SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.3Fatores psicofisiológicos na terapia de reposição hormonal em homensO processo de consolidação dos jogos eletrônicos como instrumento de comunicação e de construção de conhecimento índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Ciências & Cognição

versión On-line ISSN 1806-5821

Ciênc. cogn. vol.3  Rio de Janeiro nov. 2004

 

Artigo Científico

 

O imaginário sobre o trabalho e suas representações no cotidiano dos comerciantes do mercado público em Pernambuco

 

The imaginary about the work and their representation in the quotidian of the public market traders in Pernambuco

 

 

Conceição Maria Dias de Lima

Fundação Universidade Estadual de Alagoas, Pernambuco, Alagoas, Brasil

 

 


Resumo

O presente estudo objetivou conhecer as representações do trabalho desenvolvidas pelos comerciantes do Mercado Público de Casa Amarela - Recife - PE. A metodologia empregada foi a de um estudo de caso, baseado em levantamentos de dados, entrevistas, observações participantes e na feitura de um diário de campo. Inicialmente foi abordado o conceito de cotidiano, compreendendo que em torno desse se estabelece o espaço do estudo. Em seguida, foram investigados os diferentes significados do trabalho ao longo da história e sua representação na contemporaneidade. Ao final foram analisadas as informações obtidas através das entrevistas com os comerciantes do Mercado no tocante às suas representações sobre o trabalho no contexto popular. © Ciências & Cognição 2004; Vol. 03: 10-20.

Palavras-chave: imaginário; cotidiano; trabalho; representações.


Abstract

The present work aimed to study the representations of the work developed by the traders of the Public Market of Casa Amarela - Recife - PE. The employed methodology was a study of case, based on data search, interviews, and local observations, as well as on the confection of field notes. Initially we studied the concept of the quotidian, to establish this question as the major object of this study. By the way, the different aspects of the work during the history were also investigated their representation in the contemporary. Finally, the information obtained by interviews with de trades of Public Marked was analyzed under a popular context of theirs representations about the work. © Ciências & Cognição 2004; Vol. 03: 10-20.

Keywords: imaginary; quotidian; work; representations.


 

 

Introdução

O cotidiano revela diversas atividades exercidas sobre um território, onde se desenvolvem as diferentes práticas sociais e suas respectivas socialidades através dos tempos. A vida cotidiana, segundo Agnes Heller (1972) é a vida cotidiana do homem inteiro, não se pode dissociar o cotidiano da história da sociedade, pois os fatos históricos nascem no cotidiano remetem à idéia de repetição, contudo, esse espaço não é só de reprodução, mas de produção de sentidos.

Outra característica do cotidiano para Heller (1972:18) "é a espontaneidade, não querendo dizer com isto que todas as atividades do cotidiano o sejam no mesmo nível, mas que existe uma tendência marcante do cotidiano para a espontaneidade". Tanto as atividades de motivações particulares quanto as atividades de motivações humano-genéricas. Segundo essa autora, a vida cotidiana é heterogênea e hierárquica. É heterogênea no que diz respeito ao conteúdo e à significação ou importância de nossos tipos de atividades, a saber: organização do trabalho, da vida privada, do lazer, do descanso, da atividade social, dentre outros. É hierárquica quando se modifica de modo específico em função das diferentes estruturas econômico-sociais. Para uma melhor compreensão desses aspectos, a autora parte do trabalho como categoria de análise. Nos tempos pré-históricos o trabalho ocupou um lugar dominante na hierarquia; e, para os servos, essa mesma hierarquia se manteve durante ainda muito tempo; toda a vida cotidiana se constituía em torno da organização do trabalho, à qual se subordinavam todas as demais formas de atividades. Por outro lado, a população livre da Ática do século V, antes da nossa era, ocupava o lugar central da vida cotidiana à atividade social, a contemplação, o divertimento (cultivo das faculdades físicas e mentais) e as demais formas de atividades agrupavam-se em torno destas numa gradação hierárquica.

Dessa forma, Heller (1972) afirma que a heterogeneidade e a ordem hierárquica (que é condição de organicidade) da vida cotidiana coincidem no sentido de possibilitar uma "explicitação normal" da cotidianidade; e esse funcionamento rotineiro da hierarquia espontânea é igualmente necessário para que as esferas heterogêneas se mantenham em movimento simultâneo. Sob esse enfoque, o cotidiano vem representando o espaço de estudo para diversos teóricos de várias áreas do conhecimento, o pesquisador da comunicação é um exemplo disso. A partir dos estudos de Antonio Gramsci que considera a comunicação enquanto fenômeno indissociado da cultura e dos estudos que envolvem culturas populares, Martín-Barbero (1991: 222-223) chama de mediações culturais a "presença e influência das diversas instituições, organizações, matrizes culturais, que atuam na produção do sentido. São essas instâncias que ajudam o homem a elaborar e representar sua realidade".

Para Martín-Barbero (1991), o importante é saber o que as pessoas fazem da informação (acata, rejeita, refuncionaliza?) no seu cotidiano, a partir das várias instâncias de negociação do sentido (mediações culturais). Assim, segundo esse autor, a estrutura da comunicação é vista como:

"(...) partindo não de puros conceitos comunicativos, mas de modo de viver, fazer, modos de perceber na realidade os diferentes impugnadores, questionadores, ainda que essa impugnação e esse questionamento (...) não sejam claros, diáfanos e estejam atravessados pela ambigüidade, pelo conflito (...)".

Tal afirmativa introduz a compreensão de Mauro Wilton Souza (1995:35), quanto à esfera das práticas sociais cotidianas não apenas à procura das significações e usos sociais atribuídos às coisas, mas uma nova postura: a comunicação vista com base nessas práticas, ou seja, nessa visão de cultura. É nessa direção que entendemos o cotidiano como espaço de estudo das representações sociais, dentre elas o trabalho, como assinala Nestor Garcia Canclini:

"(...) El repertorio de bienes y mensajes ofrecidos por la cultura hegemónica condiciona las opciones de los sectores subalternos, pero éstos seleccionam y combinan los materiales recibidos - en la percepción, en la memoria y en el uso - y construyen com ellos otros sistemas que nunca son el eco automático de la oferta hegemônica"(1988:24).

Associado a isso, José de Souza Martins (2000:60) afirma que "os significados que mediatizam os relacionamentos entre as pessoas estão sujeitos a um complexo mecanismo de deciframento (...) não há apenas negociação e interpretação de significados, mas também critérios para seu uso(...)". Assim, o conhecimento do cotidiano não é constituído apenas de significados.

Portanto, na sociedade atual com a reformulação da estrutura sócio-econômica, consideramos relevante discutir as representações que as pessoas têm sobre o trabalho no âmbito da vida cotidiana, visto que é a partir dessas pessoas que se estabelecem às práticas sociais. Em seguida, far-se-á uma conexão a partir das entrevistas realizadas junto aos comerciantes do Mercado Público de Casa Amarela, considerando o imaginário e suas especificidades enquanto culturas populares em contextos urbanos.

 

Cotidiano: o espaço de estudo

Para compreender o cotidiano como espaço de estudo, partimos da releitura da teoria de Gramsci sobre culturas populares, na qual Canclini (1996:103) assinala que as especificidades das culturas populares derivam do fato de que "o povo produz no trabalho e na vida formas específicas de representação, reprodução e reelaboração simbólica das suas relações sociais".

Nesse sentido, contemplam-se aspectos fundamentais das populações como o uso do espaço e do tempo, as formas de organizações para o trabalho, o consumo de bens materiais e simbólicos, as formas e os meios de comunicação adotados por essas populações em sua realidade cotidiana, enfim, contempla essas e outras mediações culturais que são importantes para a compreensão das culturas populares.

A concepção de Canclini (1988:48) parte da teoria da reprodução, mas vai além desta, pois inclui os aspectos culturais e da vida cotidiana, para ele toda a formação social para subsistir deve reproduzir seus condicionantes de produção, ou seja, deve reproduzir a força de trabalho mediante o salário, a qualificação dessa força de trabalho mediante a educação e a adaptação dos diferentes grupos à ordem social através de uma política que, ao programar o consumo, organiza sua vida cotidiana de acordo com as necessidades do sistema e com as possibilidades que este oferece a cada setor.

Dessa forma, as culturas populares têm a capacidade de reconverter espontaneamente ou intencionalmente os seus códigos para "participar" de uma ordem hegemônica, desde que isso venha ao encontro de suas necessidades materiais e simbólicas cotidianas imediatas. Segundo Canclini (1996:3), as estratégias de reconversão mostram que a hibridização interessa tanto as culturas hegemônicas como as culturas populares que querem apropriar-se dos benefícios da modernidade.

Aproximando essas considerações do nosso objeto de estudo observamos que para participarem da ordem hegemônica/massiva de "modernização" os comerciantes do Mercado Público de Casa Amarela reconvertem intencionalmente os seus códigos, ou seja, reconvertem as formas de desenvolver os seus trabalhos, assimilando novos hábitos em suas vidas que se refletem no seu lazer, no seu vestuário, na sua alimentação, etc.

As reconversões se apresentam como uma possibilidade de se integrar a essa ordem massiva/hegemônica, mas essa integração não se estabelece obrigatoriamente no plano concreto, ela também se estabelece no plano de suas aspirações e desejos. É, nesse sentido, que à luz da preocupação teórica de Martín-Barbero e Canclini que consideramos o espaço do cotidiano como sendo fundamental para a análise das representações do trabalho pelos comerciantes do Mercado Público de Casa Amarela, na medida em que é nesse espaço que as mediações se explicitam, ou seja, os "usos" e apropriações realizadas das mensagens dos meios estão diretamente ligados às práticas cotidianas.

Para Martín-Barbero, as mediações se revelam através de práticas concretas do cotidiano, a ritualidade (rotina) e a tecnicidade (tecnologias da informação), que são apresentadas por Guilhermo Orozco Gómez da seguinte maneira:

"La socialidad, que tiene que ver com las prácticas cotidianas de todos los sujeitos sociales para negociar el poder de qualquer autoridad, negociacíon del espacio de unos com los otros (...). La ritualidad, que está relacionada com las rutinas - repetición de ciertas práctas, que por definición envuelven una cierta rutina, si no serían práctas: serían actividades aisladas, espontáneas, assistemáticas que se dan alguna vez. Rutinidad que es un elemento de la prácta donde se manifesta una mediación. Esto se puede ver cómo se passa el tiempo libre: se tiende a caer en lo mismo. Esa rutina, dice Barbero, está determinando la producción de sentido y la producción cultural que se da através de ella (...)"(1997:53).

Adequado, portanto, como aporte teórico para a compreensão das relações entre culturas populares e cultura hegemônica, possibilitando observar o popular quando impugna ou quando aceita não por submissão, e sim, por entender que os interesses hegemônicos também são úteis de alguma forma para suas necessidades. Tal afirmativa nos ajuda, também, a compreender a realidade cotidiana e o uso do espaço e do tempo, as formas de organizações para o trabalho, as relações de consumo de bens materiais e simbólicos das culturas hegemônicas pelas culturas populares.

Para Lopes (1997:127-129), em termos teóricos, considerar o cotidiano como uma dimensão fundamental para a análise significa fazer "uma aproximação com a Antropologia, disciplina para a qual a cultura é pensada como modo de vida".

A respeito do cotidiano, Sousa afirma:

"O cotidiano é hoje redescoberto como momento de análise do dado social na complexidade que esse mesmo social envolve, a perspectiva de que o cotidiano possa ser o espaço onde os processos simbólicos são elaborados e reelaborados em si mesmo e a partir das relações que tem com outros processos simbólicos, faz do cotidiano como tal o espaço mesmo de compreensão do processo simbólico e das relações de poder que aí se imbricam" (1986:96).

A vida cotidiana pode ser compreendida como a vida de todo dia, dos mesmos gestos e ritmos, é ir à escola, ao trabalho, à igreja, ler o jornal, assistir televisão, etc. No pensamento de Heller (1972:18) a vida cotidiana é a vida do homem inteiro, não existindo homem sem cotidiano e cotidianidade, segundo essa autora, "(...) o homem participa da vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de sua personalidade". Entretanto, segundo Martins (2000:93-94) a vida cotidiana não se reduz a "usos e costumes" e nem a "casa e quarto" ou ao "rotineiro e repetitivo". Para esse autor a "história é vivida e, em primeira instância, decifrada no cotidiano. (...) de modo algum o cotidiano pode ser confundido com as rotinas e banalidades de todos os dias (...)" (Martins, 2000:142). Afirma ainda que os momentos da vida cotidiana e os espaços são no público e no privado. "Em casa, mas também na rua e no local de trabalho: nos lugares em que o homem está desencontrado em relação a si mesmo. Na casa sim, mas na intimidade não". Para esse autor, o cotidiano "(...) se define a si mesmo como momento histórico qualitativamente único e diferente"."O cotidiano não tem sentido divorciado do processo histórico que o reproduz" Para Martins (2000:101-102).

Nilda Jacks (1996:198) revela que existem quatro cotidianidades: a doméstica, a do trabalho, a da cidadania e a da mundialidade, e cada um desses contextos se converte num espaço com especificidades próprias. Contextos esses que se intercambiam e se interpenetram, determinando outros contextos.

Sobre a investigação das representações do trabalho no cotidiano dos comerciantes do Mercado Público de Casa Amarela, há um rompimento com a visão reprodutivista da vida cotidiana. Para tanto, o aporte fundamental seria ver a vida cotidiana como espaço em que se produz a sociedade e não só onde ela se reproduz. A idéia implícita nessa concepção de cotidiano é a do indivíduo como sujeito ativo produtor de sentidos. Como nos informa Martín-Barbero (1991:59), a sociedade está sendo produzida pela e para a maioria das pessoas, pensamento esse que segundo o autor remete a outra dimensão da sociedade, qual seja, a sociabilidade:

"Com isso, há que se repensar o conceito de hegemonia, não em termos da hegemonia ideológica do grupo que dirige a sociedade, mas de uma sociedade muito mais fragmentada, uma sociedade que não tem um só centro, como dizem os pós-modernos, e na qual a vida cotidiana tem um papel muito mais importante na produção incessante do tecido social. Ou seja, a vida cotidiana é o lugar em que os atores sociais se fazem visíveis do trabalho ao sonho, da ciência ao jogo".

Martín-Barbero (1991:59) se refere à necessidade de mudança no conceito de hegemonia, ou seja, sobre a descentralização das relações sociais e de poder e dá ênfase ao cotidiano para a produção de conhecimentos na sociedade.

Assim, tomamos emprestado de Heller (1972) sua reflexão sobre a estrutura da cotidianidade, a noção da heterogeneidade das partes orgânicas que integram o cotidiano, priorizando o trabalho na estrutura do cotidiano.

Portanto, entendemos que no cotidiano as representações nascem e para esse cotidiano elas voltam na forma de ação. Portanto, a investigação do cotidiano dos comerciantes do Mercado Público de Casa Amarela se constitui num local de ação tendo como foco de análise o âmbito do trabalho. Isto posto, apresentaremos algumas definições em torno do que seja trabalho, bem como o aspecto histórico relacionado a atualização desse conceito, buscando compreendê-lo na contemporaneidade.

 

Trabalho: diversos significados

Na nossa língua, a palavra trabalho se originou do latim tripalium1. Na linguagem cotidiana a palavra trabalho tem vários significados. Trabalho pode lembrar dor, tortura, suor do rosto, fadiga, esforço, fabricação, labor, obra, tarefa, cansaço. Ou ainda, operação humana de transformação de matéria natural em objeto de cultura; realização de uma obra que se expresse, que dê reconhecimento social e permaneça além de sua vida; e a de esforço rotineiro e repetitivo, sem liberdade, de resultado consumível e incômodo inevitável.

No dicionário, a definição de trabalho aparece como: aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar determinado fim; atividade coordenada de caráter físico ou intelectual, necessária a qualquer tarefa, serviço ou empreendimento; exercício dessa atividade como ocupação permanente, ofício, profissão. Trabalho ainda pode significar: esforço aplicado à produção de obras de utilidades ou obras de arte, mesmo dissertação ou discurso; o conjunto das discussões e deliberações de uma sociedade ou assembléia convocada para tratar de interesse público, coletivo ou particular; serviço de uma repartição burocrática; deveres escolares dos alunos a serem verificados pelos professores. Além de atividade e exercício, trabalho pode significar o processo de nascimento da criança, dificuldade, incômodo, preocupações, desgostos, aflições.

O conceito de trabalho também varia historicamente. Nos primórdios, a humanidade passou do nômadismo para permanecer num determinado lugar a fim de plantar, donde surgiu o trabalho agrícola. Em seguida, com a fixação do homem na terra, despontaram-se as idéias de propriedade (posse), troca de bens e troca de moeda por bens, se consolidando na mediação da moeda. Assim, emergia uma classe que vivia da força de trabalho dos outros, denominada burguesia.

Com a revolução industrial, passa-se da fase em que o produtor fazia todo o produto (forma artesanal) para produzir apenas parte do produto (forma industrial). Isso ocasionou várias mudanças: o distanciamento do produtor do seu produto, a alienação do trabalhador da escolha da matéria-prima, do processo de produção e de comercialização, deslocando-o de sua residência para trabalhar em outro local. O que ocasionou vários impactos na representação do trabalho para a sociedade, na medida em que se deu o parcelamento da produção e a alienação do produtor sobre o produto (perda de controle). Como conseqüência disso, o trabalho é alienado do trabalhador porque, segundo Suzana Albornoz (1998), o produtor não detém, não possui e nem domina os meios de produção; porque produtor e produto estão separados e há um corte entre produtor e consumidor.

A revolução industrial coincidiu com a consolidação do modo de produção capitalista. Nesse sentido, a alienação objetiva do homem do produto e do processo de seu trabalho é uma conseqüência da organização legal do capitalismo moderno e desta divisão social do trabalho. Assim, a organização do processo de trabalho fabril, emergente no final do século XVIII na Inglaterra, constitui a referência histórica na elaboração da noção de trabalho, criada e imaginada na modernidade.

Se compararmos o trabalho na indústria com o modelo artesanal, é fácil perceber também a perda do aspecto lúdico, onde não deveria se separar o trabalho e o divertimento, trabalho e cultura, não deveria haver necessidade de lazer como evasão. No mundo industrial falta esse vínculo entre o trabalho e o resto da vida.

Nessa direção, Taylor prestou uma grande contribuição. Ele acreditava que quando todo o trabalho executivo estivesse descarregado sobre as máquinas e a organização, sobrariam para o homem apenas os hobbies e atividade intelectual criativa. Para Ford, o resultado claro da aplicação de seus princípios é a redução para o operário da necessidade de pensar e a redução ao mínimo dos seus movimentos. Portanto, para esses estudiosos, o trabalho ideal é aquele em que o instinto criativo não se deve exprimir.

Por outro lado, Alexis Tocqueville defende que quando o trabalho fica a cada dia mais hábil e menos laborioso, pode-se dizer que, nele, o homem se degrada à medida que o operário se aperfeiçoa. O resultado é uma progressiva distinção entre empresário e trabalhador, onde o empresário alarga a cada dia o seu olhar e o trabalhador limita-se ao estudo de um só detalhe.

Outro impacto da revolução industrial foi à inversão do trabalho, no qual eu me relaciono com as coisas não pelo valor de uso, mas pelo valor de troca que representa. Ou seja, surge do desejo de fazer parte da lógica hegemônica, de se inserir nesse contexto, de se sentir incluso, de "pertencimento". Daí, a sociedade é levada a inverter seus valores, isto é, o conjunto de mediações de primeira ordem (valor de uso) foi secundarizado para as mediações de segunda ordem (valor de troca). As pessoas trabalham antes para poder consumir do que propriamente para produzir alguma coisa.

Segundo Dowbor e colaboradores (1997:150), "a idéia de trabalho no Ocidente é construída, por exemplo, em oposição ao lazer e ócio". Por isso, trabalho associa-se, freqüentemente, à obrigação e mobiliza os sentimentos de castigo, sofrimento, pena, cruz que se carrega, ao passo que o não trabalho se vincula ao ideário da recompensa, descanso, prêmio, etc. Por outro lado, a autora diz que "no Oriente, a idéia de trabalho funda-se na oposição entre trabalho intelectual e manual". Nesse sentido, o trabalho dignifica a vida, se possibilitar o desenvolvimento da criatividade, inventividade e da capacidade cognitiva humana em suas múltiplas dimensões.

No contexto do mundo industrial e na era da automação, o trabalho é um esforço planejado e coletivo. O capitalismo monopolista do século vinte e um invadiu as regiões aparentemente marginais do Terceiro Mundo. O colonialismo cedeu lugar a um imperialismo econômico indisfarçável. Vivemos a época das organizações multinacionais. Associa-se a isso, alta taxa de desemprego, péssimas condições de habitação, de saúde pública e de lazer, além do êxodo rural irmão gêmeo contemporâneo da explosão demográfica.

Nesse contexto, as metamorfoses do trabalho podem ser percebidas nas mudanças no mercado de trabalho, nos paradigmas produtivos, no lugar e sentido atribuídos ao trabalho, na formação da sociabilidade e da identidade. O mundo do trabalho que, tendo sido historicamente separado da casa, da família, do local de moradia, torna-se cada vez mais autônomo e independente das relações sociais e das práticas políticas, religiosas, culturais e educacionais. Um conjunto de atividades sociais antes integradas no cotidiano de vida comporia o mundo do não trabalho.

O conceito de trabalho, segundo Gorz (1991) deve ser redefinido diante da diversidade e da pluralidade de práticas emergentes de trabalho nas sociedades contemporâneas. Elas envolvem mulheres, idosos, menores, desenrola-se no âmbito da chamada "economia informal" e do mundo do não trabalho. Nesse sentido, o trabalho recobre um campo mais amplo do que o de emprego ou do trabalho assalariado2, se constituindo numa atividade social presente em todas as sociedades, apesar das diferentes definições do que seja trabalho. O trabalho não está, portanto, separado da vida. Qualquer distinção entre as atividades de trabalho e de não trabalho torna-se impossível.

O debate contemporâneo sobre a crise da sociedade do trabalho e suas metamorfoses remete ainda à polêmica sobre o lugar e o sentido que o trabalho pago, independente de sua racionalidade e organização, ocuparia na subjetividade de quem o exerce. Assim, afirma Dowbor e colaboradores (1997:152), "a descontinuidade da biografia de trabalho e a redução do tempo de trabalho no tempo de vida tendem a tornar o trabalho um assunto 'entre outros', relativizado em sua função enquanto ponto de referência para a construção da identidade pessoal e social".

É nessa direção que pretendemos compreender as representações do trabalho pelos comerciantes do Mercado Público de Casa Amarela, estudando seus discursos por meio da verbalização em entrevistas e da observação participante.

 

Metodologia

Para esse trabalho foram entrevistados 08 (oito) comerciantes, com faixa etária entre 35 e 70 anos. Esses comerciantes trabalham com miudezas, roupas, carnes, artigos de Umbanda, bares e grãos. Eles sempre venderam as mesmas mercadorias.

Quando questionados sobre como conseguiram o "box", alguns responderam que foi por herança, outros através da inscrição na Prefeitura e outros através de repasse de amigos.

Os comerciantes moram nos bairros circunvizinhos como os de Alto Santa Isabel e Praça do Trabalho, em Recife, e apenas um mora em outro município - Olinda. Isso demonstra que a moradia não organiza o cotidiano dessas pessoas, mas o trabalho é que simboliza os acontecimentos em comuns entre elas, ou seja, o cotidiano não está fundamentalmente na casa, mas na rua.

Para coleta de informações foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas junto aos comerciantes do Mercado, além da observação participante e consulta de documentos na Companhia de Serviços Urbanos do Recife - CSURB, ligada a Secretaria de Serviços Públicos, órgão responsável pela administração dos mercados públicos de Recife - Pernambuco.

O Mercado de Casa Amarela foi inaugurado em 09 de novembro de 1930, na gestão de Pereira Borges na Prefeitura. As estruturas que sustentam a construção foram trazidas de bonde pela empresa Borrione, em 1928. Presume-se que o terreno onde o mercado foi erguido tenha sido doado pelo proprietário, Sr Allain Teixeira, naquele mesmo ano. A área originalmente construída é de 817 metros quadrados e, atualmente, abriga 100 "boxes" sendo que 99 estão em funcionamento. O Mercado se localiza na Estrada do Arraial, 1930 - Casa Amarela, Recife - PE.

Na parte interna tem-se uma oferta de produtos diversificada: carnes, frios, peixes, crustáceos, armarinhos, artigos do Candomblé, ervas, flores e artesanatos. Além desses, destaca-se o "Grandão do Queijo" como ponto tradicional de venda de charque e queijo de coalho diretamente do sertão pernambucano.

O Anexo I do Mercado foi construído em terreno público e inaugurado no dia 17 de abril de 1982. O prefeito era Jorge Cavalcante. No local funcionava um sanitário público e parte da Feira de Casa Amarela. A área construída é de 640 metros quadrados, inicialmente com 29 compartimentos; hoje são 34 "boxes" ocupados basicamente por bares.

Inicialmente, ali se instalaram os locatários desalojados do Mercado, que ocupavam compartimentos adaptados às paredes das fachadas principais e posterior. Com a construção do anexo, eles foram transferidos e os compartimentos demolidos, devolvendo-se ao velho mercado sua arquitetura original.

Nas entrevistas realizadas os comerciantes falaram da reforma no Mercado, sendo preservada a estrutura original, mas essa reforma não agradou alguns comerciantes, devido ao aumento da temperatura nos "boxes" da lateral poente. O Anexo I construído para comportar mais comerciante é conhecido entre eles como "Mercado Novo".

Há, ainda, o Anexo II do Mercado - a "Cobal", que abriga 14 "boxes" para venda de cereais e alimentos não perecíveis; e o "Sempre Viva", na rua de mesmo nome, que vende confecções, calçados e acessórios.

 

Resultados: imaginário e representações sobre o trabalho pelos comerciantes

A atividade de comercialização desenvolvida por esses comerciantes ocupa uma jornada que varia de 08 horas a 24 horas de trabalho de segunda a sábado e, às vezes, de seis horas aos domingos, expressando a importância que o trabalho ocupa no cotidiano dessas pessoas.

O dia de sábado de alguns trabalhadores do Mercado Público de Casa Amarela começa ao nascer do Sol às 4:00 da manhã. Só escapam desse horário nos outros dias da semana, bem como os comerciantes de armarinhos, artesanatos e roupas. Os demais, principalmente os que trabalham na comercialização de carnes, peixes e bares iniciam sua jornada de trabalho nesse horário, jornada essa que só acaba ao anoitecer.

Na descrição sobre a rotina os comerciantes disseram que chegam no "box" e esperam os clientes chegarem para vender. Todos têm clientes tradicionais, eles dizem que: "apesar da concorrência que é grande, tem espaço para todos trabalharem".

Quanto ao lucro apurado, o valor varia entre R$ 40,00/dia (bares), R$ 100,00/semana (miudezas) e R$ 500,00/mês (carnes), os outros não responderam. Os comerciantes gastam com aluguel do "box" em torno de R$ 40,00 fora as despesas com água e luz.

Todos os entrevistados disseram que a venda antigamente era melhor que hoje, uma vez que atualmente o movimento "está muito fraco". Isso se deve ao fato, na opinião deles, de que "antigamente não tinha muita concorrência para carne, grãos, sapatos, roupas e miudezas; hoje a concorrência é maior porque o comércio aumentou com a abertura de novas lojas".

Em alguns casos, todos os membros da família se envolvem com tarefas ligadas à comercialização no Mercado. Os mais jovens conciliam essas tarefas com os estudos. As mulheres, por sua vez, submetem-se à jornada dupla de trabalho: ocupam-se do comércio auxiliando os homens, às vezes assumindo o negócio, bem como todas as tarefas domésticas, uma vez que para os entrevistados, esse universo "pertence" às mulheres.

Em outros casos, os familiares do comerciante (como irmão e filha) possuem também um "box" próprio para a comercialização de seus produtos. Esses comerciantes começaram a trabalhar no mercado há muito tempo, cerca de 20 a 40 anos atrás. A maioria herdou o ponto dos pais ou dos maridos, quando casou. O espaço de trabalho no mercado significa "tudo", como demonstra Dona Méri:

"O trabalho no Mercado para mim é tudo, pois antes eu trabalhava como empregada doméstica. Então, a gente tem o maior carinho e cuidado porque esse trabalho representa praticamente tudo".

Para a maioria, o mercado é a atividade principal. Apenas os mais velhos têm outra fonte de rendimento, qual seja a aposentadoria, como é o caso do Sr. Dário (o vendedor mais antigo):

"Aqui nós discutimos tudo, sobre vida e morte, amor e ódio, vida real e fantasia, notícias do jornal e da televisão, sobre política, família, problemas, sonhos, crenças, religião, desejos e decepções".

É perceptível o tom de orgulho com que se refere ao seu trabalho e isso se apresenta proporcionalmente à precariedade das condições de vida, ou seja, a intensidade da luta vivida cotidianamente. Pode-se observar nessas falas, uma herança de seus bisavôs, tendo como conceito de trabalho algo avassalador que está acima de todas as coisas e do qual quase tudo depende. Nessa direção, concordamos com Martins (2000:13) quando afirma que "é na vida cotidiana que a história se desvenda ou se oculta".

Entretanto, vale salientar que antes da indústria poucas pessoas trabalhavam e por pouco tempo. O espaço preferencial de socialização era a casa, a praça, a loja, os campos, a paróquia, a taberna, a escola. Pretender hoje que o trabalho seja a fonte principal de socialização e de identidade significa limitar este processo de socialização e de formação identitária aos cinco sextos da população mundial, a saber: as crianças, os estudantes, as donas de casa, os anciãos, os nômades, os desempregados, todos aqueles que no Terceiro Mundo não têm familiaridade alguma com a categoria trabalho, assim como entendido no Primeiro Mundo. Significa, ainda, esconder que no trabalho excessivo não se encontram identidade e socialização, mas embrutecimento, marginalização, conflito e isolamento.

Sobre o imaginário dos entrevistados, no que diz respeito ao trabalho no Mercado, alegaram o seguinte: "gostamos de trabalhar no Mercado porque é tranqüilo, não tem perturbação, trabalha-se à vontade, todos são amigos". Nessa resposta, chama a atenção o ativismo do trabalho e, conseqüentemente, sua alienação. Isso reflete o sentido do trabalho como uma escravidão velada.

Os bares e restaurantes populares, localizados na parte externa do Mercado, são a principal atração. Alguns deles são "porta aberta", não fecham nunca, para alegria dos boêmios. Servem comida regional no café da manhã, almoço e jantar, sendo freqüentados por motoristas de táxis e comerciantes do próprio Mercado, dos anexos e da feira vizinha. As sextas e sábados, pode-se degustar uma deliciosa galinha de capoeira preparada por Dona Néri.

Para os que trabalham todos os dias, segundo os entrevistados, o Mercado "tanto serve para o sustento, como serve para distrair e ocupar a mente, passar o tempo".

A partir dessa fala, faz-se necessário uma reflexão a respeito da tarefa de educação dos jovens e de reeducação dos adultos para que aprendam como dar sentido e valor ao tempo livre, enriquecendo-o de introspecção, criatividade e convivência.

Só assim as populações têm o direito de cultivar necessidades mais propriamente humanas, como a segurança, a longevidade, a liberação da dor física, o conhecimento racional, o bem-estar, a auto-realização. Portanto, é preciso reprojetar a família, a escola, a vida, em função não só do trabalho, mas também, do tempo livre, de modo que ele não degenere em dissipação e agressividade, mas se resolva em convivência pacífica e "ócio criativo". É preciso criar uma nova condição existencial em que estudo, trabalho, tempo livre e atividades voluntárias cada vez mais se entrelacem e se potencializem reciprocamente. Isso requer um ambicioso plano de reeducação e um amplo pacto social que objetive a redistribuição mais justa do trabalho, da riqueza, do saber e do poder.

Isso posto, concordamos com Martins (2000:11-12) no que diz respeito à preocupação de realizar na vida cotidiana a libertação do homem das misérias que o faz pobre de tudo: "de condições adequadas de vida, de tempo para si e para os seus, de liberdade, de imaginação, de prazer no trabalho, de criatividade, de alegria e de festa, de compreensão ativa de seu lugar na construção social da realidade".

Quando questionado sobre "se não tivesse o mercado de quê viveriam", alguns responderam que iria trabalhar com outras atividades que sabem fazer como: costura, vendas e trabalho doméstico; já outros responderam que "não saberia o que fazer".

O Mercado representa o "ganha-pão" para a maioria, para outros "não representa nada", alguns dizem que é "lazer" e outros que "gostam de trabalhar com o comércio", como afirma Sr. Dário. Na maioria dos casos, os comerciantes almoçam no próprio lugar de trabalho, revelando um cotidiano onde não se tem um horário "sagrado" para fazer as refeições com a família. Ou seja, o espaço de trabalho se mistura com o da casa.

Quanto à questão de violência, nenhum dos entrevistados reclamou de desentendimentos, confusões, conflitos, brigas, etc. Todavia, fizeram um adendo com relação à falta de segurança, pois no mercado novo, os comerciantes colocaram grades devido aos assaltos e furtos ocorridos.

 

Discussão

Muitas pessoas se desesperam por estarem excluídas do exercício de alguma atividade da qual não gostam, que às vezes até detestam, que muitas vezes são aviltantes de por sua inutilidade, mas que as estatísticas oficiais consideram como "trabalho". Ou seja, o direito a viver de um modo decente e independente, ter uma casa e filhos, ser bem aceito no convívio social.

Segundo muitos sociólogos, apenas quem trabalha consegue socializar-se, amadurecer, realizar-se. Segundo algumas religiões, só quem trabalha consegue se redimir do pecado original e alcançar o paraíso.

Entretanto, por milhares de anos, até o advento da indústria, os que ocupavam o alto da pirâmide social - os aristocratas, os proprietários de terras, os intelectuais - na verdade não trabalhavam. Não era do trabalho que obtinham riqueza e prestígio, mas do nome de família, da proteção às artes e letras e de rendas. Hoje, entretanto, um empresário, administrador ou diretor geral trabalha muito mais horas do que um operário ou empregado.

Em suma, antigamente, quanto mais rica menos a pessoa trabalhava, podendo dedicar-se a si, à família e aos amigos. Hoje, no entanto, quanto mais rico mais o homem trabalha, descuidando de si e dos outros. O trabalho passou de castigo a privilégio.

No final do século XVIII, com a chegada das indústrias milhões de camponeses e artesãos se transformaram em trabalhadores "subordinados". Os tempos e os lugares de trabalho passaram a não depender mais da natureza, mas das regras empresariais e dos ritmos da máquina, dos quais o operário não passava de uma engrenagem. O trabalho - que podia durar até quinze horas por dia - passou a ser um esforço cruel para o corpo do operário e preocupação estressante para a mente do empregado. Quando existia, deformava os músculos e o cérebro. Quando não existia, reduzia os trabalhadores a desocupados e os desocupados a "subproletariado": trapos ao vento, como diz Marx.

No século XX, têm-se dois grandes modelos que se confrontaram: o comunismo que demonstrou saber distribuir a riqueza, mas não produzi-la e o capitalismo que demonstrou saber produzir a riqueza, mas não distribuí-la - nem distribuir eqüitativamente o trabalho, o poder e o saber.

E para o futuro, quais são as perspectivas? Os comerciantes entrevistados expressaram que "não tem o que se melhorar, pois chegou a um ponto de não ter mais saída". Apesar dessa falta de perspectiva concordamos com Martins quando defende que "mesmo na rotina alienadora (...) há momentos de iluminação e criação, de invasão do cotidiano e do senso comum pela realidade e pelo conhecimento que revolucionam o cotidiano". Entretanto, Martins lembra que:

"Só quem tem necessidades radicais pode querer e fazer a transformação da vida. Essas necessidades ganham sentido na falta de sentido da vida cotidiana. Só pode desejar o impossível aquele para quem a vida cotidiana se tornou insuportável, justamente porque essa vida já não pode ser manipulada (...) " (2000:62-64).

Dessa forma, é no instante das rupturas do cotidiano pelos comerciantes do Mercado Público de Casa Amarela, nos instantes da inviabilidade da reprodução, que se instaura o momento da invenção, da ousadia, do atrevimento e até da transgressão. E aí a desordem é outra, como é outra a criação. Já não se trata de remendar as fraturas do mundo dessas pessoas para recriá-lo, mas de dar voz ao seu silêncio, de dar vida à sua história.

 

Referências bibliográficas

Albornoz, S. (1998). O que é trabalho. São Paulo: Brasiliense.         [ Links ]

Canclini, N. G. ; Roncagliolo, R. (1988). (Ed.). Cultura Transnacional y Culturas Populares. Lima: Instituto para a América Latina.         [ Links ]

Canclini, N. G. (1996). Culturas híbridas y estrategias comunicacionales. Em: Seminário Fronteiras Culturales: Identidad y Comunicación na América Latina. 16-18, Anais. Stirling. Universidade de Stirling.

Dowbor, L.; Ianni, O. e Resende, P.-E. A. (orgs.). Desafios da globalização. Petrópolis: Vozes, 1997.

Fausto, A. N. e Pinto, J. M. (Orgs.). (1996). O indivíduo e as mídias. Rio de Janeiro: Diadorim.         [ Links ]

Gómez, G. O. (1997). La investigación en comunicación desde la perspectiva qualitativa. México: IMDEC.         [ Links ]

Gorz, A. (1991). Quem não tiver trabalho, também terá o que comer. São Paulo: Estudos Avançados (10).         [ Links ]

Heller, A. (1972). O Cotidiano e a História. Rio de Janeiro: Paz e Terra.         [ Links ]

Jacks, N. A. (1996). Tempo e espaço e recepção. Em: Fausto, A. N. e Pinto, J. M. (Orgs.). O indivíduo e as mídias. Rio de Janeiro: Diadorim.         [ Links ]

Lopes, M. I. V. (1997). Exploração metodológica num estudo de recepção de telenovela. Em: Temas contemporâneos em comunicação. São Paulo: EDICOM: INTERCOM.

Martín-Barbero, J. (1991). De los medios a las mediaciones: comunicación, cultura y hegemonía. México: Gustavo Gilli.         [ Links ]

Martins, J. S. (2000). A sociabilidade do homem simples: cotidiano e história na modernidade anômala. São Paulo: Hucitec.         [ Links ]

Sousa, M. W. (1986). A rosa púrpura de cada dia: trajetória de vida e cotidiano de receptores de telenovela. São Paulo. Tese (Doutorado em Ciência da Comunicação) Universidade de São Paulo, Escola de Comunicação e Artes.

Sousa, M. W. (org). (1995). Sujeito, o lado oculto do receptor. São Paulo: Brasiliense.         [ Links ]

 

Notas

C. M. D. de Lima
Endereço para contato: Rua Marquês de Baipendi, 82, Hipódromo, Recife, PE 52.041-660, Brasil.
Telefone: +55 (81) 32416157.
Fax: +55 (81) 91238479.
E-mail: ceicadias@yahoo.com.

(1) Significa instrumento feito de três paus aguçados, algumas vezes ainda munidos de pontas de ferro, no qual os agricultores bateriam o trigo, as espigas de milho, o linho, para rasgá-los e esfiapá-los. Outro registro de tripalium nos dicionários é um instrumento de tortura, o qual se liga ao verbo do latim vulgar tripaliare, que significa justamente torturar.

(2) Paul Singer, conhecido economista brasileiro, distingue entre os setores de emprego: o setor de mercado, do emprego na produção capitalista propriamente dita; o setor autônomo, da produção simples de mercadorias, por artesanato ou em pequenas manufaturas; o setor de subsistência, do trabalho na produção de alimentos predominantemente para a subsistência do trabalhador e de sua família; e o setor de emprego nas atividades governamentais.