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Vínculo

versão impressa ISSN 1806-2490

Vínculo vol.18 no.1 São Paulo jan./abr. 2021

 

EDITORIAL

 

Editorial Vínculo 18(1) 2021

 

 

Marcio Gonçalves Vieira; Amaury Tadeu Rufatto; Betty Svartman; Lazslo Antonio Ávila; Solange Aparecida Emílio; Tânia Aldrighi Flake; Beatriz S. Fernandes; Waldemar José Fernandes; Tales Vilela Santeiro

 

 

A Vínculo: Revista do NESME comemora 17 anos de existência, o que não seria possível sem a parceria de estimados colegas, aos quais queremos deixar aqui nossos agradecimentos. O NESME por sua vez completou 30 anos, em 2019, evento que foi celebrado durante a realização do XII Congresso Brasileiro de Psicanálise das Configurações Vinculares/X Encontro Paulista de Saúde Mental, realizado no mesmo ano em Serra Negra. S.P., tendo como convidada especial Claudine Vivier Vacheret,

Para este número da Vínculo: Revista do NESME, os diversos autores que apresentaram trabalhos no congresso foram convidados a transformar suas comunicações em artigos científicos para a publicação, com o intuito da comunidade científica ter acesso ao riquíssimo conteúdo das discussões que se iniciaram neste evento. A partir 2021, estreia uma nova configuração desta revista que passará a ter edições quadrimestrais.

Nesta edição teremos uma série de artigos que se aprofundam na temática das instituições e dos dispositivos grupais e vinculares que estas possuem para cuidar dos sujeitos frente a situações de desamparo, violência e traumas. Em um momento global em que temos vivenciado diariamente estas condições o contorno institucional se torna algo importante de ser refletido.

Iniciamos com o texto da conferência de Claudine Vivier Vacheret - Vínculos em tempos de desamparo - correspondente à conferência ministrada por ela, no congresso de 2019. Ele é atinente ao complexo trabalho que desenvolvemos quando estamos frente à violência que se expressa na nossa prática com adolescentes difíceis, psicóticos e pacientes em estados limites. Nas experiências da autora, o grupo é o dispositivo mais adequado e eficiente quando esse tipo de caso está sob nossa atenção profissional.

Temos a seguir dois artigos que versam sobre conceitos importantes na psicanálise das configurações vinculares: solidão, desamparo e cuidar. A vivência de solidão e desamparo traz a necessidade de cuidado para ser significada na psiquê individual e coletiva.

Os próximos dez artigos formam um bloco que aborda como as instituições têm oferecido espaços que cuidam, através de um olhar para as configurações vinculares, de situações de sofrimento psíquico e violência em suas diversas formas.

Os seguintes trabalhos fazem parte desta sessão: relato de uma experiência de estágio em uma clínica escola com aplicação de grupo terapêutico para mulheres com queixa de depressão; discussão sobre o processo de implementação de um ambulatório de Saúde Mental que tem como público-alvo pessoas expostas a situações de violência; uma reflexão sobre a experiência emocional de adolescentes abrigados frente a possibilidade de desabrigamento; narrativa, realizada por estagiários de psicologia, de grupos de cuidadores e gestantes em uma Unidade Básica de Saúde (UBS); reflexão sobre os alinhamentos possíveis entre equipamentos e profissionais de diferentes formações para oferecer cuidados à uma mãe e sua filha; compreender as relações estabelecidas por participantes regulares de longo prazo de um Grupo Comunitário de Saúde Mental; compreensão dos desafios do trabalho de grupo dentro do Núcleo de Prevenção à Violência de uma UBS; discussão sobre as relações familiares e a importância destas em sujeitos que realizam tratamento de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS); análise dos fundamentos da aplicação da terapia do trabalho entre 1914 - 1940.

Por último temos três artigos que exploram a temática das configurações familiares. Dois focam na estratégia do Acompanhamento Terapêutico, muito utilizada no tratamento in loco de usuários que frequentam serviços da Saúde Mental e o terceiro sobre o exercício da parentalidade dentro da dinâmica familiar contemporânea.

Assim, a Vínculo a um só tempo torna visível o que por aqui se faz e se pensa e trava diálogo com outras realidades socioculturais, como a francesa, que neste número tem na contribuição de Claudine Vacheret um símbolo. No seu percurso histórico, a Revista tem se consolidado como uma peça de resistência no cenário editorial brasileiro e latino-americano. Ela se abre aos registros de expressões de profissionais e de pesquisadores, não necessariamente vinculados a instituições universitárias, que procuram dar sentidos e nomes ao que vivem e fazem. Ao fazê-lo, firma-se como espaço de diálogo construtivo e potente, porque amplia noções do que produzir conhecimento pode significar. E se nos atentarmos devidamente para nossa imersão na sociedade do desempenho, tal como tem sido debatido por Byung-Chul Han, resistirmos, em alguma medida, a movimentos de mercantilização e de precarização da vida, do trabalho, e (também) da ciência, pode tomar dimensões homéricas.

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