privando e ficava imaginando coisas que, às vezes, não tinha. Eu não sei se eu posso dizer que era amor, ou se era dependência, se era comodismo, não sei" (Marina).

"Nossa, a gente tinha muita briga. Ele era meio possessivo, me tratava de um jeito que... Na época, eu não percebia, mas que hoje em dia eu vejo que era bem abusivo comigo, sabe?" (Juliana).

"Era muito desse relacionamento fechado, relacionamento meio bolha, tipo, eu, ela e mais alguém. Eu, ela e mais uma turma. Mas era sempre eu e ela... entendeu?" (Pedro).

Assim, é possível observar, nos discursos desses jovens, certa dificuldade em lidar com a diferença que o outro apresenta. De fato, lidar com essas diferenças significa suportar características que não são suas e que, muitas vezes, podem ser opostas à suas próprias. Ou seja, deparar-se com a alteridade do outro, e isso pode gerar uma desorganização psíquica associada à categoria, mencionada anteriormente, relacionada à necessidade de posse do objeto:

"No relacionamento, você tem que saber as diferenças e tudo mais, só que, às vezes, a gente acaba buscando as mesmas semelhanças, né? (...) Acho que depende mais das pessoas aceitarem mais as suas próprias diferenças (...) se elas conseguirem conviver com isso, de maneira que deixe as duas pessoas felizes, acho que eu considero isso como uma relação amorosa" (Guilherme).

 

Relacionamentos amorosos e vida universitária

Nos discursos analisados, o ambiente universitário desempenhava uma importante influência nas escolhas dos jovens, particularmente as amorosas. Para a maioria desses jovens, viver o período da graduação e fazer parte de uma vida universitária apresentam um universo repleto de possibilidades, permeado por liberdade e prazer. Desse modo, tendo em vista que o relacionamento sério limita o sujeito, os jovens preferiram viver o tempo da experiência acadêmica solteiros, sem um compromisso sério:

"Eu coloco na minha cabeça assim, se eu não viver agora essa vida universitária, eu não vou viver depois. Então, é uma questão racional, de escolha mesmo. Porque, às vezes, sentimento tem. A outra pessoa, às vezes, até me pressiona pra isso [para namorar], mas eu acho que é uma questão de escolha do momento" (Marina).

"Mudou bastante na faculdade [a concepção de relacionamento amoroso]. Antes, era uma coisa bem mais idealizada. Eu achava importante, colocava num pedestal. Agora, eu vejo muito mais como uma coisa de comunicação. É muito mais íntimo. Só entre você e a pessoa" (Murilo).

 

A experiência com o rompimento amoroso

Podemos apontar que, nos discursos dos jovens entrevistados, a ausência de sofrimento quanto ao rompimento das relações foi, praticamente, unânime. Quando questionados a respeito do enfrentamento com o término do namoro vivenciado anteriormente, houve a prevalência de uma fala desligada de afeto.

Ao mesmo tempo, em alguns casos, os jovens relataram um alívio a propósito do final do relacionamento, seja por livrar-se de uma relação possessiva e abusiva, seja devido à liberdade em viver desacompanhado(a):

"Eu sofri aquela coisinha assim, normal, de perda de rotina. Sofri muito menos do que eu imaginei. Não foi um sofrimento que prejudicou a minha vida" (Marina).

"Eu acho muito mais fácil você lidar com o término de um relacionamento, quando você não inclui a pessoa nas coisas que você gosta de fazer. Quando o negócio é mais ocasional, sabe? Quando você não torna a coisa realmente séria" (Priscila).

"Eu não sofri muito, não. Foi bem leve, sabe? Quando a gente terminou, foi meio que um alívio" (Murilo).

Em alguns casos, mesmo não mencionando o sofrimento após o término, os entrevistados descreveram algumas das reações e contaram que viveram um processo de aprendizado, quando se viram sem o(a) parceiro(a). Porém, tal aprendizado demonstrou a relação com a valorização de uma relação efêmera, conforme apontado anteriormente:

"Acho que isso [o término]; me ensinou muito a não pular de cabeça nas coisas, porque foi o que eu fiz com ela" (Murilo).

"Eu procurei me manter ainda mais com a cabeça ocupada. (...) Curtir os amigos, curtir o que ainda tem na faculdade. Aí acabei entrando em mais coisas [trabalho];" (Guilherme).

 

Planos futuros

Por fim, percebe-se que o relacionamento sério, namoro e casamento são desconsiderados por esses jovens, no momento atual. Para a maioria, embora seja algo desejado, é colocado no plano abstrato e futuro. E isso pode ser explicado por todos os aspectos sociais e individuais característicos do contemporâneo, além das dificuldades e necessidades de prazer que permearam os discursos da presente pesquisa:

"Casamento, pelo menos, eu tô pensando em deixar pro futuro. Não que é impossível acontecer durante a graduação, mas é uma coisa que eu não tô mais ansioso pra acontecer" (Murilo).

"Pelos meus planos que eu tenho pra minha carreira, acho que não vai bater com uma relação estável. (...) Pra agora, assim, pros próximos cinco anos, eu não me vejo nessa situação" (Guilherme).

 

Discussões e considerações finais

É possível pensar na constituição subjetiva dos jovens, nos dias atuais, e suas repercussões nas escolhas amorosas e nos rompimentos. Neste ponto, discutiremos o modo como os jovens adultos demonstraram que construíram os vínculos amorosos e, no decorrer das discussões, apresentaremos a repercussão de tal fato também nos rompimentos vividos.

Dessa forma, como demonstraram os discursos dos entrevistados, quando se encontra envolvido amorosamente, o sujeito pode sentir-se no direito de exercer cobranças sobre o outro, na medida em que este frustra seus desejos. Ora, como diria Alvarenga (1996), o amor, enquanto consequência de uma insatisfação em relação ao próprio ego, impulsiona o sujeito na busca de ideais e gera uma ilusão de continuidade, ou seja, "(...) cria a ilusão de encontrar na realidade o objeto que satisfaria o desejo" (p. 25).

Tais questões podem ser articuladas à ideia de que esse investimento narcísico exacerbado vem sendo realizado desde o início, ainda na relação com os pais ou cuidadores, como propõem Jeammet e Corcos (2005). Por isso, tais características surgiram nos discursos dos jovens que participaram desta pesquisa, como um modo específico de funcionamento emocional nos relacionamentos amorosos, os quais apontaram para uma possível dificuldade em estabelecer uma relação amorosa e sexual baseada no reconhecimento da diferença e alteridade do objeto, e é justamente tal fato que pode relacionar-se à procura por vinculações mais superficiais e passageiras.

Ao mesmo tempo, se for possível considerar que esse tipo de funcionamento se relaciona à constituição subjetiva que ocorre no ambiente familiar, não podemos deixar de levar em conta que também diz respeito a uma forma contemporânea de subjetivação, na qual prevalece a valorização do prazer individual - tanto no campo sexual e afetivo quanto no profissional e financeiro - e compreender que o contexto social é relevante, afinal, a constituição da subjetividade é resultante de relações intersubjetivas.

As mudanças sociais promovidas pela contemporaneidade alteraram, de maneira significativa, a constituição da subjetividade dos indivíduos. Tornou-se extremamente difícil, para o sujeito, alinhar a herança inter e transgeracional, ou seja, aquela herdada pelas gerações anteriores e as exigências da realidade atual. Logo, há um conflito intergeracional em face da realidade presente, o qual se reflete diretamente nas configurações amorosas, uma vez que o que tem prevalecido é o investimento narcísico. Além disso, é imperioso salientar que tal funcionamento, aliado à prevalência de investimento narcísico, incide na constituição do ideal do ego.

Ao perder um objeto de amor, o teste de realidade revela que o objeto amado não existe mais, fazendo com que a libido seja removida das ligações com esse objeto. A partir de então, o sujeito passa a viver o processo do luto, em que o mundo externo se transforma em algo pobre e vazio. Este é um processo que ocorreria com grande dispêndio de tempo, no qual o domínio da realidade se faz pouco a pouco, de forma penosa (Freud, 1996a).

Os discursos dos entrevistados revelaram um desligamento de afeto no tocante aos rompimentos amorosos vivenciados, demonstrando facilidade e ausência de sofrimento em suportar as consequências geradas por tais separações. Aparentemente, a maioria dos jovens não sofreu com a ocorrência do rompimento, no entanto, alguns acabaram substituindo o relacionamento por trabalho, projetos profissionais, festas, "curtição" e trocas constantes de parceiros(as). Tais dados indicam uma dificuldade em simbolizar o sofrimento causado pelo rompimento e, portanto, nos leva a refletir a respeito da elaboração do luto por tal perda.

Logo, observamos que há uma tendência natural em substituir o(a) parceiro(a) pelo retorno a si mesmo, intensificando um investimento narcísico. Pode-se frisar que esse deslocamento faz com que as relações com o outro se empobreçam ainda mais, de sorte que o impacto sentido pela perda acaba sendo amortecido (Jeammet & Corcos, 2005).

Assim, podemos perceber que a constituição do ideal de ego2 desses jovens adultos está permeada pelas questões e exigências sociais atuais, nas quais se verifica a valorização do sucesso profissional e financeiro, em detrimento do vínculo amoroso estável. Isso nos permite refletir que o modo de vinculação amorosa, que também compõe o ideal de ego, revelou a importância da constituição subjetiva como algo intersubjetivo, constituído no interjogo entre as modalidades de vinculação familiares e sociais.

O avanço das tecnologias, a velocidade decorrente de tal avanço, o ritmo acelerado de consumo no mercado e a pressão das demandas influenciam diretamente a subjetividade dos indivíduos contemporâneos. São fatores que provocam uma aceleração no ritmo da vida de cada um, dando ênfase à grande valorização do tempo presente (Chaves, 2010).

Nesse sentido, permitir-se amar o outro significa assumir um risco maior, partindo do pressuposto de que isso pode causar alguma frustração ou prejudicar a ideia de satisfação plena. Como enfatiza Eiguer (2005), "(...) no vínculo, não se trata de identificar a presença física do outro, mas de estar disposto a conferir-lhe um lugar com valor" (p. 114), ou seja, é preciso atribuir ao outro certa autoridade moral sobre si próprio, através de afetos e expressões calorosas.

Assim, podemos nos aventurar a concluir que esse modo de estabelecimento de relações fortuitas e desvinculadas pode demonstrar a expressão de um sintoma social baseado na prevalência de uma busca de prazer, por meio da descarga, em detrimento da possibilidade da postergação e prorrogação do prazer. Sobretudo, do prazer no encontro com um objeto diferenciado e que não esteja atrelado apenas a um prazer narcísico, além da dificuldade em elaboração do luto, devido à perda do objeto de amor.

É importante pensar que as relações amorosas são resultantes da constituição subjetiva, variam de acordo com cada sujeito que as compõe e, exatamente por isso, é possível compreender todas as suas possibilidades. Em acréscimo, é possível notar que este ainda é um tema atual e instigante, visto que transparece uma configuração baseada na instabilidade e ainda sob profundas transformações, sendo necessária a realização de novas pesquisas, a fim de compreender como se tem caracterizado a maneira de experienciar e expressar os envolvimentos amorosos, nos variados momentos da vida.

Por fim, é oportuno salientar que a compreensão acerca dos vínculos amorosos perpassa as questões sociais e históricas, e, por isso, tal aspecto é imprescindível para o aprofundamento da compreensão nessa temática.

 

REFERÊNCIAS

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1 Vale ressaltar que os dados dos participantes da entrevista são referentes a 2016, ano em que a pesquisa foi realizada.
2 De acordo com Laplanche e Pontalis (2001), esta é uma expressão utilizada por Freud, em sua segunda teoria sobre o aparelho psíquico. Pode ser definida como uma "instância da personalidade resultante da convergência do narcisismo (idealização do ego) e das identificações com os pais, com os seus substitutos e com os ideais coletivos" (p. 222), ou seja, diz respeito a um modelo a que o sujeito busca conformar-se.

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